Snif...
E-ela... Ela está morta! Morta mesmo... Como eu... Como eu poderei contar isso á ele? Como...?
Snif...
Lumiah... Ela não era diferente de mim... Ela só queria ser amada... E acolhida. Como o céu é com as estrelas...
-Snif... Ahh... *Gemidos de choro* Snif... .
-Você quer parar de chorar?! Ela morreu, está morta, não vive mais! .
-... Grrr... Como pode dizer isso tão friamente?! .
De joelhos ao lado do corpo, Azuuh olhou junto com lágrimas escorrendo. Seu coração está dividido entre a dor e o ódio.
-Ela ia te matar, Azuurah? Tem consciência que não fosse eu... Seria você que estaria aqui... Dura no chão? .
-E-eu...
-Eu sei que é triste, é sofrido, mas... Foi ela que te atacou... E não você.
A mesma abaixou o olhar, sentindo umidade no olhar. Sua cabeça também doía pelo choro.
-Vamos... Amanhã bem cedo venho e enterro ela... Eu prometo. Agora é noite... .
-Mas... E Leiftan? .
-... Hm... Tudo bem... Eu conto.
Soltando a mão da falecida, Azuuh levantou tremula e sensível.
-Não.
-Não? .
-Eu digo... Eu conto para ele... .
-Oh... Está certo então, vamos.
Indo, Ariel colocou seu casado nos ombros dela, porém a mesma não sentia frio, nada se compararia com a dor de ver seu amado arrasado. Chegando, antes de entraram, Leiftan avistou-os e correu até eles, contente e aliviado.
-Amor, que demora... Estava preocupado.
-Eu fui buscá-la e... Bem... .
Ariel olhou-a esperando palavras. Leiftan olhou-o sem entender.
-Azuurah? Tem algo para me contar? .
-E-eu... Huh... .
Sentindo a garganta fechar e os olhos escorregarem, abraçou seu próprio corpo em tremores.
-A-ah... A-aahh... L-Leiftan... .
Sua voz está embaraçada, tropeçando em letras juntamente com o choro. Logo o moreno se assustou e colocou as mãos nela, tentando algum contato.
-O que foi? N-não me assuste assim! Diga.
-E-eu... E-e-eu... Lu... Lu... .
-Lu? Ariel, o que está havendo? .
-*Suspiro* Ah... Bem... Ela quis contar, contudo... Não conseguirá, eu contarei.
Azuurah não tinha forças para impedi-lo. Leiftan lhe deu toda atenção.
-Diga! .
-O que está acontecendo? .
-É! Ouvi choros lá da Enfermaria.
Valkyon e Miiko chegaram despercebidos da situação.
-É isso que quero saber, muito bem Ariel... Conte-nos.
Azuurah abriu um pouco os olhos, vendo tudo embaçado, viu seu amado preocupado. Entretanto... O pior está por vir.
-Não é fácil... Foi algo horrível... Serei breve.
-Oras! Conte logo! .
-Lumiah atacou Azuurah com um punhal que sei lá onde conseguiu e tentou matá-la.
Leiftan arregalou os olhos petrificando seu corpo, abaixou os braços como não tivessem vida. Olhou-o não crendo em nenhuma palavra.
-Não... É mentira! Lumiah nunca machucaria ninguém! E...
-Mas ela fez! Olhe o ferimento no braço de Azuurah, um corte leve, mas ainda é um corte. Se não fosse por mim... Estaria chorando o corpo da sua amada e não da amiga.
-Oh... E-eu... O quê?! .
-Como assim Ariel? .
Valk também não entendeu. Miiko abaixou a cabeça.
-Sim... Sinto muito Leiftan... Mas eu tive que matá-la... Lumiah está morta.
-...
Sua respiração cessou. Todo o foco fixou em Ariel, seus olhos arderam e veias apareceram em seu rosto, uma energia floresceu dentro de si. Com ódio, agarrou a gola da veste do assassino com toda força.
-MALDITO!! .
-ARG!! L-Leiftan... E-eu...
-COMO PÔDE MATÁ-LA?! MISERÁVEL! .
-OU ERA ELA OU AZUURAH! .
-H-hã...? .
Aos poucos o soltou se separando. O ruivo ajeitou-se voltando a respirar.
-Como eu disse antes... Ela estava para matar Azuurah.
