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História O colecionador de sorrisos - Entenda-me


Escrita por: FattyKetty

Notas do Autor


Sim, eu sei que eu deveria estar atualizando "I am you, you are me" e não essa fic, mas um amigo meu do curso está lendo essa e fico ansiosa pra ver as reações dele kk <3
Prometo que vou postar as outras o mais rápido que conseguir.
amo vocês.
Boa leitura.

Capítulo 8 - Entenda-me


Fanfic / Fanfiction O colecionador de sorrisos - Entenda-me

Estava tão desesperado pra sair daquela cozinha quando Minhyuk terminou de tomar seu café que nem ao menos comi também e fui logo puxando-o pra frente da casa, onde pediria a Liu para nos levar a biblioteca. Chegando onde pretendia meu coração pareceu mais apertado, me senti meio perdido, como se a adrenalina de vê-lo estivesse se esvaindo do meu corpo e só sobrasse a tristeza profunda que pairava no lugar que ele deixou. Um tipo de vazio antigo que permanecia lá, como se eu fosse sempre sentir falta dele.  

A mão de Minhyuk tocou meu ombro me puxando de volta pra realidade, pisquei algumas vezes, tentando voltar ao normal e olhei pra ele. Seus olhos eram um misto de raiva e preocupação, seus lábios estavam apertados, contendo seja lá o que ele queria falar. Meu coração apertou ainda mais enquanto observava seu rosto. Eu nunca seria inteiro pra ele, nem pra ninguém. Sempre seria apenas uma silhueta do que já fui, um rosto sem vida que facilmente seria esquecido. As palavras dele sempre continuariam ecoando na minha mente e meu peito sempre estaria destruído.  

Reunindo toda e qualquer coragem toquei sua mão, retirando-a do meu ombro. Sabia muito bem que se o deixa-se tomar conta de mim agora, ele me veria chorar e eu colocaria coisas entre nós que nunca mais iam sumir. Por isso, engoli em seco e decidi que melhoraria sozinho primeiro.  

-"Eu..."- Tentei começar a falar, mas minha voz saiu fraca e embargada, pigarreei com força e voltei a falar. Observando seu olhar sobre mim. -"Eu agradeço sua preocupação comigo, mas preciso ficar sozinho agora..." - Consegui terminar de um jeito decente e esperei pra observar sua reação. Como sempre seu rosto era impassível, ele escondia cada reação muito bem atrás de uma cara séria e sobrancelhas franzidas. Sinto que nunca conseguiria lê-lo por completo. De um jeito subtendidamente franco ele deu um passo pra trás, afastando-se de mim. Como uma permissão sussurrada pra que eu fosse. Não teria como agradecer verbalmente, mas olhei-o intensamente desejando com toda a minha força que ele conseguisse entender-me, porque eu sinceramente não conseguia.  

Depois de uma última troca de olhares, virei o rosto pra frente e voltei a andar na direção do quarto de Liu. Certamente parecia ainda mais frágil longe de Minhyuk, como se o simples fato de estar perto dele exercesse sobre mim um tipo de campo de força pra meus próprios pensamentos inúteis. A cada passo que nos afastava mais minha cabeça enchia de perguntas, várias portas e nenhuma chave.  

-"O que faz aqui... ? O rei precisa de alguma coisa? Kwonnie...?"- O chinês começou a fazer perguntas enquanto reunia forças pra falar com ele normalmente.  

-"Eu... Preciso que você me ajude."- Essa minha frase, foi o bastante pra que acabássemos em frente ao mar que era perigosamente perto, mas perfeitamente silencioso e calmo. Não sei como chegamos até lá, mas Liu pela primeira vez parecia cuidadoso com o que dizer, deixando o silêncio reinar enquanto eu encarava as ondas que iam e vinham. O carro nos dava uma certa privacidade em relação ao mundo exterior, como se estivéssemos momentaneamente escondidos do mundo.  Nenhuma lágrima ousava rolar pelo meu rosto, mas por dentro minha mente era como um comício, cheio de argumentos e acusações ecoando um por cima do outro. 

-"Você quer me contar o que está sentindo?"- Liu perguntou medroso e respirei fundo.  

-"A senhora Lee contratou um empregado novo... Ahn Jaehyo..."- Seu nome saiu da minha boca deixando um gosto amargo. -"Ele já foi meu namorado... e como posso dizer... Ele me machucou muito e nunca pensei que o veria de novo, ainda mais na casa deles..."- Falei com calma, sem olhar pro rapaz que permanecia em silêncio. Ele pareceu ponderar um pouco, demorando pra dizer alguma coisa. 

-"Kwon... Eu acho que... Posso ter uma certa culpa nisso."- O chinês falou baixo e demorei pra decodificar suas palavras. Como se o significado delas não tivesse feito sentido de primeira. Olhei na direção dele e franzi o cenho. Ele encolheu os ombros e desviou o olhar.  

