História O conto da garota nerd e seu coração partido - De volta aos pesadelos

~ POV's S/N ON ~

- Pra você me irritar mais? Não obrigada. - S/N, coloquei a toalha na mesa e fui até a sala. Suspirei pesadamente me sentando no sofá, cruzei meus braços e esperei a princesinha terminar.

- Tá bom, vamos, eu vou levar você pra casa. - Jared, bufando de, detestando receber um não. Ele ficou com expressão de raiva nos olhos, eu não tinha medo, fui até a garagrm e esperei ele abrir a porta das mesmas. Entramos e colocamos o cinto, ele começou a dirigir encarando a rua, ficou emburrado o percurso inteiro, que criança! Nunca que eu ia imaginar que por trás daquela casca grossa toda tinha um mimado.

- Melhore esse rosto, você sabe que eu não posso. - S/N, quebrei o silêncio o encarando, eu realmente não podia ir, não quero mais encrenca com a Margot e eu tenho coisas a fazer em casa.

- Eu não aceito esse "não", você tinha que almoçar comigo sim! - Jared, ele ordenou. Encarei surpresa e suspirei, virando o rosto.

- Você está parecendo a Margot desse jeito, faz birrinha pra conseguir o que quer. - S/N, joguei duro, fechando meus olhos. Ele ficou em silêncio, não disse mais nada.

- Você é uma ingrata, fiz dormir em minha casa, brinquei até e é assim que retribui? Humpf. - Jared. Revirei olhos e o encarei.

- Eu não pedi pra me deixar dormir lá, você quem insistiu. Mas se quiser, tudo bem, eu já estou com minha nota fechada, não precisa mais me ver se não quiser. - S/N, ele parou o carro em minha casa e ficou em silêncio. Dali eu percebi que ele não iria insistir, mas eu também não: desci e fui até a porta, ele saiu disparado, nem esperou Papai abrir.

Meu pai abriu a porta, ele veio até mim e me abraçou.

- Filha! O que aconteceu com seu vestido? Onde dormiu? - Papai, me enchendo de perguntas. Eu já estava estressada o suficiente e como eu não queria descontar nele, entrei em casa.

- Dormi na casa de uma amiga, eu acabei deixando o vestido lá. - S/N, com certeza se eu dissesse que foi com o Jared, ele iria desconfiar que fizemos algo mais. Suspirei e fui até as escadas, consegui enxergar Martin na cozinha, usando apenas as calças e bebendo uma caneca com café.

- Ah. Porque não me ligou ou voltou pra cá? - Papai perguntou, sabe aquele momento que você está tão estressada que qualquer coisinha te deixa com mais raiva? Pois é. Eu respirei profundamente e fechei meus olhos.

- Eu não queria lhe incomodar aqui... vou dormir um pouco. - S/N, dispensei ele, se não eu iria acabar magoando- o de algum jeito. Entrei no quarto e fechei a porta, fui até a cama e me deitei, com o rosto afogado no travesseiro. Jared era tão confuso: uma hora ele estava bem, com bom humor, mas na outra me tratava como um cachorro. Eu me lembrava de cada ofensa que ele me fez, cada lágrima que eu derramei, porque não foi uma escolha minha. Mas lembro o quão forte eu fiquei, e eu não iria me deixar abalar por ele, ainda mais por ele.

Dormi a tarde inteira, e quando chegou a noite eu assisti um pouco de TV e fui dormir de novo, já tinha tirado aquela camisa e o projeto de short, lavei ambos e estavam guardadas na minha mochila, eu iria entregar a ele amanhã.

∆ Quebra de Tempo ∆

Acordei bem cedo, tomei um bom banho e desci as escadas, Martin e Rexha não estavam em casa, ou seja, eu iria de pé pra escola. Isso não importava muito agora, prendi o cabelo, amarrando em um rabo de cavalo no alto da cabeça, voltei às minhas origens.

Sai de casa andando, pensando. Acho que agora, tudo voltaria ao normal, aos trilhos. Era só eu esquecer que aquela noite aconteceu, mas foi tão mágico, tão bom, foi como se eu fosse a cinderela e o encanto tivesse terminado no dia seguinte. Assim que cheguei, pude ver Jared no estacionamento, ele fumava junto com o irmão, ambos conversavam. Suspirei pesadamente, eu não iria até lá falar com ele, nem morta.

Entrei na sala, Martin estava lá mas sem a Rexha, me pergunto o que teria acontecido. Me sentei na mesa, não havia sinal de Margot, o que era ótimo, mas sua mochila estava ali, droga, se ela souber que eu dormi na casa do Jared, é inferno na certa.