-...
Abrindo a boca sem conseguir recuperar fôlego, Leiftan olhou-o com pura tristeza. Azuurah cobriu os olhos, incapaz de vê-lo assim. Sentia-se culpada. Valkyon esmoreceu olhando para lado, lembrou da última vez que a viu. Tinha ficado tão feliz com um pouco de atenção que recebeu.
Lumiah... Você disse que teria muito tempo para vê-lo, mas... Por que fez isso? Estava tão desesperada assim? Eu... Eu devia ter dado mais atenção...
-Enfim... Ela está morta, mas Azuurah vive, eu fiz o certo.
Leiftan colocou as mãos no rosto, não conseguia raciocinar direito, sua sanidade está escapando pelo ar. Com a respiração pesada, olhou para cima. Seu coração foi destruído... Como sua melhor amiga poderia fazer algo de tão maligno? A pessoa que confiava a vida... Teve coragem de “arranca-lá”? Não... Não a Lumiah que conhecia...
-Não... Não...
-Leiftan... Eu...
-Não encoste em mim! E-e-eu sei que fez o melhor por Azuurah... Mas... Mas... Mas não precisava matá-la! .
-Eu fiz o que me deu tempo! .
-... Arf... Arf... N-não... Não... Lumiah... LUMIAH NÃO! ... .
Cobrindo a boca, sua respiração esquentava suas mãos. Suas pernas tremiam contra vontade. Lágrimas quentes escorriam pelo seu rosto frio. Um choro baixo e indescritível... Leiftan está em tremenda dor. Sem forças, caiu de joelhos. Sua visão avistava o nada. Miiko e Valkyon apenas olhavam... O que podiam fazer mais? Azuurah olhava-o se sentindo ainda pior, pior, pior! Queria abraçá-lo, envolver em seus braços, colocá-lo em seu peito e apertá-lo protegendo dessa terrível dor. Porém... Por causa dela... Ele está assim.
Batendo a testa no chão, suas mãos davam apoio no chão. Soluçava baixo e tremia sutilmente. Era tudo que conseguia fazer agora... O rei está no chão.
Depois de dois dias, Lumiah foi enterrada em um dos sepulcros reais, por determinação de Leiftan. Ninguém da família da falecida compareceu. A cerimônia não foi aberta ao público, então poucos apareceram. Ezarel e Valkyon não quiseram ir. Miiko e Kero não ficaram por muito tempo. No fim, apenas restaram Leiftan, Azuurah e Ariel. Que por sinal, atuou lindamente, até colocou uma lágrimas em seu rosto.
-Eu... Eu vou indo Leiftan... Preciso organizar algumas coisas... Mais uma vez... Sinto muito.
Sem dá-lhe ouvidos, o mesmo cansou de esperar uma resposta e se retirou, já mais longe sorriu como criança no natal. Azuuh permaneceu ao seu lado, mesmo sem trocar uma única palavra. Os dois estão como estranhos nesses últimos dias. Azuuh só quer respeitar a dor e o luto do seu. Já Leiftan... Quer se isolar, porém... Saber que não pode sofrer em paz é o que mais aflige. Ser rei também é não ter sentimentos e nem fraquezas.
-... Eu também vou indo... Não me sinto bem... Quero ficar com Nicolina... .
-... Tudo bem... .
Azuuh olhou-o, sentindo os raios de sol incomodar seus olhos inchados. O mesmo ficou como pedra, apenas olhava a lápide em silêncio. Seu único fio de conversa foi agora, contudo sua voz saiu baixa e dolorida. Suspirando, partiu deixando-o. Leiftan virou e olhou-a indo embora. Pensou que não suportaria perdê-la... Mas também... Metade do seu coração foi-se com Lumiah. Sua pior dor foi não cumprir sua promessa...
-Bem... Estamos sozinhos agora, pode falar tudo que está preso.
Olhando para lado, viu a imagem da sua amiga. Por dois segundo pensou mesmo que estava aqui, mas o vento levou toda a alegria precoce e sua mente lembrou-o que sua imaginação gosta de brincar.
-Você não está aqui. É tudo coisa da minha cabeça.
-Eu sei, mas fará bem conversar com alguém... Mesmo não sendo real.
-Fará? Com outras palavras me chamou de louco.
-Eu não! Você mesmo! Há, há! Lembre-se que é você que está imaginando.
