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História O Colecionador - O Colecionador e a Caixa de Vidro; Único


Escrita por: IlunaKill

Notas do Autor


Oiê, anjinhs! Então, aqui com mais um fanfic meio angst... Mas não é nada muito triste.

Gente, olhem essa capa e esse banner maravilhoso feito pela minha irmãzinha @Addas. Simplesmente maravilhoso! <3 Estou muito boiolinha com esse desing incrível e conceitual. Obrigada, mana.

Boa leitura, pessoal.

Capítulo 1 - O Colecionador e a Caixa de Vidro; Único


Fanfic / Fanfiction O Colecionador - O Colecionador e a Caixa de Vidro; Único

Nada mais havia de buscar. Enfim todas as peças encaixaram-se perfeitamente como se diante dos olhos, nublados pela caprichosa conquista, personificasse o corpo e a essência daquele que um dia acentuou dolorosamente seus sentimentos. E embora soubesse não ser possível tê-lo em seus braços, nada impedia que guardasse cada detalhe importante dentro de uma caixinha de vidro polido.

Gostava de admirar cada folha gasta, as dobradiças amareladas, porosas; deleitar-se no aroma petrificado de uma flor murcha e, semelhante a um marido infiel, afeiçoar-se àquilo que não lhe pertencia; que tinha dono.

Olhava especificamente para aquela flor, rodopiando o caule espremido, seco, na ponta dos dedos ásperos. Impressionava-lhe a vivacidade com que o simples objeto resgatava memórias, mais que os outros, aprisionava sensações de alguns anos atrás.

Era como um artefato do tempo, e adequava-se a tudo que dizia respeito, velho, aparência mórbida, cheirando a folhas velhas com um punhado de terra, opaco e extremamente frágil. Naquele tempo parecia tão insignificante, como se jamais fosse ser necessária, a flor, para alguma coisa.

Lan WangJi, que é o nome do rapaz a observar a dicotiledônea — uma margarida, em específico —, lembrava-se perfeitamente como a conseguiu, ou melhor, como a arrancou do cabelo de um outro jovem chamado Wei WuXian.

Aproximava-se a primavera.

Algumas flores já desabrochavam naquele tempo, nasciam na beirada da estrada por onde caminhava Lan WangJi. Predominavam as margaridas, um pouco atrás alguns lírios ainda curvados abrindo-se para a vida aos bocados.

Caminhava sozinho.

Ainda era cedo, o sol nascera há poucos, quando muitos jovens e adolescentes reuniram-se em grupos, trios e duplas para juntos irem para a escola. Cidade pequena. Não era longe, não havia a necessidade de pegar ônibus ou qualquer outro transporte coletivo. E Lan WangJi agradecia por não poder afastar-se, por assim dizer, de Wei WuXian.

Um pouco à frente, de costas para o rapaz solitário, o sorridente e brincalhão Wei WuXian conversava com um de seus colegas. Parecia não notar o olhar devoto de Lan WangJi sobre suas costas, ou o quanto este infeliz rapaz gostaria de poder fazer-se um de seus amigos, isso o mínimo, porque desejava ser algo mais; muito mais.

Acompanhou com os olhos âmbar quando o corpo esguio esquivou-se para a beirada da estrada e arrancou uma das margaridas do arbusto. O grupinho havia parado um pouco à frente, e todos falavam numa galhofada: — Pega mais uma! Quero uma também.

WangJi diminuiu os passos, fingiu amarrar o cadarço enquanto WuXian juntava mais flores. Queria continuar atrás observando de longe aquele que punha todas suas noites em branco. E assim que o outro deixou a beira da estrada com cinco flores na mão e uma detrás da orelha, foi que WangJi findou a laçada em seu tênis.

Naquela época, não imaginava que a flor branca cheia de pétalas seria o último artefato que arrancaria, escondido, de Wei WuXian; tampouco imaginava que aquele dia seria o ponto final para todas as suas esperanças de um dia ter o rapaz sorridente a seu lado.

Estudavam na mesma sala, e cursavam o último ano do Ensino Médio. Desde o primeiro ano tomou cuidado em sentar-se na última cadeira da fila para observar, de longe, Wei WuXian na primeira cadeira. Não tinha coragem em dizer-lhe absolutamente nada, na verdade, nem sabia como deveria chamá-lo.

Só sabia que o admirava desde o primeiro momento quando o viu desafiar um dos professores da escola com suas novas idéias. Ah, chegava ser tão inteligente. Como não se apaixonar?

— Wei WuXian? — perguntou a professora fazendo a chamada naquela manhã.

— Presente! Tô aqui professora.

