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História O Ceifador - Capítulo 24


Escrita por: Asukahime-sama

Notas do Autor


Boa leitura.

Capítulo 24 - Capítulo 24


Natsu permaneceu parado na frente da porta encarando o homem a frente, um resquício do seu lado racional durante aqueles dias o incomodava sussurrando bem no fundo da sua mente que provavelmente aquilo não passava de mentira, as vezes essa parte racional conseguia convencê-lo até que a sua maldição não passava de coincidência, contudo, encarando o homem parada a porta duvidava de que ele seria capaz de mentir sobre aquilo, fazendo finalmente a vozinha irritante admitir a derrota.

Igneel fitou o filho e percebendo que não seria convidado para entrar pelo estado de choque que o havia deixado deu um passo à frente, Natsu o deu passagem automaticamente ainda perdido em pensamentos, o ceifador caminhou até o meio da sala.

 Tinha evitado falar com o filho pelos primeiros dias depois dele descobrir a verdade para lhe dar tempo de filtrar as coisas, já que o filho de Metalicana havia adiantado o assunto para ele, porém Natsu estava surpreso como se não houvesse nem ideia de que era amaldiçoado, lamentou mentalmente por isso enquanto observava ele fechar a porta e dar passos firmes em sua direção.

 Quando ele parou em sua frente continuou a olhar o filho desanimado, cada dia que passava Natsu parecia piorar, se ele soubesse que o rosado já se encontrara naquele estado teria vindo antes, afinal lhe dar tempo para pensar parecia tê-lo feito mais mal do que bem. Respirou fundo para começar com o discurso que tantas vezes tinha ensaiado para aquele momento, mas vê-lo ali daquele jeito só lhe deu uma vontade imensa de abraça-lo, se ele pudesse pularia logo para a parte em que estaria com uma relação saudável como pai e filho assim como Gajeel e Metalicana, porém sempre existia a possibilidade de Natsu reagir diferente e nem querer manter contato depois que tudo acabasse.

Como explicar para o filho que apesar de ter cometido o erro de se apaixonar por uma humana e ser obrigado a tirar uma por uma a vida das mulheres que ele se envolveu, que o amava como um pai? Que em todos os momentos importantes da vida dele e os mais difíceis ele esteve ao seu lado mesmo que ele não pudesse enxerga-lo? Que apesar de ser um Ceifador não conseguia parar de se sentir como um pai humano?

Isso são coisas que virão com o tempo, tentou pensar positivo, porém era difícil ter que aceitar que mesmo tendo amado o filho e o acompanhado durante toda sua vida teria que esperar até o momento que Natsu o veria como pai, se um dia ele o aceitasse.

- Minha mãe nunca falou sobre você – percebendo que Igneel não falaria Natsu começou – Por isso não sei como agir sobre de repente ter um desconhecido que é  meu pai no meio da minha sala, ainda mais nessa situação.

- Natsumi era muito doce, não me surpreende ela ter mantido a promessa de que não lhe contaria nada até quebrar a maldição – Natsu o encarou surpreso com a revelação, mas desviou o olhar dando de ombros – Sou seu pai Natsu, com aceitação ou não, porém isso é uma conversa para outra hora, você deve ter muitas perguntas para me fazer que não se diz respeito a minha paternidade. Entretanto saiba que eu, mesmo de longe, tentei ser o melhor pai que pude.

O rosado apenas concordou com a cabeça automaticamente, não queria tentar resolver esses problemas de “pai e filho” agora, estava muito mais preocupado com Lucy e pelo que parecia Igneel não se identificava com o tipo de que iria sumir depois de assumir a “paternidade”, o que por um lado era ruim, já que para Natsu só ceifador e responsável por sua maldição era o suficiente.

- Tenho muita coisa para dizer – falou Igneel com uma nota profunda na voz – Por isso se tiver alguma pergunta para começarmos.

- Eu queria saber logo como quebrar a maldição para acordar de uma vez Lucy, porém ainda tem coisas que não fazem sentido... – confessou Natsu quase cuspindo as palavras em velocidade que vieram a seguir – Por mais que Gajeel tenha me explicado não consigo entender o que a minha culpa tem haver com a maldição, e se “vocês” se preocupam tanto, como ele mesmo disse que se preocupam, porque não apareceram antes para nós e acabaram tudo com isso? Na verdade eu estou com muita raiva, então não se assuste se eu avançar em você...

