História O Coração de Loki - Pensamentos impróprios

Thor saiu da ala medica nem um pouco feliz por não o deixar ver seu irmão. Pelo bem de Loki concordou em se retirar. Não queria feri-lo, longe disso. Mas por um impulso idiota lançou o martelo quando percebeu qual era a intenção de Loki. Não havia pensado que poderia o ferir fatalmente. Sua mente nublou e só conseguia pensar que Loki estava fugindo e que iria aprontar algo. Um segundo depois só podia pensar na grande estupidez que tinha feito. Ver Loki caído inconsciente no chão partiu seu coração. Um sentimento de perda igual quando pensou que o havia perdido quando caiu da Bifrost. Queria pegá-lo, segurá-lo e não deixar que nada mais pudesse feri-lo. Mesmo que, ele mesmo tenha esse poder.

  Tony e Bruce não deixaram que se aproximasse. Clint e Natasha o seguraram para trás, como se pudessem o impedir de alguma coisa se ele realmente quisesse. Mesmo a contra gosto, deixou que levassem seu irmão para longe.

   Agora ficava a espreita esperando a oportunidade de se aproximar. Sabia que estavam escondendo algo. Escondiam algo sobre seu irmão e iria descobrir o que era. Era seu irmão afinal de contas. Ele era o único a ficar sabendo que estava acontecendo. O único que deveria estar cuidando dele agora. Sua mente estava um caos. Tudo o que queria era manter Loki seguro e, ao mesmo tempo não parava de pensar que em qualquer momento Loki o olharia e daria aquele sorriso confiante e diria que tudo não passou de uma encenação. Uma brincadeira para zoar com a cara de todos. No momento daria qualquer coisa para ver aquele sorriso substituir o que ele tem visto nos últimos dias.

  Ele tinha que admitir que não tenha sido muito presente. Viajou para outros mundos e missões na própria Midgard. Não teve um tempo real com Loki para trocarem mais do que algumas palavras afiadas. Loki se escondendo e ele próprio fugindo. Do que exatamente, não tinha certeza. Há muito tempo vinha sentido algo que não estava disposto a analisar. Jogou os pensamentos para o canto mais sombrio da sua mente e os deixou lá. Pensamentos impróprios que não poderia sonhar em deixá-los transparecer. Loki nunca mais o olharia se soubesse.

  Mas em momentos como esse, estes pensamentos afloravam. Porque sabia que não queria apenas abraçá-lo como um irmão. Não queria acariciar seus cabelos como um irmão. E não queria sentir sua pele apenas como um irmão. Não sabia quando começou a sentir qualquer coisa além de afeto por Loki. Mas se lembra do momento em que tudo explodiu na sua cara e tentou se livrar deles antes que pudesse fazer alguma besteira e perder seu irmão e o respeito de todos.

  Lembrava-se de quando ainda muito jovens-talvez adolescentes como os midgardianos falam-durante um dos vários treinamentos, se pegou observando Loki em uma luta com o instrutor. Ele sempre preferiu os livros, era ótimo em magias. Mas também era um exímio lutador. Era ágil e forte. Seu corpo esguio se movia com uma agilidade de dar inveja em qualquer um. Não parecia lutar, parecia mais como uma dança. Ele recuava quando necessário e sem que o oponente percebesse atacava. E foi ali, logo após levar um dos melhores instrutores de Asgard ao chão, com os cabelos negros como a mais escura noite e amarrados em um rabo de cavalo, alguns fios soltos sobre a face, a respiração acelerada e um olhar de predador esperando para atacar novamente, foi bem ali que Thor percebeu que seu coração batia mais do já bateu algum dia. E não tinha nada a ver com a luta que tinha acabado de ver, ou tinha. Porque seu corpo reagiu de forma constrangedora. Sua pele estava quente e formigava. O único pensamento que tinha, era agarrar a nuca exposta de Loki e saborear os lábios entreabertos do menor. Passar a mão no corpo que não era musculoso como o seu e sim magro e tonificado.

Quando percebeu para onde seus pensamentos estavam indo, gelou até os ossos. Levantou-se de onde estava sacudindo a cabeça, como se assim pudesse apagar tudo que estava ali. Se levantou para sair. Não poderia ficar ali. Não percebeu que Loki já tinha acabado a conversa com o instrutor e o segurou pelo braço, o impedindo de continuar.

Foi como um ferro em brasa o tocando ao mesmo tempo, em que caia em um lago congelado. Não sabia o que estava acontecendo. Sem saber como agir se livrou da mão de Loki em seu braço com brusquidão, que assustou o outro. Loki mesmo assim perguntou se ainda iriam à feira. Coisa que sempre faziam após os treinos e depois iam nadar. Thor naquele momento não queria mais estar próximo do irmão. Queria estar longe e esquecer as coisas que havia acabado de imaginar. Não se lembrava do que havia dito para Loki, mas se lembra da expressão triste do outro enquanto ia embora.

Alguns meses antes nosso pai havia revelado que Loki era um Jotun. Aquilo só ajudou a piorar a relação já instável entre pai e filho. Thor garantiu a Loki naquele dia, que aquilo não mudava em nada sua relação como irmãos. Que não importava de onde ou o que ele era que sempre seriam irmãos. Sempre estaria ao seu lado. Naquele dia começou a quebrar sua promessa.

Thor não ficava mais sozinho no mesmo lugar que Loki. Não saiam mais para a feira ou tomar banho no lago. Nos treinos sempre havia algum amigo de Thor que muitas das vezes tirava a concentração de Loki o fazendo levar golpes e ir ao chão. Riam dele o chamando de fracote. Loki deixou de ir aos trinos. Sabia que treinava sozinho em algum lugar no castelo. Thor começou a aparecer nas festas sempre como uma garota diferente. E havia muitas festas. Thor sabia que era uma forma de esconder e suprimir qualquer coisa que vinha sentindo sobre o irmão. Entregou-se as batalhas e a romances passageiros e frívolos para provar não sabia para quem, que era um homem e não sentia atração por outro homem. Que não sentia atração por seu irmão que não era seu irmão.