1. Spirit Fanfics >
  2. O Colecionador de Lágrimas >
  3. Sentimentos intermináveis

História O Colecionador de Lágrimas - Sentimentos intermináveis


Escrita por: Deux

Notas do Autor


Vim atualizar só pq o the GazettE tá voltando para o Brasil! E então... Quem vai?
Boa leitura ~

Capítulo 19 - Sentimentos intermináveis


 

Shiroyama Yuu já não sabia o que pensar. Era como se todos aqueles que o rodeavam fossem traidores sem escrúpulos. Era como se não pudesse mais confiar em ninguém. Mas não queria acreditar naquilo, não por hora. Encavara o homem à sua frente e não sabia o que pensar sobre ele também; afinal, não o conhecia.

Nunca o conhecera verdadeiramente, mas a vontade de estar ao seu lado era maior do que qualquer outra coisa.

— O meu nome é Takashima Kouyou. Moro em Shibuya e sou... Sou detetive.

Detetive...

Não escondia que imaginara inúmeras vezes qual seria a ocupação daquele homem misterioso que tomava conta de seus pensamentos, mas, nunca pensara que... Ele fosse um detetive.

No momento eu fui contratado por uma mulher que queria saber se o marido estava a traindo... E essa mulher, Yuu... Essa mulher é Shiroyama Kayuya.

E aquele certamente fora a parte mais tensa e desesperadora de sua conversa com ele.

Kayuya?

Sua esposa estava mesmo com aquelas desconfianças? Se rebaixara mesmo ao ponto de contratar um detetive para descobrir se estava a traindo?

Era ridículo.

Yuu perguntava-se quantas vezes ela mentiu daquela forma impiedosa para ele... Não dizia tanto que o amava? Então para quê exatamente ela fizera aquilo? O que ela queria ganhar com todas aquelas farsas?

Decerto, a única coisa que ela conseguira com aquilo foi sua compaixão.

— Você me perdoa, Aoi... Por tudo isso? – o loiro perguntou, encarando o rosto pálido do moreno enquanto segurava sua mão, torcendo para com que ele não se afastasse.

— Ah, Uruha... Você não tem culpa de nada. – o arquiteto respondeu, apertando os dedos longos do outro enquanto sorria completamente sem graça. — Kouyou... Não sei mais como te chamar. – e dessa vez seu sorriso fora sincero, e tal gesto fizera com que o outro o acompanhasse.

— Pode me chamar como você quiser.

— Só não esconda mais nada, por favor. – Yuu pediu baixinho, sentindo as lágrimas voltarem a nascer em seus olhos. — Não aguentaria mais alguém mentindo pra mim.

— Eu não faria isso, querido. – Uruha se aproximou, beijando os lábios grossos várias vezes. — Eu não vou esconder nada de você.

— Então comece me contando... Por que me deu um gelo durante quase um mês? – quis saber com o cenho franzido, visivelmente chateado. Kouyou respirou fundo e fechou os olhos no processo. Não iria esconder mais nada dele...

— Yuu... Há cinco anos eu passei por uma decepção muito grande. Eu tinha um namorado, e, um dia eu vi ele me traindo... Na nossa cama. Eu fiquei tão triste com aquilo. – o moreno o olhou ternamente, acariciando as costas de sua mão. — Ele me abandonou e está até hoje com a pessoa com quem me traiu.

— Isso é muito... Triste.

— Você ainda não ouviu nada. – o arquiteto franziu o cenho e ele continuou: — Me tornei detetive depois que tudo isso aconteceu. Eu me tornei uma pessoa fria, não confiava em mais ninguém... Não me apegava à pessoa alguma. Mas isso, Yuu, foi até você aparecer.

Um sorriso meio torto nasceu nos lábios do de cabelos claros e o Shiroyama sentiu o estômago dar um solavanco.

— Eu devo ficar feliz com isso? – perguntou sorrateiro, fazendo o mais novo fingir estar bravo.

— Eu deveria te dizer que não! Você me fez ir contra os meus conceitos. – o detetive reclamou, batendo no braço bom do moreno. — Mas... Eu fiquei feliz por você ter aparecido, então eu acho que permito que se sinta assim também.

Yuu, naquele momento, apenas agradecia por estar em um hospital, porque seu coração batia tão forte que ele pensava que teria uma parada cardíaca a qualquer momento. Estava momentaneamente feliz; ainda que estivesse muito machucado emocionalmente. Precisava de alguém que lhe ouvisse, que o desse carinho e gostasse dele na mesma intensidade que ele gosta, e Kouyou, no momento era propício.

