História O Dragão Ladino (CANCELADA) - Um Novo Aliado

P.O.V. Baylord Yama

Vejo aqueles 3 anjos caídos atrás dela arremessarem suas lanças de luz em minha direção. A anja caída investiu contra mim ao mesmo tempo. Utilizei 3 jabs (soco rápido e de longo alcance do Boxe) para dispersar as lanças. 

A anja caída que já havia se aproximado fez um movimento horizontal com a lança, mirando a lateral de minha cintura. Preparei um chute de direita, parando a lança com o meu pé.

“Parar a minha Seinaru inparā (Empaladora Sagrada)... A força física dos homens-cães é realmente alguma coisa.”

Sua expressão de seriedade não sumiu nem por um segundo.

“Mas agora você é um demônio.”

Sinto ela aumentar a força que estava fazendo na lança.

Meu pé começou a arder, assim como pude sentir o cheiro de sangue. Tirei meu pé e pulei para trás, ficando ao lado do corpo do pirralho. Pude ver ela recuar para onde os anjos caídos estavam.

Avancei em sua direção e a vi fazer o mesmo. Ela é rápida. Quando estávamos em uma distância média ela planejou um movimento diagonal com a lança. Eu defendi com meu braço direito, podendo sentir uma ardência e o cheiro de sangue. 

Quando eu estava para ganhar proximidade pude ver ela voltar a pular para trás, e antes de investir em sua direção eu percebi 3 lanças sendo arremessadas em minha direção, que consegui desfazer com 2 jabs e um chute. 

Novamente vi mais 3 lanças sendo lançadas, mas dessa vez em direção ao pirralho. Pulei para trás e usei meu corpo de escudo, sentindo elas abrirem pequenos furos em meu abdômen. Sem ter tempo para respirar, pude ver aquela anja caída voltar a avançar contra mim. 

Em uma distância média, pude ver ela levantar a lança em direção ao meu pescoço, mas antes que pudesse acertar eu a segurei com minha mão direita, sentindo-a queimar com o contato. Puxei a lança para o lado planejando trazer a anja caída junto, mas ela se desvencilhou da lança. 

Vejo a lança que eu segurava se dispersar, assim como pude ver uma nova lança surgir em sua mão direita. Aproveitando o momento, investi com brutalidade em sua direção e comecei a desferir diversos socos, mas ela conseguia utilizar a lança para se defender de todos, apesar de recuar alguns passos a cada soco. 

Prevendo que ela utilizaria a lança para se defender, fingi um soco em seu rosto, mas abri as mãos para que pudesse segurar a lança. Sentindo o ardor em minha mão direita, mirei um chute em sua costela antes que ela pudesse soltar a lança e pular para trás. Ela pulou, mas não conseguiu desviar, fazendo com que eu atingisse sua cintura e a fizesse ser jogada em direção a uma casa.

[PAAM!]

Escutei o barulho de madeira quebrando.

Voltei minha atenção aos outros 3 anjos caídos, que haviam lançado 3 lanças em direção ao pirralho e já estavam para lançar outras 3 lanças.

Investi para a frente do pirralho e usei meu corpo como escudo, podendo sentir aquelas 3 lanças criarem pequenos furos em minha coxa direita e em dois locais um pouco acima da cintura. Outras 3 lanças foram arremessadas em minha direção, ao mesmo tempo em que vi aquela anja caída aparecendo e investindo contra mim.

Segurei o corpo do pirralho no meu braço direito e pulei para o lado, me esquivando das 3 lanças. Vejo a anja caída arremessar aquela lança dela em minha direção enquanto eu ainda estava no ar. Devido a velocidade, o máximo que consegui fazer foi colocar meu braço esquerdo na frente para me defender.

-!

Sinto aquela lança penetrar meu antebraço, me causando uma ardência extrema por todo o corpo. Ao pousar no chão pude ver aquela lança se desfazer, fazendo com que jorrasse uma boa quantidade de sangue.

“Phew… Que corvo irritante.”

Sorri enraivecido.

“Não acha que está me subestimando? Eu possuía 6 asas durante a Guerra.”

Seu tom de voz continua sério.

Olhando bem, ela possui 3 asas, mas eu posso ver pequenos fragmentos de outras asas em suas costas… Entendo... Ela perdeu as outras 3 em batalha.

“Não me satisfarei com as sobras, apenas com a sua vida.”

Falei com um tom ameaçador, mas ela não pareceu se abalar.

“A-Anaina-sama… O garoto tem a… Boosted Gear.”

