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História O doce amargo do amor - Estranha


Escrita por: Youraxyz

Notas do Autor


Olá para vcs.

Espero que estejam bem. Uma parte do capítulo de hoje está no tempo atual e outra há doze anos. Deste capítulo em diante as coisas vão começar a se encaixar e esclareceram sobre o que aconteceu.

Ignorem os erros por que novamente não tive muito tempo para revisar.

Sem mais, boa leitura.

Capítulo 17 - Estranha


Fanfic / Fanfiction O doce amargo do amor - Estranha

Lauren P.O.V.


- Por que eu já tinha te perdido. – Respondeu ela chorando.


Eu estava confusa, as palavras de Camila não faziam sentido. Fechei os olhos tentando organizar os meus pensamentos. Perguntas surgiram em minha cabeça fazendo-a doer ainda mais. Quando ela havia me perdido? Eu não conseguia pensar em uma resposta lógica para essa pergunta. Quando eu havia deixado que ela pensasse dessa forma? Mais uma vez eu não tinha resposta para essa outra pergunta. Me senti cansada e adormeci sem perceber. Não sei por quanto tempo eu dormi, quando acordei Camila estava sentada em uma cadeira ao lado da minha cama segurando a minha mão. Novamente as perguntas surgiram na minha cabeça. Será que tudo o que eu sofri com a ausência dela era minha culpa? Será que de alguma forma eu a afastei sem perceber? Por mais que eu pensasse não conseguia me lembrar de algo que pudesse fazer com que ela pensasse dessa forma. 


Não consegui pensar em algo que a fizesse ir embora daquele jeito ou que de alguma forma causasse seu descaso nos deixando anos sem notícias dela. Mudei de posição para olhá-la de perto, como eu sentia falta de vê-la adormecida. Sentia falta de acordar e sentir o calor do corpo dela colado ao meu. Os anos haviam passado, mas o que eu sentia por ela ainda estava vivo dentro de mim. Mesmo que eu tenha sofrido por vários anos, eu ainda queria ela ao meu lado. Eu queria amá-la de todas as formas, queria prendê-la em meus braços e jamais deixá-la partir novamente. Quando eu a via, todo sofrimento e toda raiva desaparecia no vento. Notei que a mão que estava livre estava presa em algo, um soro. Provavelmente ela chamara um médico para cuidar de mim.


Mesmo com a mão presa arrumei um jeito de aproximar ainda mais. Com cuidado toquei no rosto dela. Mesmo mais velha percebi que ela ainda era a mesma quando dormia. Notei que havia um leve tremor em minha mão, eu estava nervosa. Com as pontas dos dedos toquei seus olhos fechados, lembrei-me da maneira como ela me olhava demonstrando o quanto me amava. Toquei em seus lábios rosados, aquela boca havia me beijado de todas as formas. Nada fazia sentindo e eu estava confusa depois de ouvir as palavras de Camila. Duas lágrimas escorreram dos meus olhos, era a saudade doendo no peito. Uma saudade guardada durante muitos anos, que cresceu a cada dia solitário que eu vivi. Eu sabia que ela não me pertencia, que ela não era mais minha. E que talvez todo o meu desejo de tê-la de volta poderia não ser realizado. Camila abriu os olhos e me olhou parecendo preocupada.


- Lauren, você está bem? - Perguntou ela sentando na cama ao meu lado.

- Não. - Respondi sentindo um cansaço que deixava o meu corpo mole e para piorar ainda me deixava ofegante.

- O que você está sentindo? Dói em algum lugar? - Perguntou ela arregalando os olhos.

- Sim, aqui. - Falei apontando para o coração.

- Está doendo muito? - Perguntou ela ainda mais preocupada.


Olhei para sua expressão preocupada, era possível perceber que ela não havia entendido sobre o que eu estava falando. Levantei com dificuldade, Camila me ajudou a sentar na cama. Sua expressão indicava o quanto ela estava preocupada comigo. Coloquei a mão sobre o soro para retirá-lo. Aquilo não estava me ajudando em nada e me limitava. 


- O que você está fazendo? - Falou ela segurando o meu pulso tentando me impedir, mas já era tarde. 

- Por que fez isso? - Perguntou ela pressionando o local que sangrava um pouco. 


