História O despertar. (Sasuhina) - Duas opções

     Hinata:         

            - Desculpa! – Dissemos ao mesmo tempo.

            O espanto era visível nos nossos rostos, Sakura estava segurando o choro e isso me fez sentir ainda pior.

            - Por que está se desculpando? Eu que errei feio com você! – Segurei a mão dela já não segurando as lágrimas. – Sakura, preciso te falar.. eu e o Naruto.. nós..

            - Se beijaram. – Ela sorriu fraco. – Eu sei, ele me disse. Não precisa se preocupar com isso, mas fico feliz que tenha me contado. Assim eu sei que posso continuar confiando em você.

            O mar agitado que havia dentro de mim foi se acalmando. Ela já sabia, Naruto não mentiu quando disse que ela conhecia seus sentimentos. Porém jamais imaginei que ela não estivesse chateada. A culpa foi se diluindo e o ressentimento que não notei que havia foi se transformando em carinho.

            - Agora é a minha vez. – Ela disse enchendo os pulmões de ar. – Hinata por favor me perdoe por ter sido uma péssima amiga, por ter ficado com o cara que você gosta sem pudor algum na sua frente, por ter sentido ciúmes do Sasuke e você e por ter falado mal de você e por.. e ..

            Ela não conseguia mais segurar o choro. Lentamente levante e a abracei, nos machucamos muito, mas somos amigas desde a infância e ela sempre me ajudou. Aqui começa uma nova história para as duas, mas não quero que sejam separadas.

            - Tudo bem, já passou. – Sequei suas lágrimas. – Agora coma tudo, senão seu noivo vai me matar por não cuidar de você direito.

            Após ter a deixado em casa continuei meu caminho, agora pronta para assumir meu lugar e virar a página da minha vida. Com todas as pontas soltar aparadas me sinto segura para ser quem eu realmente sou, chega de sofre e ficar feliz com isso.

            Avistei os portões da mansão, vários empregados e familiares das famílias secundárias corriam de um lado ao outro realizando suas tarefas. Assim que entrei na propriedade se curvaram e cumprimentaram, geralmente esse gesto me deixa sem graça, mas hoje eu não estou com cabeça pra gentilezas.

            Ignorando a todos continuei meu caminho decidida, quem com ferro fere com ferro será ferido. Já se passaram alguns dias desde que fui nomeada como líder do clã e até agora não fiz qualquer movimento, a não ser é claro diplomático. Todos já estavam acostumados com a vida dentro dos padrões, mas alguns esquecem que não são intocáveis.

            Pela hora o almoço já deve estar sendo servido, me direcionei para a sala de jantar sem me preocupar com os olhares sobre mim. A sim, eu estou um caos total, cabelos volumosos, uma blusa preta de treino qualquer e um short mas curto que o habitual, além dos óculos escuros.

            Acho que nunca mostrei tanta pele assim em púbico, mas quando me vesti a ressaca falou mais alto e o conforto era o único objetivo. Quem nunca?

            “Você precisa ligar o foda-se”

            Ri das palavras de Kakashi em minha cabeça. Com certeza os anciãos e meu pai acharão que eu surtei aparecendo aqui assim, em roupas inadequadas, fora da hora marcada e sem ser anunciada.

            Abri as portas da sala principal e entrei sorrindo. Meu pai sentava na ponta da mesa, no lugar do líder, minha irmã a sua direita e os mais velhos nos demais acentos. Me direcionei a outra extremidade da mesa e me sentei, negando os pratos que a empregada colocou imediatamente a minha frente.

            - Não precisa se incomodar, comi antes de vir. Muito obrigada. – Sorri tentando imitar aquele jeito sacana do Kakashi e a mulher ficou corada. Ora ora...

            - Filha, por mais que eu aprecie a sua companhia e queira passar mais tempo com você. O que significa tudo isso? – Meu pai não estava estressado, apesar dos olhares furiosos dos outros membros e de Hanabi. – Que modos são estes? E estas roupas? Você agora é líder do clã, precisa se preocupar mais com sua imagem.

            Coloquei a mão no queixo enquanto pensava em quão profundo era o significado daquela frase. Desde que me formei na academia ninja fiquei por minha conta, apesar de ter casa e comida até os 15 anos meu pai cortou qualquer verba para minha vestimenta, lazer ou todos os outros gastos que eu poderia vir a ter.   

            Então eu basicamente me sustentei desde os 12 anos, sendo completamente independente desde os 15. Era fácil notar a diferença de classe social quando saia com Hanabi, ela sempre vestia quimonos lindos e da mais alta costura, não precisava se preocupar com roupas comuns do dia a dia e por isso abusava dos trajes.

            Sempre que saiamos juntas ela entrava na loja e comprava o que queria sem se preocupar com valores, ia sempre aos salões e aos melhores restaurantes. Enquanto eu apenas a acompanhava para ter um tempo com ela, claro que não deixava ela notar meu incomodo ou as minhas dificuldades. Tudo que eu queria, tudo o que eu sempre quis, foi estar ao lado dela e que ela fosse feliz.

            - Ah sim, preciso melhorar a minha imagem. – Tirei os óculos escuros e a claridade me cegou por um momento. – Devo ficar impecável como Hanabi certo?

            - Hinata.. – Meu pai abaixou o olhar, parece que a ferida não doeu apenas em mim. – Me desculpe por tudo que causei. Terá total ajuda de agora em diante.

            - O que o fato dela ser uma grande desleixada tem a ver com as coisas do passado? – Hanabi mexia no cabelo arrumando uma mecha. – Hinata sempre foi assim, nunca se preocupou com quais roupas iria vestir ou com cuidar da beleza. Acha que só porque nasceu bonita não precisa se esforçar. É uma piada.