Escutei uma voz fraca vinda de um pouco atrás da anja caída. Se trata daquele anjo caído de cabelos brancos. Ele possui um grande corte no braço esquerdo que está derramando bastante sangue, provavelmente obra do pirralho, está segurando sua costela com o braço direito e possui vários hematomas em seu corpo.

“Tenebrus-san…”

A anja caída fez uma expressão de surpresa ao ver a situação do anjo caído de cabelos brancos.

O tal de Tenebrus perdeu o equilíbrio, mas antes de chegar ao chão ele foi segurado por um dos anjos caídos que estavam na retaguarda dessa Anaina.

“Ele está inconsciente… O que fazemos, Anaina-sama?”

Perguntou o anjo caído que segurava Tenebrus.

“Leve-o para a capital e trate seus ferimentos. Ele parece possuir informações valiosas.”

Ao dizer isso, pude ver o anjo caído que segurava Tenebrus voar para longe.

“Diminuindo a vantagem numérica assim… Não acha que está me subestimando, Anaina-san?”

Perguntei irônico e coloquei o corpo do pirralho no chão.

Ao ouvir minhas palavras, sinto um olhar afiado vindo de sua parte.

“Foi você quem deixou meu pupilo naquela situação?”

Pude sentir a raiva presente em sua voz.

“Eu só completei o trabalho desse pirralho. Por que? Tem algum problema com isso?”

A satisfação se fez presente em meu rosto.

“E pensar que eu voltaria a matar um homem-cão 6 séculos após o extermínio…”

Uma lança de luz que emitia uma forte aura surgiu em sua mão esquerda.

O que?!

“Você… Não me diga que-...”

“Eu participei do massacre dos homens-cães. Me lembro desse dia como se fosse ontem.”

Interrompeu minha fala.

“Vadia… Se me disser quem liderou o ataque eu posso pensar em te dar uma morte menos sofrida.”

Apertei meus punhos e cerrei meus dentes com força. 

“Me entregue o portador da Boosted Gear e eu te direi.”

Ela entrou em postura de combate, assim como aqueles 2 anjos caídos criaram lanças de luz.

“Vai ser do jeito difícil então…”

Ativei minhas asas e fiquei mais ou menos 2 metros acima do chão.

Vejo aqueles 2 anjos caídos arremessarem suas lanças em minha direção ao mesmo tempo em que Anaina investiu contra mim.

Braço direito...

“Transformação Parcial 6ª Forma. Braço Vermelho Solitário.”

Vejo meu braço direito se transformar, ficando maior do que eu e adquirindo a aparência de uma grande pata de pelo vermelho com garras de enorme extensão.

Com um pequeno movimento com minha pata direita eu dispersei as lanças, Anaina planejava me perfurar com a lança, mas antes que me atingisse eu refiz o movimento com a pata direita, porém com uma velocidade muito maior, atingindo-a junto da lança e jogando seu corpo em direção a algumas casas.

[POW PAAM!]

Escutei o som de seu corpo se chocando com a madeira das casas.

“I-impossível!”

“O que é você?!”

Os anjos caídos me encaravam com pavor.

“Vamos acabar com esse incômodo.”

Os encarei com uma expressão séria.

Voei com velocidade na direção deles, que não tiveram reação por estarem congelados de medo. Levei minha pata direita a minha frente e perfurei seus corpos com minha enormes garras. Vendo que seus corpos ficaram presos em minhas garras, fiz um movimento lateral na direção da casa em que joguei Anaina, arremessando seus corpos para lá.

“Impressionante… Tenho medo do que aconteceria se sua raça tivesse a capacidade de utilizar magia.”

Escutei uma voz vinda do céu e vi Anaina acima das casas em que havia sido arremessada a pouco. Seu corpo estava levemente ferido.

“Magia? Só usa essa merda quem não se garante na porrada.”

Sorri irônico.

“De acordo com nossos dados, todos os homens-cães eram capazes de utilizar a transformação… Isso só me deixa mais convicta de que fizemos o certo em massacrá-los, e é por isso que terminarei com o que começamos!”

Disse com seriedade.

Vejo ela voar em alta velocidade na minha direção, só que dessa vez segurando duas lanças. Ao se aproximar ela começou uma série de movimentos com a lança, porém eu bloqueava todos com facilidade utilizando as garras da pata direita. 

Parti para a ofensiva e passei a avançar em sua direção enquanto tentava perfurá-la com minhas garras, porém ela estava defendendo com sérias dificuldades. Não demorou muito para que ela fosse encurralada contra a parede de uma casa.