-"O que quer dizer com isso?"- Questionei confuso, ainda encarando-o. 

-"Bem... Lembra da pessoa que ia encontrar na viagem que fizemos junto com o rei pra comprar os ternos?"- Perguntou receoso e franzi ainda mais o cenho não entendendo onde exatamente ele queria chegar com aquela pergunta. 

-"Aquele que te deu um fora?"- Indaguei e ele meneou a cabeça afirmando.  

-"Era o... Jaehyo."- As palavras dele saíram culpadas e meio fracas. Abri a boca pra falar alguma coisa, mas demorou até que eu conseguisse. 

-"E... Você disse pra ele trabalhar lá?"- Perguntei perplexo, com uma vontade súbita de enfiar Liu dentro daquele mar maravilhoso a nossa frente, até ele desistir de respirar.  

-"Não!"- Praticamente gritou finalmente me olhando nos olhos com aquele ar culpado. Ele remexeu na cadeira se apoiando no volante enquanto parecia escolher suas palavras. -"Quando nos encontramos naquele dia, antes de qualquer coisa, decidimos sentar num bar e conversar sobre nós dois. Estava tudo muito divertido e tinha bebido um pouco. Então, ele perguntou sobre meu trabalho e comecei a contar sobre a família Lee e toquei no seu nome... Ele não esboçou nenhuma reação que fosse realmente importante, mas fez perguntas a seu respeito..."- Confessou meio inquieto.  

-"Que tipo de perguntas?"- Perguntei sentindo o coração bater mais rápido. 

-"Coisas como, seu nome completo, sua idade ou a cor dos seus olhos. Na hora eu não desconfiei de nada, mas agora... Eu acho que ele queria confirmar se era mesmo você... Ele perguntou onde eu trabalhava e contei mais ou menos, nunca pensei que ele apareceria e muito menos como empregado porque ele me disse que trabalhava com marketing..."- Liu terminou sua sentença e desviou o olhar novamente pro mar com um pesar notório. Não era justo descontar naquele Chinês idiota. O único culpado era Jaehyo, que como sempre não descansaria até me roubar tudo.  

Suspirei alto e passei minhas mãos no meu rosto, tentando pensar da forma melhor possível. Tentando ver como faria pra não acabar mais quebrado do que antes, agora que finalmente comecei a me curar.  

-"Liu... Vamos voltar!"- Pedi e suspirei. O Chinês nem cogitou desacatar meu pedido e se apressou em nos levar de volta pra casa.  

Havia passado apenas uma hora e ao descer do carro minha cabeça começou a pensar sobre como explicaria a senhora Lee que tinha saído sozinho e como explicaria tudo para Minhyuk. Mesmo assim, o momento que tive sozinho foi importante. Abracei Liu acalmando-o e repetindo que não era culpa dele e segui até meu quarto nos fundos, planejando passar lá e lavar o rosto antes de encarar os meus problemas de frente. A porta como sempre estava aberta então eu apenas empurrei a maçaneta e entrei no meu quarto.  

Como um rei, Minhyuk estava sentado na minha poltrona, com os pés apoiados em minha cama, em suas mãos pendia meu diário e ele lia casualmente como se não estivesse invadindo meu território. Respirei fundo e fechei a porta atrás de mim. 

-"Porque está aqui?"- Perguntei sério. 

-"Eu não podia voltar pro meu quarto, porque minha vó ainda acha que fomos a biblioteca juntos... Então eu vim pra cá."- Falou calmo enquanto continuava lendo. Eu sentia a leve irritação pendendo em sua voz. Afrouxei o nó da minha gravata e sentei na cama. 

-"Como ousa dar a entender que sou assim tão mimado?"- Perguntou ao folhear, virando uma página. Deixei que ele continuasse olhando sem nenhuma vontade de interferir e ter que começar uma conversa sobre as coisas sérias.  

-"Eu escrevi isso a muito tempo... Apesar de que ainda acho que é. E não é algo tão vergonhoso assim. É normal que tenha esse jeito quando sua vó lhe da tudo que quer."- Comentei e deixei meu corpo tombar pra rás deitando sobre a cama, encarando meu teto, com meus pés ainda fora do colchão.  

-"Talvez ela não me dê tudo..."- Falou e sua afirmação pairou no ar. Suspirei alto. -"Quem é Ahn Jaehyo pra você Yu Kwon?"- Perguntou de uma vez, sem rodeios, sem maneirar. Como sempre sincero de uma maneira assustadora. De um jeito que te força a ser sincero no mesmo nível, flutuando na direção que ele te guia, em redenção.  

-"Uma dor antiga."- Fui franco, deixando que sua mente entendesse como quisesse.  

-"Um amor...?"- Questionou no mesmo tom de voz e não pude ler sua expressão, porque estava olhando pro teto.  

-"Do passado."- Deixei claro, rezando pra que ele não me deixasse ainda mais dolorido com isso tudo. 