Natsu trincou os dentes, porém se manteve controlado, existia muito mais do que seu rancor que fora criado naqueles dias para se resolver, Igneel apenas ignorou o gesto do filho, apesar de tudo tentava ser compreensivo, tinha acontecido muitas coisas de uma vez só na vida dele virando tudo de ponta cabeça, ter apenas raiva na verdade era um alivio.

- “Só será permitido a visão aqueles que enxergam além da culpa”,  essa é uma frase que compõem a maldição, apesar de que os humanos podem ver ceifadores quando estão a beira da morte ou quando o ceifador deseja ser visto, ter a escolha de permitir que você me visse nunca existiu -  deu uma pausa fitando o chão  -  Você só seria capaz de me ver quando não sentisse culpa por quem a maldição acabou matando, e eu só poderia quebrar a maldição quando pudesse me ver. É uma regra. E apenas o filho de Metalicana deixou de se sentir culpado, ele foi o primeiro a quebrar a maldição, mesmo vocês não sendo os primeiros amaldiçoados, ele foi o primeiro a se sentir como um ceifador.

- Gajeel foi o primeiro a acabar com a maldição? – indagou surpreso – Dessa eu não sabia...

- Provavelmente nem ele sabe, foi uma surpresa tão grande, porém acabou sendo um fato esquecido.

- Então eu precisa não me sentir culpado pelas mortes para poder te ver? – Igneel assentiu – Não existia nenhuma outra alternativa? – ele assentiu mais uma vez – Tem alguma explicação logica para eu não precisar sentir culpa?! Pois sinceramente, nada parece fazer sentido, claro que pedir algo com sentido tendo um ceifador como pai seja, sei lá, querer demais talvez?

- “A primeira parte é desfeita com o despertar do lado mais fraco, pelo qual perante a morte não teme não sofre, apenas aceita e acolhe” – Igneel citou outra parte da maldição – Você é filho de um Ceifador com uma humana, um hibrido, porém seu lado humano é muito mais forte, pois ceifadores são seres que não tem alma, só que humanos não podem gerar seres sem almas, então você ganhou uma e isso fez com que seu lado ceifador não se expressasse. É igual quando vocês humanos tem filhos, o ser novo sempre puxara mais um lado da família independente de que para gera-lo os dois desenvolveram papeis de igual importância. Por seu lado ceifador ser menor, para ser capaz de quebrar a primeira parte da maldição teria que o despertar, você teria que fazer seu lado menor ficar equivalente ao seu lado humano, pois nenhum hibrido deve viver sobre a terra fingindo ser o que não é. A culpa foi escolhida, pois é um sentimento exclusivamente dos humanos, outros seres não tem um livre arbítrio, seguem as regras ou são instintos, se tornando impossível cometerem erros, e quando você não pode errar, não pode sentir culpa. Eu sou um exemplo disso, apesar de ter cometido um erro por não seguir as regras não me sinto culpado por lhe ver nessa situação, apenas aceitei minha punição, foi uma escolha minha, não tenho que sentir culpa, pois não erro eu faço escolhas, mesmo que ela tenha feito você sofrer.

- Então eu tinha que me “sentir” como um ceifador para quebrar parte da maldição, sendo que um ceifador não “sente”... Como se tudo bem se elas morressem, pois eu era assim... Do tipo “namorado venenoso”? – Natsu fez aspas com os dedos e se jogou no sofá massageando as têmporas - Gajeel só pode ter tido sorte para acabar com isso...

- Um ceifador não pode sentir, sentimentos atrapalham na hora do raciocínio, sentimentos podem gerar pena e pena impede com que cumprimos o nosso dever. Por isso somos proibidos de sentir, somos proibidos também de qualquer relação com outro ser que não seja um ceifador. Um ser que tem a missão de acabar com um ciclo, não tem o direito de começar um, não tem o direito de gerar vidas, sendo que ele as tira, ele não tem alma. Como alguém que não tem alma pode gerar um ser com uma alma? – Natsu o fitou sem saber como responder - Mas se eu não tinha alma porque fui capaz de amar tanto a Natsumi? Porque sou capaz de desenvolver sentimentos que só são destinados a seres com alma? Foi por não conseguir responder essas questões que eu fiz minha escolha e aceitei as consequências.

Natsu respirou fundo enquanto colocava seus pensamentos em ordem.

- Então é... Como que eu quebro a maldição? – indagou tenso encarando ainda sentado o pai de pé no meio da sala, Igneel desviou o olhar agora carregado de tristeza.

