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História O Despertar do Tigre - Um Dia de Babá


Escrita por: Carolina_M

Notas do Autor


Não gente, essa fanfic não morreu e eu também não. Acho que dei uma desanimada de continuar com ela, principalmente por quê esse capítulo estava cozinhando no meu PC a séculos e eu nunca conseguia finaliza-lo. Um pouco por preguiça, e um pouco por falta de tempo. Enfim, espero que gostem e me desculpem pela demora.

Capítulo 4 - Um Dia de Babá


 Acordei cedo no dia seguinte. Não fazia a menor ideia de que tipo de roupa usar para ser babá de um tigre, mas como não tinha tantas opções assim na mala, optei por uma calça jeans e uma blusa de mangas compridas.

No final, tia Emma tinha conseguido me convencer. Ela nem fez muito, apenas fez um biquinho, que eu achei meio infantil para a idade dela e choramingou um pouco. Apenas concordamos que tínhamos que esconder isso do vovô.

Fiz um rabo de cavalo no meu cabelo e desci correndo as escadas, encontrando minha tia com um prato de ovos mexidos (eu já estava começando a achar que esse era o único prato que ela sabia fazer), um pacote de pães e uma caixa de suco de laranja.

-Já está arrumada? – ela perguntou com um sorriso. – Gostei! Levando o trabalho bem a sério.

Revirei os olhos, minha tia me tratava como se eu tivesse virado a diretora do zoológico, não como a primeira opção que ela achou quando uma garota quebrou a perna.

Tentei demonstrar o mínimo de entusiasmo que eu conseguia, mas isso parecia uma tarefa impossível, de repente, ser escravizada ajudando no casamento do Luke não parecia mais algo tão ruim comparado a uma morte sangrenta e dolorosa.

A verdade era que mesmo dando apoio para Waverly, quando ela quis adotar um bicho, eu não era muito boa com animais. Entrava em desespero quando um cachorro começava a pular e latir para mim e não gostava quando gatos erguiam as patinhas com garras afiadas de forma ameaçadora. Na minha cabeça, o contato diário com um animal de estimação com certeza mudaria meu medo de cuidar de um, mas eu nunca tive um animal de estimação.

O caminho para o zoológico foi bem curto, e mais cedo do que esperava me vi diante das portas que davam para a nova jaula do tigre. Max estava esperando encostado tranquilamente no batente da porta.

Minha tia lançou um sorriso amigável para ele e depois se virou para mim.

-Vou te deixar nas mãos de Max, ele vai ensinar tudo o que você precisa saber. Boa sorte! – disse me abraçando e depois correndo na direção onde eu imaginava ser o escritório ou alguma coisa do tipo.

Fiquei parada olhando-a até ela virar à direita e sumir da minha vista. Max pigarreou e me virei para ele.

-Vamos? – ele perguntou, já abrindo as portas e descendo os primeiros degraus que levariam até a jaula.

Seguimos em silêncio. A jaula do tigre ficava no patamar mais baixo, comparada às outras, e com várias grades de segurança para impedir que crianças encapetadas se jogassem lá dentro. Tinha uma ampla área verde com várias árvores e algumas rochas, mas isso não mudava o fato de continuar sendo uma jaula.

Saímos em um quarto de tamanho médio. Havia uma bancada com vários utensílios de cozinha e um freezer do lado.

Pisquei, tentando me acostumar com a súbita mudança da luz do sol para as lâmpadas penduradas no teto. Demorei a identificar uma forma encolhida e enrolada no canto mais sombrio do aposento. O tigre estava deitado com a cabeça entre as patas e parecia não ter notado nossa entrada no recinto, ou parecia não ligar a mínima para ela.

-Ele não deveria estar lá fora? – perguntei para Max – Na área verde com luz do sol?

-Sim, mas achamos que ele ainda está tentando se acostumar com o novo ambiente. Só Deus sabe o que esse amiguinho passou.

-Sabia que seu “amiguinho” tem uma mordida duas vezes mais forte que um leão e só perde para a onça-pintada?

-Quê? – ele perguntou olhando pra mim com uma expressão confusa e percebi que o tigre levantou a cabeça em nossa direção, como se nosso falatório o estivesse incomodando.

 Mesmo não gostando do meu novo e provisório trabalho, andei fazendo uma longa pesquisa na internet com todos os detalhes para cuidar do tigre. Peguei minha pesquisa dentro da minha pequena bolsa, as folhas estavam todas amassadas, mas não fez diferença já que não eram muitas. Entreguei nas mãos de Max.

Ele riu.

-Uau, parece que alguém fez a lição de casa. Tem até capa.

-Eu me esforço – falei dando de ombros.

-Certo. – ele ainda sorria. – Cuidar de um tigre não é um bicho de sete cabeças como você pensa, na verdade é bem fácil.

Ele começou a listar todos os cuidados que eu deveria ter e o que eu tinha que fazer, mas os meus olhos apenas encaravam os do tigre. Parecia realmente injusto um tigre ter olhos tão bonitos como aqueles.

-Qual o nome dele? – perguntei, interrompendo Max no meio de alguma explicação sobre o habitat natural de um tigre, coisa sobre a qual eu já havia lido na minha pesquisa.

-Nome? – ele perguntou parecendo chocado que meu maior interesse fosse o nome do tigre.

-Sim. Ele deve ter um nome, não?

-Nick. Pelo menos foi a parte que eu entendi do nome dele.

-É um nome tão difícil assim? – disse com um sorriso irônico.

Ele assentiu.

-Parece que é árabe. Ou indiano. Sei lá. – deu de ombros.

-Certo. Nick não é um nome tão ruim assim. O que eu tenho que fazer?