-"Tudo bem..."- Comentou simplesmente, então levantei sentando na cama pra olhar diretamente em seus olhos. Descrente. Ele folheava as folhas e em seu rosto nada transparecia, apenas seus olhos seguiam as linhas no meu diário.  

-"Você... Está bem?"- Perguntei receoso e ele olhou pra mim.  

-"Quem deveria perguntar isso era eu... Você está melhor?"- indagou e assenti positivamente. -"Então vou voltar ao meu quarto agora... Acho que você quer tomar um banho!"- Falou e levantou fechando meu diário e segurando-o fortemente na mão. 

-"Vai levar meu diário?"- Perguntei olhando-o ainda sem entender. 

-"Claro. Quando comentei que precisava de algo novo para ler, estava sendo sincero e seu diário se mostrou muito interessante."- Confessou e saiu do quarto. Eu não me importei realmente e não ia mexer com ele, depois que entendeu tão bem meu pequeno chilique. E com minha memória de ameba nem lembrava o que escrevia naquilo, o que a mente não lembra o coração não sente. 

... 

-"Senhora Lee elogiou muito sua comida hoje Patrícia! Foi uma boa ideia ter ido por você e convencido eles a tentar algo novo!"- Elogiei a moça que lavava a louça dedicadamente, com um sorriso enorme. Era bem difícil agradar o paladar da senhora Lee. 

-"Obrigada Kwon, não sei o que seria de mim sem a sua ajuda. Odeio como o rei as vezes tende a deixar tudo pragmático e repetitivo. Acho que ele tem algum tipo de toque... Cheio de manias... Só você mesmo pra aguentar tudo isso!"- A garota comentou e ri arrastado. 

-"Não é nada, ele sabe como ser uma boa pessoas as vezes."- Minha vontade era defende-lo de um jeito mais forte, mas isso ia deixar tudo muito obvio.  

-"É, você deve achar mesmo isso! Afinal, virou quase a dama de companhia do rei! E agora nós teremos aquele cara pra revisar nosso trabalho! Eu não gosto muito dele!"- Comentou e eu sorri amarelo, tentando disfarçar todo meu desgosto em falar daquela pessoa.  

-"Não seja assim... Ele vai fazer um bom trabalho!"- Falei sem convicção e olhei pro chão perdido em pensamentos só meus.  

-"Obrigada por acreditar em mim Yukwon!"- Jaehyo falou fazendo meu corpo arrepiar com a compreensão da sua presença e o som da sua voz. Me recusei a responder ou olhar pra ele e a garota continuou lavando a louça depois de estalar a boca, irritada por ele ter ouvido nossa conversa.  

Respirei fundo e comecei a andar na direção da sala. Minha intensão era subir as escadas e me esconder no quarto de Minhyuk até o professor de piano dele chegar e termos um bom motivo pra ficarmos longe de todo mundo. Mas meu braço foi segurado por mãos impositoras e parei num baque causado pela minha pressa. Ainda me recusando a olhar pra ele, esperei que falasse logo o que queria. Sabia que teria que enfrenta-lo e falar com ele, mas quando o momento chega você petrifica de qualquer jeito.  

-"Precisamos conversar..."- Pediu rapidamente.  

-"Você não tem trabalho a fazer?"- Perguntei tentando puxar sua mão da minha, mas ele impediu que me afastasse.  

-"Agora não. A senhora Lee está dormindo..."- Respondeu com calma. 

-"Mas o seu trabalho é bem maior!"- Falei com raiva finalmente virando pra encarar-lhe intensamente. Sentindo um aperto enorme a dar de cara com suas orbes escuras. -"Você tem que observar o trabalho de todo mundo! Você tem que inspecionar a casa inteira!"- Falei um pouco mais alto e quando ele se aproximou, joguei minha mão contra seu peito o afastando. Ele segurou-a com força, prendendo-me enquanto eu tentava afoitamente não chorar na sua frente. 

-"Eu disse que já fiz o meu trabalho por enquanto. Não aleguei que terminei o trabalho do mês inteiro Kim Yukwon..."- Contestou com raiva e virei o rosto pra encarar a escada e seus degraus polidos. -"Você nunca acredita em mim..."- Falou com um tom magoado e soltou minhas mãos num puxão violento. Tornei a encara-lo sentindo sua indireta fortemente em mim, respirei fundo. 

Seus olhos eram ameaçadores, magoados e intensos. Como se uma raiva contida me avaliasse e tentasse me dizer alguma coisa. Mas eu certamente não queria mais escutar absolutamente nada. Não ousaria dizer que foi fácil, mas virei e subi as escadas. E foi impossível não lembrar da última vez. Aquela cena parecia um dejavu de quando decidi deixa-lo pra trás. 


Notas Finais


Quem acha que o Minhyuk não está tão de boa assim levanta a mão~
o/


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