- Você tem que se livrar das memorias da mulher que mais amou – fitou Natsu que agora tinha o rosto marcado por sombras de dor – E a escolhida você já sabe quem é…

- Mas por quê?… - estremeceu, sua voz soou baixa pelo esforço que fazia para falar com a pressão que sentia na garganta – Porque justamente quando poderíamos ficar juntos eu tenho que se esquecer de tudo... Não faz sentido! Essa maldição tirou tudo o que eu poderia ter construído! E até mesmo para acabar com ela algo tem que ser tirado de mim! Porque com Gajeel não foi assim? Ele afirmou que em sua vez nada foi apagado...

- O filho de Metalicana conseguiu se livrar da culpa, pois a substituiu por ódio, todo o amor, culpa ou magoa que sentia pelas pessoas que perdeu se transformou em raiva, ódio e rancor, ele começou considerar todos como fracos, fracos que não o amavam suficiente para permanecerem ao seu lado. – Igneel explicou - Quando ele deixou de sentir culpa pode ver seu pai e Metalicana fez seu papel livrando-o da maldição, a diferença minha e de Metalicana é que você sabe que sua memoria vai ser apagada, pois eu quero que você escolha seu próprio destino, só que meu amigo não queria que seu filho se recusasse a quebrar a maldição, por isso apegou-lhe a memória e o fez acreditar que não apagou, Gajeel acredita que não se esqueceu de nenhuma mulher que conheceu, mas como lembraria se esqueceu de alguém se a memoria sobre ela não existe mais?... Essa é a mentira de Metalicana, porém não farei a mesma escolha que ele. Se você decidir não se esquecer de Lucy ela permanecera em coma, porém suas memórias continuaram com você assim como sua maldição.

- Mas não tem sentido... Isso não tem sentido, porque eu tenho que se esquecer de tudo, o que isso tem haver com a maldição? – os olhos negros estavam desesperados.

- Todas as mulheres que você matou abriram mão da própria vida para ficarem do seu lado, umas sem saber, porém abriram mão. A regra para que a maldição seja invertida é que abra mão do seu sentimento mais forte, pela vida de outra pessoa que você possa vir a conhecer. Elas morreram por ter amar. Você não vai lembrar-se de quem ama para que outras vivam.

- Mas quem decidiu essa regra? Por que tem que ser assim? Toda essa maldição não parece ter sentido algum!

- Tem que ser assim, porque você é metade ceifador Natsu – Igneel exclamou firme obtendo a atenção do filho - Uma parte de você, mesmo que pequena, tem a essência da morte, a essência que eu uso para levar as almas quando chegam a sua hora, eu não podia amar, então por minha escolha, todas pessoas que você viesse a amar tinham que morrer - percebendo o brilho de compreensão nos olhos negros, continuou - Para isso se reverter teria que abrir mão da pessoa que mais ama e continuar sua vida, o que eu deveria ter feito. Eu deveria ter abrido mão da sua mãe, não devia ter deixado o amor me levar, devia ter seguido em frente e a esquecido, tinha que ter agido como um ceifador, mas eu não agi. – Igneel desviou o olhar - Para quebrar a sua maldição, para obter o perdão pelo meu erro e assim quebrar o ciclo que se desencadeou você deve fazer o que eu não fiz. Abrir mão de quem ama e seguir em frente.  Essa é uma regra que existia antes de você nascer, muito antes, nasceu com o primeiro ceifador que errou. Sempre soube que se viesse a ter um filho ele teria que passar por isso, pois conhecia a regra, porém mesmo assim, fiz minha escolha, espero que me perdoe um dia, mas saiba que não me arrependo e concordo com o que tem que acontecer.

- É fácil para você concordar, não serão suas memorias que serão apagadas… - disse ríspido – Não sei como foi sua relação com a minha mãe, mas tudo o que passaram continuam ai! Mesmo sendo um erro tá tudo ai! Para você lembrar quando quiser... Eu não vou ter isso...

- Vai ter.  Se escolher permanecer com elas – interrompeu Igneel, não querendo escutar as verdades do filho, ele mesmo não se imaginava esquecendo-se da doce Natsumi. 

- Você acha que eu sou egoísta a ponto de preferir minhas memorias a vida da pessoa que eu amo? – os olhos negros brilharam de raiva – Para quem disse que esteve sempre ao lado do filho, você não me conhece nada... – respirou fundo tentando se acalmar e cruzou os braços – E quando eu tenho que apagar minhas memórias?