Me desvencilhei dela e a abracei. Desde que eu a vi pela primeira vez eu sentia a necessidade de tê-la em meus braços. Suspirei aliviada ao perceber que ela não tentava se afastar. Camila afagou os meus cabelos, como se me consolasse. Depois ela me abraçou, não pude conter o soluço que saiu da minha boca acompanhado de um choro doído. Eu havia esperado por muitos anos para estar com ela, todos os dias eu imaginava ela chegando em minha casa. Eu não queria pedidos de desculpas nem justificativas. Queria apenas que ela tivesse voltado para mim e desejava com todas as forças que ela ficasse eternamente comigo. E hoje pela primeira vez, eu percebi como isso não era possível. Já não pertencíamos uma a outra. Soltei-a, me afastei lentamente. Eu precisava olhá-la, precisava ver o que diziam os seus olhos.


Seu rosto estava molhado, ela também chorava. Toquei em seu rosto novamente, Camila me olhou confusa. Nossos olhos se encontraram, me perdi completamente em seu olhar. Estava lá, eu podia ver que ela ainda me amava. Eu podia ver o mesmo olhar apaixonado de anos atrás. Senti como eu me sentia antigamente, as borboletas voaram no meu estômago. Coloquei a mão no pescoço dela sem pensar direito no que eu estava fazendo. Então me lembrei da primeira vez que nos beijamos, estávamos em uma situação parecida. Camila segurou a minha mão retirando-a do seu pescoço, com certeza, ela sabia o que aconteceria a seguir. Abaixei a cabeça deixando que as lágrimas pingasse sobre edredom. Ela segurou em meu queixo me obrigando a levantar a cabeça e olhá-lo nos olhos. Camila secou as lágrimas insistentes que escorriam em meu rosto.


Aquela atitude me deixava ainda mais confusa, muito mais do que eu já estava. Novamente nossos olhos se encontraram, desviei o olhar sem saber o que fazer. Eu não queria forçar nenhuma situação, apesar de que ainda querer que ela voltasse para mim. Camila segurou o meu rosto com as duas mãos e se aproximou lentamente. Arregalei os olhos quando os lábios dela tocaram nos meus. Um beijo suave foi depositado em meus lábios. Segundos depois ela se afastou enquanto ainda prendia meu rosto entre suas mãos. Eu queria saber o que se passava na cabeça dela. 


Um selinho não era suficiente para mim, eu queria mais, muito mais. Aproximei dela e a beijei como eu havia planejado há muito tempo. Um beijo apaixonado, um beijo de quem esperou seu retorno por muito anos. Camila correspondeu, tornando o beijo mais urgente. Puxei-a para mais perto colando os nossos corpos. Senti os dedos dela deslizarem pela minha nuca e se prenderem em meus cabelos. Senti todo o meu corpo arrepiar por causa do toque da mão quente. Explorei boca dela, sentindo o sabor delicioso dela. Não sei por quanto tempo nos beijamos. Paramos para respirar, mas mantemos as nossas testas coladas. Meu olhar estava preso no dela, olhei-a tentando entender o que acontecia naquele momento com a gente. 


Palavras eram desnecessárias naquele momento. Só estragariam aquele momento épico em minha vida. Mesmo ainda ofegante a beijei novamente. Um beijo apaixonado, que dizia sobre como eu me sentia naquele momento por ela estar comigo. Camila interrompeu o beijo se afastando, resmunguei reclamando. Ela sorriu do mesmo jeito que fazia antigamente, de um jeito que me tirava o fôlego. Meu coração começou a bater ainda mais acelerado.


- Eu senti a sua falta. - Ela falou com os olhos marejados. 

- Eu também senti. - Falei abraçando-a.

- E eu ainda te amo. - Falou ela me apertando em seu abraço.

- Que? - Perguntei confusa sem acreditar no que eu ouvia.

- Eu nunca deixei de te amar. - Respondeu ela me soltando. 

- Então por que me deixou? - Perguntei ainda confusa.


Flashback, 12 anos atrás


Camila P.O.V.


Minha mãe entrou no quarto trazendo em suas mãos um envelope fechado. Ela parecia feliz com o que via. Ela me entregou o envelope, e saiu em seguida. O remetente era de um endereço do Japão. Achei estranho, não havia solicitado nada daquele país. Abri o envelope e encontrei um documento escrito em inglês. Nele dizia que eu fora aprovada para uma das melhores faculdades que existiam no país. E que tinha um nome tão difícil que eu nem mesma conseguia ler ou entender o que significava. Sai do quarto e fui ao encontro da minha mãe. A encontrei no escritório, ela estava ocupada falando ao celular. Puxei a cadeira que estava em frente a mesa dela e sentei aguardando que ela terminasse. Ela demorou quase dez minutos para encerrar a ligação. 


