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História O Diabo veste Armani - O resgate.


Escrita por: firefox1

Notas do Autor


Bom dia.
Segui mais um capitulo .
Boa leitura.
Respondendo a pergunta que fiz no capitulo anterior das notas finais. O personagem da Marvel que em um dos filmes teve como questionamento ser o único ser vivo sem coração. Era o meu amado Tony Stark.

Capítulo 6 - O resgate.


Fanfic / Fanfiction O Diabo veste Armani - O resgate.

     Ele havia efetivamente saltado da maldita embarcação. Draco permaneceu no convés e o olhou com uma expressão grave quando o viu ressurgir na superfície da água e começar a nadar em direção à praia distante, lutando para manter o autocontrole. Para trancar todo aquele desejo a sete chaves, nas profundezas de sua memória. Como aquilo tinha acontecido? Outra vez? Este homem quer de todo jeito fugir dele. Droga! Não havia mais ninguém a culpar a não ser a ele mesmo, o que só piorava a situação, ainda mais.

           – Perdoe-me, senhor, mas ele… Caiu? – perguntou uma voz por detrás dele, parecendo chocada. – Não deveríamos ajudá-lo?

    Draco não queria pensar em Harry como uma pessoa. Não queria sentir aquele seu sabor inebriante novamente em sua boca nem aquele insano desejo se agitar dentro dele outra vez, deixando-o tão rígido a ponto de quase sentir dor e parecer um estranho para si mesmo. Ele não queria nada daquilo.

           – Essa é uma excelente pergunta – resmungou Draco.

    Draco ainda o observou por um longo e tenso momento, dando aquelas braçadas longas e seguras em meio à imensidão azul, quase admirando a sua força de vontade, para não falar na sua graça e habilidade.

      Ele teve que se esforçar para manter o seu corpo sob controle e afastar aquele desejo denso que ainda latejava dentro dele. Havia sido o tipo de beijo que conduzia a cenas ardentes, e se aquele não fosse Potter, ele não teria pensado duas vezes, e o teria possuído ali mesmo, no chão do salão. E contra a parede. E sobre as almofadas macias na sala de estar. Repetidas vezes, só para se deleitar naquela química que havia entre eles e que ele tentara se convencer de que tinha esquecido completamente até aquilo voltar a ser a única coisa em que conseguia pensar. Mas aquela era Harry, o seu assistente pessoal. E Draco sempre fora um homem prático, focado em tudo o que fazia. Nunca havia se desviado do caminho que traçara para si, nem sequer ficara tentado a fazê-lo. Exceto por uma infeliz escorregadela na Espanha, naquela noite, e uma repetição ali, em seu iate.

    Aquilo já era demais. Ele tinha que recuperar o seu autocontrole e não voltar a cometer aquele mesmo erro. Ele o viu se virar na água, certamente checando se havia alguém atrás dele, e lutou contra aquela parte do seu ser que lhe sugeriu deixá-lo simplesmente por lá.

    Harry já o havia feito perder tempo demais. Sua agenda estava lotada naquele dia, e ele havia deixado tudo de lado a fim de tentar impedir que ele fosse embora. Por que fizera aquilo, afinal? E depois o beijara?

    Não importava, disse ele a si mesmo, implacavelmente. Harry era um assistente muito valioso para que ele corresse o risco de deixar que ele se afogasse. Ou de se tornar seu amante, como o seu corpo ainda demandava entusiasticamente. Havia pensado a mesma coisa, três anos atrás, quando ele se candidatara àquela promoção. Tudo deveria continuar exatamente como era antes.

    Draco não compreendia por que Harry queria deixar o seu emprego tão desesperadamente nem por que havia ficado tão furioso com ele, de uma hora para outra. Tinha, porém, certeza de que se investisse dinheiro suficiente naquele problema, especialmente se o único problema fosse os seus sentimentos feridos, tudo se resolveria. Ele torceu a boca. Ao menos era assim com todo mundo. Afinal, o dinheiro compra tudo.

         – Senhor? Talvez devêssemos usar uma de nossas lanchas. Ele já está um pouco longe agora… – perguntou o capitão, outra vez, mais subserviente e mais preocupado.

    Ele não estava gostando nada de Harry tê-lo feito sentir o que quer que fosse, menos ainda, algo como aquilo. Ela era o seu assistente pessoal perfeito, competente e confiável. Seu relacionamento com ele era impessoal. Foi só quando começou a enxergá-lo como homem que as coisas começaram a se complicar, e que ele começou a se sentir do jeito que imaginava que os homens mais fracos se sentiam – inseguro e até mesmo carente. Aquilo o horrorizara.

    Nunca mais, jurara ele, ainda muito jovem. Nada mais de sentimentos. Ele já havia sentido coisas demais nos primeiros 18 anos de sua vida, e sofrera muito por causa disso. Sucumbir àquelas coisas era para o tipo de homem em que ele não tinha a menor intenção de se transformar. Fracos. Maleáveis. Comuns. Aquelas idéias o haviam guiado por quase duas décadas.