- Quando você preferir, lhe dou o tempo que precisar.

- Tem outro problema – disse, com os olhos negros pensativos sobre as sobrancelhas cerradas – Eu me esquecerei de tudo, mas e Lucy?

- Ela também não se lembrara – respondeu – Todas as memórias que marcam a presença um do outro em suas vidas serão apagadas, nem você nem ela se lembraram, nenhuma conversa, rosto, encontro... Se vocês se verem depois disso será como conhecer um estranho.

- Entendo… - Natsu puxou um sorriso fraco – Foi besteira acreditar que talvez com suas memorias ela tentasse fazer-me ama-la novamente... Seria fácil demais... – suspirou sentindo derrotado - Eu preciso me desfazer de algumas coisas antes que isso aconteça, se não me lembrarei dela acharei estranho as roupas de mulher no closet, e as nossas fotos nos quadros.

- Sobre seus amigos, as memorias deles permaneceram, por isso acho bom ter uma conversa com eles sobre isso – Igneel informou – Não posso interferir na vida das pessoas não relacionadas à maldição, por isso que eles vão se lembrar.

- Se algum deles me contarem à verdade o que acontece?

- Nada, eu só terei que ficar apagando sua memoria toda vez que acontecesse, isso se acreditasse é claro.

- Se eu descobrisse sozinho por uma foto?

- Apagaria também – lamentou.

- Se eu escrever uma carta para mim...?

- Apagaria.

- Fizesse um vídeo?

- Apagaria.

- Se minhas lembranças verdadeiras voltassem?

- Não existe essa possibilidade, por isso não há regra sobre que atitude tomar.

- O.K, entendi, não tenho escolha– admitiu - Vou conversar com meus amigos e os de Lucy. 

- E Natsu... Você quer se lembrar de que eu apaguei suas memorias? Ou prefere ser igual Gajeel, acreditar que foi poupado disso?

Natsu engoliu em seco enquanto pensava na sua resposta. Se ele soubesse que existia alguém que ele amou e se esqueceu para quebrar a maldição provavelmente ele ficaria curioso e daria um jeito de descobrir quem era, e depois se reaproximaria de Lucy e então... Então o que?

Fitou o chão balançando a cabeça, não podia mais uma vez impor sua presença na vida da loira. Será que ela teria aberto mão de tudo se ele não fosse amaldiçoado? Mão de todos os seus sonhos? Como completar sua faculdade se tornar a maior editora na fairy tail de ter o marido perfeito e filhos com nomes dos seus personagens preferidos... Será que se ela estivesse sóbria e não entrasse em um carro de um estranho achando que era um taxi colocando-a então em uma situação sem volta ela teria o escolhido? Se ele não tivesse interferido no destino de Lucy o que teria acontecido com ela? Que aventuras ela teria? Com quem ela casaria? Terminaria a faculdade? Conseguiria realizar o seus sonhos... Porque ele tinha que interferir em tudo isso novamente...

- Quero acreditar que não me esqueci de ninguém. Assim como Gajeel.

- O.K.

- Quando estiver preparado eu posso lhe chamar? Ou você vem até mim? Como funciona?

- Eu virei até você.

- Certo... –Natsu o fitou – Se isso for tudo gostaria de ficar sozinho agora.

Assentindo com a cabeça Igneel caminhou até a porta com Natsu ao seu encalço.

- Até breve, meu filho. – e saiu pela porta.

- Até. – respondeu Natsu para o vazio fechando a porta.

 

                                                            U>U ~ } ~ U.U

 

Juvia observava os números do elevador mudar enquanto descia os andares, seu expediente havia acabado e poderia finalmente voltar para casa, massageou o pescoço dolorido, ela precisava de um bom banho de banheira e uma noite de sono para ver se seus músculos tensos relaxavam de uma vez, aquela semana inteira a tinha deixado em uma constante “pilha de nervos”,  tudo parecia ter acontecido, primeiro o acidente de Lucy, então Lyon se afastou e duas novas obras que seriam publicadas por escolha de Gray surgiram... Sem falar que o próprio Gray a deixava tensa, mas do que os outros problemas...

As portas do elevador se abriram então em passos firmes sobre o salto caminhou até Mirajane, a albina assim que a viu abriu um largo sorriso.