Movimentei meu polegar de forma que pudesse perfurar sua cintura, porém ela utilizou a lança da mão direita para bloquear. Em seguida planejei descer a garra do dedo do meio para perfurar sua cabeça, mas ela bloqueou minha garra com sua lança. Ela estava fazendo força com ambas as lanças para que conseguir conter minhas garras.

Com um movimento rápido eu girei meu braço direito, liberando suas lanças e a fazendo perder o equilíbrio. Aproximei meu corpo do dela e acertei um forte chute em seu abdômen, fazendo ela ser arremessada com brutalidade e atravessar as paredes daquela casa e de mais algumas.

Com meu braço direito eu destruí todas as casas do caminho até conseguir observá-la. Ela segurava uma lança em sua mão esquerda e segurava seu abdômen com o braço direito. Posso ver sangue escorrendo de sua boca, assim como leves cortes em suas roupas.

“Mesmo o mais forte dos homens-cães... não era um monstro desse nível.”

Disse com uma expressão de dor em seu rosto.

“O que acha que eu fiz nos últimos 600 anos?”

Perguntei com um tom de voz tenebroso.

Pude ver seus olhos se arregalarem com a minha pergunta.

Passei a me aproximar lentamente. 

Ela arrumou sua postura com dificuldades enquanto me encarava.

“Um homem-cão deveria viver por no máximo 300 anos…”

“Como você disse, agora eu sou um demônio.”

Vejo ela voar e criar dezenas de lanças de luz, lançando-as em minha direção.

“Já que você está prestes a morrer eu irei lhe contar um pequeno segredo...”

Coloquei meu braço direito em minha frente, defendendo todas as lanças.

“... Isso não é nem metade do meu poder total.”

A encarei com desdém, podendo ver seu rosto ficar mais expressivo.

“O que você quer?! Vingança? O extermínio da nossa raça?”

Sua voz transborda raiva.

“Pouco me importa a sua raça, tudo que eu quero é o Cadre responsável pelo ataque. Me diga quem comandou o ataque e me poupe o trabalho de matar um por um para encontrar.”

Falei com seriedade.

O silêncio foi sua resposta. Alguns segundos depois pude ver ela levantar ambas as mãos e concentrar uma forte aura acima dela, que logo se transformou em uma lança idêntica a todas as que ela estava usando, porém essa emite uma aura mais forte.

“Prefiro morrer a revelar alguma informação.”

Falou com seriedade ao segurar aquela lança com sua mão esquerda.

“... Que assim seja.”

Falei com frieza.

Vejo ela inclinar seu corpo e descer com velocidade em minha direção com a lança na frente de seu corpo. Peguei impulso com minhas pernas e voei com velocidade em sua direção com minha pata direita a frente de meu corpo.

[CRIISH!]

Sinto sua lança se chocar com a garra do meu dedo do meio, criando uma grande pressão em meu corpo, porém não o suficiente para me fazer recuar. Continuamos travados nisso por alguns segundos, até que pude sentir sua lança começar a tremer.

Mais alguns segundos foram suficientes para sua lança se dispersar, fazendo eu continuar meu avanço. Ela tentou voar para cima tentando desviar, mas não foi capaz de fazer isso a tempo. 

[TROOOOR!]

Escuto o som da carne sendo perfurada no momento em que a garra do dedo do meio penetra a região de seu abdômen, fazendo com que ela se prendesse em minhas garras e vomitasse uma boa quantidade de sangue em minha pata.

Fiquei a encarando com seriedade, podendo ver seus olhos arregalados e expressão de dor.

“Se me disser o nome do Cadre você impedirá que outr-...”

Parei de falar ao ver seu corpo perder qualquer resquício de força.

“Droga… Só espera eu terminar de falar!”

Falei levemente indignado.

Desci o vôo e desativei a transformação, fazendo com que o corpo da anja caída caísse no meio da rua. Fiz a checagem e passei a andar em direção ao pirralho após confirmar que a anja caída estava morta.

Ao passar pelos restos das casas pude sentir um cheiro extremamente forte de sangue vindo delas. Após verificar percebi que haviam diversos corpos de anjos caídos com o pescoço cortado pela metade, além de poças de sangue abaixo dos corpos.

“Que porra aconteceu aqui?”

Fiquei surpreso ao ver isso nas 3 casas em que passei.

Finalmente cheguei na rua em que o corpo do pirralho se encontrava, podendo ver ele na mesma posição em que eu o deixei. Me aproximei e olhei com atenção para aquela adaga que ele apertava mesmo que inconsciente.

“Sangue…”

Posso ver manchas de sangue na lâmina da adaga.

Ren Amamiya… Esse pirralho é o responsável por isso?