O professor entrou na sala, junto com outros alunos, inclusive Margot e Jared. Assim que Margot colocou os olhos em mim, ela deu um selinho em Jared, segurou a mão dele e foram até a cadeira junto. Confesso que doeu um pouco, não sei o porquê, acho que no fundo, bem no fundo, achei que podíamos ter algo, mas foi coisa da minha cabeça, está tudo voltando ao normal agora.

A aula ocorreu sem problema algum, exceto que toda vez que eu encarava Jared, Margot o beijava ou o abraçava, como se quisesse esfregar na minha cara, e ele não parecia tão feliz com isso, na maioria das vezes, estava de cabeça baixa, como se estivesse sendo forçado a ficar ali.

Quando deu o intervalo, Margot abraçou Jared e saiu correndo.

- Até logo melhor namorado do mundo! - Margot, alto e em bom som. Qual o objetivo dela? Jogar na minha cara que voltou com o Jared? Grande coisa, ela é tão trouxa, depois que tudo que o Jared fez, ainda tens a marca do cigarro na testa. O que o amor não faz?

- Você trouxe a minha camisa? - Jared, vindo até mim quando todos saíram da sala. Fiquei em silêncio, tirei a camisa e o short da minha mochila e dei pra ele, mas não nas mãos, empurrei no tórax dele e sai andando, como se estivesse brava, e eu estava. - O que você tem sua idiota?

- Eu já entendi Jared. Me usou como ciúmes para cima da Margot e agora não precisa mais. Passar bem. - S/N, me despedi sendo curta e grossa. Quando entrei no corredor, ele puxou meu pulso, me encarando nos olhos.

- Não é bem assim. Você acha que eu usaria logo você? Cai na real, somos de mundos diferentes. - Jared. Encarei ele segurar meu braço em seguida seus olhos. - Espera ai. Você está com ciúmes?

- Eu não tenho direito de sentir isso. - S/N, temi que isso fosse verdade, temi estar sentindo isso, seria péssimo eu sentir algo por Jared que não fosse desprezo.

- Você está achando que só porque fomos ao baile juntos, vamos ter alguma coisa? Cai na real, Você não é mulher pra mim. Eu não gosto de garotas ricas que trabalham e são pobres, sua imunda. - Jared, me largando.

- Não foi isso que você me disse no sábado. - S/N, questionei, agora eu iria ficar ali e discutir com ele o tempo que fosse necessário.

- Esqueça sábado, foi tudo uma ilusão. Eu não sinto nada por você, apenas nojo, e nojo de mim mesmo por ter lhe beijado. - Jared, me encarando. Aquilo doeu profundamente, e eu não entendia o porquê. Porque tanto ódio? Porque tanta violência comigo? Não deixei que ele me visse abalada, o empurrei.

- Você é tão podre Jared! Mimado, metido! Volte para a namorada que tem, vocês se merecerem. - S/N, ele ficou em silêncio e eu corri para a sala, me sentei na minha carteira e abaixei a cabeça na mesinha, comecei a chorar. Não era possível que ele podia ser tão mal assim, por um momento, por um mísero momento eu achei que essa barreira de mundos não existia, que essa desigualdade social era só uma pedrinha. Mas não, ele tinha que ser tão confuso a ponto de uma hora me tratar bem e na outra me tratar feito um lixo.

Fiquei ali o intervalo quase inteiro chorando, eu não acreditava que eu estava fazendo isso, que eu havia criado esperanças por um falso amor, criado toda uma paranóia entre mim e Jared. Como se não bastasse, Senti uma mão em meu ombro, era Margot, ela me encarava com um sorriso de Vitória.

- Veio chutar um cachorro morto? - S/N, perguntei irônica, ela riu baixo e se abaixou na frente da cadeira, me encarando.

- Claro que sim. Eu avisei pra você, avisei que o Jared jamais iria dar atenção a uma iludida como você. - Margot, ela levantou meu dedo com o indicador, com um sorriso no rosto. - Bem feito.

- Vocês combinam tanto, duas cobras ricas metidas. - S/N, o sorriso dela desapareceu, ela me deu um tapa no rosto, não doeu, ela batia tão fraco.

- Escuta aqui sua mal agradecida, eu deixei você ir ao baile com ele. - Margot, segurando meu rosto com as duas mãos. - Você não passa de uma ratazana de esgoto, tentando comer o grande pedaço de queijo, mas na verdade só fica com os restos.

