1. Spirit Fanfics >
  2. O Cheiro da Lua >
  3. Ciúmes

História O Cheiro da Lua - Ciúmes


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Desculpem a imensa demora, espero que gostem

Boa leitura!

Capítulo 101 - Ciúmes



Como é bom voltar a poder fazer tudo novamente, era mais do que certo que Triton se tornava um chato quando se tratava da nossa segurança, e como uma boa companheira, prometi ajudá-lo a passar por essa fase super protetora.

Mas agora, ela havia acabado, na verdade, fazia uma semana que Ren nascera e Triton parecia ainda mais fofo e carinhoso do que quando April nascera.

- Amor, você viu o castor da April? - Triton me abraçou por trás e mordeu o meu pescoço.

- A última vez que o vi, estava na cama no nosso quarto. - comentei curvando levemente as costas. - Pare de me provocar, estou mexendo com fogo.

- Hmmm... Eu sou o fogo? - ele brincou e beijou o meu pescoço antes de me soltar, o que foi uma surpresa pois meu corpo estava ansiando pelo seu toque. - April quer saber quando iremos ensiná-la a se transformar.

- Não sei... - ignorei a pergunta sobre o fogo. - Não posso deixar o Ren com ninguém e levá-lo seria perigoso, e você também não iria nos deixar aqui sozinhos.

- E não confio em ninguém para cuidar de vocês. - sua voz foi dura como ferro. - Desculpe, não quis descontar em você.

- Não se preocupe. - dei de ombros. - Já me acostumei com as mudanças de humor do meu lobo dominante. - desliguei o fogão e me aproximei de Triton.

- Eu acho que você deveria se comportar melhor, Kristine. - ele sorriu, divertindo-se.

- Se você diz. - paro onde estou, mas logo sou puxada para um delicioso beijo.

Sua boca me devora explorando lugares já antes conhecidos e mesmo assim, a sensação de tê-lo sobre controle é revigorante, como se fosse inédita. Sinto um gemido rouco sair de sua garganta e sei que é a hora de nos controlar, mordo seu lábio e Triton rosna.

- Controle. - brinco e rio, ainda presa em seus braços, jogo-me para trás.

- Acha que é mais forte do que eu? - ele ri alto e me levanta, carregando-me até a sala. - Ainda bem que você já terminou a comida.

Sou jogada no sofá e logo April está em cima de mim, fazendo-me cócegas enquanto seu pai me prende no sofá.

- Isso é injusto! - rio sem conseguir me controlar, quase perdendo o ar. 

Então eles param e April me dá um selinho, enquanto ri ao ver a minha cara de vencida.

- E onde está o meu pequeno? - murmuro assim que consigo sentar no sofá.

Triton tráz o berço para perto de nós e vejo Ren dormindo profundamente, sua cara de tranquilidade me faz verdadeiramente feliz e aliviada por termos conseguido protegê-lo de todos os perigos.

- Mamãe, o maninho dorme muito. - April cruzou os braços.

- Dorme mesmo. - Triton sorriu e pegou a filha no colo. - Mas você também dormia bastante, querida.

- Dormia? - April ficou curiosa. - Verdade, mamãe?

- Dormia como uma preguiça. - brinquei rindo.

- Eu sou uma loba. - ela rosnou. - E não uma preguiça.

- A loba dominante da família? - indaguei, observando o que Triton faria.

- Sim! - ela se levantou usando os braços do pai para não cair de seu colo.

Triton me fitou e sorriu, aquele sorriso que indicava como meu companheiro nunca deixaria que April fosse mais dominante do que ele.

- E quando vou virar loba? - ela voltou a se sentar e me encarou. - Papai disse que preciso aprender a controlar antes de ir para escolinha. - seus olhos azuis brilharam.

