NO DIA SEGUINTE RESOLVI FAZER uma surpresa a Roger. Saí cedo de casa, mas não sem antes escolher o que vestir: uma blusa preta um pouco mais comprida com mangas curtas cortadas ao meio em forma oval, uma calça justa jeans azul, um sapato meia-pata nude de verniz com um salto um pouco mais grosso. Reparti o cabelo ao meio e fiz o que Clarissa chamava de 'maquiagem de ir para escola'. Cheguei na casa de Roger com meu carro e estacionei em frente ao portão. Quando desci, Roger apareceu e abriu o portão para mim. Usava uma regata bege, calção laranja e um par de chinelos. Fui até ele, e nos comprimentamos com um beijo no rosto.
-Vim buscar você - eu disse.
-Que bom! Eu só não esperava. Você podia ter me dito e eu me arrumaria melhor.
-Qual seria a graça? Quis fazer uma surpresa. E você está ótimo assim.
Ele me convidou para entrar. Comprimentei todo mundo. A mesa estva posta para o café. Maria me convidou para tomar café junto com Roger e Reymond.
-Não, obrigada - respondi - já tomei café da manhã em casa.
Reymond ia comendo de tudo que estava posto sobre a mesa, enquanto Roger degustava com calma apenas uma xícara de café com leite.
-Você não vai comer nada? - perguntei.
-Não, não como nada de manhã.
-Tem certeza?
-Sim.
Ao fim de sua xícara de café, Roger levantou-se e disse "já volto" indo para o quarto e fechando a porta.
-Vim levar seu filho para escola hoje - expliquei a Maria - ele não lhe disse nada porque também não sabia.
-Pode levar. - ela disse com um leve dar de ombros apenas para não me deixar sem nenhuma resposta.
Roger saiu do quarto com seu casaco vermelho de moletom, uma calça jeans e um tênis que também parecia jeans. Percebi que não usava perfume.
-Pronto? - perguntei.
-Sim. - ele respondeu.
Despedi-me de Reymond e de Maria e fomos até o carro. Roger ficou no banco do carona. Antes de arrancarmos, falei a Roger.
-Achei que não viveríamos apenas de Iron Maiden, então hoje decidi te mostrar minhas músicas. Cada dia, ouço no carro uma playlist diferente, hoje escolhi Muse. Conhece?
-Sim.
-O que acha?
-Legal.
Então coloquei o pen drive na entrada USB do rádio.
- Você contou? - ele perguntou.
-Não precisou. Sylvia perguntou se éramos namorados e eu disse que sim. Não dei muito mais explicações. E você?
-Contei. Meu pai gostou da ideia, mas minha mãe nem tanto.
-Ela não gostou de mim, não é? - disse, preocupada.
-Não é isso, não se preocupe. Ela só está com ciúmes.
-Eu entendo.
Quando chegamos ao estacionamento da escola, olhei para Roger e, já prevendo o que aconteceria, disse:
-Prepare-se.
Ele fez cara de quem não entendeu. Tiramos os cintos de segurança e abrimos as portas. Quando saímos do carro, começava o primeiro refrão de 'Feeling good ' . Saímos, Roger deu a volta no carro e me encontrou do outro lado. Demos as mãos, e então começamos nossa peregrinação até o prédio A.
Como eu já esperava, todos a nossa volta nos olharam como se fóssemos um casal muito polêmicos de rockstars em pleno ensino médio.
-Estão todos nos olhando! - Roger disse baixinho.
-Pois é, mas acho que um dia eles se acostumam. - Eu disse, com um sorrisinho.
Quando conseguimos passar pela "multidão de fãs enlouquecidos" , eu disse a Roger:
-Acho que agora você segue para sua sala e eu para minha. Tenho explicações a apresentar.
-Eu entendo - ele disse, e me beijando a testa se despediu temporáriamente.
Quando entrei na sala de aula, tive uma visão típica: Emily sozinha na sala de aula, sentada em sua carteira, lendo um livro da série desventuras em série : Lago das Sanguesugas . Fiquei a porta, apenas observando, pensando em uma boa desculpa para dar a ela. Porém, antes que eu pudesse pensar em algo, Emily evantou os olhos derrepente, me viu, sorriu e disse.
-Cristtie! - Emily colocou o marcador de página dentro do livro, o fechou e levantou-se vindo ao meu encontro para abraçar-me. -Por onde andou?
-É complicado. - Foi a única coisa que me veio em mente.
