A noite havia sido longa para a rainha de Nova Edenia, pois não conseguiu conciliar o sono. Ela ansiava saber se Liu Kang havia conseguido encontrar alguma solução para o problema em que estavam metidos. Teria que ser algo rápido para que ninguém mais soubesse do relacionamento dos dois.
Sindel foi logo para o seu escritório e negou o seu café da manhã, preocupando alguns dos servos. Deixou a porta encostada e sentou-se em um dos sofás estirando suas pernas jogando seus sapatos no chão. Sentia que acordava de torpor que uma paixão de adolescente lhe causou e uma ponta de arrependimento começou a vir em seu coração.
Eis que seus pensamentos foram interrompidos por algumas leves batidas na porta. Logo a rainha colocou os sapatos e abriu a porta se deparando com Jade com seu uniforme de guerra esverdeado e um lenço na cabeça feito de um tecido cru. Percebeu os sinais da insônia nos olhos da rainha, mas não ousou a perguntar nada a respeito. O que sabia era que teria que partir antes de a princesa acordar.
- Que bom que já está pronta – disse Sindel deixando que Jade entrasse no escritório – logo virão te buscar.
- Quem vai vir? – Jade perguntou enquanto depositava sua mochila de pano no sofá em que antes a rainha estava sentada.
- Fujin ainda não me disse, pode ser que seja ele próprio venha.
Jade comprimiu os lábios e voltou a pegar sua mochila sentindo asco daquela situação. Olhou um pouco para os quadros que estavam expostos na parede daquele cômodo e provocou, mesmo sabendo dos riscos que poderia correr:
- Ele sabe o real motivo de eu ter que passar esse tempo no Sky Temple?
Sindel respirou fundo e respondeu:
- Se eu fosse você não me provocaria.
Jade deu de ombros, aproximou-se um pouco mais da rainha e disse:
- Tudo o que você está fazendo é uma traição ao povo edeniano. É um crime inafiançável!
- Menina! – Sindel levantou a voz se impondo – eu acolhi você nesse palácio quando sua família morreu e você se tornou íntima de nós da família real, mas não lhe dá o direito de me peitar como está fazendo. Posso muito bem pedir a sua cabeça por me provocar dessa maneira. É até melhor que eu te mande para longe, pois não tenho dúvidas que minha vida viraria um inferno se você continuasse aqui com suas acusações na minha orelha dia e noite!
A mulata ficou espantada, pois nunca sequer imaginou em ver a rainha falar com ela naquele tom. Concluiu que aquela paixão em que Sindel estava envolvida mudou-a por completo. Não restava mais nada a fazer a não ser orar para que Kitana descobrisse aquele segredo o mais rápido possível. Sentiu vontade de chorar, mas se conteve e disse:
- Realmente Sua Majestade mudou. Espero que essa sua exasperação seja pela insônia desta noite.
Mal Jade terminou de falar, um guarda bateu na porta e anunciou a presença de Fujin no hall de entrada. Sindel lançou um sorriso de satisfação ao ouvir a noticia anunciada, passou na frente de Jade e disse a ela sem olha-la:
- Vamos.
Jade segurou com força a sua mochila e seguiu a rainha até o hall de entrada acompanhada também de alguns guardas. Ao chegarem viu Fujin com seus longos cabelos brancos em uma trança simples e vestindo o se traje de batalha. Ele olhou a guardiã e sorriu cordialmente:
- É bom vê-la, Jade. Como vem passado?
- Bem, obrigada. – ela respondeu num sorriso forçado.
Fujin se direcionou para a rainha e perguntou:
- Não ficou claro para mim o motivo de ela passar alguns dias conosco. Sua Majestade pode me responder?
- Bem, percebi que ela anda bem ansiosa e se irritando com facilidade.
Jade fuzilou a rainha com o olhar, pois sabia que se tratava de uma mentira, mas não disse nada e deixou-a continuar.