Respirei fundo, April estava ansiosa para treinar a sua transformação, mas ir até a floresta seria muito perigoso para Ren que ainda não tinha um ótimo sistema imunológico e, havíamos aprendido, que bebês tendem a chamar a atenção de outros animais, ou até de sobrenaturais inimigos.

Porém, ficar sem treinar não era uma opção, eu podia imaginar a vontade da nossa pequena em ser uma loba novamente. 

- Os primeiros treinos poderiam ser no nosso quintal. - sugeri. - O que acha, papai?

- Uma boa ideia, mamãe. - ele assentiu e April pulou do colo dele.

- Agora? - seu corpo vibrava de anseio.

- Pode ser. - Triton se levantou. - Vamos levá-lo junto, certo?

- Com certeza. - levantei e logo peguei Ren no colo.

Seu único movimento foi uma lambida em seus lábios, depois ele se aconchegou em meus braços.

*

Um mês e meio havia se passado, April tinha melhorado seu controle sobre a transformação, ela conseguia se transformar quando tinha vontade, porém também acabava se transformando quando passava por fortes emoções.

E normalmente, ela não conseguia voltar sem a ajuda dos pais, ou seja, havia algum tipo de medo que a fazia permanecer como loba, já que assim April se sentia menos ameaçada, portanto, quando um de nós conseguia tranquilizá-la, sua loba permitia que seu corpo voltasse a forma humana.

- Ela é menos complicada do que você era, Kristine. - minha mãe menciona enquanto as crianças estão dormindo no quarto deles.

- Como assim? - Triton ergueu uma sobrancelha.

Ele sabia sobre o meu antigo problema de transformações inesperadas, e nunca tínhamos pensado em associá-lo ao poder que a loba de April tinha sobre ela.

- Minha filha nunca foi muito boa de controle. - Stefany riu. - Certa noite, em seu aniversário de três anos, a lua estava cheia, e nós estávamos meio felizes...

Fingi não notar o constrangimento e muito menos imaginar que eles estavam bêbados no aniversário de uma criança, que era a filha deles!

- Então, chegou a hora do parabéns e nós não a achavamos. - continuou a contar sem perceber que Julie estava um pouco assustada com a atitude irresponsável deles. - Foi aí que ouvímos um grito, saímos de casa e uma mulher apontava para uma bola de pelos enquanto gritava.

- Por sorte eu estava lá. - meu pai sentou ao meu lado. - Sua mãe não te reconheceu na hora, mas eu sim! - ele estava orgulhoso. - Senti o pavor da minha filhinha e fui resgatá-la.

- Mas no fim tropeçou na própria filha e caiu de cara no chão. - Stefany o entregou.

Julie estava pasma, seus olhos denunciavam o espanto, desviei seu olhar, envergonhada demais para me defender ou dizer algo a respeito. Por sorte, Triton me segurou pela cintura e beijo o topo da minha cabeça, aliviando um pouco da tensão.

- Então sobrou para eu te resgatar, e a única coisa que tive que fazer foi convencer a mulher de que você era o meu cachorro. - Stefany explicou. - Você demorou doze horas para voltar a forma humana.

- Eu até cheguei a pensar que tivessemos te trocado acidentalmente por um cachorro... - ela murmurou, mas pude ouví-la.

Meus olhos se estreitaram e acabei rosnando, quando eu achava que sabia de todos os seus erros, acabava me deparando com outros muito piores.

- Mas papai te reconheceu antes que a mamãe, já é um ponto, certo? - ele sorriu, mas se assustou quando o encarei. - Desculpa.

- Kristine, minha filha, nós éramos completamente desajeitados. - minha mãe admite. - Felizmente, você sobreviviu a nossa loucura, claro que você carregou alguns problemas com a sua loba, mas...

- Mas eu a conheci e resolvemos tudo. - Triton encerrou o assunto, parecia que falar da minha sofrida infância também não o agradava. - Mãe? - ele a chamou quando notou que estivera quieta desde o início da história.