Peguei o garoto e o segurei embaixo de meu braço direito, passando a andar calmamente em direção a muralha após isso. Passei alguns minutos andando, no fim das contas eu estava praticamente no centro do vilarejo dos caídos.

-!

Parei de andar e olhei para o lado direito, encarando uma casa em especial com intensidade.

“Se continuar com o esconde-esconde vai se arrepender.”

Falei com seriedade enquanto me virava na direção da casa.

Posso ver uma pessoa sair da lateral da casa e andar com as mãos no bolso até chegar na lateral da rua. A pessoa é menor do que eu (porra, mas 2,70 também né…) e está vestida em um terno. Está utilizando uma máscara branca com detalhes dourados que cobre o rosto todo, revelando apenas cabelos espetados de coloração escura e orelhas pontudas.

“É a primeira vez que me deparo com um cachorro tão grande… Seus sentidos são impressionantes.”

Sua voz é grossa, e se juntar o formato do corpo eu tenho quase certeza de que é um homem.

“E você seria uma imitação de elfo?”

Falei em um tom de ameaça misturado com ironia.

Ficamos nos encarando em silêncio por alguns segundos.

“Quem é você?”

Perguntei com seriedade.

“Me chame de Lars. É um prazer, Baylord Yama.” 

Então ele sabe meu nome...

Pude ver as asas de demônio saindo de suas costas, assim como ele tirando suas mãos dos bolsos e passando a andar calmamente para o meio da rua.

“Você e esse pirralho estão usando máscaras, isso significa que vocês estão juntos?”

Virei meu corpo conforme ele caminhava.

“Eu não sou seu inimigo e nem sou o seu aliado.”

Falou ao parar no meio da rua, a alguns metros de distância da onde eu estou.

“O que você pretende?”

Passei a encará-lo de forma ameaçadora, assim como minha voz passou a sair mais agressiva.

“Vingança, apenas isso.”

Falou normalmente enquanto gesticulava com as mãos.

“Vingança?”

Ergui uma sobrancelha ao perguntar.

“Assim como você, eu também possuo contas a acertar com os corvos...”

Ele sabe disso? Ele estava assistindo esse tempo todo? 

“O que acha de se juntar a nós no próximo ataque?”

Voltou a colocar uma de suas mãos no bolso.

“Um ataque? Então toda essa baderna que aconteceu foi obra sua?”

Perguntei com um tom de voz surpreso e irritado.

Esse desgraçado interrompeu o meu sono no fim das contas.

“Está vendo esse garoto?”

Disse apontando para o pirralho debaixo do meu braço direito.

“O que tem o pirralho?”

Perguntei levemente confuso.

“Temos um trato. Enquanto ele continuar realizando os ataques, pouparei sua vida e a vida daqueles que estão relacionados a ele de alguma forma.”

Então o pirralho está sendo chantageado por esse cara? E se ele estava assistindo até agora, por que ele não moveu nem mesmo um dedo para tirar o pirralho dessa situação?

“E por que chantagear esse pirralho? Ele nem parece tão forte assim.”

Perguntei com seriedade.

“Pense nisso como um incentivo, ele também tem contas a acertar com os anjos caídos. E ele pode ser fraco agora, mas seu potencial é insano.”

Então ele também tem alguma história com os anjos caídos… Interessante. E ele é um portador de Longinus, então o potencial dele deve ser realmente elevado, mas insano me parece exagero.

De repente vejo um círculo mágico de coloração roxa se formar abaixo dos pés de Lars.

“Diga para ele as seguintes palavras: "Me encontre no mesmo local às 22:00 de domingo.".”

Após dizer isso, vejo aquela luz roxa o consumir e ele sumir do local.

Ativei minhas asas e voei em direção a Diehmond. Esse pirralho precisa ser tratado logo… E ele tem muita coisa para explicar.

 

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P.O.V. Hyoudou Issei

Abro meus olhos lentamente e vejo um teto de madeira acima de mim. O teto está bem distante.

Eu estou deitado… Também sinto algo em minha mão direita. Levanto minha mão direita de forma que pudesse vê-la e percebo a adaga. Levantei minha mão esquerda e percebi que as mangas estão intactas.

“Porra… Eu ainda tô vivo?”

Falei com um tom de voz decepcionado ao mesmo tempo em que abaixei meus braços.

“Por muito pouco.”

Escuto uma voz grossa e intimidante.

Levantei metade de meu corpo e me vi deitado em um futon. Estou em um grande quarto com estruturas de madeira. A minha frente posso ver um… Cara? Sentado em uma cadeira a alguns metros de distância. 