            Antes que eu pudesse responder meu pai bateu na mesa e a encarou furioso. Os olhos dela estavam tão arregalados que pareciam sair de sua face.

            - Hanabi pare com isso! Sua irmã sempre se esforçou para ter tudo o que tem, nada que ela conquistou teve nossa ajuda. Ela sempre trabalhou duro para obter seus bens e..

            - É exatamente isso papai. – Interrompi o discurso. Não vim aqui atoa, é hora de tomar a liderança. – Eu sempre trabalhei e você nunca fez nada a não ser ficar aqui e receber tudo do bom e do melhor.

            Senti uma chave virar em minha mente e sem o menor aviso toda aquela timidez e preocupação sumiram. Aqueles sentimentos de culpa, compaixão e pena.. não havia mais nada a não ser um grande incomodo com tudo que vem acontecendo.

            - E é justamente sobre isso que vim falar. – Me levantei e caminhei lentamente até minha irmã. – É muito injusto que mesmo depois de tudo isso você venha se comportando desta maneira, mamãe teria vergonha de você.

            Eu tenho plena noção das expressões em choque dos presentes e do sorriso irônico de Hanabi, mas cheguei até aqui e não consigo mais me conter. De tanto encher uma hora a represa se rompe.

            - Vergonha de mim? – Se levantou ficando de frente para mim. – Sou eu que me deito com qualquer um em troca de migalhas de atenção? Não, acho que não.

            E esse foi o momento que a represa finalmente se rompeu e inundou tudo ao seu redor. Com toda a raiva que eu sentia levantei a mão e com um tapa seco e alto atingi seu rosto. O impacto foi tão forte que Hanabi caiu no chão. A raiva me cegou e eu impedi qualquer um que tentasse ajuda-la.

            - Você tem cinco dias para se inscrever no corpo shinobi de Konoha e começar a trabalhar. Não me interessa a sua opinião, eu sou a que manda aqui e se você não gostou tem duas opções. Ou você melhora esse seu comportamento de merda e se mostra digna de ser nomeada ou me vence em um duelo. Então, qual vai ser?

            Meu interior tremia de ódio.. fazer isso com minha irmã era contra meu instinto natural de proteção. Estou me segurando para não correr e pegar ela no colo, implorando por seu perdão. Ah Hanabi, por que me obriga a fazer isso?

            - Então vamos lutar agora. – Ela se levantou e limpando a boca que sangrava levemente.

            - Meninas isso é realmente necessário? – Meu pai parecia desesperado.

            Me virei para ele e sorri, o abracei e transmiti todo meu amor a ele. Sim papai isso tudo é necessário, protegemos demais nossa pequena Hanabi e olha só o que aconteceu. Ela precisa crescer.

            - Sim pai. – Respondi me afastando caminhando até o pátio.

            O Pátio fica de frente ao portão principal da propriedade, quem passa pela rua consegue ver levemente a movimentação do lado de dentro. Todos que trabalhavam ali pararam para observar a confusão, inclusive as pessoas da rua ficaram assustadas com a barulheira vinda da mansão Hyuuga.

            - Vamos, me mostre tudo que sabe. – Disse enquanto assumia a posição de ataque ativando meu byakugan.

            Hanabia fez o mesmo, mas em questão de segundo veio em minha direção.

            Que rápida!

            Defendi seus golpes no tempo certo, eram precisos, fortes e liberava uma quantidade de chakra absurda. Ela é muito forte, não é atoa que papai havia a escolhido. Durante alguns minutos tudo o que eu consegui fazer foi me defender da sua sequência de chutes. Foi então que usou o jutsu oito trigrams 64 palmas, como resposta usei o mesmo artificio como defesa.

            Isso significa que eu posso ir com tudo. Não consegui conter o sorriso enquanto contra-atacava, pois apesar de fortes, seus golpes são previsíveis, seu padrão é fácil de se entender. Claro que era fácil apenas para um usuário do byakugan.

            Essa previsibilidade me permitiu ler seus movimentos e com isso consegui atingir seu braço antes que me tocasse bloqueando completamente seus pontos de chakra. Primeiro o braço direito, depois o esquerdo, então suas pernas. Hanabi já não se aguentava mais de pé, cambaleando enquanto tentava me atingir.

            O desespero tomou conta dela e assim perdeu a calma. Gritava enquanto tentava me atingir com movimentos descoordenados e fracos.

            - SEA DESGRAÇADA! EU VOU ACABAR COM VOCÊ!!  

            Confesso ter me divertido com seu olhar de desespero. Ela sempre me subestimou, me achando fraca demais que nem se deu o trabalho de levar essa luta a sério. Sem usar meus poderes oculares desferi um gancho de direita em seu queixo a fazendo cair no chão.

            Seus braços estavam cheios de manchas roxas, suas pernas tremiam tanto que já não era mais possível para ela ficar de pé. Respirei fundo me dando conta de que nenhum de seus ataques chegou a me atingir por completo, eu estou mais forte do que pensei. Sorrindo com minha conclusão me dirigi até o portão.

            - Lembre-se, cinco dias! – Gritei para ela acenando enquanto ia embora.

            Como pode uma sensação de realização tão grande vir acompanhada de uma leve tristeza. Coloquei os óculos para esconder meus olhos marejados e segui meu caminho. Ainda existem alguns pontos a serem resolvidos.

            - Próxima parada torre do Hokage! – Me alonguei e continuei meu caminho.