- Só estava pensando... Kristine, você é uma guerreira. - Julie sorriu para mim.

A mãe de Triton era sem dúvida um anjo, ela poderia criticar a minha família e não me aceitar mais como uma nora adequada, o que faria a família se distanciar e Triton ficaria acabado.

Ao invés disso, ela me mostrou que confiava em mim e que respeitava o meu passado assim como também respeitava os meus pais insanos. 

- Obrigada. - agradeci com um aliviado sorriso.

*

Estava deitada na grama do jardim com Ren brincando com os meus fios pretos de cabelo, o sorriso de um filho fazia uma mãe maravilhada. Senti o cheiro de nozes e em seguida, seu corpo ficou sobre o meu e seus dentes morderem levemente o meu queixo.

- Acordaram? - notei como Ren reagiu ao ver o pai. - Ele é você mais novo, sério.

- Você acha? - Triton continuou em cima de mim, mas apoiado sobre os cotovelos para não me sobrecarregar com seu peso.

Concordei com a cabeça e Ren esticou seus braços para puxar os fios rebeldes de Triton, que riu ao sentir a pequena força do nosso filho. Um cheiro bem forte de castanha de caju me fez erguer a cabeça.

April estava nos fitando, o cheiro de ciúmes fez com que ambos a fitássemos alarmados. Ela virou o rosto e seu rosto começou a ficar vermelho, e antes que pudessémos ajudá-la, sua transformação se iniciára.

- April, você está bem? - levantei-me deixando Ren brincando com seu bode de pelúcia.

Triton também estava sendo cauteloso como eu, ela rosnou e mostrou as presas.

- Ela acha que amamos mais o Ren. - sussurrei para o meu companheiro. - A loba acha...

- Ei, você é a mocinha do papai, certo? - ele lhe estendeu os braços.

Por um instante April surgiu nos olhos da pequena loba, porém um barulho de bebê vindo de trás de nós, fez suas patas se viraram, correndo para sair de casa.

Nos entreolhamos, Triton teria de ir sozinho, Ren nunca poderia ser deixado em casa e April sempre apresentou melhor resposta a voz do pai.

- Já volto! - ele saiu correndo.

Meu coração batia forte contra o peito enquanto tirava Ren do chão, ciúmes era uma emoção forte, porém nunca cogitei a possibilidade de isso causar uma transformação nela.

Trinquei os dentes, estávamos fazendo tanta diferença assim entre os nossos filhos? Meu coração se apertou, talvez eu não fosse muito melhor em ser mãe do que Stefany.

- O que aconteceu? - Julie me encontrou na sala. - Vi Triton correndo para a floresta, o que houve?

Meus olhos se espantaram, April não conhecia a floresta e estávamos numa época de calor, que era o momento mais propício de se encontrar humanos perambulando pela floresta.

E enquanto contava a situação a Julie, orava para que Amaterasu a protegesse.

- Ele vai achá-la. - Julie tentou me tranquilizar. - Triton sempre foi um bom caçador, desde quando pequeno.

Soltei um longo suspiro, entretanto quase engasguei com a saliva quando ouvi o uivo de agonia da minha filha. Sem pensar duas vezes, entreguei Ren a Julie e saí correndo.

Quando adentrei a floresta, já estava transformada, correndo entre as árvores, usando meus sentidos para achá-la. Senti cheiro de sangue e depois a ouvi uivar mais uma vez, ela estava assustada.

Pulei de uma rocha e os vi, havia dois vampiros, a loira e o seu chefe, mas Triton também estava ali e o sangue era dele. Dois contra um era absolutamente inaceitável.

Rosnei tão alto que os vampiros recuaram alguns passos, meus caninos estavam à mostra e só fiquei mais assustadora pois notara que Triton tinha um grande machucado em suas costas.

April, ainda como loba, correra até mim, meu extinto protetor preparou-se para defendê-la.

