Assim que os primeiros raios de Sol surgiram no céu, Héstia levantou-se, pronta para fazer a sua caminhada pelo Monte Olimpo e comprar os essenciais para pequeno almoço. Mas, qual não foi o seu espanto quando, ao sair do seu quarto, se deparou com o seu filho prestes a sair de casa.
- “Onde vais?” – a voz doce de Héstia surpreende o rapaz.
- “Oh, mãe. Ia fazer-lhe uma surpresa.” – o jovem volta-se para encarar a mulher que se aproxima, fazendo-lhe uma pequena festa no rosto. – “Pode ficar descansada que eu trago tudo o que é preciso.”
- “O que seria de mim sem ti, Jimin?” – um sorriso surge no rosto de ambos. – “Vai com cuidado.”
O rapaz assente afirmativamente, coloca o capuz da capa que usava e sai de casa.
Héstia permanece alguns segundos imóvel, simplesmente encarando a porta que se fechava devagar. Por mais que um dos seus pedidos sempre tenha sido não ter filhos, ter Jimin foi sem dúvida uma dádiva para a Deusa. O amor que ela nutria pelo filho não era comparável a qualquer tipo de amor que tivesse sentido antes. Aquela paixão, aquele amor incondicional que ardia no seu coração era uma das melhores sensações que ela poderia experienciar na sua vida. E este amor também era recíproco, Jimin amava a sua mãe incondicionalmente, ela era a sua confidente, a única pessoa em que sabia que podia confiar de olhos fechados, no meio daquele mundo.
Jimin sai de casa, uma leve brisa sopra, fazendo a sua capa esvoaçar levemente. O rapaz olha para os dois lados, tomando logo o seu caminho habitual. Os vários habitantes, já acordados, vão passando por ele, cumprimentando-o com um sorriso, que Jimin retribui.
Uma das coisas que mais gostava de fazer eram estas pequenas caminhadas pela cidade. Além de conseguir sair um pouco de casa, observando o movimento dos habitantes nas suas rotinas diárias, também conseguia ficar informado sobre as últimas novidades do conselho, algo que só era possível assim, uma vez que tanto ele como a sua mãe encontravam-se isolados dos restantes Deuses. Tudo isto se devia à relação fraca que tinham com a restante família, família esta que facilmente parecia esquecer da existência deste dois elementos.
Enquanto caminhava, Jimin focava-se em todos os pequenos detalhes, tentando captar o máximo de informação possível, para que não se sentissem à parte de todo o mundo.
- “Bom dia, Jimin. O que vai ser hoje?” – são as palavras que o rapaz houve assim que entra dentro da loja onde a sua mãe costuma ir.
Todos os que viviam perto da sua casa conheciam-no e tinham um carinho especial pela sua mãe. Todos conheciam, de modo geral, a história de Héstia e sabiam o que este rapaz simbolizava para ela, por isso, tinham também uma adoração especial por ele, tratando-o como se fossem todos da mesma família.
Compras feitas, Jimin sai da loja, deparando-se com um dos mensageiros do conselho que afixava alguma coisa num dos pilares. Aproxima-se lentamente, esperando que o homem acabasse o seu trabalho para entender o que era aquele papel.
Várias pessoas foram se juntando em volta do homem, que, momentos depois, se desviou, encarando a população com um pequeno sorriso. Alguns aproximaram-se e ao saberem o que era deram de ombros e viraram costas. Este processo repetiu-se inúmeras vezes até que Jimin voltou a ficar sozinho em frente do pilar. Mais uma vez aproximou-se com pequenos passos, parando a alguns centímetros do papel.
“CONSELHO DE JOVENS
INSCRIÇÕES ABERTAS DURANTE A PRÓXIMA SEMANA.
SE DESEJAS FAZER PARTE DESTE NOVO CONSELHO DIRIGE-TE AO MONTE OLIMPO E REQUISITA A FOLHA DE INSCRIÇÃO.
O QUE É NECESSÁRIO? APENAS O DOCUMENTO PREENCHIDO, UM TEXTO ESCRITO POR TI E MUITA FORMA DE VONTADE E RESPONSABILIDADE.
OS RESULTADOS VÃO SER ANUNCIADOS NA PRÓXIMA SEMANA, NUMA CERIMÓNIA ESPECIAL. ATÉ LÁ, OS ESCOLHIDOS SERÃO CONTACTADOS.”
- “Um conselho?” – Jimin murmura fitando a folha.
Por momentos, várias ideias passaram na sua mente. Por um lado, parecia uma boa ideia para ajudar a sua mãe, para a orgulhar e para conseguir ter algo dele, algo que ele fizesse por livre vontade, mas, por outro lado, seria muito difícil ser escolhido se soubessem quem era a sua mãe. Além disso, não sabia se Héstia iria apoiar a sua ideia, uma vez que implicava ficar algum tempo fora de casa e deixá-la sozinha.
Jimin olhou para ambos os lados e logo focou o seu olhar novamente no papel. Num gesto brusco, arrancou o papel do pilar, dobrando-o e colocando-o no bolso interno da sua capa, seguindo caminho para casa.
Iria pensar melhor na ideia, até porque ainda tinha uma semana para fazer a sua inscrição. Talvez estivesse, naquele papel, uma maneira de orgulhar a sua mãe e de fazer algo que lhe trouxesse experiências diferentes do que tinha vivenciado até então.
Assim que porta de casa é aberta, Héstia corre para a entrada, recebendo o seu filho com um abraço. A deusa retira as coisas que este trazia nos braços e logo se dirige à cozinha, sendo seguida pelo rapaz.
- “Então, quais são as novidades?” – a mulher pergunta com um sorriso, encarando o rapaz de alto a baixo.
- “Nada de especial...o senhor Nicolas pintou a loja, mais nada...” – diz sentando-se numa das cadeiras à frente do pequeno balcão da cozinha.
- “E não aconteceu nada ao nível do conselho?”
- “Que eu tenha visto não. Também não ouvi comentarem nada, por isso deve estar tudo na mesma.”
- “Muito bem, parece que as coisas andam calmas. O que queres comer?” – a mulher fita o rapaz, mudando de assunto.
Jimin sentia o seu coração a bater muito rápido, mas ele não podia comentar nada com a mãe, não até fazer a sua decisão.
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