- E ela assim não é bom que acompanhe minha filha, por isso eu pedi que vocês fiquem com Jade por alguns dias, para que ela consiga ficar mais tranquila.
- Entendo – disse Fujin voltando-se para Jade – creio que ela voltará para Nova Edenia transformada.
A guardiã apenas baixou a cabeça para não transparecer mais a ira que estava dentro dela. Fujin se aproximou, pegou-a pelas mãos e disse com sua voz calma:
- Vamos.
Jade olhou para Fujin e perguntou tentando segurar o choro de raiva que estava preso em sua garganta:
- Posso pelo menos me despedir de Kitana?
- Não – respondeu a rainha categoricamente – é melhor que você vá sem despertá-la.
- Sim, Majestade – respondeu a guardiã sem olhar a rainha e baixando a cabeça.
Em seguida Fujin e Jade saíram da presença da rainha acompanhados por dois guardas da realeza. Foram acompanhados até a saída do palácio.
Enquanto pegavam a trilha para o portal, Fujin notou que o silêncio de Jade não era algo comum e podia notar a tristeza em sua feição. Olhou para ela e perguntou:
- Você não queria vir, não é?
Jade sentiu a vontade de mostrar a verdade sobre o real motivo de ela estar indo para o Sky Temple, mas não queria criar mais confusões podendo comprometer a sua própria vida então apenas disse:
- Tudo o que posso dizer é não tenho tido esse tipo de comportamento como Sua Majestade disse.
Era por volta das oito da manhã.
Kitana desceu as escadas com mais pressa que o normal como se estivesse a procura de alguém olhando de um lado para o outro. Ao ver um dos guardas passando pelo hall de entrada o chamou e ele de pronto atendeu:
- Sim, Alteza.
- Tem notícias de Jade? Ela não apareceu no meu quarto nesta manhã.
O guarda engoliu seco, mas como não pediram que ele guardasse segredo respondeu:
- Ela foi essa manhã para o Sky Temple junto com Fujin, pois a mando de Sua Majestade irá passar alguns dias por lá.
- E por que isso agora? – perguntou Kitana atônita.
- Perdão, Alteza, mas só sei isso mesmo.
- Tudo bem. Onde minha mãe está?
- Está na sala do trono reunida com um dos comandantes dos guardas.
- Obrigada.
Kitana saiu da presença do guarda e foi direto para a sala do trono a passos firmes. Como sua mãe não lhe consultara antes de tomar essa decisão? Havia um motivo muito sério para que Sindel fizesse isso. Mas Kitana precisava saber.
Ao chegar à sala do trono a princesa viu sua mãe concentrada no que o comandante dizia. Resolveu então esperar encostada em uma pilastra enquanto aquela pequena reunião não acabasse. Nisso Sindel viu a filha ali próxima e pediu para que o comandante viesse mais tarde para que ele continuasse com seu relato assim deixando que ele saísse.
- Filha – disse Sindel aproximando-se de Kitana – faz tempo que estava aí?
- Sim, mas podia ter terminado a reunião com o comandante.
- A reunião não tem tanta urgência. Mas por que veio aqui?
Kitana olhou para os lados, respirou fundo e disse cruzando os braços:
- Por que levou Jade para o Sky Temple?
Sindel mordeu os lábios levando as mãos para trás e voltou seu olhar para o chão. Depois de alguns instantes e disse:
- Ela precisava de um retiro, andava um pouco nervosa e...
- Para mim Jade nunca me demonstrou tal comportamento – atalhou Kitana olhando firme para mãe – ela aparentava sim certa tristeza, que me preocupava muito de certa forma, mas não que ela precisasse passar uns dias no Sky Temple.
- Mas achei melhor que ela fosse para lá.
Kitana começou a achar o comportamento da mãe bem estranho, pois tinha certeza que sua mãe a consultaria. A partir daquele momento a princesa começou a olhar Sindel com outros olhos, pois sentia que sua mãe escondia algo.
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