   Quando algo estava fora do seu alcance, ele simplesmente o ampliava e tomava o que queria. Se não estava à venda, ele pressionava até que estivesse e freqüentemente por um preço menor que o seu verdadeiro valor, graças às suas maquinações.

     Se um homem não o queria, ele simplesmente realizava os seus desejos, quaisquer que fossem até este chegar à conclusão de que havia sido apressado demais em sua avaliação.

   Se seu assistente queria deixar o emprego, ele simplesmente o substituía, e se achava que deveria ficar ele lhe dava o que ele quisesse para tanto. Comprava tudo o que queria porque tinha cacife para tanto. Porque nunca mais voltaria a ser aquele menininho marcado pela vergonha de sua mãe. Porque não era, nem jamais seria governado por seus sentimentos.

    Aquela louca obsessão por um homem que já havia tentado deixá-lo duas vezes no mesmo dia estava se tornando perigosa. Harry o fazia desejar ser um daqueles molengas de romance de quinta, e ele se recusava a dar mais corda àquilo.

         – Prepare uma das lanchas – disse ele, em voz baixa, ouvindo, logo em seguida, toda a tripulação entrar em ação, como se só estivessem esperando ouvir a sua ordem. – Eu mesmo o buscarei.

     Ele detectou certa surpresa, por parte do comandante, diante de sua resposta. É claro, ele era Draco Malfoy. Ele não corria atrás de ninguém, muito menos de um funcionário. E mesmo assim, lá estava ele, indo atrás daquele homem. Mais uma vez. Aquilo era simplesmente inconcebível... Mas, ainda assim, ele o estava fazendo.

       Foi quando avistou, finalmente, uma figura abrindo caminho teimosamente pelo mar.

           – Vai entrar na lancha, ou resolveu fazer isso a noite inteira?

      Harry o ignorou, ou, pelo menos, tentou.

         – Estamos mais longe da praia do que parece – prosseguiu Draco, comprimindo os lábios. – Sem falar na corrente. Se não tiver cuidado, poderá ser arrastado para o Egito.

      Harry continuou nadando.

        – Prefiro mil vezes o Egito a um momento sequer a mais na sua companhia... – exclamou, mas Draco o interrompeu com um estalar de dedos para o capitão que estava operando a lancha. O motor ganhou vida, abafando qualquer palavra que Harry pudesse ter dito.

    Harry parou de nadar, olhando consternado e muito aborrecido para a pequena embarcação que girava em círculos concêntricos em torno dele. A água salgada bateu em seu rosto, e ele teve que esfregar os olhos. Quando voltou a abri-los, o motor já havia silenciado e a lancha estava perto demais, o que significava que Draco também estava perto demais. Suas lentes de contato com a água salgado estavam fazendo seus olhos arderem

        – Você está parecendo um porco espinho molhado – disse ele, do seu modo rude, como se estivesse se sentindo pessoalmente ofendido.

       – Oh – respondeu Harry, numa voz irônica. – Esperava que eu mantivesse o cabelo impecável enquanto nadava para salvar a minha vida?

      Harry precisou lançar mão de todo o seu autocontrole para não esfregar os olhos que ardiam.

          – Não quero pensar na sua péssima imagem agora – respondeu Draco, naquele tom enganadoramente suave. – Quero fingir que isso jamais aconteceu e que eu nunca tive que ver nada além da máscara perfeitamente serena que você normalmente usa.

        – Já eu, Senhor Malfoy, não dou a mínima para o que você quer. Na verdade eu gostaria que você se fu.... Harry não consegui terminar a frase, pois engoliu água e começou a tossir.

   Aquilo o divertiu. Harry viu a versão dele de uma gargalhada se mover por aquele rosto feroz, fascinante ao mesmo tempo. Bem dizem que satanás era um anjo caído e gostava de rir das desgraças que causada.

         – O que lhe importa ou não está entre as principais coisas que não me interessam a seu respeito. – A boca dura dele se entortou em uma versão fria e predatória de um sorriso. Harry teria preferido encarar um tubarão. Teria muito mais chances de sobreviver, se fosse aquele o caso. – Sei que é perfeitamente capaz de compreender o que estou dizendo, Sr. Potter. Vou esperar.

     Embora houvesse uma série de coisas que Harry desejasse jogar na sua cara, ele engoliu em seco e reavaliou a situação. A verdade era que ele estava cansado. Exausto. Aquela maldita praia não chegava nunca. Fora que o terno molhado estava pesando como chumbo.

   Como que para enfatizar aquele pensamento, uma nova onda bateu em seu rosto, fazendo com que ele engasgasse levemente e então afundasse. Lá, durante um segundo, Harry pôde flutuar sob a superfície e se permitir sentir o quanto estava quebrado, abatido. Aquilo fora demais. Cinco longos anos de preocupação e trabalho, imaginando futuros brilhantes nos quais ele jamais acreditara realmente. Não por inteiro, embora tivesse tentado.