Mamãe! Papai! Sua mente estava em pânico, tinha de tranquilizá-la.

Não se preocupe, papai e mamãe vão cuidar de você. Lambi seu focinho e me coloquei a sua frente. Fique aí e preste atenção ao que dissermos.

Vai dar tudo certo, April. Triton estava cansado, mas seu lobo estava furioso e pronto para matar alguém. Papai e mamãe te amam demais para deixá-la.

Então nós atacamos, Triton se dirigiu ao chefe, mas um outro vampiro, que desconhecíamos e careca, tentou atingí-lo em vão, pois o lobo já havia previsto isso. Já a minha investida havia sido um sucesso, a vampira se assustara com a minha agilidade e tropeçara nos próprios pés, deixando seu pescoço a deriva.

Seria ruim matar na frente de April, porém não poderia deixar uma criatura - nojenta e que ameaçara a minha família - viver. Mordi com uma intensidade esmagadora e quebrei os ossos de seu pescoço, mas isso não era o suficiente para matá-la.

Ainda de olho no chefe que não se movera desde a minha aparição, apoiei minhas patas dianteiras no peito da vampira e forcei sua cabeça a desgrudar-se do corpo. Os estalos fizeram April estremecer, meu coração doeu, mas era necessário.

Joguei a cabeça longe, sentindo o gosto fresco de sangue, Triton estava tendo um pouco de dificuldade por estar machucado e pelo vampiro careca ter adquirido uma velocidade absurdamente grande.

Preparei-me para ajudá-lo, porém Ceazer surgira ao meu lado, meu corpo pulou assim que um chute foi desferido, por segundos ele não me acertara. Infelizmente, seu seguinte soco acertara o meu focinho em cheio, e sentir o gosto do próprio sangue era chocante.

Caí perto de April, por isso me levantei apressada, ela pensou em se aproximar, mas eu a fastei com um rosnado. Suas patas mantiveram-se paradas, voltei a me concentrar no chefe dos vampiros.

Seus olhos estavam vermelhos e suas presas mostravam ser ainda mais assustadoras do que da primeira vez.

- Eu esqueci de lhe dizer como seu sangue é delicioso, Kristine. - ele riu e me encarou.

Esperei seu ataque e logo veio, um soco pela esquerda, desviei e pulei em seu rosto, suas presas tentaram me morder, mas meus caninos foram mais eficazes e se cravaram em seu ombro, fazendo-o urrar.

O vampiro se debatia enquanto fiquei presa a ele, mas foi sua súbita mudança de planos que me machucou, com uma força assustadora, ele me abraçou, ou melhor dizendo, tentou me esmagar.

Grunhi sentindo alguns ossos quebrarem, usei as garras para arranhar a sua face fazendo-o me largar. Cambaliei para longe de April, irritado e consumido pela fúria, Ceazer me seguiu, ignorando-a.

Analisei-me rapidamente, um focinho machucado, algumas costelas quebradas e provavelmente um pulmão perfurado, pois respirar estava sendo um doloroso trabalho.

- Eu vou matar você e sugar cada gota do seu sangue! - suas palavras teriam me imobilizado antigamente, mas hoje, eu tinha alguém a proteger.

Olhei de relance e Triton estava com sangue escorregando pelo seu rosto, tentei decifrar se era muito grave, mas Ceazer havia ficado mais rápido e me chutara na barriga.

Meu corpo cedeu, e um choro escapou de minha garganta, senti April se atiçar, levantei, mesmo sentindo o corpo falhar. Meus olhos mal se abriam e minhas narinas queimavam ao respirar.

- Isso é o fim, lobinha. - suas presas vieram em minha direção, então eu deixei que ele mordesse a minha pata.

A mordida fora tão poderosa que com certeza meus ossos haviam quebrado, e tentando ignorar a dor, eu puxei-o para mais perto usando a pata que ele estava grudado e mordi seu pescoço.

