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História O Comandante (SENDO REESCRITA) - A Clareira


Escrita por: littlefairy22

Capítulo 6 - A Clareira


 

"Meu amado nunca se preocupou

 Com o que minhas mãos e meu corpo haviam feito

 Se o Senhor não me perdoar 

Eu ainda terei meu amado, e ele me terá 

 Na história deste plano, eu estava livre 

O céu e o inferno viraram apenas palavras para mim"

(Work Song - Hozier)

 Jimin acordou com o som de tiros sendo disparados.

Se levantou de sua cama mesmo sem deixar seus olhos se acostumarem com a escuridão da madrugada que assolava o dormitório. Todos os meninos presentes no quarto estavam na mesma situação que o ruivo, tentando acordar totalmente, meio desnorteados pelos tiros ensurdecedores que invadiam a base. Procurou por Taehyung na cama de cima do beliche, mas não encontrou, o que fez o desespero crescer em si.

 

— Onde ela está?! – ouviu uma voz potente surgir diante dos tiros do lado de fora. – Entreguem a garota!

 

Se jogou no chão e assim continuou até chegar na janela, finalmente se deparando com o cenário de guerra em que o acampamento se encontrava. Cerca de vinte homens do Reino abriam fogo contra centenas de Rebeldes, que revidavam as balas com a mesma agressividade. Os soldados do rei estavam abaixados atrás de um caminhão tombado, provavelmente o caminhão que usaram para chegar até ali, usando o veículo como fortaleza. Os Rebeldes estavam espalhados por todos os lugares, tinham atiradores de elite no telhado dos aposentos do comandante, alguns apostavam no combate corpo a corpo, outros usavam armas brancas.

 

   Toda a preocupação que Jimin sentia por Taehyung pareceu duplicar quando Jungkook apareceu.

 

  Ele estava atrás do caminhão do Reino, sem ser percebido pelos homens. Usava suas roupas pretas habituais, mas agora tinha um capuz cobrindo sua cabeça, e parecia ter uma pintura de guerra, também preta, ao redor dos olhos. Tinha duas espadas presas em suas costas e, mesmo de longe, Jimin podia ver que ele estava furioso. Ele era lindo, no sentido mais completo da palavra.

 

  Em menos de segundos, o comandante se aproximou de um dos soldados mais próximos e esticou sua mão direita até a canela, onde um coldre guardava um pequeno punhal. Jungkook puxou o homem para trás e o prendeu em seus braços, não demorando muito para cortar seu pescoço e tirar-lhe a vida.

 

Assim que tirou o punhal do pescoço do outro, os soldados finalmente o perceberam ali. O comandante agiu rápido. Ele segurou o punhal pelo cabo e o atirou, dobrando o pulso levemente para trás, fazendo com que a lâmina girasse rapidamente e ficasse cravada no peito do soldado, que caiu de joelhos. Jimin olhava aquilo, extasiado. Como Jungkook conseguia fazer aquele tipo de coisa parecer tão fácil? Tudo bem que ele foi treinado desde sempre, mas eram vidas ali, ele estava fazendo corações pararem de bater, estava tirando homens de suas famílias.

 

Como ele conseguia ser tão frio?

 

Pelo visto, os quatro soldados que sobraram atrás não tinham autorização para atirar no comandante, pois todos soltaram suas armas de fogos e sacaram as brancas, começando uma luta ali mesmo. Enquanto aquilo acontecia, o tiroteio ainda corria solto na frente do caminhão, os Rebeldes estavam em vantagem por números, apesar de terem muitos feridos.

 

Jimin tomou a decisão mais idiota de sua vida: ir atrás de Jungkook. Isso porque o comandante estava em desvantagem ali, eram quatro homens, cada um deles portando pelo menos uma faca. Jungkook era incrível, mas ele não era imortal. Jimin percebeu que o que o moreno queria era atrair os soldados para a floresta, tirar a atenção deles do ataque à base, já que ele recuava mais e mais, já começando a se embrenhar na mata atrás deles. Então, os cinco guerreiros sumiram.

 

Jimin saiu da casa pelos fundos, tomando muito cuidado para não ser visto por ninguém. Correu para a floresta o máximo que pôde, tentando não fazer nenhum barulho que chamasse atenção. Ouvia o tilintar das espadas cada vez mais próximo, então resolveu seguir.

 

  Parou na clareira onde eles estavam, que ficava perto de um riacho. Agora só haviam dois homens, um deles estava em cima de Jungkook e outro estava em pé, quase que decidindo se fugia ou ficava. Jimin se abaixou e pegou a maior pedra que pôde achar por perto.

 

  Jimin tentou agir tão rápido quanto o comandante fazia e saiu de trás dos arbustos, correndo até o soldado restante e desferindo um golpe certeiro em sua cabeça com a pedra. Sabia que o melhor lugar para se dar um soco de nocaute era na têmpora, mas não tinha muito tempo para isso.

