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História O Conto do Assassino - A bala


Escrita por: MiissMarte

Notas do Autor


Ahoy! Capítulo novo! To curtindo bastante escrever ess fic!
Boa leitura! ;)

Capítulo 3 - A bala


Terça-feira, 18 de julho, 12h01

Estou acostumado a imprevistos. Repito para mim mesmo. A informação vazou. Há algum informante na organização. Não haveria outro jeito de saberem o esconderijo se não houvesse. Respiro fundo, ainda encostado à parede. Estou em desvantagem tática devido a altura do prédio em que o atirador está ser bem maior que o que eu me encontro. A julgar pelo ângulo que o tiro atingiu o alvo, o sniper está no telhado. Ainda posso ser um alvo ou a missão dele era só abater a garota. De qualquer modo ele ficará no telhado ainda por alguns minutos desmontando o equipamento. Posso sair pela rua de trás, dar a volta no quarteirão e entrar pelos fundos no prédio dele. Se eu for rápido o suficiente posso encontrá-lo enquanto ainda desce as escadas. Se ele tiver companheiros o esperando no térreo, eu os matarei. Estou com meu silenciador.

Me assusto. Um som veio da direção da garota. Olho para ela imediatamente. Ela tosse com a mordaça. Mas como? Seria um tiro de festim? Há um furo em sua testa que escorre uma linha fina de sangue. Seus olhos estão abertos. E ela está ciente. Como? Meu coração acelera. Meus olhos estão arregalados. Estou confuso. Odeio estar confuso. Ela me vê.

- Não venha aqui. – ela diz atrapalhada pela mordaça. Percebo que só consigo entender pois meus sentidos estão muito aguçados.

Não posso deixar o sniper escapar. Eu sabia que ela era importante. Senão eu não seria escolhido para essa missão. Deixo minha curiosidade de lado e me esquivo até a porta. Desço as escadas quase que todas de uma vez. Saio pela rua de trás, corro pelo quarteirão e em menos de 3 minutos estou nos fundos do outro prédio. Como esperado há dois homens armados na porta. Mato os dois. Abro a porta e dou de cara com o sniper. Golpeio seu peito, deixando-o sem ar. Ele recua, tosse e morde algo. Veneno. Abro sua boca para impedir que ele engula. Mas é tarde de mais. Ele cospe espuma. Eu o largo no chão. Procuro por evidências em suas roupas. Nada. Procuro por registros e marcas de fabricação em suas armas. Estão limpas. Eles sabiam que poderiam ser pegos. São profissionais. Provavelmente contratados por uma organização rival à minha. Mais gente deve estar interessado na garota. Mas a razão de saberem o local do esconderijo ainda é devido a um informante. Preciso relatar. Mas antes, corro de volta até o antigo esconderijo. Ela pode estar tentando fugir.

Quando passo em frente a porta da sala onde a garota está amarrada, vejo a cadeira no chão. Ela se soltou. Mais uma vez, como? Entro com minha pistola apontada para onde imagino que ela esteja se ainda estiver na sala. Perto da bolsa de armas. Não sei se a pistola funcionará depois dela ter se levantado com um tiro na testa. Ainda me pergunto se era festim.

Dou de cara com a garota. Ela segura com as duas mãos uma outra pistola que estava na bolsa de armas. Reparo que seus pulsos estão sangrando. Ela os machucou quando fugiu das cordas. Ela me encara, furiosa. Suas sobrancelhas se juntam numa linha escura e firme. Sua boca está retorcida. Seu olhar decidido. Ela vai atirar. Mas não se eu atirar primeiro. Eles a querem viva, não inteira. Direciono rapidamente minha pistola para sua coxa. Atiro. Em um movimento de resposta espontânea a dor, ela também atira. A bala rasga um pedaço do meu terno, no ombro. Corro até ela, está caída no chão mas ainda aponta a arma pra mim.

- Fica longe de mim! – ela brada.

Chuto sua mão que segura a pistola, ela voa longe. Observo o ferimento em sua coxa que ele aperta com a mão. Mas seu pulso, não parece mais machucado. O sangue secou mas sua pele está lisa.

- Droga...- ela resmunga afligida pela dor.

Passo por ela indiferente e vou até a bolsa de armas. Pego uma gaze e um esparadrapo. Viro-me na direção dela e paraliso. Ela está sentada tirando as calças.