— Sua esposa me pediu pra descobrir se você a estava traindo... Ela me contou que... Que gosta de você, mas eu acho que se ela gostasse mesmo ela não deveria desconfiar daquela forma. – suspirou, acariciando os dedos dele. — Ela me parecia meio... Desesperada. Era como se buscasse algo que fosse o bastante para te prender a ela.

— Eu não reconheço mais a Kayu. – o moreno soltou o ar dos pulmões, fechando os olhos. — Eu não queria que as coisas ficassem assim.

— Sinto muito.

— A ideia de ser pai me deixou tão estupidamente eufórico que eu esqueci completamente de todo o resto. – sorriu sem graça, balançando a cabeça em negação. — Continue...

— Ahn; bem, esse tempo que eu fiquei distante, foi justamente o tempo em que eu... Perseguia você. Eu juro, Aoi, que eu não queria fazer isso. – ele declarou envergonhado. — Imagine só chegar nela e dizer: Não se preocupe Kayuya-san, o seu marido não está lhe traindo com mulher alguma, mas eu dou uns beijos e uns amassos nele ocasionalmente!

O arquiteto sorriu, voltando a balançar a cabeça.

— Isso seria engraçado.

— Seria o fim! – exasperou-se. — Do jeito que ela estava, eu não sei se me atacaria com uma faca ou correria chorando!

— Acho que ela iria chorar, com certeza! – e dessa vez fora o loiro quem sorriu torto, colocando os cabelos atrás da orelha. — Tanta coisa acontecendo e eu aqui rindo das suas besteiras.

— Eu apenas fico feliz por estar te fazendo sorrir, Yuu. – os olhos brilhantes foram como um chamariz, que funcionara perfeitamente, porém, precisou de um empurrãozinho.

— Eu quero te beijar.

— Me beije...

— Não consigo.

— Por quê? – o loiro perguntou, mirando sua face contorcida.

— Minhas costas estão doendo!

(...)

O de cabelos castanhos estava nervoso.

Não conseguia parar por um minuto sequer. Chacoalhava o filho adormecido nos braços, olhava a todo o instante para os lados, como se esperasse alguém aparecer. Olhar nos olhos de Yuu e ver aquela tristeza fora uma coisa tão dolorosa que ele não pensou duas vezes antes de sair do quarto quando encontrou uma oportunidade para tal.

Sentia-se culpado por aquilo também, afinal, deveria ter contado a ele a verdade! Era seu amigo também... Não tanto o quanto era de Kayuya, mas gostava em demasia de Yuu.

— Pare de balançá-lo assim! Ele não é um boneco! – o publicitário o tomou dos braços do mais novo e sentou-se, notando que no mesmo instante o filho se aconchegara em seu ombro. — Não sei o que diabos você tem, mas agir assim não vai ajudar em nada, sabia? – reclamou, vendo o virar-se para ele. — Parece até que fez alguma coisa...

Takanori arregalou os olhos e os desviou no instante seguinte.

— O-O que você está falando?! Eu não fiz nada...

— Então se sente, está me deixando agoniado! – e ele obedeceu, sentando-se ao lado do loiro. — O médico disse que logo, logo você poderia entrar, não foi? – o Matsumoto balançou a cabeça e segurou-se no braço do mais alto. — Então fique quieto...

— Mas estou tão preocupado, Aki...

— Eu sei meu amor, mas você ouviu o médico falar que está tudo bem. – o Suzuki esticou o braço, passando-o pelos ombros do pequeno. — Não precisa ficar assim.

E durante minutos que na verdade parecera uma eternidade, eles esperaram. Esperaram por notícias que vieram apenas quando Takanori já cochilava no ombro do marido. O médico apareceu e disse que poderiam vê-la. O mangaká fora o primeiro a levantar-se, mesmo estando meio desnorteado por conta do sono e então seguiu com o loiro para o leito onde ela estava.

Kayuya estava com o braço engessado por conta da fratura e também tinha uma faixa em volta de sua cabeça. Havia escoriações pelo rosto e ombros à mostra por conta da bata folgada que usava; o lábio também estava cortado, os pontos visíveis de longe.

— Kayu... – Takanori se aproximou, encarando-a com uma expressão preocupada que aos olhos da artista plástica pareceu um olhar de pena.

Não queria ninguém sentindo pena dela... Primeiro o detetive, e agora meu melhor amigo?

— Vocês nos deixaram preocupados.

— Me desculpe. – ela disse baixinho, os olhos tão vermelhos que o Matsumoto achou que eles estivessem irritados. Mas era apenas o choro que a consumira daquela forma. — Não foi culpa minha.

— Claro que não, sua idiota. – ele sorriu, tocando seus dedos, assustando-se quando ela gritou depois de ficar um pouco em silêncio, como se pensasse em tudo o que havia acontecido.

— O Yuu! Onde está ele?

— Ei, se acalme... – Akira pediu, e só agora ela o notara ali, com o filho adormecido nos braços.