 

  Jungkook se aproveitou do atordoamento do soldado e ficou por cima dele, finalmente acabando com aquela luta e, consequente, com sua vida. Só ali Jimin havia percebido que sua camisa estava manchada de sangue e ele se desesperou com a ideia de que Jungkook possa ter sido atingido.

 

O segundo soldado fugiu dali o mais rápido possível, se embrenhando nas matas e seguindo em direção ao Reino.

 

— O bastardo fugiu... – o comandante tentou se levantar, mas gemeu de dor e cerrou os dentes para não soltar mais nenhum barulho por causa da dor latejante.

 

— Você não pode ir atrás dele, vai acabar se matando! – falou, segurando em seus ombros e o ajudando a se encostar na árvore atrás deles.

 

Quando ele se sentou, sua camisa subiu um pouco e Jimin pôde ver o ferimento. O corte na lateral de seu tronco era evidente. Parecia superficial, então não precisaria de pontos, mas eles tinham que cobrir aquilo, para que não pegasse alguma infecção por conta da lâmina.

— O que foi isso? Por que veio até aqui? – Jungkook estava mais furioso que antes. Jimin tinha que admitir que sempre se encolhia quando o comandante levantava a voz, era quase automático, ele só gostaria de não parecer tão indefeso na frente dele – Você deveria ter ficado no seu dormitório!

 

— O quê? – o ruivo estava meio desconcertado. Era a primeira vez que Jungkook parecia realmente descontrolado, sem pensar realmente no que fazia. Geralmente, o mais novo calculava cada movimento com cautela, raramente perdia a cabeça, e, mesmo que já tivesse se exaltado algumas vezes, sempre exalava paciência. Seu mestre provavelmente havia ensinado-o a meditar, como dizia no diário da primeira comandante. – Você quase foi morto.

 

— Se a morte era o meu destino, então você deveria ter aceitado. – ele falou, como se sua morte fosse um assunto tão comum de ser debatido quanto falar sobre o clima. Seus olhos escuros estavam envoltos pela pintura negra, o cabelo preto estava desgrenhado e sua postura era tão masculina quanto poderia.

 

— Não é o seu destino. Eu acabei de salvar a sua vida!

 

— Você não salvou a minha vida, apenas ceifou a sua. – o mais novo bufou, encostando a cabeça na árvore e fechando os olhos. Sua ferida no abdômen parecia cada vez mais feia, o sangue já molhava sua camisa. – Me ajude a limpar isso.

 

Jungkook se esforçou um pouco para não gemer quando tirou sua camisa, deixando a peça de roupa em algum lugar ali. Como estavam na frente do riacho, Jimin só teve que se debruçar para pegar a água com suas mãos em forma de concha e usá-las para limpar o corte, percebendo que era bem menos grave do que esperava, mas ainda assim precisava de um curativo. Pegou a camisa de Jeon e a amarrou contra o ferimento, a fim de estancar o sangue e que ele aguentasse até que chegassem lá. Realmente tinha que ocupar sua mente com outra coisa, porque Jungkook o encarava fixamente enquanto ele limpava seu corte e tudo que Jimin pôde pensar naquele momento era na cena que havia visto há alguns dias, Jungkook na cama com as duas garotas. Ele não conseguia se concentrar direito e, no fundo, o comandante sabia bem disso.

 

Os dois se afastaram um pouco do lago, vendo que estava escuro demais, talvez ainda fosse 02:00 e era perigoso ficar ali assim. Eles fizeram uma fogueira e se arrumaram em volta dela até que estivessem minimamente confortáveis.

 

 — O que é isso? – Jimin arriscou dizer, apontando para três riscos pretos perfeitamente desenhados na lateral esquerda de seu corpo. Não eram riscos grandes, mas eram notáveis, Jimin se perguntava o porquê de não ter reparado naquilo antes.

 

— É uma tatuagem. – respondeu. Os dois estavam relativamente próximos, Jungkook tinha seu corpo deitado e apoiado pelos cotovelos, enquanto Jimin estava sentando sobre seus joelhos para manter o contato visual. O ruivo apenas tombou a cabeça para o lado, já que não sabia o que era uma tatuagem. – É um desenho marcado na pele com ferro quente.

 

— E posso perguntar o que significa?

 

— Todos os comandantes fazem essa tatuagem. Cada risco representa uma centena de pessoas que já foram mortas por suas mãos. – Jungkook suspirou. Jimin sentiu todos os pelos do seu corpo se arrepiarem assim que ele terminou a frase. Como um garoto de dezoito anos era capaz de matar 300 pessoas? Era insanidade. – Não foram todas exatamente pelas minhas mãos, houveram guerras e eu tive que fazer muitas escolhas pelo bem do meu povo. Tudo que eu fiz até hoje foi por escolha minha e eu não me arrependo de nada.