Ela me soltou, eu abaixei a cabeça novamente e fiquei em silêncio, pude ouvir risos e passos para fora. Ela tinha razão: Eu sou uma nerd iludida que por um acaso, achou que podia ter algo com o popular, como eu fui burra, muito BURRA.

Quando o sinal bateu, eu me levantei da cadeira, eu decidi faltar a aula para pensar, eu não ia aguentar nem mais um minuto naquele lugar olhando os dois pombinhos. Quando desci as escadas, passei por Jared, ele estava conversando com o irmão, Shannon me olhou, me admirava muito ele não me encarar com nojo, já que seu irmão e sua cunhada fizeram isso. Fui até o pátio e fiquei ali sozinha, às vezes me escondia das tias que limpavam o lugar, elas iriam desconfiar que eu estava matando aula.

Fiquei sentada no banco, abraçando meus joelhos com a testa encostada entre eles, com o rosto escondido. Senti uma mão no meu ombro, era Shannon, ignorei, ele se sentou do meu lado e acendeu um cigarro.

- Só faltava você pra vir aqui. O que vai me dizer? Que eu nunca vou ser boa pro seu irmão? - S/N, levantei o rosto e o encarei, brava. Ele me encarou com o canto dos olhos, com desprezo.

- Eu não acho isso, e eu não disse nada. - Shannon, mais calmo impossível. Respirei fundo e cocei os olhos, eu não iria baixar minha guarda.

- Desculpe, tive um dia tão estressante. - S/N, encarei o chão, o silêncio tomou o lugar por alguns minutos.  

- Você quer me contar o que aconteceu? Eu não sou como meu irmão. - Shannon. Suspirei pesadamente eu não sabia se dava para confiar, mas mesmo assim, eu iria dizer tudo. - Achas que não sou confiável? Eu mudei com você, eu consigo ver que você não é tudo o que dizem, não é esse monstro inteiro. Você só não está no que eles chamam de "padrões."

Suspirei pesadamente, eu escolhi confiar em Shannon. Contei tudo a ele, tudo o que eu sentia em relação a Jared. Ele me encarou com um ar decepcionado.

- Não deveria ter se aproximado do meu irmão. Sabe, ele é complicado até pra mim, uma hora ele está bem e na outra não está mais. Ele não a despreza totalmente, ele só não gosta de receber um "não" - Shannon, ele apagou o cigarro e me encarou.

- Mas eu só recusei sair com ele! Ele fez tudo isso porque é um mimado. - S/N.

- Escute, Jared nasceu em berço de ouro, ele nunca vai saber o que é trabalho duro, o que é esforço, ele sempre teve tudo nas mãos. Nós conversamos mais cedo, ele só voltou com a Margot pra lhe provocar e ver até onde aguentava com ela. O que pra mim, não vai ser muito tempo. - Shannon, eu fiquei em silêncio por algum tempo. E se eu tentasse mudar ele? Mostrar um pouco do meu mundo? Não, esqueça, eu estaria me iludindo novamente.

- E se eu tentasse mostrar a ele o meu mundo? Um pouco de trabalho não mata ninguém. - S/N, Shannon deu de ombros, respirando fundo.

- Não deveria esquecer ele? Ele só te fez mal S/N. Como ele mesmo disse, ambos são de mundo diferentes. - Shannon

- Talvez ele esteja com a Margot pra me fazer ciúmes, pra eu me arrepender de ter o dispensado. - S/N, comecei a criar teorias na minha cabeça.

- Não S/N, ele está com a Margot pra quebrar a cara de novo, pare de insistir nele, ele nunca vai aprender. - Shannon, insistindo em me fazer mudar de ideia. Ele pegou uma florzinha do gramado, me encarando.

- Ninguém tenta o ensinar. - S/N, encarei Shannon com um sorrisinho no rosto. Eu estava completamente enganada? Talvez. Mas eu tive a oportunidade de ver um Jared que eu nunca tinha visto antes.

- Você está se iludindo sozinha, eu conheço meu irmão, ele nunca vai mudar. - Shannon, segurando minha mão, enquanto me encarava seriamente.

- Você tem razão... Eu estou apaixonada por ele, mesmo depois de todas as lágrimas, todas as decepções. - S/N, era duro admitir, mas era isso que eu estava sentindo. Era tão ruim, eu me sentia fraca, sob os comandos dele. Eu quero e vou inverter toda essa situação.

- Você não consegue odiar seu inimigo, algo nele a atraí, talvez sua aparência ou a forma que ele te despreza. - Shannon, ele parecia saber exatamente o que eu estava sentindo. - Uma pena, porque foi tudo uma farsa. Ele não ama a você, Jared não ama a ninguém, foi tudo uma ilusão.