Agora era uma luta de resistência, o vampiro puxava e destraçava a minha pata enquanto eu aumentava a pressão da minha mordida em seu pescoço. Infelizmente, sabia que ele venceria, minha força estava acabando e a dor só piorava tudo.

- Desista. - ele urrou dando uma pressionada que me fizera ganir e soltá-lo.

Pelo menos ele também havia me soltado, mas agora eu estava no chão, tentando levantar com apenas três patas. Meu peito ardia devido ao esforço em continuar a respirar, vi-o tirar uma faca de prata de seu casaco e temi, não por mim, mas pelos meus filhos.

MAMÃE! April gritou me chamando, não podia desistir, ergui-me mais uma vez, e mesmo sem conseguir mover um único músculo, minha coragem me ajudara e minha loba me fortalecera.

Ceazer ergueu a faca com a ponta na direção da minha cabeça, eu tinha de desviar, para que acertasse em algum ponto não vital, mas quando seus braços desceram, meu corpo falhou e mesmo olhos permaneceram abertos.

Assim, eu pude ver quando a espada caiu no chão ao meu lado, Triton estava dilacerando a perna do vampiro, Ceazer gritou em fúria e dor, os olhos do meu companheiro estavam como os de um lobo selvagem, pronto para defender o que era seu.

Depois de incapacitá-lo de se locomover, Triton subira nas costas do vampiro e arrancara a sua cabeça, do mesmo modo que eu fizera com a vampira.

Com o perigo eliminado, dei permissão para que April se aproximasse, já que era impossível que eu fosse até ela. Contudo, Triton ainda estava feroz, seu sangue pingava e suas narinas estavam expandidas como um lobo caçando.

Triton... Chamei-o usando o que restava da minha força. April está bem.

Seu pequeno corpo se colocou em baixo de mim, forcei-me a continuar em pé, mas tombei para o lado. April se assustou e começou a me lamber, grunhindo com medo.

Kristine! April! Ele havia voltado e correu ao nosso lado, April o mordiscou desesperada.

Eu vou ficar bem. Tentei me levantar, mas estava cada vez mais difícil respirar.

Mamãe vai ficar bem, April. Triton a confortara. Mas precisamos levá-la ao médico.

Triton recuou alguns passos e iniciou sua transformação, pareceu uma eternidade até que ele estivesse humano para me carregar, e como doeu. Meu choro foi inevitável e pude sentir meu companheiro estremecer ao sentir a minha dor.

- Vamos cuidar de você agora... - murmurou suavemente.

Com os olhos fechados, atentei-me a ouvir April caminhar ao nosso lado, suas quatro patas tremiam às vezes, mas a dominância de seu pai a fez relaxar gradativamente.

Meu focinho mesmo machucado, informou-me que havíamos saído da floresta, meu peito começou a doer mais ainda, meu corpo começou a tremer involuntariamente. 

Triton passou na frente de nossa casa, o cheiro de Julie e depois o desaparecimento do cheiro de April me diziam que ele a havia deixado sob seus cuidados.

- Aguente firme, Kristine! - era mais uma ordem do que um pedido ou uma sugestão.

*

Acordei desnorteada, provavelmente devido a algum efeito de remédio, abrir os olhos foi um desafio, mas tentar falar doeu até meus olhos se encherem de lágrimas.

- Shhh... - Triton entrara no quarto assim que consegui murmurar seu nome. - Não fale, Patrick disse que seu pulmão foi perfurado e que você precisa ser operada antes que as suas costelas cicatrizem erradas.

Ele estava vestido com uma roupa grande demais para ele, meu corpo não me obedeceu quando pedi para tocar em seu rosto. 

- Eles estão preparando a sala agora. - sua voz tentava me acalmar. - April e Ren estão bem, minha mãe está com eles em casa e Elizabeth e Marcos foram até lá.

Meus olhos se fecharam, eram notícias boas por enquanto, porém lembrei-me de que ele estava sangrando na briga.

