História O Clã Northson - MIKAELA - Blues

#Mikaela#

Abriu a maleta para examinar o conteúdo, estava tudo certo e sinalizou para que o alvo fosse entregue ao brutamontes de terno na sua frente, acenou com a cabeça e se retirou. Esse trabalho não tinha haver com o clã, foi contratada por um empresário para rastrear e capturar um ladrão, o motivo era pessoal mas desde que fosse pago, ela não questionaria.

Fazia três dias que não via Christopher e não podia mais suportar ficar afastada. Teria recusado a proposta mas o pagamento era bom, até vampiros precisam de dinheiro.

O sol já estava alto quando chegou ao território do clã, prometera dias antes que estaria no casamento de um dos membros, Diana, uma das melhores atiradoras que já conheceu, ela e Connor já estavam unidos pelo pacto mas quiseram uma cerimônia. Não pode deixar de imaginar fazer o mesmo com Chris ao seu lado, mas primeiro precisava deixa-lo passar pela formatura, ele ainda era tão jovem. Subitamente a culpa a invadiu, não poderia transforma-lo ainda, mesmo sendo sua única razão pra estar viva e completa, ele era tudo, não poderia ser egoísta com ele. Ela precisava deixa-lo viver mais, ele merecia. Mesmo que definhasse pela ausência, pelo menos por alguns anos.

Depois de se espremer no vestido que Nick providenciou a pedido dela, sentou ao lado de alguns vampiros mais novos e assistiu o casal de vampiros trocar os votos de amor eterno sob o sol. Houve uma pequena comemoração logo depois com bebida e conversas animadas ela estava no seu lugar perto do líder, distraída com os casais presentes.

_ Você quer isso, querida. Eu sinto em você. Mas também há dúvida, o que foi?_ ele disse num olhar fraterno.

_ Ele é muito novo, sinto que estarei tirando anos importantes dele se eu o transformar tão rápido, ele merece mais.

_ Te apoiarei no que decidir, querida. Mas se não concluir o pacto tem que se afastar, ou a ligação vai fazê-lo ficar doente.

_ Eu vou pensar Nick. Fico despedaçada estando longe.

_ Eu entendo, Agatha não era minha metade mas perdê-la me destruiu. Se for sua decisão se afastar, farei com que o rapaz seja cuidado enquanto eu puder._ ele disse baixo.

_ Eu agradeço._ sorriu. Depois de cumprimentar os recém casados e descobrir que Diana se casara com um mafioso, se despediu e no início do entardecer já estava a caminho de casa e da metade da sua alma.

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Abriu a porta algumas horas depois, ainda usando o vestido vermelho sangue do casamento, o cheiro dele estava em todo lugar, o seu italiano quente, admirava a coragem dele, ficar em uma casa com tantos vampiros era mortalmente perigoso, mesmo que estes nunca ousassem tocar nele, ela o amou mais ainda.

Depois de pensar por todo o caminho entre as cidades já tinha tomado a decisão, e não era egoísta. Nos últimos dias também procurou saber sobre a família Vecchio e eles não eram tão tolerantes com a sua espécie. Poderia ser um empecilho mas não iria se preocupar em antecipação por isso.

_ Finalmente, bella._ ele disse assim que a viu com um sorriso que a fez derreter.

_ Não tem ideia do quanto eu amo esse sorriso._ o abraçou e o desespero de estar longe finalmente se dissipou.

_ Eu tenho sim, você está linda._ Christopher disse olhando cada centímetro do seu corpo, o cheiro dele estava diferente, identificou paixão, aquele homem era o próprio sol._ Exatamente como em Florença.

_ Tem uma coisa que não fizemos lá, já que estávamos sempre pelados._ disse olhando o sorriso sexy, e se encostando naquela parede de músculos que lhe fazia ferver._ Podemos sair pra dançar. Um encontro humano de verdade.

_ E você sabe dançar, bella?_ perguntou com humor.

_ Eu tenho mais de 70 anos, eu não passei todos eles indo a escola._ sorriu.

_ Certo. Eu estou curioso. Seus olhos estão vermelhos, tem que se alimentar. Faça isso enquanto eu me troco, ok?_ disse acarinhado seu rosto, ela não se sentia uma predadora letal ao lado dele, era só uma mulher apaixonada.

