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História O Crime da Rainha - Não me provoque


Escrita por: mLiang

Capítulo 16 - Não me provoque


A noite havia sido longa para a rainha de Nova Edenia, pois não conseguiu conciliar o sono. Ela ansiava saber se Liu Kang havia conseguido encontrar alguma solução para o problema em que estavam metidos. Teria que ser algo rápido para que ninguém mais soubesse do relacionamento dos dois.

Sindel foi logo para o seu escritório e negou o seu café da manhã, preocupando alguns dos servos. Deixou a porta encostada e sentou-se em um dos sofás estirando suas pernas jogando seus sapatos no chão. Sentia que acordava de torpor que uma paixão de adolescente lhe causou e uma ponta de arrependimento começou a vir em seu coração.

Eis que seus pensamentos foram interrompidos por algumas leves batidas na porta. Logo a rainha colocou os sapatos e abriu a porta se deparando com Jade com seu uniforme de guerra esverdeado e um lenço na cabeça feito de um tecido cru. Percebeu os sinais da insônia nos olhos da rainha, mas não ousou a perguntar nada a respeito. O que sabia era que teria que partir antes de a princesa acordar.

- Que bom que já está pronta – disse Sindel deixando que Jade entrasse no escritório – logo virão te buscar.

- Quem vai vir? – Jade perguntou enquanto depositava sua mochila de pano no sofá em que antes a rainha estava sentada.

- Fujin ainda não me disse, pode ser que seja ele próprio venha.

Jade comprimiu os lábios e voltou a pegar sua mochila sentindo asco daquela situação. Olhou um pouco para os quadros que estavam expostos na parede daquele cômodo e provocou, mesmo sabendo dos riscos que poderia correr:

- Ele sabe o real motivo de eu ter que passar esse tempo no Sky Temple?

Sindel respirou fundo e respondeu:

- Se eu fosse você não me provocaria.

Jade deu de ombros, aproximou-se um pouco mais da rainha e disse:

- Tudo o que você está fazendo é uma traição ao povo edeniano. É um crime inafiançável!

- Menina! – Sindel levantou a voz se impondo – eu acolhi você nesse palácio quando sua família morreu e você se tornou íntima de nós da família real, mas não lhe dá o direito de me peitar como está fazendo. Posso muito bem pedir a sua cabeça por me provocar dessa maneira. É até melhor que eu te mande para longe, pois não tenho dúvidas que minha vida viraria um inferno se você continuasse aqui com suas acusações na minha orelha dia e noite!

A mulata ficou espantada, pois nunca sequer imaginou em ver a rainha falar com ela naquele tom. Concluiu que aquela paixão em que Sindel estava envolvida mudou-a por completo. Não restava mais nada a fazer a não ser orar para que Kitana descobrisse aquele segredo o mais rápido possível. Sentiu vontade de chorar, mas se conteve e disse:

- Realmente Sua Majestade mudou. Espero que essa sua exasperação seja pela insônia desta noite.

Mal Jade terminou de falar, um guarda bateu na porta e anunciou a presença de Fujin no hall de entrada. Sindel lançou um sorriso de satisfação ao ouvir a noticia anunciada, passou na frente de Jade e disse a ela sem olha-la:

- Vamos.

Jade segurou com força a sua mochila e seguiu a rainha até o hall de entrada acompanhada também de alguns guardas. Ao chegarem viu Fujin com seus longos cabelos brancos em uma trança simples e vestindo o se traje de batalha. Ele olhou a guardiã e sorriu cordialmente:

- É bom vê-la, Jade. Como vem passado?

- Bem, obrigada. – ela respondeu num sorriso forçado.

Fujin se direcionou para a rainha e perguntou:

- Não ficou claro para mim o motivo de ela passar alguns dias conosco. Sua Majestade pode me responder?

- Bem, percebi que ela anda bem ansiosa e se irritando com facilidade.

Jade fuzilou a rainha com o olhar, pois sabia que se tratava de uma mentira, mas não disse nada e deixou-a continuar.