WangJi nem tinha palavras para descrever o que a voz ludibriosa do rapaz fazia consigo. Sentia-se carregado pelas nuvens, fora de si, ao passo em que deitava a cabeça sobre uma das mãos. Detestava a ideia de precisar piscar, poderia perder um mísero movimento de Wei WuXian, e o fato em si já era desesperador.

Desde o primeiro ano, começou a guardar tudo aquilo que Wei WuXian esquecia sobre a carteira da sala de aula; canetas, lápis, borrachas, provas; e não fazia questão devolver.

Aos poucos, quando o moço passou a tomar mais cuidado com seus materiais, e não mais os esqueceu sobre a carteira, Lan WangJi não achou outra opção senão subtraí-los de alguma maneira.

Nas poucas vezes que se falaram, quando WangJi deixava a timidez de lado, surgia uma ótima oportunidade para despistar os olhos ladinos de WuXian. O primeiro geralmente pedia alguma coisa emprestada e nunca devolvida. Fazia propositalmente. Qual! Poderia até estar errado, mas WuXian jamais reclamava ou reivindicava aquilo que era seu. Parecia nem fazer questão.

As vezes Lan WangJi chegava a pensar o motivo pelo qual Wei WuXian evitava falar consigo. Sentia que talvez estivesse importunando o jovem colega de classe com seus corriqueiros pedidos. Veja bem, precisava obter o máximo de Wei WuXian; cada coisa que fizesse o imberde admirador recordar casa traço de sua paixão.

Perguntava-se o motivo do outro sempre bloquear suas investidas tímidas que, talvez não muito perceptíveis, demonstravam suas reais intenções: o empezo de uma amizade.

Mais tarde naquele dia, em que Wei WuXian juntou uma margarida e a pôs no cabelo, Lan WangJi finalmente entenderia o porquê de nunca conseguir alcançar aquele quem desejava. E se soubesse disso, preferiria nunca ter se voluntariado para limpar a sala de aula no final do turno; se antes soubesse, preferiria continuar como um grande trouxa.

— Tem certeza que não quer ficar pra amanhã? Essa galera faz de tudo aqui, menos limpar — a voz de um conhecido seu, na verdade, conhecido de seu irmão, chegou-lhe aos ouvidos.

— Amanhã tenho compromisso.

Ele não tinha compromissos. Lan WangJi definitivamente não fazia nada fora de casa; saía para a escola e voltava para seu lar, somente isso. Mas 'inda era algo que realizava com prazer, até aquele momento.

Não ficaria para limpar a sala de aula se não houvesse um motivo evidente. Sim! Lá estava Wei WuXian sentado sobre uma das carteiras enquanto mexia distraído no celular em suas mãos. Que os outros limpassem sozinhos! Ele só queria passar mais tempo na escola. O motivo? Ninguém sabe.

Alguns outros alunos já dividiam as tarefas. Ao que pareceu, aquele dia de limpeza reunia todos do grupinho de Wei WuXian; e, como se fosse lógica, Lan WangJi sentia-se deslocado. Mas pouco importava seus sentimentos de adolescente naquele momento, estava ali unicamente por Wei WuXian.

Nie Huaisang, um dos componentes daquele grupinho, timidamente entregou a tarefa de WangJi. Não era muito difícil, mas requeria que saísse da sala de aula; de perto de WuXian.

Saiu para o depósito onde guardavam os materiais de limpeza. O rapazote taciturno não foi o único a sair, não, todos, com excessão de Wei WuXian, saíram. O coração de Lan WangJi faltou pular duas quadras, coitado! Aquela seria a oportunidade perfeita para ficar sozinho com o motivo de seus "furtos de canetas".

Apressou-se o máximo que conseguiu. Pegou tudo que precisava e que foi ordenado buscar. Em poucos minutos já se encontrava no corredor perto da sala. Via-se eufórico com os pensamentos que rondavam sua mente; com as imagens que surgiam com a possibilidade de estarem os dois sozinhos por míseros minutos. Céus! Sequer conseguia controlar a respiração.

Em determinado momento, parou em frente à porta parcialmente aberta. Respirou fundo e preparou sua melhor conversa. WangJi não sabia quando teria a mesma oportunidade, ou se a teria, então não poderia desperdiçá-la. Mais uma vez, respirou fundo.

Assim que suas mãos trêmulas empurraram a maçaneta da porta para que ela abrisse completamente, a imagem de Wei WuXian aos beijos com um outro garoto preencheu-lhe os olhos. E por alguns minutos permaneceu estático rente aquela situação.

