História O Conde - 2. A Louca

Era incrivel como meus pensamentos sempre se voltavam aquela noite mesmo ja tendo se passado dias, mais de uma semana, não ousei perguntar sobre ele a ninguém, se perguntasse a algum empregado boatos surgiriam, minhas amigas levantariam suspeitas indecentes, meus pais o fariam de alvo para um futuro casamento, nenhuma dessas situações era confortável, então me calei.

Um homem qualquer, nada mais que isso, tinha de aceitar ser apenas um homem qualquer, que me conduziu como nenhum outro jamais fizerá em toda minha curta vida, fechei os olhos me lembrando de sua mão em minha cintura, seu olhar, o violino. Fantasiando, estava fantasiando de novo, como ele poderia ter desaparecido tão facilmente quanto entrou em meu quarto aquela noite? Não poderia, doces fantasias foram criadas com um estranho e eu as alimentava mais e mais a cada dia. Me pergunto se isso é mesmo possivel, lembro de seu cheiro, seu toque, sua voz, meu corpo contra seu peito, lembro perfeitamente de tudo, mesmo sendo uma grande farça de minha mente. Irei enlouquecer antes da próxima dança.

Desci para jantar com meus pais, mamãe falava animadamente sobre um baile de máscaras, sexta-feira, na casa de Hinata, parece que por fim escolheriam seu pretendente e mamãe estava animada para arranjar um a mim também, ri sozinha sem ser notada por eles, ao menos um divertimento além daqueles chás com as moças. A conversa se voltou para mim, ela queria comprar um vestido novo mas impedi, havia um vestido azul, pouco usado que eu gostaria de repetir pois era lindo, papai era um pouco mesquinho e logo concordou.

Me olhei no espelho após a empregada terminar com meu cabelo, para essa noite havia escolhido uma trança com pedras azuis pelo seu comprimento, meus labios ja estavam tingidos de rosa e minhas bochechas devidamente coradas enaltecendo minhas sardas, será que meus orbes verdes cruzariam com aqueles orbes negros novamente? Balancei levemente a cabeça, não devia pensar naquilo, ou perderia-me em devaneios.

Levantei-me ajeitando o vestido azul céu que tinha detalhes em branco nos babados que adornavam o decote e a barra da saia, ajeitei minhas mangas que eram longas como na maioria de meus vestidos, coloquei minha máscara que cobria toda a metade superior de minha face, deixando apenas meus labios a mostra e fui para a carruagem onde já estavam a minha espera.

Fomos bem recebidos como sempre por minha amiga e seus pais, após elogiar a festa me afastei encontrando Ino, a loira sorriu para mim e tratou de apontar os pretendentes de nossa amiga, soava  um pouquinho errado mas fizemos nossas apostas sobre quem ganharia a noite.

A musica começou, os casais surgiam no salão e mesmo mascarado não tive dificuldade nenhuma em reconhece-lo sua presença encobria todas ali, não sei dizer o que esse homem tem mas é tão imponente, como se ele dominasse o ambiente inteiro como fazia no salão. A máscara negra cobria seu rosto totalmente, os cabelos dessa vez bem alinhados para trás, ele usava preto como naquela noite, cor que lhe caia bem, trocou de dama duas vezes até que veio caminhando em nossa direção, só consegui pensar no quanto queria ser escolhida por ele e acabei por sorrir, se curvou e num pedido mudo ofereceu a mão para Ino que aceitou o cumprimentando em resposta, olhei os dois se afastarem frustrada e com toda inveja que cabia em mim, fora a certeza de que tudo aquilo foi um sonho ainda acordada.

Desperta de meu mundo fantasioso fui dançar, aproveitando para me destrair enquanto conversava com o cavalheiro que me tirará, dancei até meus pés doerem, com todos que se ofertaram, e para me recompor fui tomar uma taça de ponche, indo para uma das varandas, a mais afastada possivel, era bom respirar um pouco sozinha, me apoiei na mureta olhando o céu, a lua estava quase cheia, iluminando todo lugar,uma linda vista, terminei meu copo e o deixei por ali, enquanto continuava adimirando o luar ouvi aquela voz penetrante outra vez.

- O que faz sozinha bela dama? - Alucinando de novo, pensei em responder mas me virei para ele.

- Apenas descansando e o senhor?

- Vim lhe ver mais uma vez. - Mais uma vez? Olhei seus olhos que refletian o brilho da noite.

- Irá me tirar para dançar de novo?

- Lê pensamentos? - podia jurar que havia um sorriso sob aquela máscara, me estendeu a mão que aceitei de bom grado indo ao encontro de seus braços mais uma vez, a música estava baixa, mas não me importava, meu corpo parecia não me pertencer mais, pela forma como ele me levava a fazer o que queria, fechei os olhos sentindo seu cheiro amadeirado mais uma vez, sua mão em minha cintura, a musica suave ao fundo, até que ela acabou e ao abrir os olhos estava sozinha novamente.

Olhei em volta confusa e suspirei frustrada pela segunda vez naquela noite, voltei a me curvar sobre a mureta olhando a taça que deixará ali a pouco, respirei fundo tentando colocar as ideias no lugar e ouvi passos em minha direção, olhei para trás o vendo passar com uma dama enquanto assinava meu atestado de louca.