Derrepente Emily solta os braços, faz cara de zangada, enrugando a testa e pergunta:
-No que você estava pensando? Você nem ao menos se despediu de mim! Você sumiu! Eu fiquei tão precupada ... você poderia ter me dado notícias!
-Emily, eu ...
-Você nem se importou, nem lembrou de mim, quer saber? Agora já não me importa mais! - Emily deu passos grandes, firmes e rápidos até a mesa, pegou o livro e saiu da sala, sem me dirigir mais nenhuma palavra. Enquanto eu apenas ficava parada, perplexa. Não tinha levado em consideração essa reação.Roger logo entrou na sala de aula e perguntou o que tinha acontecido. Contei a ele. E disse que compreendia, o que era verdade. Ele ficou comigo até o soar o sinal que anunciava o fim da aula. Todos entraram, sentaram-se. Meu lugar continuava sendo atrás da Emily. Em determinado momento, no segundo período, Emily foi ao banheiro e eu deixei um bilhete em cima da sua mesa:
Desculpe :-)
Quando ela entrou, leu olhou para mim e em seguida respondeu:
O que você fez não foi legal.
Eu respondi:
Eu sei. Acontece que eu sou uma vampira ... então é complicado.
Disse isso mais para ser uma piada, e também porque eu não tinha nenhuma desculpa para dar. Então, resolvi dar a ela a verdade. Ela olhou para mim, riu e respondeu:
KKKKKKKK Que maluquice é essa? Você pode me contar o que realmente aconteceu???
OK. Mas só se você disser que vai voltar a falar comigo.
Ok. Mas quero detalhes.
No recreio, disse a Roger para que ficasse junto de seua amigos, pois precisava converssar com Emily. Contei a ea a história verdadeira, modificando algumas coisas. Na verssão que contei a ela, Roger havia me salvado. No fim, ela disse:
-Ele te salvou? Ai que bonitinho - daquele jeito agressivamente carinhoso dela dizer as coisas. -E a Clarissa?
-Não ficou muito bem. Sabe... isso tudo não foi nada fácil pra ela.
-Não deve ter sido mesmo. Mas que bom que voltou! - disse ela, me abraçando bem apertado. Todos os ímpetos de carinho de Emily eram tão intensos que ás vezes se tornavam agressivos.
No fim da aula, deixei Roger em casa e fui direto ver como estava Clarissa. Cheguei na porta de vidro de sua casa, e ela a abriu.
-Vim te ver - eu disse - como está tudo? Vejo que limpou a sala... mas ainda não consertou a parede.
-Pois é ... não tive tempo. Estou melhor agora. Mas acho que nunca vou me acostumar com isso.
-Clarissa... fazem só dezoito anos que você é vampira. Com mais tempo, você se acostuma.
-Eu já não devia ter me acostumado?
-Acho que só te falta um pouquinho de maturidade.
-Eu tenho 35 anos!
-Você ainda conta? Bem ... no nosso mundo é preciso muita maturidade. Mas ... que tal o sangue de vampiro puro?
-Não é tão atraente quanto o sangue de bárbaros, mas é melhor que sangue de animais. Cristtie , sei que não tem desculpa, mas...
-Tudo bem. - A interrompi - Sério. Se tudo isso não tivesse acontecido, eu não estaria tão feliz.
-Como estão você e o Roger?
-Você saberia se voltasse para a escola. Vai te fazer bem.
-Você nem vai me contar nada se eu não voltar, né?
-Não mesmo.
-Você sabe como me convencer.
Rimos. E em seguida eu perguntei:
-Tem alguém aí a fim de um abraço?
-Eu!!!!! - ela disse, com seu jeito afetado de ser carinhosa. Nos abraçamos.
-Ah! Só tem uma coisa. - eu disse. O Roger faz questão de me levar amanhã de moto para a escola, eu adoraria ir com você, mas sabe como é ...
-Eu sei. Agora, conte-me tudo, não me esconda nada!
***
O dia seguinte na escola, tinha tudo para correr bem. Eu estava de volta, estava com Roger, havia resolvido tudo com Emily, e Clarissa voltaria. Tinha. Quando cheguei à porta da sala de aula, percebi que estava fechada. Verifiquei. Não estava trancada. Então abri , e me deparei com algo que não queria: Emily, sentada lateralmente ao lado de Théo, tinha seu rosto entre as mãos dele. Estavam se beijando, Théo claramente a havia beijado. Um lobo, estava beijando minha melhor amiga!
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