Eu devo ser mesmo uma péssima amiga, ela pensou. Os olhos cansados dos dois homens deixavam bem claro o quão abusiva ela estava sendo. Mas não fazia aquilo por querer...

— Ele está bem. – explicou o Matsumoto. — Ficou em outro quarto, sem todas essas bugigangas! – apontou para as máquinas que a morena nem ao menos sabia se estavam mesmo ligadas ou estavam ali apenas para ocupar espaço. — Ele está preocupado com você, Kayu.

— N-Não sei se quero vê-lo. – ela olhou para o amigo, evitando falar o motivo, já que Akira estava ali, mas Takanori entendera bem o que ela quis dizer.

— Faça tudo no seu tempo, sim?

Ela balançou a cabeça, sentindo um pouco de dor no processo. Voltaria a falar, mas o choro de Haku inundou o quarto, obrigando Akira a sair dali com o mesmo, deixando apenas o companheiro com a amiga.

— Kayu... – o mangaká se aproximou, olhando em direção à porta para averiguar se o loiro havia mesmo saído. — Ele... Ele descobriu. – a Shiroyama arregalou os olhos, o corpo tremendo por completo. — Ele perguntou ao médico como você e o bebê estavam e então ele falou que não havia bebê algum... Falou que você não estava grávida.

A mão do braço livre cobriu o rosto avermelhado e ela chorou.

Chorou de desespero, de raiva, de angústia.

Kayuya chorou por medo.

Um medo palpável, que naquele momento estava sentado sobre seus ombros caídos.

Ele te pegou na mentira, Kayuya... Você não tem mais pra onde correr.

E agora? Como o encararia? Como encararia a vida dali pra frente?

Ela não sabia...

E tinha medo de descobrir.

(...)

— Vejo que está recuperado, Shiroyama-san. – disse o médico assim que voltou ao quarto do moreno, alguns minutos depois. — O eletroencefalograma não acusou nada, então, vou te dar sua alta.

— Oh! – o loiro murmurou. — Que bom...

— Sim. Vou deixar que se troque, sim? Quando terminar pode me procurar. – apontou para o botão ao lado da maca e sorriu, retirando-se.

— Graças a deus! – Yuu exclamou, afastando o lençol fino, fazendo o detetive sorrir ao encarar as pernas nuas, branquelas como os braços fortes. — De que está rindo?

— Você deveria tomar um sol, Aoi.

— Olha quem fala... – resmungou, sentando-se. — Me ajude... – o mais alto se prontificou, segurando-o pelos ombros e cintura.

— Quer ajuda pra se trocar também?

— Claro que não! Se você quer me espiar pelado é só dizer.

— Ah, eu bem que queria mesmo. – brincou, arrancando um sorriso do mais velho. — Vou te esperar aqui fora então, ok?

— Uhum... Só não suma.

— Eu não vou. – aproximou-se, beijando os lábios fartos e sorrindo antes de se afastar. — Fique bem lindo pra mim.

— Eu estou sempre lindo.

— E deve ficar ainda mais lindo sem roupa alguma. – o arquiteto abrira a boca para reclamar, mas o detetive fora mais rápido e se retirou, sorrindo.

Kouyou respirou fundo e se afastou, avistando alguns bancos onde poderia sentar-se e seguiu até eles, mas o coração deu um solavanco dentro do peito quando ele viu um rosto muito conhecido ali. A respiração falhava, e ele elgoliu seco, sem deixar de se aproximar.

Os olhos de Akira encararam os tênis vermelhos do detetive e ele quis sorrir porque Kouyou tinha um igual àquele, e achava simplesmente horrível. Os olhos foram subindo pelas pernas e ele assustou-se quando notou que o homem parado à sua frente era ele.

Kouyou.

Os olhos ficaram vidrados um no outro por alguns segundos e ambos tiveram plena certeza de que o mundo parara de girar; levando consigo todos os sons à sua volta e a noção do tempo.

Os dedos de Akira apertaram o filho sobre o colo e ele sentiu uma gotinha de suor rolar por sua têmpora. Kouyou até se sentaria em outro lugar, se aquele ao lado de Akira não fosse o único vago.

— E-eu... – o mais novo começou incerto. — Eu posso? – apontou para o banco e o outro voltou à realidade, piscando algumas vezes.

— Claro! – afastou-se um pouco, mesmo que aquilo não fosse necessário e Kouyou sentou-se, sentindo o cheiro de Akira, que era o mesmo que sentiu na casa onde Yuu o levara. — Hum, eh... Você... Você está bem? – perguntou vacilante, quase se apedrejando por ter gaguejado. Mas o que queria? Estava nervoso! Era a primeira vez que olhava nos olhos de Kouyou depois de tanto tempo; depois de tudo aquilo! Não sabia nem se deveria falar com ele!