Por sequer produzir ruído, Wei WuXian e o outro rapaz continuaram trocando carícias apaixonadas como se ninguém estivesse olhando. Novamente ignorava a presença de Lan WangJi. Este, sem poder segurar mais suas ações, deixou que a vassoura caísse de sua mão. Somente nesse momento, o possível casal separou-se.

Não pareciam apavorados. Onde! Muito pelo contrário; Wei WuXian sorria descarado enquanto o tal namoradinho continuava tentando lhe beijar.

— Acho que precisamos procurar outro lugar, Wen Ning — Wuxian falou ao outro rapaz em tom de divertimento. — O… — ponderou — É WangJi, né? O WangJi quer limpar a sala.

Pobre garoto apaixonado, nem mesmo consiguia mover os pés pra fora daquele ambiente opressor. Sentia um aperto profundo no peito, o princípio de uma dolorosa desilusão.

— Nós não vamos limpar também? — o rapaz que agora WangJi sabia o nome, Wen Ning, perguntou já afastando-se de Wei WuXian.

— Nós não, você vai. Vê lá umas toalhas na cantina, essas mesas estão precisando de uma limpeza.

Se Lan WangJi não conhecesse as intenções por trás daquela voz narcótica, poderia facilmente dizer que não havia nada de mais. Se tanto sabia sobre Wei WuXian, então porque deixava-se enganar com prontidão?

Mal Wen Ning saiu da sala quando Wei WuXian levantou-se da mesa onde estava sentado e puxou Lan WangJi para dentro da sala. Encostou a porta e empurrou o rapaz para que batesse de costas nela. — O que tanto você quer correndo atrás de mim?

Lan WangJi arregalou suavemente os olhos e, dividido entre dizer a verdade e responder absolutamente nada por conta da timidez, acabou por gaguejar. — E… Eu…

— Acha que eu não percebo, ou que ninguém percebe, que você passa o dia todo me olhando? Qual é o seu problema? O que você quer afinal?

—…

O tom de voz utilizado por Wei WuXian não chegava a ser irritadiço, não, era apenas um sussurro questionável. E vendo a reação de Lan WangJi, tornou abrir a boca. — Se queria ficar comigo esse tempo todo, não custava nada dizer.

Naquela sala, regada pelos fortes raios de sol, Wei WuXian, sem ao menos obter uma resposta concentra, tomou a iniciativa em provar dos lábios de Lan WangJi. Wen Ning, ou qualquer outra pessoa, não voltaria tão cedo; disso Wei WuXian tinha absoluta certeza.

Com resposta ou sem resposta, tudo o que precisava saber estava nas ações do outro. WangJi também o beijava e passava uma das mãos em seu cabelo — especificamente perto da orelha —, como se buscasse por algo ali. Diga-se que WuXian não era atoa quanto aos olhares de WangJi sobre si. Embora isso não significasse muita coisa

.Wei WuXian, sabendo ou não o motivo pelo qual tinha seus materiais "furtados", tomou todos os olhares e pequenas palavras envergonhadas de Lan WangJi como se fossem um mero convite. Não tinha nada sério com Wen Ning, de tal maneira também não teria nada de grandioso com Lan WangJi.

 Nesse dia, inesperadamente, WangJi realizou um de seus muitos desejos com WuXian; beijou-lhe até o último minuto que tinham juntos enquanto os outros mantinham Wen Ning ocupado na cozinha. Se soubesse que tudo não passou de um plano de WuXian para tê-lo na palma de sua mão como também em seus lábios, acharia que foi correspondido.

Mas quem sabia das intenções de WuXian, senão seus amigos? Quiçá WangJi não era o único a colecionar coisas.

Ainda girando o caule da flor em seus dedos, Lan WangJi deixou o ar escapar sem forças. Lembrava-se de como as coisas procederam no dia seguinte; Wei WuXian fingiu nem conhecê-lo. Queria que fosse apenas por um dia, que logo as coisas se resolvessem entre eles… mas não aconteceu.

Wei WuXian parecia pertencer a outra realidade, enquanto WangJi era apagado por completo do pano de fundo.

Achou justo. Se ele achava que possuía o direito de colecionar coisas de WuXian, o que impedia WuXian de também colecionar amores? Nada mais justo.

A flor em sua mão, agora velha pela ação dos anos, dez longos anos, representava uma história; uma efêmera história de amor unilateral. Arrancou-a quando beijou WuXian, e também arrancou a sensação de ter os lábios do outro rapaz nos seus.

No final, WangJi passou a fazer parte da própria coleção quando beijou WuXian. Já podincluir-se na caixa de vidro e tornar-se uma mera lembrança.


Notas Finais


Nos vemos daqui uns dias! Obrigada a todos <3


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