- Hm que sorte a sua já pode ir para casa… - lamentou fazendo bico – Terei que ficar aqui por mais três horas!

- Juvia não via a hora de esse dia acabar... – sussurrou a azulada – Parece que as horas estão passando mais devagar ultimamente...

- Deve ser por causa da Lucy, todos estamos esperando uma noticia positiva – refletiu Mira os olhos azuis sinceros – E Natsu não veio trabalhar durante todos esses dias, parece que Erza lhe adiantou as férias de inverno.

- Juvia sempre o vê indo para o hospital quando está vindo trabalhar, parece que Natsu-sama passa o maior tempo com Lucy...

-É triste ver um casal tão bonito separado – Mira lamentou depois fitou Juvia – Incluindo você e o senhor ali fora.

Juvia virou-se para ver de quem a albina falava quando se surpreendeu ao notar Gray na parte de fora da Fairy Tail, ele olhava para o céu com as duas mãos no bolso da jaqueta, a noite estava fria, ele parecia perdido em pensamentos.

- Juvia e Gray-sama não somos um casal – afirmou a azulada, voltando-se a amiga – E não estamos separados, pois nunca estivemos juntos...

- Hm… Porque você não vai lá ver o que está de errado com ele? Faz bastante tempo que está ali fora.

- Juvia vai ver – então entregando uns documentos para Mirajane, que foi o motivo dela ter parado na recepção caminhou para fora até Gray.

Ela tinha reparado que Gray não voltara da pausa que ele próprio se deu, porém o moreno sempre fugia um pouco da sala quando tinha coisas demais para resolver.

- Gray-sama... – chamou, despertando-o do seu transe tocando-o em seu braço– Aconteceu alguma coisa?

Ele ficou alguns minutos sem responde-la, não imaginou que a azulada viria atrás dele, não era do seu feitio procurar por ele quando saia em suas pausas, então a fitando de corpo inteiro viu que carregava sua bolsa e algumas pastas. Ela está indo embora? Há quanto tempo tinha ficado ali fora?

- Não… - respondeu em sussurro – V-você já está indo? Desculpe-me nem percebi que havia passado tanto tempo assim... – confessou colocando a mão sobre a dela que permaneceu em seu braço, Juvia puxou a mão corando.

- Gray-sama não precisa se preocupar – afirmou puxando um sorriso fraco – Juvia entende que Gray-sama está preocupado com Natsu-sama.

Gray suspirou dando um sorriso torto e voltando a fitar o céu. Parecia que ele não conseguia mais esconder as coisas de Juvia.

- Já vi Natsu perder alguém mais do que uma vez Juvia, ele sempre se isola, sofre e depois volta, não pede ajuda enfrenta tudo sozinho, carrega tudo nós ombros, não é porque ele não confia nos amigos é só o jeito dele de enfrentar as coisas, acreditando que pode vencer tudo por ele e por todos… - Gray mantinha o timbre sereno – E eu nunca tentei mudar esse lado dele, tudo o que eu podia fazer era tentar amenizar o fardo resolvendo os problemas pequenos e mesmo que eu queira agir diferente dessa vez parece que não existe nada que eu possa fazer.

- Existe algo que Gray-sama pode fazer – Juvia se aproximou– Na verdade, Gray-sama sempre fez isso - ela deu um sorriso casto - Continue do lado dele e mostre que está ali quando ele precisar, mesmo que Natsu-sama não peça ajuda, Juvia tem certeza que só por ele saber que Gray-sama está ali, vai sentir todo apoio que precisa para continuar mais uma vez…

Gray a fitou, ele não gostava de se sentir assim indefeso perto de alguém como Juvia o fazia ficar, parecia que quando a garota o encarava era capaz de ver o mais profundo de sua alma, o deixava irritado a sensação de ter alguém capaz de mudar sua vida pelo simples fato de existir, porém o que menos gostava era que no fundo ele havia começado a gostar, começava a gostar do fato de ela sempre saber o que dizer para acalma-lo, dela estar sempre lá quando precisava, da felicidade com qual ficava quando ele conquistava algo era como se ela mesmo tivesse ganhado também, da sensibilidade que tinha sendo capaz de se emocionar por pouca coisa, de como se preocupava com tudo e principalmente de como ela o conhecia tão bem que ele já não precisa, e nem queria, esconder mais nada dela.