- O que pensa que está fazendo? – digo ríspido. Mais como uma advertência do que como uma pergunta.

- O que VOCÊ pensa que tá fazendo ne? – ela responde ainda abaixando as calças até um pouco abaixo dos joelhos. – Atirou em mim? Isso é sério? E ainda com uma bala comum!

Bala comum? O que isso significa? Eu me pergunto ainda paralisado. A coxa da garota jorra sangue enquanto ela tenta apertar o ferimento. Não posso deixar que ela perca muito sangue. Tento me concentrar, mesmo com toda aquela confusão. Aproximo-me dela com a gaze. Ela agarra minha mão.

- Usa essa sua força de homem gigante pra apertar isso pra mim. – ela diz entrecortada pela dor – Eu... Não to conseguindo sozinha e já tá fechando...

Puxo minha mão. Estou confuso demais para raciocinar. Ao mesmo tempo sinto raiva. Raiva do desconhecido que é essa garota. Raiva por ela se achar e realmente parecer superior a mim. Sinto-me ameaçado.

- Eles me querem viva ou não? – ela me desperta de meus pensamentos com sua voz forte – Seja lá quem foi que mandou um babaca desinformado me sequestrar não vai me querer com uma bala alojada no meio da coxa vai?! Isso só pode ser palhaçada!

Fico atônito com essas palavras. Realmente estou desinformado. Me pergunto se os subchefes da Organização sabiam sobre ela, ou se achavam que era só uma filha de um cara importante como eu achei no princípio. Não, deviam saber. E deve ter um informante. Preciso relatar o mais rápido possível!

- Agente 47 ou seja lá qual for seu número. – ela me desperta novamente – Só dá uma forcinha depois você pensa.

Era como se ela suplicasse. Olhei para a garota. Ela estendia a mão ensanguentada para mim. Eu estendo a minha em resposta. É pelo sucesso da Missão, eu penso e tento não olhar para sua roupa de baixo a mostra. Ela leva minha mão à sua coxa e aperta. Eu sinto sua pele, quente e macia. Mas ao mesmo tempo molhada e em movimento. Como se algo trabalhasse no interior dela.

Ela aperta minha mão contra sua perna. Mais sangue jorra. Me pergunto se aquilo não está piorando a situação. Se não devíamos usar a gaze e estancar o sangue, não fazer jorrar mais. Meu treinamento de primeiros grita como se aquilo fosse contrário a tudo que aprendi. Mas faz sentido termos que retirar a bala. Mas não ali. Eu a enfaixaria e a levaria ao meu contato de médico clandestino mais próximo. Mas aquela não era uma garota normal. É óbvio que as coisas seriam diferentes.

Ela mantém uma de suas mãos sobre a minha, apertando sua coxa como se aquilo fosse ajudar a bala a sair. A outra mão ela começa a inserir dentro do ferimento fazendo uma careta de dor. Não consigo me conter.

- Você não pode fazer isso com a mão suj... – ela me interrompe antes que eu possa dizer que é loucura inserir uma mão contaminada de bactérias dentro de um ferimento daqueles.

- Só... aperta tabom? Podiam ter me criado com um organismo que expelisse corpos estranhos... – ela falava como se aquilo fosse distrair a dor – Mas não! Me fizeram com um corpo que cicatriza ao redor do corpo estranho e me deixa com uma dor infernal depois...

Ela solta um gemido de dor e em sua mão está uma bala ensanguentada. Sua mão treme enquanto ela observa a bala.

- Calibre nove milímetros é... – sua voz soa fraca dessa vez, quase nada – Muito profissional...

Ela desmaia, deitando o tronco no chão em um baque. Suas últimas palavras foram um deboche. Me sinto estranho. Sento-me no chão em frente à ela. Minha mão esquerda está ensanguentada. Respiro fundo enquanto a observo passando em minha cabeça flashs de tudo que acabara de acontecer. Eu atirei na perna dessa garota que tirou a bala da própria perna, praticamente sozinha. Coisas que até assassinos frios como eu teriam dificuldade em fazer. E agora ela está na minha frente. Provavelmente desmaiada pela dor de ter levado dois tiros em menos de trinta minutos. Suas calças arriadas até abaixo dos joelhos. Em sua mão uma bala ensanguentada da minha pistola. Olho para seu ferimento na coxa. Não é mais um ferimento. A pele está lisa e o sangue já começa a secar.


Notas Finais


Até o próximo obrigada por lerem!


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