    Quando Henry se livrasse dos vícios, dissera ele a si mesmo. Quando trabalhara tão duro porque o desejara, e não porque precisava fazê-lo. Havia sonhado muito e se convencido de que poderia acontecer, se ele trabalhasse o suficiente para isso. Sonhara deixar a sua infância corrompida para trás e alcançar algo mais brilhante, não é?  

   E então chegara aquele dia terrível em que ele recebera a notícia de que Henry estava morto.  Assegurou-se de pagar todas as contas e dívidas de Henry, enquanto um terrível pesar pairava sobre ele, à sua espera. Orgulhava-se de sua habilidade de ser perfeito para Draco; de satisfazer as suas necessidades, independentemente do que estivesse acontecendo em sua vida.

    Ler aquele e-mail, no início daquela manhã, em Londres, e enxergar a verdade a respeito de todos os seus anos passados com Draco havia sido a gota d’água.

     Parte dele quis simplesmente afundar, como uma pedra, ser envolvido pelo mar, e acabar com tudo aquilo. Simplesmente deixar-se ir. Henry não havia feito o mesmo? O que ainda o prendia tão firmemente ao mundo, afinal?

      Mas Draco pensaria que aquilo dizia respeito a ele, e ele simplesmente não podia permitir uma coisa daquelas. Aquele maldito ainda iria estar no seu velório e diria: Ele morrer porque não conseguiu aceitar que eu não o desejava.

  Harry se debateu, com força, e voltou para a superfície e para o sol, respirando fundo ao avistar Draco. Ele ainda estava lá, evidentemente irritado, como se não fizesse a menor diferença se ele afundasse ou não, contanto que não atrapalhasse mais o seu dia. De algum modo, aquilo era estimulante.

    Harry não ia submergir outra vez, compreendeu, então, ao olhar para aquele homem por quem ele havia se sacrificado, dia após dia, graças à sua mente fantasiosa. Não ia se machucar, nem por Draco nem por nada.  Havia uma força naquilo, pensou Harry, tirando a água do rosto e fingindo ser forte.

    Eu lhe prometo Henry, pensou Harry, ferozmente, fazendo a própria prece, que vou deixar esse homem e o levarei para Bora Bora, como você sempre quis. Eu o lançarei ao vento e à água, como jurei que faria. Depois disso, nós dois estaremos livres. Assim, Harry engoliu as palavras amargas que teria gostado de jogar na cara dele e nadou até o outro lado da lancha e estendeu a mão para agarrar a sua lateral. Draco se aproximou dele, tenso. Estava mais furioso do que Harry jamais o havia visto.

        – Está bem – disse Harry, inclinando a cabeça para olhar para ele como se aquilo não tivesse a menor importância. – Eu vou entrar na lancha.

         – Sei que vai – concordou ele, maldosamente. – Mas enquanto o tenho aqui, Sr. Potter quero estabelecer algumas condições, está bem?

      Harry afastou o cabelo do rosto.

        – Imagino que toda essa demonstração tenha sido um esforço calculado para fazer com que eu reconhecesse que você é, de fato, uma pessoa e não um objeto – continuou ele, naquele seu modo insuportável, tão condescendente.

       – Que conveniente para você ignorar quase tudo o que eu efetivamente disse – murmurou Harry, num tom semelhante.

       – Eu vou dobrar o seu salário – propôs ele, como se não o tivesse ouvido.

    Harry podia ficar com Draco e todo aquele dinheiro, ou recuperar o seu amor-próprio; ao menos o que restava dele. Não poderia ter ambos. Aquele dia o havia provado de maneira definitiva.

  Ele quis lhe dizer muitas coisas, mas o modo como Draco olhou para ele fez com que suspeitasse que, se dissesse alguma delas, ele o deixaria na água. Sabia exatamente o quão implacável ele podia ser, por isso apenas se agarrou na lateral da pequena lancha e olhou para ele.

          – Estou com frio – disse ele. – Vai me ajudar a subir? Ou terei que fazer eu mesmo?

      Um breve e intenso momento se passou, e então ele se inclinou e estendeu as mãos para Harry o ajudando a subir na embarcação. A água escorreu da roupa molhada, assim que Harry pousou os pés na lancha, e ele ficou subitamente ciente de seu estado. O tecido ensopado da calça, dez vezes mais pesado do que deveria enroscado e apertado demais em torno dos quadris e coxas, a blusa molhada grudará na pele, sob a brisa marinha e o emaranhado de seu cabelo molhado.

    Harry ergueu o olhar, e o ar pareceu fugir de seus pulmões. Não precisou ver os olhos de Draco para saber que ele olhava diretamente para o modo como as suas roupas ensopadas estavam se moldando a seu corpo. Seu estado era tão lastimável.  Harry olhou nostalgicamente para o mar, mais uma vez, chegando a pensar em voltar a cair na água.

          – Nem pense nisso – disse ele, entre dentes, e então várias coisas aconteceram simultaneamente.

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado.


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