_ Ok._ olhou descaradamente de cima a baixo enquanto ele subia as escadas, era perfeito, um deus grego. Um que trouxera uma mala cheia e invadiu parte do closet com ternos e gravatas demais pra alguém tão jovem. Quando ele sumiu de vista Mateo apareceu com uma bolsa de sangue, salivou.

_ Ele ama você, e não é só pela ligação que vocês tem, Mika. Vai transforma-lo?

_ No tempo certo. O pagamento do último serviço está no carro, pode dividir e distribuir pra todos que participaram ?

_ Claro. Dançar? Você não parece humana assim a muitos anos._ Mateo riu.

_ Cale a boca. Sabe que acabo com você sem esforço._ riu em seguida. Foi até a garagem e depois de entregar a maleta para ele alcançou um pedaço de flanela e limpou o carro pelo qual se apaixonara décadas atrás.

Estava satisfeita e pronta quando Christopher a encontrou na sala, seu vestido de decote generoso se adequando perfeitamente as roupas sociais dele, eram tão diferentes, sua pele alguns tons mais escura e os cabelos com cachos selvagens contrastavam com a pele morena e os cabelos agora perfeitamente penteados dele. Quis arrancar tudo ali mesmo e implorar pra que ele se afundasse nela, mas decidiu fazer isso na volta pra casa. Sorriu lhe estendendo as chaves do carro e após um gesto cavalheiro segurou-lhe o braço e saíram.

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Depois de algumas cervejas no bar espaçoso com decoração vintage, deu um sorriso escancarado e puxou o italiano para o espaço onde outros casais dançavam jazz suave, depois que Christopher a pegou pelos quadris, tudo em volta desapareceu. Se mexiam em sintonia, alheios a tudo ao redor, ditando o próprio ritmo, e ela ficou abismada dele saber dançar tão bem. Quis beija-lo pela milésima vez naquele dia.

_ Eu vou te foder naquele carro, e depois contra o capô._ ele sussurrou firmando o quadril contra o seu segurando-a pela cintura. Arfou de ansiedade.

_ Vai mesmo. Que tal só mais uma música e ai saímos daqui ?!_ disse em resposta. Ela nunca negaria estar com ele mas aquele momento seria uma lembrança valiosa para sempre.

_ Perfeito. Uma ultima bebida?_ Chris disse.

_ Claro.

Observou-o andar entre as pessoas chamando a atenção de vários olhares, ele seria um ótimo vampiro, já se movia com a graça de um, foi até ele em seguida. Algumas mulheres tentaram chamar a atenção dele enquanto esperavam na frente do balcão mas ele apenas ignorava enquanto corria as mãos pelas costas nuas de Mikaela e vez ou outra a puxava pra si. Sentiu o ciúme emanar dele, e só então se deu conta que ela também tinha chamado atenção.

Quando a última música acabou, tentou pagar a conta mas ele a fez parar, pagou e caminharam para a saída. No estacionamento sentiu um cheiro já conhecido, Brianna, mas foi arrancada dos pensamentos quando ele a beijou, a sentou no capô do camaro e deslizou a mão pelas coxas, Mikaela prendeu as mãos atrás do pescoço dele e se deixou afogar em todas aquelas sensações, o cheiro de lar que partia dele, suas mãos ficando cada vez mais atrevidas. “meu” ouviu sua própria voz na mente. O vínculo estava ficando forte.

Depois de um par de paradas no caminho pra casa porque não conseguíam suportar a proximidade sem que a luxúria se apoderasse de ambos, entraram em casa de madrugada, não sentiu o cheiro de nenhum vampiro ali, deviam estar fora. De vez em quando Faith arrastava todos pra uma casa noturna e cada um arrumava sua própria maneira de se divertir.

Subiu as escadas devagar puxando o zíper do vestido e deixando que o tecido fino deslizassse, deixando-a só com a calcinha de renda branca olhou para trás e o chamou com um gesto, ele caminhou devagar atrás dela, com desejo nos olhos bonitos, até entrar no quarto.

