História O Diabo no Colegial - Provador

Baekhyun estava envergonhado por andar de mãos dadas com Chanyeol em público. Todos o olhavam com certa curiosidade, conservadorismo, nojo. Chan não se importava. Baekhyun estava de cabeça baixa, querendo se esconder numa lata de lixo. Ele tentou se afastar, desgrudar suas mãos, mas Chanyeol a apertou.

-Bae. Caguei e andei pra eles. Que eles nos engulam.

John olhou a ferocidade do garoto mais alto.

-Quantos anos tem, Chanyeol?

-18.

John olhou para Baek, feliz pelo garoto ter escolhido certo. O Barão andava normalmente pelos corredores do shopping, parando de vez em quando, para ver os preços nas vitrines, aproveitando o passeio inédito. Ele não conseguiria fazer isso na Europa. Andar sem seguranças, escolta, apenas com roupas casuais, sem óculos escuros. Ali, ele era apenas um cara normal, um turista, em meio de japoneses que já estavam acostumados com os estrangeiros.

Porém, com demonstrações homoafetivas, não. Nem pensar. Se estivessem na Coréia, não importava se estava com um estrangeiro, e se estivessem falando inglês, ou a língua que for, iriam ser parados e orientados a não cometer aquela atrocidade em público, simplesmente por terem os olhos rasgados. Por serem coreanos.

O Japão não era diferente, mas ali, naquela cidade turística e os dois jovens sendo acompanhados por um turista inglês, eles não se atreviam a chegarem perto, por talvez, acharem que eram de outra nacionalidade. Talvez americanos com pais coreanos. Ingleses. Não importava.

Aliás, homofóbicos não se aproximariam do casal. Por causa de John. Mesmo não tendo seguranças perto dele, vários estavam espalhados pelo recinto e muitos, disfarçados, a paisana, rondavam o shopping,  buscando possíveis terroristas, fãs, turistas ingleses que poderiam fazer um escândalo no meio do shopping pelo Barão de Gales estar ali. Um dos seguranças estava se comunicando no ponto no ouvido, alto, moreno, americano, olhava para os lados, buscando militantes e ativistas da oposição. Ele iria parar qualquer um que tentasse se aproximar sem o consentimento do Barão.

Ingleses que defendiam a extinção da monarquia no país atingiam qualquer um da nobreza. E isso incluía profundamente o nobre John. 

Então, por esse motivo, teriam que tomar cuidado redobrado pela saída do Barão em um local público. E principalmente, por ele pedir caridosamente que não ficassem tão perto, para que os três aproveitassem o máximo os momentos, sem se lembrar que estavam sendo escoltados por diversos seguranças de preto.

-Baekhyun, você quer alguma coisa?

Baek balançou a cabeça. John sabia que ele não iria querer nada, mesmo, às vezes precisando. De repente, ele virou a esquerda, entrando em uma loja de departamentos mundialmente conhecida.

-Vamos escolher umas roupas, Baek.

Baekhyun ficou vermelho, encolhendo-se em Chanyeol. Chan começou a rir com o embaraço e empurrou Baek para frente, para John.

-Vai ser um programa pai e filho.

Os dois se encararam. John não tinha se arrependido de ter falado, só não esperava que fosse tão cedo.

-Escute, - respirou fundo, buscando nas palavras coreanas algum sinônimo que expressasse seus sentimentos corretamente. - quero muito fazer isso contigo. - olhou para o alto, para Chanyeol. - E Chanyeol vai me ajudar. Não vai, grandalhão?

Chan assentiu, cruzando os braços, observando a situação de longe, sorrindo. Sabia que Baekhyun estava feliz por dentro.

Baekhyun nunca teve um pai. Nem sequer conheceu o seu, que morreu antes dele nascer. Só ouvia as histórias de seu pai. De sua gentileza, de sua honestidade, da sua força de vontade para trabalhar. Nunca tinha entendido como seu pai e sua mãe conseguiram se apaixonar sendo tão opostos, diferentes, com caráter tão divergentes.

Baekhyun não sabia como se sentir sobre aquilo. Sobre John. Principalmente porque nunca teve um pai para saber como era, como se sentir, se portar, o que faziam, não faziam. Olhou para Chanyeol, buscando ajuda. Chan elevou os ombros. Também não sabia o que fazer.

-Tá bem. - Baekhyun balançou a cabeça, envergonhado demais para encarar o inglês.

John sorriu com a resposta, se aproximando do coreano, passando seu braço pelo seu ombro, o encaminhando para os corredores de roupas, cabideiros.

-O que você gosta de vestir?

Baek deu de ombros, olhando para os próprios pés enquanto andava. Chanyeol os acompanhava atrás, sorrindo de orelha a orelha.

-Eu percebi que você gosta de coisas mais simples. Você gosta de polos? Eu adoro polo. Eu tenho um certo... - ele riu baixo, lembrando-se da quantidade de polos que tinha em seu closet. - número alto de polos. Mas, - disse, apontando para o cabideiro com a outra mão, polos, polos e mais polos. - vamos comprar uma juntos!

Baekhyun foi para o provador. Chanyeol carregava a pilha de roupas. Um dos seguranças que estava na loja também correu para ajudar John, levando sua pilha de roupas nos braços grossos.

-Fica naquele. Eu fico nesse. - apontou para o do lado. - Quando você terminar, grita, que eu saio junto.

Baek assentiu. Os dois pegaram as polos azuis bebês, iguais. O coreano entrou, se despiu e encarou o próprio reflexo anêmico.

Fechou os olhos. Um turbilhão de sentimentos explodiam em seu ser. Não sabia se sentia agradecido. Ou se já achava estranho demais tantas coisas boas acontecendo em tão pouco tempo. Respirou fundo. John o chamou.

-BAEK, TÁ DEMORANDO MUITO! -Chanyeol socou a porta do provador. Baekhyun pensou que a porta ia tombar para trás.

-TÔ INDO!

Parecia que eram pai e filho. John sorriu largo, rindo dos reflexos deles no espelho grande. Chanyeol cobria o rosto, as risadas. Baekhyun se sentia ridiculamente feliz com aquela camisa.

-VAMOS LEVAR. - disse, colocando os braços em volta do ombro Baekhyun. - Vou pegar de outra cor, espere um minuto.

Chanyeol olhou para as duas pilhas de roupa no chão, imaginando que tinha alguma polo de outra cor ali no meio. COM TODA A CERTEZA.

Baek continuou se encarando, sorrindo como uma criança. Chan mordeu o lábio e o puxou pelo braço.

-Bae, experimenta essa camisa aqui. Eu peguei duas.

-Quê ? Mas... O...

Chan o puxou para dentro de um dos cubículos, com as duas blusas na mão, aos beijos com Baek. Ele jogou-a no ombro, deslizando as mãos largas pelo abdômen de Baekhyun até chegar na barra da polo, subiu-a. Parou os amassos. Despiu Baekhyun.

Os dois já se encontravam latejantes, as respirações ofegantes, Baekhyun saltou, enlaçando suas pernas no quadril de Chanyeol, que o segurou pelo traseiro.

Chanyeol beijava Baekhyun com desespero, desejo, com a calça apertada.

-BAEK?

Baekhyun parou, encarando Chanyeol com os olhos esbugalhados. Chan começou a rir. Baekhyun tapou a boca dele com a mão, sinalizando com os lábios para parar.

-JÁ VOU!