- Não fique alarmada. - ele acariciou a minha fase ao ver o meu espanto. - Eu estou bem, só tive um pequeno rasgo na testa que já cicatrizou e uma contusão média nas costas.

Abri a boca, mas ele me deteve com os dedos.

- Não se esforce, no momento você deve apenas respirar. - informou-me. 

- Tudo pronto! - Patrick entrou na sala. - Vamos levá-la agora.

Triton assentiu e minha maca começou a ser movida, ele foi comigo até que duas portas se abriram e Giulia o avisou que deveria esperar do lado de fora.

Ouvi ele sussurrar eu te amo, mas fui incapaz de responder, meus olhos fecharam-se e notei que Patrick e Giulia estavam comigo, ele me avisou de uma anestésia e em segundos, eu apaguei.

*

Estava muito escuro, meus olhos demoraram alguns segundos para se acostumar com a escuridão. De repente, uma chama surgiu, assustei-me e pulei para trás, era uma fogueira e em sua volta surgiram alguns vultos.

Espremi os olhos, Triton estava sentado ao chão contando histórias aos nossos filhos, April o enchia de perguntas enquanto Ren estava envolvido no desenrolar.

Sentei ao lado deles, mas eles não me notaram, estranhamente senti como se fosse um espírito. Será que eu havia morrido? Ficaria grata se eles estivessem felizes mesmo assim.

Um barulho na mata me alertou que eles estavam em perigo, tentei tocá-los e os atravessei. Isso só poderia ser uma punição!

- Papai, barulho. - April agarrou seu irmão e viu seu pai se levantar, mantendo os dois atrás de si.

- Fujam, agora! - gritei, mas ninguém me escutava.

Então apareceu, uma criatura imensa de olhos vermelhos e garras afiadas, não tinha presas, mas possuía dois chifres assustadores. Ele avançou, Triton pegou as crianças e desviou, por um milésimo de segundo.

Continuei gritando, enfiando-me na frente da criatura, tentando chamar a sua atenção, mas nada surtiu efeito, até que tentei me convencer de que aquilo era mentira.

Arranhei-me, mordi-me e até me bati, lágrimas escorriam pela minha face, Triton estava machucado e as crianças estavam escondidas em um buraco numa árvore. 

- Foi ele que pegou a mamãe! - April grita chorando.

- Salva a mamãe! - Ren estava falando?!

Meu coração parou por um instante, e eu soube que ainda não podia deixá-los sozinhos.

- Não desista, Kristine! - Triton rosnou, seus olhos mostrando a esperança.

Não desistirei.



Meu corpo se ergueu com um grito, meus olhos se abriram com o espanto e a dor, vomitei sangue e outras coisas estranhas. Olhei minhas mãos que tremiam, fechei-as e alguém abriu a porta.

Patrick me olha assustado, Giulia o empurra e corre para me ver.

- Não nos assuste assim! - repreendeu-me. - Volte a se deitar, você saiu da operação faz apenas cinco minutos.

Então eu havia sobrevivido, comecei a chorar de alívio e felicidade, Giulia me abraçou.

- Você ainda não pode falar, Kristine. - Patrick se colocou no meu outro lado. - Mas como te conhecemos, já sabemos o que mais te preocupa no momento.

- Seus filhos estão seguros, Fernando também está na sua casa, guardando-os juntos de Eliza, Marcos e Julie. - Giulia comentou.

- E Triton está do lado de fora dessas salas, porque precisávamos que você voltasse da anestesia para liberá-la. - Patrick explicou o resto.

E para ser sincera, eu não os impedi de me colocar deitada novamente, não senti quando eles limparam o sangue em meus lábios e muito menos reparei em que momento adormeci novamente.
 


Notas Finais


Devo admitir que esse capítulo foi épico haha

Espero que ainda estejam gostando e acompanhando, pessoal!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...