 

Jimin se surpreendia cada vez mais com o comandante. Ele parecia tão transparente, tão calmo por fora, mas o garoto nunca pensou que ele fosse essa bagunça por dentro. Como uma pessoa que havia passado por tanta coisa continuava tão controlado? Se estivesse em seu lugar, o ruivo já teria se matado.

 

— Vamos passar a noite aqui, não é inteligente voltar agora. Você pode ir dormir, eu fico vigiando. – o moreno falou, depois de alguns minutos de silêncio. – Mesmo com esse corte, ainda é melhor do que deixar você para nos proteger.

 

— Sabe, você não precisa ser tão grosso – Jimin falou, de cabeça baixa. Estava cansado de se sentir inferior, sabia que não era forte o suficiente e não tinha os músculos nem a postura de um homem viril, mas realmente não precisava ser lembrado disso toda hora. – Você não foi humilhado só porque o cara mais fraco da base te salvou. Você continua sendo mais forte e mais poderoso que eu, é isso que queria ouvir?

 

— Não, não foi isso que eu quis dizer, eu não...Olha, você realmente não é forte, mas é inteligente. Em algumas batalhas, a força deve se curvar à inteligência. – Jungkook falou, se esticando para se sentar e ficar no mesmo nível que o outro. Por algum motivo, Jimin ficava adorável quando admitia aquelas coisas, quando seus lábios inevitavelmente formavam um pequeno bico e sua cabeça se abaixava. – Mas o problema não é esse. Você não entende o inferno que a sua ação pode ter desencadeado.

 

— Me explique, então. – Jimin abraçou seus joelhos, como se estivesse prestes a ouvir uma história. – Por que eu ter te ajudado te coloca em perigo?

 

— Não sou eu que estou em perigo. É você, Park – Jungkook fez uma pausa, olhando para baixo. – Chung-Hee mata qualquer um que julgar ser próximo à mim. Agora que nossa trégua foi comprometida com esse ataque e aquele homem que fugiu te viu me salvar, talvez ele possa vir atrás de você. Talvez ele ache que nós somos amigos, ou algo do tipo.

 

— Como sabe disso? Como tem tanta certeza que ele usa esse critério?

 

— Sabe, eu era diferente das outras crianças aprendizes. Eu tinha um irmão e uma prima. Ao contrário dos outros, que sentiam ódio por não terem ninguém, eu tirava força deles para lutar e vencer os duelos na arena. Quando eu me tornei comandante e a base já estava tomada, bem, eles me ofereceram um acordo. Era uma oferta baixa, eu não aceitei, então eles levaram meu irmão. O sequestraram e o torturaram. Fizeram isso para que eu aceitasse o cessar-fogo de uma vez por todas. Até que um dia meu irmão não aguentou mais e eles me mandaram...

 

— O corpo? – Jimin questionou, aterrorizado. Ouvir aquela história, ver o rosto inexpressivo de Jungkook encarar as chamas trêmulas da fogueira. Aquilo era pesado demais.

 

— Me mandaram os pedaços. – Jungkook engoliu em seco. – Um braço, uma perna...Diariamente. Isso continuou até que eu finalmente cedesse e aceitasse o novo acordo.

 

Jimin tinha os olhos arregalados.

 

— Meu Deus, eu sinto muito.

 

— Tudo bem. A minha prima era apaixonada pelo meu irmão. Ela ficou furiosa quando eu aceitei o acordo de Chung-Hee, disse que eu estava sendo fraco e então se tornou uma selvagem, estava cega pela sede de vingança. Ela juntou um grupo, pessoas que queriam o mesmo, então eu os mantenho afastados daqui. Ainda somos aliados, apesar de tudo, agora temos os números necessários para invadir o Reino, caso quisermos.

 

— Os guardas do Reino mencionaram uma garota agora... É a sua prima que eles estão procurando?

 

— Provavelmente. – deu de ombros. – Vou chamá-la para uma reunião amanhã. Quero descobrir o que ela fez agora.

 

Jimin se calou. Ainda estava pensando sobre a história do irmão de Jungkook. Como teria sido para essa garota ter visto o amor de sua vida ser desmembrado e, ainda pior, receber os pedaços? E como Jungkook teria se sentido? Como deve ser quando ele se deita na cama e pensa que todas as 300 pessoas que ela já matou poderiam ter uma história, assim como seu irmão? O quão fodido o seu psicólogico era?

 

— Eu entendo a sua preocupação com isso, realmente sinto muito por tudo, mas eu te garanto que não vou morrer. – Jimin falou, tocando em seu braço levemente.

 

— Como tem tanta certeza?

 

— Porque eu vou deixar você me proteger – o ruivo fez o possível para dar um sorriso sincero. Ele queria que Jungkook parasse de pensar naquilo por um tempo e, pelo visto, havia funcionado. O moreno tinha sua atenção voltada ao mais baixo. – Eu confio em você, Jeon.

 

 



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