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História O Diabo no Colegial - Ansiedade


Escrita por: DoctorCase

Capítulo 55 - Ansiedade


Estava chovendo. Os pingos batiam no tecido do smoking e ensopava Chanyeol ainda mais. Seus cabelos estavam grudados na testa e nuca. Sentado no banco da fonte, ele pensava no que fazer.

Eram quase oito. Ele tinha desaparecido para o time de vôlei, dizendo que iria até Baekhyun. O erro deles foi não tê-lo acompanhado, porque Chan passou muito longe do prédio dos dormitórios.

Respirou fundo, com a visão embaçada. Não sabia se era a chuva ou as lágrimas. Bem, não importava. Sua respiração saia em fumaça. E ele olhou para as árvores do jardim, grandes muralhas assombrosas durante a noite. A escuridão penetrava entre os corredores entre elas como tentáculos. As corujas espreitavam entre as trevas da pequena floresta. Os grilos chiavam.

Ali, sentado de cabeça baixa, também estava o manto da tenebrosidade e desolação. Chanyeol carregava um mártir de culpa, aborrecimento e decepção. Nunca sentirá tanta raiva de si mesmo em toda a sua vida. Ele mesmo tinha estragado o encontro que havia preparado durante a semana toda, além do jogo, que também estava ansioso e tinha se preparado.

Mas, o nervosismo maior era ser recusado por Baekhyun.

Agora, nem poderia tentar ser rejeitado...

O lugar do encontro, um dos segredos de Baekhyun, o porão, foi fechado. Chanyeol não tinha palavras e nem fazia ideia de como explicaria para Baekhyun que o porão havia sido interditado. Tinha noção da importância que aquele lugar tinha para ele. E Chanyeol tinha um peso no peito, um dormente incômodo. Ele não sabia mais o que fazer com a merda da sua vida.

Além disso, para completar o pacote de merda do dia, ele havia perdido as alianças. Ele nem tinha refeito o caminho para tentar procurar, porque sabia que seria tempo perdido.

Ele fechou os olhos, deixando que a água levasse sua fúria.

Diabo. Ele se odiava.

Talvez não tivesse pessoa tão repugnante quanto ele. Tão inútil e desagradável. Ele era odioso, um leproso que merecia ficar isolado da humanidade. Sempre estragava tudo. Não conseguia se expressar.

Ah, sem falar da sua falta de controle da raiva, que era algo para se destacar. 

O vento gelado soprou contras as árvores, levando o restante de suas folhas, deixando as depenadas, nuas, com os galhos finos e sombrios à mostra, apontados para o céu sem estrelas. O sopro também bateu contra Chanyeol e o fez estremecer.

Ele nem tinha pensado em entrar. Iria ficar ali e talvez morrer de frio.

Não importava.

Não voltaria lá dentro.

Não tinha coragem para enfrentar Baekhyun. Nem como contar o seu fracasso. Como iria falar sobre as alianças para ele? Como iria dizer que o jantar tinha sido cancelado porque ele era um bosta?

Yoongi tinha sido culpado do porão ter sido fechado, mas se ele tivesse previsto que isso ia acontecer... Bom, não dava, mas mesmo assim Chanyeol procurava motivos para se culpar, para se martirzar ainda mais, torturar sua mente e corpo.

Olhando para as próprias mãos largas e os dedos longos, molhados, cobertos pelas gotas de chuva, Chanyeol se questionava  de sua própria existência e o porquê de Baekhyun estar com ele.

Baekhyun andava de um lado para o outro, roendo as unhas, retomando um hábito antigo.

-Ele disse que vinha pra cá.

-Essa merda de novo, não, vei. - Wonho reclamou, batendo a testa contra a parede, choramingando, fazendo drama.

-Mas ele não veio. - Kihyun cruzou os braços, olhando o estado inconsolável de Baekhyun que tinha tirado a jaqueta do smoking. - tá chovendo lá fora, ele não deve ter ido muito longe.

Baekhyun não aguentava ter que ficar sem saber sobre o que tinha acontecido. Só haviam lhe dito que Chanyeol havia sumido. Sem saber o porquê.

-Vocês vão me contar que merda tá acontecendo? - perguntou, furioso. Todos o encararam.

Tao decidiu falar, odiava ter que esconder e ver a condição de Baekhyun à beira de um ataque de ansiedade.

-Escute, o porão foi fechado.

Baekhyun arregalou os olhos, engolindo a seco. Ele só podia estar brincando com a cara dele.

-E... Chanyeol perdeu uma coisa importante pra ele. - as alianças. Tao encarou Shownu que estava agradecido por não revelar sobre elas.

Baekhyun queria saber o que era "aquela coisa", mas sua curiosidade era minúscula perto da preocupação com Chanyeol lá fora. Ele se virou, afastando as cortinas e encarando a tempestade. Chanyeol poderia estar em qualquer lugar e sair para procurá-lo estava fora de questão. Ninguém encontraria ninguém naquela chuva.

Baekhyun engoliu a seco, prestes a chorar, a liberar sua angústia. Sua garganta estava minúscula. Nem conseguia engolir.

-Ele vai voltar. Já são quase 9.

Baekhyun encostou a testa no vidro. Onde quer que Chanyeol estivesse, esperava que estivesse bem. E se tivesse passado mal e caído entre a escuridão das árvores?

-Eu vou lá fora. - decidiu. O time de vôlei e Kihyun, todos amontoados no quarto do capitão, levantaram a cabeça.

-Não, vai não. - Shownu disse.

-Você não vai me impedir. - rebateu.

-Eu não vou deixar você ir. Preciso cuidar de ti até o capitão voltar. É isso o que sempre me pede, caso ele não esteja presente.

"Presente"

O coração de Baekhyun bateu rápido.

Alguém socou a porta.

Baekhyun correu para abrir, suas mãos tremiam de ansiedade.

-Chan...

-Oi.

Yoongi estava na porta, ensopado, com os lábios roxos, a pele mais pálida do que o normal. Baekhyun estremeceu, dando um passo para trás, como se tivesse levado uma pancada. Quase todas as cenas ruins de sua vida se resumiam a Min Yoongi. E lá estava ele, na porta de seu quarto. Wonho e Kihyun se levantaram. Shownu já estava na porta, segurando-a para que batesse na cara de Yoongi.

-Que cê quer aqui?

Yoongi não tirava os olhos de Baekhyun, que estava tão desconcertado que havia perdido o jeito de se piscar.

-Eu quero falar com você, Baekhyun.

-Ele não vai falar contigo não, cai fora.

-Baekhyun.

-Yoongi, cai fora, cara. - Wonho proferiu, lá trás.

Baekhyun engoliu a seco, a garganta parecendo uma lixa. Suas mãos tremiam como se ele tivesse tomado o choque. As imagens de Yoongi rindo do sofrimento dele passaram rápido pela sua mente. Ele queria se esconder como todas as vezes, já como uma forma de instinto. Não se sentia protegido nem confortável com tantas pessoas ali no quarto que poderiam defendê-lo de um possível ataque de Yoongi.

Suga só sentia culpa, culpa e mais culpa lhe sobrecarregar os ombros. Sua mãe havia lhe ligado, dito que seu pai havia sumido. Ele não estava feliz. Precisava fazer algo antes. Redimir-se com a pessoa que mais fez sofrer por causa dos seus traumas pessoais. E daí por diante, pensaria em como viver o restante de sua vida ao lado de sua mãe, a partir do próximo ano.

-Baekhyun. Eu sei onde Chanyeol está. 


Notas Finais


jesus acha esse menino


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