— Eu? Eu estou ótimo, obrigado. – quis sobressair-se, mas o coração falava outra ciosa. E falava alto; tinha medo que ele pudesse ouvir. Mas Akira o conhecia bem, ah, e como conhecia. Sabia daquela máscara e que por dentro o loiro se despedaçava.

Assim como ele.

— Kouyou... – o corpo estremeceu ao ouvir aquela voz  chamando daquela forma. Por favor, não faça isso! — Eu te conheço bem...

— Infelizmente.

— Você não sabe o quanto eu sofri... Por você.

— Como é a história? – alterou-se, ganhando alguns olhares. — Você... Você não podia ser menos ridículo?

— Eu estou sendo sincero, Kouyou. – Akira estatuou, virando-se para encarar melhor o loiro. — Passei muito tempo carregando aquela culpa nas minhas costas, e pensa que eu não sinto o peso dela até hoje?! – os olhos do mais novo já estavam marejados. Por Deus, era tão idiota! Claro que fora por aquele e outros milhares de motivos que o Suzuki o deixara. O problema era que Kouyou não sabia se colocar em seu lugar e esquecer tudo aquilo. Apenas. — Eu sabia como você era emotivo e fiquei séculos me perguntando se você estava bem. Procurei Yutaka algumas vezes para saber de você apenas porque eu estava louco de preocupação.

— Isso não vai mudar nada, Akira. – murmurou de olhos fechados. — Você se foi... E acabou. Eu sofri muito, admito, mas... Já passou. Eu tive que aprender a lidar com tudo aquilo, e me tornar forte o suficiente para continuar. E hoje eu estou aqui. – sorriu forçado, encarando os olhos avermelhados do outro. — Eu não vou mentir... Sinto sua falta até hoje. – declarou baixinho, temendo ouvir algo negativo, mas a resposta do ex-namorado o surpreendera.

— Eu também sinto. – Akira sorriu quando viu os olhos castanhos se arregalarem. — Eu ainda sinto, e sei que vou sentir por muito tempo.

Ajeitou Haku no braço direito, deixando o esquerdo livre para se aproximar da face de Kouyou, que apenas observava-o, sem mover músculo algum. O Suzuki tocou os cabelos macios dele e sorriu, lembrando-se das outras vezes que fizera aquilo. Mais uma lágrimas rolou de seus olhos e Kouyou não conseguiu segurar-se, aproximando-se o suficiente para abraçar o loiro sem machucar Haku. O publicitário o abraçou de volta, meio torto por estar apenas com um braço livre para aquilo, sentindo o corpo dele se balançar por conta dos soluços.

Beijou a testa de Kouyou e naquele mesmo momento Takanori aparecera onde eles estavam, mas parou no mesmo lugar, fazendo com que o atrito entre seu tênis e o chão polido emitissem um barulho agudo, que assustou os dois.

Os dois pares de olhos vermelhos se arregalaram ao mirarem o baixinho enfurecido bem à sua frente. Os nervos de Takanori estavam à flor da pele.

— Me dê meu filho. – disse firme, aproximando-se de Akira, que levantou-se, levando Kouyou a fazer o mesmo. — Me dê! – rugiu, arrancando o menino dos braços de Akira, fazendo-o acordar assustado e chorar alto. — Olha o que você fez, seu idiota!

— Eu?! – o loiro respondeu. — Fale baixo, pare de fazer essa ceninha!

— Ceninha? – sorriu e negou com a cabeça. — A única ceninha que eu vi aqui foi você e... E... E ele abraçadinhos!

— Fale baixo, Takanori.

— Não se preocupe, Akira. – fungou, sentindo os olhos queimarem. — Eu estou indo pra casa. Pode ficar e aproveitar pra matar a saudade.

E se retirou com fúria, batendo os pés pelo caminho.

— Eu...Eu sinto muito.

— Não sinta, ele estava estranho o dia inteiro hoje... Ele não é de fazer essas coisas. – virou-se para o ex, encarando sua face corada. — Eu preciso ir atrás dele ou então ele pode fazer alguma besteira.

— Ahn, tudo bem. – Kouyou sorriu meio torto e sentiu o peito se apertar. — Boa sorte com ele e me desculpe novamente.

— Obrigado. – Akira devolveu o sorriso e tocou o braço magro dele, acariciando-o antes de sair.

Kouyou apenas relaxou os ombros, soltando o ar dos pulmões.

Depois desse encontro com Akira, ele chegou à conclusão de que era hora de procurar Yuu para fazer-lhe uma proposta.

 


Notas Finais


Contagem regressiva para o final da fic, 3..2..1... :v
até o próximo ♥


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...