 Ela entrara gradativamente em seu coração e agora dominava tudo sendo tarde demais para expulsa-la dali. Gray subiu sua mão e segurou o queixo delicado fazendo com que os olhos se encontrassem, Juvia entreabriu a boca para dizer algo, mas os olhos de Gray caindo sobre seus lábios a fizeram corar e esquecer-se das palavras.

 Lentamente ele se aproximou da azulada e colou seus lábios sobre os dela, Juvia estremeceu ao sentir os lábios de Gray, e logo abriu a boca deixando que ele aprofundasse o beijo. O beijo foi longo, porém não passou do contato dos lábios e as mãos dele em maxilar.

- Obrigado Juvia – agradeceu, sorrindo quando os lábios se separaram – Você sempre me fala o que eu gostaria de ouvir e sempre está ao meu lado – ele acariciou o rosto dela – Sei que isso muda totalmente o assunto de que estávamos minutos atrás, mas já lhe disse uma vez que você começou ser parte dos meus problemas Juvia.

- Gray-sama eu… - ele colocou o indicador em sua boca.

- Me deixe falar – pediu – Você sempre tentou algo a mais comigo, eu sei disso e me sinto um canalha por sempre ter me feito de desentendido, pois agora sei como que dói esperar por uma resposta – os olhos negros encaram os azuis sem desviar – Todo o tempo que eu lhe deixei de escanteio deve ter lhe magoado e talvez feito que o sentimento que sentia por mim aos poucos se esvaísse, por isso lhe peço perdão, perdão por ter sido um idiota e não ter admitido que te amo antes Juvia – a azulada arregalou os olhos surpresas, não esperava aquelas palavras de Gray, ela depois de todas aqueles anos havia ganhado uma declaração do moreno -  Por ter feito você esperar por tanto tempo, acho justo lhe dar o tempo que quiser para decidir o que fazer com meus sentimentos por você.

Juvia sentiu o rosto corar e sussurrou um breve “Gray-sama”, ele pegou as mãos da azulada e as acariciou com o rosto, depois beijou as duas mãos e voltou a fita-la.

- Mas vê se não demora muito, pois minha mente e coração pode até aguentar esperar uma resposta, só que meu corpo… Ele não aguenta nem mais um segundo longe de você.

 E dizendo isso puxou a azulada para mais um beijo feroz, porém rápido, pois estavam na rua e a insegurança que alguém os visse o fez se conter.

- Boa noite Juvia – Gray deu um passo para trás na intenção de se afastar da garota, e voltar para empresa e terminar seu trabalho, mas ela segurou sua jaqueta o impedindo.

- Não vá... – pediu com os olhos marejados – Não vá agora que me disse o que Juvia sempre quis ouvir... – então as lágrimas escorreram dos olhos.

- Porque está chorando? – indagou sem saber o que fazer se reaproximando – Eu fico, só não chora porque eu realmente não sei o que fazer… - ele coçou a cabaça encabulado, Juvia sorriu aberto vendo a cara dele.

- Juvia não precisa de tempo para ela saber o que quer – ela ainda sorrindo tomou a atenção do moreno – Juvia sabe o que o coração dela sente, Juvia sempre soube… - ela secou as lágrimas com as costas da mão – Juvia ama Gray-sama!

Gray sentiu o rosto esquentar, e se irritou com isso, ele não podia ficar vermelho como uma mulherzinha, não agora que escutara o que tanto desejou durante aqueles últimos meses. Ele tomou a garota pela cintura e selou seus lábios rapidamente, Juvia riu.

- Então vamos comemorar isso em casa! – exclamou alegre.

- Mas o turno de Gray-sama ainda não acabou – lembrou Juvia com as bochechas vermelhas pelo convite de Gray.

- Se Erza não percebeu minha ausência até agora, acho que posso me considerar liberado.

 Então saíram de mãos dadas em direção ao estacionando, deixando uma Mirajane que sorria feliz com a cena que assistira de camarote da recepção.

- Ever precisa saber agora sobre o novo casal! – discou o numero da recepção do andar de cima – Você não sabe o que acabou de acontecer! - disse animada ao escutar a voz da amiga atendendo-a.

E as duas começaram a falar sobre as novidades do dia. “É parece que no meio de coisas tristes sempre existe esperança, afinal”, pensou sorrindo.


Notas Finais


Espero que a explicação para a maldição existir tenha satisfeito a todos. E sobre o momento Juvia e Gray, sei que os personagens estão em momentos tensos, entretanto a vida continua.


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