- E ela assim não é bom que acompanhe minha filha, por isso eu pedi que vocês fiquem com Jade por alguns dias, para que ela consiga ficar mais tranquila.

- Entendo – disse Fujin voltando-se para Jade – creio que ela voltará para Nova Edenia transformada.

A guardiã apenas baixou a cabeça para não transparecer mais a ira que estava dentro dela. Fujin se aproximou, pegou-a pelas mãos e disse com sua voz calma:

- Vamos.

Jade olhou para Fujin e perguntou tentando segurar o choro de raiva que estava preso em sua garganta:

- Posso pelo menos me despedir de Kitana?

- Não – respondeu a rainha categoricamente – é melhor que você vá sem despertá-la.

- Sim, Majestade – respondeu a guardiã sem olhar a rainha e baixando a cabeça.

Em seguida Fujin e Jade saíram da presença da rainha acompanhados por dois guardas da realeza. Foram acompanhados até a saída do palácio.

Enquanto pegavam a trilha para o portal, Fujin notou que o silêncio de Jade não era algo comum e podia notar a tristeza em sua feição. Olhou para ela e perguntou:

- Você não queria vir, não é?

Jade sentiu a vontade de mostrar a verdade sobre o real motivo de ela estar indo para o Sky Temple, mas não queria criar mais confusões podendo comprometer a sua própria vida então apenas disse:

- Tudo o que posso dizer é não tenho tido esse tipo de comportamento como Sua Majestade disse.

 

Era por volta das oito da manhã.

Kitana desceu as escadas com mais pressa que o normal como se estivesse a procura de alguém olhando de um lado para o outro. Ao ver um dos guardas passando pelo hall de entrada o chamou e ele de pronto atendeu:

- Sim, Alteza.

- Tem notícias de Jade? Ela não apareceu no meu quarto nesta manhã.

O guarda engoliu seco, mas como não pediram que ele guardasse segredo respondeu:

- Ela foi essa manhã para o Sky Temple junto com Fujin, pois a mando de Sua Majestade irá passar alguns dias por lá.

- E por que isso agora? – perguntou Kitana atônita.

- Perdão, Alteza, mas só sei isso mesmo.

- Tudo bem. Onde minha mãe está?

- Está na sala do trono reunida com um dos comandantes dos guardas.

- Obrigada.

Kitana saiu da presença do guarda e foi direto para a sala do trono a passos firmes. Como sua mãe não lhe consultara antes de tomar essa decisão? Havia um motivo muito sério para que Sindel fizesse isso. Mas Kitana precisava saber.

 Ao chegar à sala do trono a princesa viu sua mãe concentrada no que o comandante dizia. Resolveu então esperar encostada em uma pilastra enquanto aquela pequena reunião não acabasse. Nisso Sindel viu a filha ali próxima e pediu para que o comandante viesse mais tarde para que ele continuasse com seu relato assim deixando que ele saísse.

- Filha – disse Sindel aproximando-se de Kitana – faz tempo que estava aí?

- Sim, mas podia ter terminado a reunião com o comandante.

- A reunião não tem tanta urgência. Mas por que veio aqui?

Kitana olhou para os lados, respirou fundo e disse cruzando os braços:

- Por que levou Jade para o Sky Temple?

Sindel mordeu os lábios levando as mãos para trás e voltou seu olhar para o chão. Depois de alguns instantes e disse:

- Ela precisava de um retiro, andava um pouco nervosa e...

- Para mim Jade nunca me demonstrou tal comportamento – atalhou Kitana olhando firme para mãe – ela aparentava sim certa tristeza, que me preocupava muito de certa forma, mas não que ela precisasse passar uns dias no Sky Temple.

- Mas achei melhor que ela fosse para lá.

Kitana começou a achar o comportamento da mãe bem estranho, pois tinha certeza que sua mãe a consultaria. A partir daquele momento a princesa começou a olhar Sindel com outros olhos, pois sentia que sua mãe escondia algo.



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