Kabru só saiu de seu quarto após ele ter certeza que ele não choraria mais, pelo menos não até a noite quando ele mais uma vez estivesse em privado.
Ele nunca tinha visto Laios parecer tão irritado com ele.
Porque eu disse aquilo?
Ele geralmente era tão bom em ler pessoas e saber o que dizer ou não, mas com Laios tão frequentemente ele só parecia dizer as coisas erradas. Há muito tempo ele tinha decidido que em geral com Laios ser honesto e direto era a melhor política, mas agora isso não parecia ser mais verdade.
Kabru parou na cozinha e falou com a cozinheira chefe sobre os preparativos do baile em termos da comida a ser servida, para ela fazer as encomendas necessárias e lhe mandar as contas que ele ia achar uma maneira de se encaixar no orçamento do castelo, depois pediu um dos mensageiros para contatar os músicos que tinham estado lá no último evento desse tipo e ver se eles estariam disponíveis para tocar no castelo naquela ocasião, se não ele teria que achar outros músicos que estariam disponíveis ou ter um baile sem música.
Será que seria possível ter música tocar por magia?
Geralmente ele iria até Marcille com uma pergunta desse tipo, mas ele tinha dúvidas que conseguiria qualquer resposta dela que não fosse hostil.
Será que isso vai ser a minha vida daqui em diante? Uma presença odiada por todos na côrte? Porque nenhum deles reconhece que eu estou tentando fazer o que é melhor pelo Rei e pelo reino?
Ele conseguia sentir as lágrimas começando a vir de novo, mas ele estava longe do seu quarto, então ele decidiu se dirigir para seu escritório para ter um choro rápido e privado antes de retornar para seus deveres.
Esses planos foram destruídos quando ele entrou no seu escritório e encontrou alguém já lá esperando por ele.
“Mãe?”
“Oi.” Milsiril disse e o abraçou.
Por um momento ele apenas se permitiu ser abraçado, apesar de todos os seus defeitos Milsiril sempre dava bons abraços.
E ela é provavelmente a única pessoa aqui que me abraçaria agora. Mas o que ela está fazendo aqui? Isso é algo relacionado a Mithrun de novo? Por favor não, eu já tenho problemas o suficiente sem ter isso jogado em cima de tudo.
“Porque você está aqui? Eu já te disse que se você quiser visitar eu gostaria que você me mande uma carta primeiro para que eu possa me preparar adequadamente. E eu estou organizando um baile nessa semana, e tem muitas coisas para fazer porque o Rei não me deu tempo o suficiente pros preparativos, então eu realmente não vou ser capaz de te dar muita atenção.”
“A irmã do Rei me mandou uma mensagem uns três dias atrás. Ela me disse algumas coisas que me perturbaram bastante.”
E ele não tinha dúvida que tipo de coisas essas eram. E naquele momento ele sentiu sua tristeza sendo substituída por raiva.
Sério? Ela ligou para minha mãe como se eu fosse uma criança me comportando mal?
“Como você chegou aqui tão rápido?”
“Eu pedi alguns favores. Mas não desconverse, é verdade que Laios vai ter um bebê e que você é o pai?”
“Mais ou menos, de uma maneira biológica. Mas o Rei já deixou muito claro que os planos para criar a criança não me incluem.”
“Isso não foi o que Falin Touden me disse.”
“Bem, ela está errada. E mesmo se ela não estivesse, não seria da sua conta então eu não sei porque você veio.”
Ao invés de o repreendê-lo por ser rude, Milsiril fez uma cara triste, o que na verdade era muito pior.
Houve uma batida na porta.
“Entre!” Kabru disse, torcendo que seria alguém com uma emergência que o levaria para bem longe dali.
Mas não, era Laios. E ele parecia até mais espantado de ver Milsiril do que Kabru tinha estado.
“Olá, Vossa Graça.” Milsiril disse e fez a cortesia apropriada.
“Olá, o que você está fazendo aqui?” Laios disse e colocou sua mão em sua barriga naquele jeito estranho que ele estava fazendo ultimamente, como se ele estivesse tentando proteger o bebê.
Ele acha que eu a chamei aqui para tirar o bebê dele?
“Sua irmã mandou uma mensagem para minha mãe, contando a ela sobre a gravidez, e minha mãe decidiu vir para uma visita.” Kabru disse.
Laios ainda não olhou para ele, mantendo seu olhar apenas em Milsiril.
“Eu não sei porque Falin faria algo assim, mas de qualquer maneira é um prazer tê-la conosco de novo.”
“Obrigada, eu tenho um presente que eu fiz para o bebê no barco pra cá.” ela disse abrindo sua bolsa.
De lá ela tirou uma das suas bonecas de pano, mas está ao invés de ter o formato de uma pessoa ou um urso ou um coelho como era o costume dela, era um dragão.
O rosto de Laios se iluminou com um sorriso.
De certas maneiras fazia sentido ser algo assim, na última vez que Milsiril esteve no reino, Laios e ela acabaram comparando histórias sobre lutar contra dragões.
“Obrigado! Esse é na verdade o primeiro presente que eu recebi para ela!”
“Vai ser uma menina?”
“Sim! Esse dragão é para ser um Wyvern?”
“Sim.”
“Eu achei que sim pelo formato das pernas, mas eu só vi wyverns verdes, nunca azuis.”
“Há azuis no norte do continente oeste eu já encontrei alguns, embora nesse caso eu usei o pano azul porque era o que eu tinha na minha bolsa, eu não tive muito tempo para pensar o que eu iria colocar na minha bolsa antes de partir.”
“Ficou ótimo de qualquer maneira, tão macio, eu tenho certeza que ela vai amar brincar com ele, então os azuis-”
Vendo que a conversa iria se estender para sempre se ele não interferisse, Kabru disse:
“Meu Rei, por que você veio aqui?”
Pela primeira vez que ele tinha chegado Laios olhou para ele.
“Eu apenas queria saber como você estava depois de como nossa última conversa acabou.”
“Eu estou muito ocupado. Ainda há muitas coisas que eu preciso fazer para o baile. Mãe talvez nós poderíamos jantar juntos e conversar mais tarde?”
“Certo, então eu te vejo mais tarde.” Milsiril disse parecendo um tanto incerta e saiu.
Por um momento pareceu como se Laios fosse dizer mais alguma coisa, mas então ele apenas saiu também.
Kabru trancou a porta.
Sozinho em seu escritório finalmente, ele se permitiu chorar embora ele não tivesse certeza se aquele era um choro motivado por raiva ou apenas tristeza.
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