-Ótimo... Estou enlouquecendo.
-Não, não pode. E sabe disso... Mas ficar contendo sua dor e raiva também não adiantará.
-E o que quer que eu faça? Grite? Quebre as coisas? Xingue mil palavrões? .
-Leiftan, Leiftan... Você está fazendo o que sempre fez, está se prendendo. Prendeu-se quando seu pai morreu e quase se matou, lembra? .
-Ah! Que bom... Estou levando sermão de mim mesmo.
-Não se sinta mal por mim... Eu sei que me ama muito.
-Mesmo? Tanto que nem te dei atenção.
-Você dá atenção para todos ao mesmo tempo, eu sabia que era ocupado. Não era criança, lembra? .
-Sim... Mas sempre te deixo de lado, como antes.
-Olha para você... Seus olhinhos estão inchados e doloridos, seu coraçãozinho apertado e espedaçado... Não é assim que te quero ver... .
-Lumiah... E-eu sinto muito... Muito mesmo... Eu disse que a segregação iria acabar, mas... Foram apenas palavras vazias... Snif... .
-... Em seu coração tem o principal... Força de vontade! Sei que conseguirá acabar com isso.
-Como? Eu sou... Eu sou fraco.
-Claro que não! Você está apenas começando... Sei que ainda fará coisas maravilhosas... Meu tempo acabou, mas o seu está florescendo... Pegue toda essa dor e transforme em força! Força para lutar não mais por mim... Por todos.
Leiftan se calou e seu choro passou levemente. Olhou sua amiga por uma última vez e sorriu concordando. E como o vento... Ela passou... Sumindo.
Obrigado Lumiah... Sei que em algum lugar onde estiver... Está torcendo por mim e por esse povo...
-Eu prometo Lumiah... Levantarei os caídos e darei nome aos anônimos! .
Depois de algumas semanas, a dor do luto parece ter diminuído, Leiftan está focado em cumprir todas suas metas e mesmo assim ainda dá um pouco do seu tempo para Nicolina e sua gestação. Azuurah passou alguns dias com sua família, também prometeu a si mesmo recolher forças, não por ela, por Leiftan.
Pela manhã, Nicolina resolveu passear um pouco, no vilarejo viu algumas crianças brincando e correndo. Imaginou que seu pequeno seria agitado também. Sua barriga já está à mostra. Na verdade o bebê está desenvolvendo com velocidade. Em poucas semanas seu ventre apresenta cinco, quase seis meses. No mesmo tempo que é assustador, também diminui o tempo de espera. Já que precisam do DNA do bebezinho. Andando sentindo o sol, viu como Leiftan é necessário.
-É por aqui! .
-Sim, vamos.
Vendo alguns homens do seu pai, ficou assustada.
-O que os empregados de meu pai estão fazendo aqui? .
Seguindo-os, entrou no QG junto a eles.
-Com licença, você seria Miiko? .
-Hã? Sou eu sim.
Miiko desceu as escadas falando, eles foram até ela um tanto frios.
-O que querem? .
-Estamos aqui com uma notícia sobre os reis de Costa de Jade.
-Oh! .
-Sério? O que é? .
Nicolina ficou alegre em saber e se aproximou mais.
-Sinto-lhe informar, mas o motivo de não terem dado informações antes... Foi porque... O rei e a rainha... Sofreram um naufrágio.
-NÃÃÃÃÃOOOO!! .
Nicolina caiu de joelhos e sentiu sua barriga. Seu grito foi longo e angustiante. Miiko arregalou os olhos, incapaz de acreditar.
-O quê?! Como assim?! .
-Todos esses dias... Estávamos à procura de seus corpos e bem... Achamos em uma ilha pequena... Agora confirmado... Viemos-lhes informar a trágica notícia.
Miiko colocou a mão na boca com apenas uma expressão. Nicolina no chão chorava loucamente sem ter como parar.
-Não! Não! NÃÃÃÃÃOOO!! MEUS PAIS NÃO!! NÃÃÃOOO!! AHHH!! .
-O que houve? Nicolina! .
Leiftan saiu da biblioteca e correu até ela pegando-a nos braços. Olhou para Miiko assustado e quando viu a expressão que ela emanava... Um arrepio mortal subiu pelo seu corpo.
-... O que houve agora? .
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