História O castigo de Athena - Conhecendo o lado maligno

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- Seiya, será que podemos conversar em particular? Aí você pode me dizer o que está acontecendo.

Seiya não respondeu. Vi que Saga continuava com a mesma expressão calma e serena de sempre e também não entendia nada, mas também não estava a fim de brigar, visto que ele chamou o meu avô e os demais para irem para outra sala. Ele já havia dado alguns passos quando Seiya colocou as mãos em meus ombros e me perguntou:

- Ele te machucou Saori? Ele foi um bruto com você?

Olhei para Saga que parou de caminhar. Isso não era bom sinal. Será que Seiya pensou que Saga havia abusado de mim? Não, não podia ser isso.

- O que foi que disse?

Era Saga agora perguntando. Ele ainda estava de costas, mas vi que sua postura ficou rígida e ele estava com os punhos fechados.

- Isso mesmo que você escutou. – rebateu Seiya – Todo o santuário sabe que este casamento só ocorreu por que a Saori foi obrigada a casar com você. E agora todos os boatos que correm é que você consumou o casamento e  estava agarrando ela hoje de manha. Que tipo de homem você é mestre? Por que obrigar uma mulher que não te quer a se deitar com você?

Enquanto Seiya falava Saga havia se virado e o olhava nos olhos. Vi que seus olhos começaram a avermelhar e depois a cor dos seus cabelos foram mudando para branco. Sua expressão era de pura raiva. Por Zeus, Seiya havia despertado o lado maligno dele.

- Você acha mesmo que eu obrigaria a minha esposa a se deitar comigo contra a sua vontade?

Vi que todo mundo estava assustado com a situação, inclusive Seiya que não sabia deste lado de Saga.

- Responde seu moleque? – gritou Saga.

- Eu falei para ter largado isso para lá. – disse Ikki.

- Cala a boca Fenix! – gritou Saga – O que foi Seiya, o gato comeu a sua língua? Não quer vir saber que tipo de homem eu sou?

- Isso foi por ter desrespeitado a Saori. – disse Seiya correndo ao encontro de Saga – Meteoro de pegasus!

Para surpresa de todos Saga segurou a mão de Seiya com as sua, parando todos os seus meteoros e começou a aperta-la. Na verdade ele estava esmagando a mão de Seiya.

- Seus golpes para mim não são nada! Se eu quisesse esmagava sua mão agora. E isso porque nem estou trajando minha armadura! – ele dizia olhando Seiya nos olhos – Meu casamento não é da sua conta nem da de ninguém. Só diz respeito a mim e Athena!

Com isso Saga soltou Seiya o jogando para longe e saiu caminhando da sala sem olhar para trás. Ele estava com raiva. Vi os outros correndo em direção a Seiya para ajudá-lo, exceto Ikki que permaneceu encostado em uma pilastra.

- Seiya – dizia Shun – ele quebrou dois dedos seus. Vamos Hyoga, coloca um pouco de gelo para desinchar um pouco.

- Ele fez isso só com os próprios punhos – balbuciava Seiya – sem nem ao mesmo trajar uma armadura. E eu estou de armadura. Nem mesmo meus meteoros parecem ter feito nenhum efeito nele.

- Ele é muito forte Seiya – disse Hyoga – qual armadura ele usa?

- A armadura de ouro de Gêmeos – respondeu Ikki de forma seca – vocês nunca ouviram falar da história do mestre?

Nenhum deles ouviu falar nada sobre Saga e Ikki começou a contar.

- Meu mestre me contou que Saga de Gêmeos é o cavaleiro de ouro mais forte deste lugar. Ele foi treinado a risca pelo antigo patriarca, Shion de Áries, que também foi mestre de Mú. Todas as lutas que meu mestre o viu lutar ele sempre ganhou só na base da porrada mesmo. Mas cuidado – ele advertiu – ele tem técnicas muito poderosas. Dizem que sua técnica mais forte tem o poder de destruir galáxias.

Agora até eu estava abobada. Ao olhar para Saga não parecia que ele tinha esse poder todo. Meu avô havia ficado abobado com a situação toda, até que ele caiu em si e perguntou a mim a pergunta que eu não queria responder.

- Saori, seu esposo te obrigou a consumar o casamento?

Todos me olhavam com curiosidade. Eu não poderia dizer a verdade, podia? Apesar de toda a vergonha respondi de forma firme.

- Não vovô. Ele não fez. Acabou acontecendo de forma consensual, – eu menti – e hoje de manhã, quando ele chegou dos treinos nós nos beijavamos e uma das servas viu. Mas não foi nada forçado.

Meu avô me olhou nos olhos. Ele sabia que Saga não havia encostado um único dedo em mim. Não, encostou a mão sim e foi muito bom, mas não no sentindo da consumação do casamento. Os demais estavam todos constrangidos com a situação.