_ Precisamos de um banho._ disse ela enquanto desabotoava a camisa branca que abraçava perfeitamente os músculos dele. Ele se exercitava toda manhã, lambeu os lábios ao lembrar da cena e jogou a camisa na cama.

_ Vamos fazer muito mais do que isso, bella.

Chris a pegou pela mão e caminhou pro banheiro.

Se perdemos em beijos desesperados enquanto a banheira enchia devagar, Mikaela se deu conta do quanto amava aquela boca, aquele corpo, aquele homem.

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Ouviu a respiração dele ficar lenta e regular, esperou alguns minutos antes de se levantar e depois vestir uma roupa simples, shorts e camiseta, não sentiu necessidade de vestir calcinha. Observou a sua metade ainda em sono profundo, parecia completamente tranquilo, costumava sorrir durante o sono e ela poderia ficar olhando pra sempre. Sentia a ligação deles, e o amor que saia dele, não tinha vindo em palavras ainda mas era tão óbvio que daria pra tocar. Ela também amava Christopher e cada fibra do seu ser também o amava. A sede veio com violência e ela teve que se afastar, foi até a cozinha mas olhar pra bolsa de sangue não a animou, precisava ser fresco, ainda quente, decidiu caçar no grande espaço de floresta nos fundos da casa.

Subiu a escadaria pra pegar a espada e a prendeu ao corpo, escreveu uma nota pro caso dele acordar

“ Estou caçando na floresta nos fundos da casa, volto logo, eu amo você. Sua Mikaela”

Saiu do quarto e no minuto seguinte estava entrando pela cortina de árvores, o cheiro de folhas secas e flores silvestres invadiu seus sentidos, um dos motivos pra ela amar aquela casa. Deixou a espada encostada numa árvore e se concentrou nos movimentos pela floresta, focou todos os sentidos e correu. Tudo passava em câmera lenta através dela, a terra sob os seus pés, a lua clareando boa parte do lugar, e então sentiu o cheiro, um alce adulto, forte e sadio, rastreou e se aproximou devagar, era majestoso, observou até encontrar um ponto cego e quando ele se deu conta disparou em uma fuga desesperada. Perseguiu desviando dos troncos de árvore e dos arbustos, tudo em volta se tornou um grande borrão pela velocidade e num salto movida pelo frenesi da caçada o alcançou segurando-o pescoço e afundou as presas drenando tudo quanto pode.

Se sentiu revigorada pelo sangue que se espalhava pelo seu sistema, não era tão bom quanto sangue humano mas a caçada era uma boa distração, se limpou num pequeno riacho ainda na propriedade depois de tirar os restos do animal pra fora dos limites do terreno, ele alimentaria muitos outros animais, e então voltou pra árvore que tinha deixado a espada.

Ficou surpresa ao sentir o cheiro flutuar até ela, ele estava acordado e indo ao seu encontro, decidiu esperar ele encontra-la e se colocou no centro de um círculo de pinheiros, tirou a espada da bainha, fechou os olhos e repassou os movimentos vez após vez, Nicholai lhe veio a memória “foco e controle” ele sempre dizia. Quando terminou estava satisfeita, e cansada. Chris estava perto, o ouvia e sentia o cheiro.

_ Não pode se esconder dos sentidos, baby. E nunca de mim._ falou se virando na direção dele.

_ Eu tentei ser furtivo, mas não da pra enganar super sentidos. A propósito, eu também amo você Mikaela._ ele disse segurando seu rosto. A felicidade lhe invadiu, ele lhe pertencia e ela a ele. Nada nunca quebraria o elo de duas metades destinadas.

Sorriu sentindo a culpa a destroçar, ela não iria transforma-lo ainda. Decidira esperar que ele não estivesse mais no colegial, e além disso. Se afastaria se fosse preciso, mas daria a ele alguns anos pra viver a vida humana que ele não poderia ter com ela. Talvez ter filhos, mesmo que a idéia dele ter com outra o que tinha com ela destroçar seu coração em milhões de pedaços. Mas não, nunca deixaria de ama-lo. Como vampira, choraria lágrimas de sangue pela ausência dele, mas ela estava disposta a passar pelo inferno por Christopher Vecchio. Ela o amava.

....continua....