- Mãe, você sabe o que significa isso? - Perguntei confusa. 

- Não faço ideia. - Respondeu ela.olhando para a tela do computador sem olhar para o que eu lhe mostrava.

- Por que enviou um pedido para uma faculdade no Japão? - Perguntei imaginando que ela estava mentindo.

- Camila, eu já te disse que não sei de nada. Por que eu enviaria uma solicitação de estudos para o Japão sem o seu consentimento? - Perguntou ela.

- Por que você faz o que quer? E isso seria um bom motivo para você me obrigar a ir morar com você no Japão. - Afirmei. Ela havia recebido uma proposta de investimento de um investidor japonês e queria se mudar para lá a qualquer custo.

- Já conversamos sobre isso. Já sei que não quer ir e que prefere morar com seu pai a ir a comigo. - Respondeu ela demonstrando a sua chateação. 

- Você sabe muito bem que a escola é perto da casa do papai. - Respondi lembrando que essa deveria ser a milésima vez que conversávamos sobre assunto.

- Sim, é verdade. Mas há outro motivo para querer continuar lá. E esse motivo se chama Lauren. - Respondeu ela sendo irônica.

- Não quero falar sobre a Lauren. - Falei levantando da cadeira encerrando o assunto. 

- Por que não quer falar dela? O fato de eu não concordar com esse namoro não significa que não podemos falar dela. - Justificou ela me olhando sobre os óculos. 

- É exatamente por isso que não quero conversar sobre ela. Já sei a sua opinião e você também sabe sobre a minha decisão sobre isso. - Falei caminhando em direção a porta de saída. 

- Vai aceitar a proposta da faculdade? Pense em seu futuro e não nesse relacionamento que pode acabar a qualquer momento. - Ela falou e parei no meio do escritório assustada com o que ela dizia. 

- O que quer dizer com isso? - Perguntei irritada com aquela insinuação. 

- Nada. Apenas estou falando de uma realidade, relacionamentos acabam todos os dias e isso também pode acontecer com vocês duas. - Respondeu ela me deixando ainda mais irritada.

- Eu só espero que você não esteja planejando alguma coisa para que isso aconteça. - Respondi demonstrando a minha irritação. 

- Eu? Nunca faria isso com você, minha filha. Sei muito bem que jamais me perdoaria se eu fizesse algo assim. - Respondeu lentamente.

- Ainda bem que sabe. - Respondi ainda sem acreditar que ela não fosse capaz de fazer alguma coisa para me separar de Lauren.


Voltei para o meu quarto ainda tentando entender o que estava acontecendo. A conversa com minha mãe me deixou bastante intrigada, além de extremamente irritada. Aquela história começava a ficar estranha, peguei o celular e liguei para o meu pai. Ele também não sabia nada sobre a minha aceitação em uma faculdade japonesa. Apesar de ser uma oportunidade interessante, eu não consegui me imaginar anos estudando fora sem poder ver a Lauren quando eu quisesse. Estava fora de cogitação aceitar tal oferta. Me concentrei em organizar as minhas coisas para voltar para a casa de meu pai. Eu havia passado o fim de semana com minha mãe e não via Lauren desde então. Apesar de nos falarmos todos os dias, eu sentia a falta dela. 


Eu sabia que Lauren estava chateada apesar de não dizer nada. Havíamos combinado que viajaríamos juntas naquele fim de semana. Mas minha mãe exigiu que eu ficasse com ela. Eu ainda era menor de idade, e era ela quem possuía a minha guarda. Ou seja, apesar de morar com meu pai, eu ainda estava sobre o domínio dela. Assim como eu, Lauren sabia que s melhor coisa a se fazer era não contrariar a minha mãe. Que a qualquer momento ela poderia exigir que eu voltasse para casa, por isso eu não media esforços para responder os seus chamados. Sendo assim os nossos planos foram adiados.


Quando cheguei Lauren não estava em casa, fui direto para o quarto dela encontrando-o vazio. Levei alguns minutos para descobrir que ela não estava em nenhum outro lugar da casa. Eu não fazia ideia de onde ela teria ido, afinal ela não avisou que sairia naquele dia. Pensei que ela estaria em casa estudando para as provas finais como ela disse que faria. Liguei para o celular dela, de repente ouvi ele tocando no quarto dela. Para o meu desespero ela havia esquecido o celular. Peguei as minhas coisas e fui para o meu quarto. Entediada, liguei a tv e comecei a assistir um filme qualquer, mas não consegui me concentrar no que estava passando.