-Se você conseguir prestar dois minutos de atenção em mim talvez eu consiga te explicar.

-Se você conseguir encurtar sua explicação para: como não ser devorada enquanto alimenta o tigre, eu ficaria muito grata. – rebati.

Max sorriu, indo até o freezer no canto da sala.

-Certo, apressadinha. Todo dia, antes do zoológico abrir, o Michael, que é o cara que cuida da refeição de todos os animais daqui, vai colocar a refeição do dia para o tigre dentro desse freezer. – Max começou a explicar em um tom professoral.

-Nick.

-Quê? – ele perguntou, novamente sem entender.

-A refeição do dia para o Nick. – corrigi remexendo as mãos e olhando a todo o momento para o tigre, que nos olhava com ligeiro interesse. Aparentemente, não parecia que ele ia sair da jaula para me devorar, então fiquei mais tranquila e relaxei os ombros, que até o momento não tinha reparado que estavam tensos.

-Ok... Bem, como eu estava dizendo, provavelmente quando você chegar, a comida já vai estar no freezer. – ele abriu o freezer e sorriu vendo o que tinha lá dentro. – É só pegar a carne e colocar nessa vasilha. – ele apontou para um pratinho de gato gigante de alumínio.

-Tá. E o que mais? – perguntei olhando enquanto ele se sentava em cima do balcão.

-Vai precisar disso. Não me leve a mal, mas você tem uma cara de fresca. – Max estendeu duas luvas de plástico na minha direção.

Franzi as sobrancelhas, mas aceitei as luvas. Max sorria de um jeito estranho pra mim. Encarei o tigre, que me encarava de volta. Logo entendi e soltei um arquejo.

-Não. Nem pensar. Isso não estava no acordo. – resmunguei enquanto jogava as luvas de volta para Max e ia em direção à porta.

Max arregalou os olhos e pulou do balcão.

-Ei! Onde você está indo?- ele perguntou segurando minha mão antes que eu saísse.

Olhei para ele, e em seguida para o tigre.

-Eu sei que minha tia estava contando comigo. – comecei a falar em um tom meio desesperado. – Só que eu não levo jeito pra cuidar de bicho. Eu até concordei com a parte de dar comida, não parecia algo tão ruim assim. Mas...

-Mas...? – Max perguntou, claramente confuso.

-Mas eu realmente não consigo pegar...

-Pegar...?

-O cocô.

Max começou a rir.

-Ei! Quer parar? – perguntei, irritada, mas isso só fez com que ele risse mais.

-As luvas são para pegar a carne, não o cocô. – ele disse entre os risos. –Outra pessoa é responsável pela limpeza da jaula, você não precisa se preocupar com isso.

Soltei um suspiro de alivio.

-Ótimo. – olhei para o tigre, ele fez um som muito parecido com uma bufada e apoiou a cabeça nas patas, parecia estar se divertindo com meu sofrimento.

-Que tal tentar uma vez? – Max me ofereceu as luvas novamente e indicou o freezer com a cabeça. Assenti.

Calcei as luvas e fui em direção ao freezer. Peguei um grande pedaço de carne (pesava muito mais do que eu pensava) e coloquei dentro da tigela. A carne ainda estava fresca, provavelmente tinha sido colocada ali há pouco tempo.

Max atravessou a sala, parando ao lado de um botão azul protegido por uma caixinha.

-Esse botão fecha a grade de segurança. – ele apertou o botão e uma grade começou a descer no espaço entre o tigre e nós. –Ela é o que impede o tigre de te devorar, então não se esqueça de acioná-la.

-Não vou esquecer. – falei enquanto olhava para o tigre, ele continuava olhando tudo com atenção.

-Para entrar na jaula é preciso destravar essa tranca. – ele falou apontando um pequeno painel numérico acoplado a uma fechadura. –A senha é 194. Tente não se esquecer dela.

Franzi a sobrancelha. Eu era péssima para decorar números. Demorei dois anos inteiros para decorar o número do meu celular, até o chip quebrar e eu ter que comprar outro. Um verdadeiro resumo de trabalho perdido.

-194, certo? – perguntei enquanto remexia na minha bolsa e pegava uma caneta, que eu tinha colocado ali por acaso. Escrevi o número na palma da minha mão, me comprometendo a decora-lo até o final do dia.

Max sorriu e digitou os números no painel, fazendo com que a porta se abrisse. Entrei na jaula, um pouco hesitante e com a vasilha na mão, o tigre não se moveu um centímetro. Cheguei o mais perto dele que a grade e minha coragem permitiam e depositei a tigela com carne no chão.

Sai da jaula devagar, sempre olhando o tigre a minha frente. Max fechou a porta e apertou o botão azul, levantando a grade.

Nick olhou para a grade até ela sumir de vista, se levantou preguiçosamente e caminhou até seu prato de comida. Ele parou antes de dar a primeira mordida e me encarou. Seus olhos não estavam famintos ou cheios de um instinto de caçar, como eu imaginava. Estavam cansados e tristes.

Por um momento, parei para pensar no quanto tudo aquilo era horrível. Ele era apenas um pobre animal que tinha sido tirado da natureza para divertir crianças gorduchas e irritantes que iam ao zoológico apenas para comer pipoca. Pela primeira vez, consegui lançar aquele tigre de olhos dourados um olhar que não fosse de medo.

 

 


Notas Finais


Obrigada a todos que estão acompanhando! É muito bom saber que tem alguém lendo essa fanfic. Shaushauhsua.
Ps: Não vou prometer que o próximo capitulo vai sair logo, sempre que eu faço isso acabo demorando uma vida pra postar.


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