- Saori você... – balbuciou Seiya.

- Sim Seiya, eu o quis.

Com isso pedi desculpas e fui para o meu quarto. Na verdade eu esperava encontrar com Saga lá, pois estava preocupada com ele. Será que esse lado maligno dele demorava a passar? Ao chegar lá ele não estava. Depois de um tempo andei pelo templo a procura de Saga e não o encontrei. Um dos soldados me informou que ele estava na arena de treinamento e isso me pareceu não ser um bom sinal. Resolvi esperar pois haveria tempo para conversarmos. No final da tarde fui ao encontro do meu avô para me despedir dele e nenhum sinal de Saga. Meu avô me disse que entendia e mais uma vez me aconselhou a ser paciente com meu esposo.

No jantar Saga não apareceu e eu já estava começando a ficar incomodada com toda aquela situação. Fui dormir e fiquei esperando e nada dele. Então me levantei e chamei por uma das servas perguntando onde estava o meu esposo. Ela me respondeu que nas salas termais. Vesti um hobby e fui até a tal sala. Entrei em silencio e lá estava ele, sentado na água quente relaxando.

- Então é aqui que você se esconde? – eu disse e ele abriu os olhos assutado.

- Como você...?

- Quem tem boca vai a Roma. – respondi cortando a sua pergunta.

Ele ficou calado e nada respondeu. Novamente fiquei o observando. Ele estava sem camisa e seus cabelos haviam voltado a um tom de azul. Por Zeus, será que estaria nu? Vendo que ele não falaria nada quebrei o silêncio.

- Então, vai ficar fugindo de mim para sempre?

- Não tem como, afinal estamos casados pela eternidade, esqueceu?

Ri, aquele homem sério sabia fazer piadinhas. E ser bem irônico quando queria.

- É sério Saga. – eu disse séria agora.

- Me desculpe por hoje mais cedo... aquilo não deveria ter acontecido. Você não precisa me dizer, mas eu sei que você não me ama e que o nosso casamento será apenas de aparências. Não vou voltar a abusar de você.

- Abusar? Você tá louco Saga – ele já estava levando as coisas ao extremo – Podemos ter passado um pouco dos limites que eu gostaria, mas aquilo não foi abuso.

- Se é assim que você vê... – ele respondeu dando de ombros e fechando os olhos – Eu também gostaria de me desculpar por ter machucado o cavaleiro de Pegasus mais cedo. Sei que vocês são amigos e imagino que quebrei um dedo dele. Não queria ter feito aquilo, mas quando vi já não consegui controlar.

Seu tom demonstrava pesar. Então era isso que todos diziam para não deixa-lo nervoso. Saga se mantinha sempre calmo e sereno e sua postura era como de um deus, mas de repente ele havia se transformado no próprio demônio. Imagino o tanto que ele se controlou para não machucar Seiya para valer, mas aquilo só me mostrava que apesar de tudo o lado bom de Saga prevalecia.

- Quebrou dois dedos – eu disse sem graça – mas ele mereceu. Ele não podia ter te acusado e te tratado daquela forma.

Saga nada respondeu e continuou com os olhos fechados. Me sentei na beirada da piscina e fiquei com os pés na água. Se passou uns 10 minutos e permanecemos em silêncio. Levantei e fui dizendo.

- Já estou indo dormir. Vê se não demora.

- Eu vou dormir em outro quarto.

Ele disse isso de forma calma, mas eu já estava irritada. Agora o lado maligno que havia despertado deveria ser o meu.

- Eu já te disse que não vou dar motivos para fofoca da minha vida intima Gêmeos. Já chega o que ocorreu hoje. Te espero lá no nosso quarto.

Com isso sai e bati a porta e nem me virei para ver a sua reação. Parece que esse homem gosta é de me ver irritada viu. Deitei na cama e pouco tempo depois ouvi o barulho da porta sendo aberta. Fiquei deitada de costas para ele. Ele foi ao banheiro e depois sentou na escrivaninha e começou a redigir uma carta. O que ele estava fazendo? Ele foi breve e se deitou do seu lado da cama.

- Me perdoe Athena. – ele disse eu continuei calada – Vou me esforçar para convivermos sem problemas, certo? Não quero começar o nosso casamento brigados. Eu também vou me desculpar com o seu avô pela minha grosseria em não me despedir dele.

Virei para o lado dele e vi que ele estava deitado olhando para o teto. E de camisa.

- Eu também estou tão perdido quanto você – ele continuou – afinal nunca dividi nada com ninguém e agora essa intimidade toda...

- Eu também não quero ficar brigada com você Saga – eu disse e ele se virou para o meu lado e me olhava – Por que não esquecemos isso tudo e começamos de novo ein?

Ele suspirou e voltou a olhar para o teto. Depois de um tempo sussurrou um “ok”.