Desliguei a tv e ouvi vozes no andar de baixo. Até que enfim Lauren havia voltado para casa. Desci as escadas e a encontrei na sala. Para minha surpresa, ela estava acompanhada da mãe dela e de outra senhora. Pela sua expressão era possível ver o quanto incomodada de estar ali. A mulher parecia interessada na vida pessoal de Lauren. E era possível perceber o quanto ela tentava responder sem ser grossa com ela. Eu sabia que não podia interromper aquela conversa, por isso voltei para o meu quarto. 


Fiquei curiosa a imaginar quem seria a senhora que questionava sem parar sobre Lauren. Sem saber porque me senti incomodada com a presença dela. Depois de quase uma hora, ouvi a porta do quarto de Lauren se abrir e fechar novamente. Provavelmente ela ainda não sabia que eu havia chegado. Sai do meu quarto e fui em direção ao dela. Quando entrei ouvi o chuveiro ligado, eu queria entrar lá e tomar banho junto com ela. Mas fiquei com receio de que Clara aparecesse estragando o nosso banho juntas.


Sentei na cama e esperei que ela terminasse. Algo jogado sobre a cama chamou a minha atenção. Um envelope branco estava aberto e os papéis estavam parcialmente do lado de fora. Peguei o envelope e recoloquei todos os papéis dentro dele. Curiosa olhei o remetente, um endereço de Paris. Intrigada, retirei todos os papéis e encontrei alguns documentos. Haviam três cartas de recomendação dos nossos professores, em todos indicavam ser de Lauren. Em outro papel havia um pedido de vaga para uma universidade em Paris, o que mais me incomodou foi que este documento já estava preenchido, indicando que havia a possibilidade dela realmente querer estudar fora. Eu não conseguia acreditar que ela havia decidido ir estudar tão longe sem ao menos me dizer que queria fazer algo do tipo.


Ouvi o chuveiro ser desligado, peguei os papéis e os coloquei de volta no envelope deixando-o onde eu o havia encontrado. Antes que eu tirasse as minhas próprias conclusões, escolhi esperar Lauren me contar sobre isso. Quando Lauren saiu do banheiro enrolada em uma toalha, ela sorriu ao me ver ali. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela caminhou até onde eu estava e me deu um beijo delicado. Depois caminhou pelo quarto até o guarda-roupa, abriu as portas escolhendo o que vestir. Notei que ela estava nervosa, mas não disse nada aguardando que ela me dissesse o que estava acontecendo. 


Perdi o juízo quando ela retirou a toalha jogando-a sobre a cama. Todos os meus pensamentos se voltaram para Lauren completamente nua na minha frente. Levantei da cama e me aproximei devagar. A abracei por trás, Lauren se assustou quando a toquei, mas não se afastou. Minhas mãos frias deslizaram por sua cintura até parar em seus seios. Delicadamente Lauren segurou as minhas mãos retirando-as. Ela se afastou virando de frente para mim. Notei o quanto ela parecia cansada, havia olheiras enormes embaixo dos seus olhos. E isso me deixou preocupada. Ela sorriu, eu a beijei colando os nossos corpos. Lauren encerrou o beijo se afastando novamente.


- Agora não, Clara pode aparecer a qualquer momento. - Lauren falou voltando a escolher as roupas que vestiria.


Era a primeira vez que Lauren se recusava a fazer amor comigo. Às vezes era eu que a impedia de seguir em frente com medo de que alguém pudesse nos pegar juntas. Ela nunca se importou com isso, para ela qualquer lugar servia para transarmos mesmo quando alguém podia aparecer. Ela estava estranha, mas parecia disposta a não me dizer o que estava acontecendo. Se vestiu rapidamente enquanto eu a observava. Vi o momento em que ela caminhou até a cama e pegou o envelope jogando-o dentro da gaveta do criado-mudo. Depois se jogou na cama acenando para que eu deitasse ao seu lado. 


Deitei ao seu lado sem questionar, ela me abraçou fechando os olhos. Observei seu semblante suavizar quando ela pegou no sono. Eu não conseguia entender o que se passava com ela. Não fazia ideia do que havia acontecido em seu fim de semana que a deixara tão exausta. O que mais me preocupava era o fato dela estar estranha, senti que Lauren estava me escondendo alguma coisa. E eu tinha a sensação que, provavelmente, eu não iria gostar de saber sobre o que se tratava.

 


 


Notas Finais


Até o próximo capítulo.


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