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História O Diabo no Colegial - Viver


Escrita por: DoctorCase

Capítulo 110 - Viver


Fanfic / Fanfiction O Diabo no Colegial - Viver

7 anos atrás...

Chovia. Os chuviscos batiam na janela. Chanyeol encarava o vidro rabiscado pela água. Sua garganta estava embargada. Ele não sabia o que fazer.

Com o celular na mão apertada, Chanyeol engoliu a seco. Era fato que estava tão envergonhado e ansioso pelo que tinha feito aquela tarde. O apartamento que era de Tia Sunhee se encontrava destruído. O sofá fora do lugar, as almofadas no chão, restos de prato e estilhaços de vasos.

Chanyeol tinha ficado irado pelo que tinha feito, mas não foi atrás de Baekhyun. Realmente iria se arrepender meses depois por ter sido intensamente covarde e não ir atrás do amor de sua vida.

Baekhyun tinha ido embora. E Chanyeol estava perdido em seus próprios pensamentos, tentando lidar com o sofrimento de ter perdido Sunhee e encarar o fato de que agora tinha a responsabilidade por sua mãe acamada.

Ele olhou para o celular, para o número de Baekhyun, a foto sorridente em seu contato.

Ele iria atrás dele.

Não poderia acabar com a relação daquela forma, sem ao menos pedir perdão pelas palavras duras que tinha dito. Encarou a aliança jogada no chão.

Pegou a, colocou de volta no dedo.

Seu coração batia forte com o suco de adrenalina que passava pelas suas veias.

Não era tarde demais.

Baekhyun deveria estar em algum lugar...

Ele não sabia. Iria procurar por ele até no fim do mundo.

Mas iria achá-lo.

Ele desceu as escadas, correndo, com a quentura subindo em seu rosto, a coragem tomando conta.

Abriu a porta da frente do prédio, com os chuviscos molhando seus cabelos e a camisa preta.

Duas pessoas com um guarda chuva se encolhiam, caminhando rápido para chegar em suas casas.

Havia um carro, há metros de distância. Uma sombra o observava com um sorriso no rosto.

Harry acelerou o carro.

Chanyeol atravessou a rua.

Com os faróis ligados contra a chuva, ele se aproximou em alta velocidade, batendo contra o corpo de Chanyeol, contra as pernas dele.

O corpo voou para longe, rolando no asfalto, ralando seus braços e as bochechas.

Chanyeol virou o rosto, com o sangue borbulhando em sua boca, os cabelos grudados na testa por causa da chuva. Seu corpo tremia, entrava em colapso por causa da dor. A perna direita tinha sido parcialmente destruída, o osso estava para fora do lugar, rasgando a pele; o joelho estava entortado; um grande corte na extensão da panturrilha. Havia também uma hemorragia interna no tórax, além dos machucados externos, nos braços, pernas, bochechas e cabeça.

As duas mulheres viram a cena, com os olhos esbugalhados, incrédulas que tinham presenciado um atropelamento, uma tentativa de assassinato.

Elas correram, largando o guarda chuva no meio fio enquanto o carro dava ré, para terminar o serviço.

As mulheres começaram a gritar.

Chanyeol tentou se levantar, se arrastar para a calçada, mas suas pernas não se moviam.

Pessoas saíram em suas janelas, acenderam as luzes de suas casas, algumas começaram a berrar de seus apartamentos, para que o carro parasse.

Um homem saiu correndo, de dentro de seu prédio, com uma arma em punho, ainda de pijama.

-Mãos para cima! Saia do carro! Saia do carro!

Harry se assustou, parando o carro quase em cima de Chanyeol.

Chan estava prestes a desmaiar, encarando as luzes fortes, molhadas com os pingos da chuva.

-Polícia de Daejon! Mãos para cima! Saia do carro! Saia do carro!

Harry engoliu a seco, encarando o corpo trêmulo e ensanguentado de Chanyeol. Faltava pouco para terminar com ele. Ele olhou para o policial a paisana, com a arma em punho, do lado de sua porta.

-Saia do veículo!

Harry saiu, com as palmas para cima, rendendo-se. Ele  foi virado e jogado contra o carro. A bochecha colou no capô quente do carro. Encarando os olhos de Chanyeol se revirando, perdendo a consciência.

-Você tem o direito de ficar calado. Tudo que disser será usado contra você no tribunal. Você tem direito à um advogado, e se não puder pagar um o estado lhe dará um defensor público. - disse enquanto as luzes vermelho e azul se aproximavam. A sirene gritava. As pessoas saiam de suas casas para ver a cena grotesca, o corpo estirado na rua, o sangue escorrendo até o meio fio.

A ambulância chegou pouco tempo depois, recolhendo Chanyeol.

A polícia levou Harry em custódia, chamando as autoridades do consulado e os encarregados de cuidar da imagem da família nobre Styles.

O caso foi arquivado, nem mesmo foi aberto um inquérito contra Harry. O atropelamento foi para o esquecimento.

Não passou na televisão que o filho do Barão Styles tinha tentado assassinar alguém por motivos passionais. Nem no jornal com as manchetes de que um filho inglês de um nobre havia atropelado alguém nas ruas de Daejon.

Muito menos, alguém perguntou sobre o caso.

O direito de Chanyeol de se defender contra Harry foi negado pela justiça da Coreia, que foi paga pela assessoria de imprensa da Família Styles.

Chanyeol foi esquecido por meses em um hospital, ao qual foi pago pela assessoria, para claramente o mesmo ficar quieto sobre o caso.

Chanyeol não conseguiu esquecer quem fez isso, quem o negou o direito de buscar a justiça. Por muitos anos, nutriu não somente repulsa pela família Styles, como também ódio por John e principalmente Harry.

A sua perna nunca seria a mesma. Havia uma operação, uma cirurgia de reparação para seu joelho, onde ele só poderia achar médicos qualificados em países da Europa e nos Estados Unidos. Ele teria que desembolsar muita grana para consertar o erro de Harry.

E ele não tinha. 


Olhando para sua perna, ele queria que Harry pagasse por tudo que fez. Com a vida.

Chanyeol tinha sido privado de muitas coisas durante sete anos.

Não poderia mais jogar vôlei.

E sentia dores intensas constantes.

Ele suspirou, abrindo o pote branco e despejou na mão dois medicamentos brancos, redondos.

Ele colocou na boca, sem ao menos beber água.

Não tinha tempo para isso.

Não tinha mais tempo para se lamentar.

Tinham pacientes esperando por ele.

Ele se levantou, pegando a bengala que tinha encostado de lado. Ali, no quarto onde os médicos poderiam descansar, ele olhou para a janela. O dia estava claro.

Ele tinha passado mais de trinta e cinco horas acordado.

Ele não ligava, se tivesse que salvar e ajudar as pessoas, mesmo se fosse o caso de privar-se de dormir.

Ou viver a sua própria vida.



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