Ele está vestindo uma calça Jeans clara, uma camiseta branca com detalhes de malha preta perto do pescoço, um casaco preto com listras brancas acima da camiseta e botas pretas com sola vermelha.

Sua estatura é insana, sua pele é clara, seus cabelos são vermelhos e parecem ser maiores do que eu. Sua boca e seus olhos possuem contornos pretos. Suas íris possuem contornos pretos e são preenchidas pela cor amarela, suas pupilas possuem o formato de um losango e a cor azul claro. Ele também possui orelhas grande e pontudas saindo do topo de sua cabeça.

O encarei sem expressão por alguns segundos. Como caralhos eu vim parar aqui? Não… Onde caralhos eu estou?

“Você... Ren Amamiya?”

Perguntou o cara.

“Esse sou eu.”

Falei e passei a fitá-lo com meus olhos mortos.

Escuto ele suspirar.

“Sou o demônio responsável pela segurança de Diehmond. Durante a madrugada de ontem os habitantes escutaram barulhos vindo do território de Akhuset, encontraram 5 vigias mortos, e quando fui verificar o Akhuset eu te encontrei inconsciente e cercado por anjos caídos…”

Então a minha batalha barulhenta com o corvo branco fez barulho e chamou a atenção do povo desse vilarejo… Mas o fato dos vigias mortos pode ser um problema para mim. E ele dizer “durante a madrugada de ontem”... Então hoje é sexta-feira?

“Após dar um jeito neles eu te trouxe para cá. O líder do vilarejo curou seus ferimentos e deu um trato nas suas roupas, mas você ficou apagado por um bom tempo.”

Eu definitivamente preciso aprender essa magia de recuperar as roupas…

“Entendo.”

Disse me levantando e colocando a adaga na bainha. 

“O líder do vilarejo quer falar com você, mas vamos comer algo antes.”

Disse se levantando.

“Certo.”

Pude ver ele andar em direção a porta e sair do quarto, eu segui seus passos e acabei me deparando com uma casa bem grande… Faz até sentido se você considerar a altura dele. A casa possui bastantes mobílias feitas de madeira, mas o modelo é um pouco mais parecido com o de uma casa atual do mundo humano.

Andamos até o local que eu julgo ser a cozinha, onde pude ver uma mesa no centro do local. Vejo ele se sentar em uma grande poltrona localizada em uma das pontas da mesa, em seguida ele aponta para a outra ponta, como se estivesse me dizendo para sentar lá.

Andei até a ponta da mesa e me sentei em uma cadeira consideravelmente grande. Olhei para a frente e pude ver algo como uma grande embalagem de sanduíche e um grande copo com um líquido de coloração… Peculiar… 

Subi um pouco o meu olhar e pude ver que ele possuía uma embalagem parecida e um grande copo, assim como eu. Ele estava me olhando como se estivesse me analisando.

“Bom, obrigado pela comida.”

Falei enquanto abria a embalagem, podendo ver um… Sanduíche? É extremamente parecido com um sanduíche da Subway, mas é muito maior. Eu diria que tem cerca de 50cm.

Levei o sanduíche a boca e dei uma mordida.

…

É realmente parecido, mas eu acho que os sanduíches do mundo humano são superiores.

Subi meu olhar e pude ver aquele cara me observando com um pouco de surpresa, mas eu ignorei isso.

Continuei comendo o sanduíche enquanto era observado, após algumas mordidas eu peguei aquele copo e bebi um pouco, podendo sentir um gosto estranho, porém não é ruim.

“Não tem medo de que possa ter colocado algo na comida?”

Perguntou com um tom de voz curioso e expressão levemente surpresa.

“Você teria o trabalho de me salvar só pra me matar de uma forma tosca depois?”

Perguntei calmamente.

Vejo ele soltar uma leve risada com isso e desembalar seu sanduíche.

“Tem razão. Eu ainda não me apresentei, certo? Me chamo Baylord Yama.”

Disse antes de dar uma boa mordida no sanduíche.

“Certo, Yama-san.”

Dei uma mordida no sanduíche após falar. Estou quase na metade.

Continuamos comendo em silêncio por quase 1 minuto. De repente ele passou a me encarar com seriedade.

“Preciso que me explique o que aconteceu ontem.”

Disse com um tom de seriedade, me fazendo também ficar sério.

Tomei um gole daquele líquido estranho e respirei fundo.

“Eu planejava invadir o território dos anjos caídos e fazer um extermínio. Consegui entrar no território deles e matar talvez metade do vilarejo antes de ter sido cercado, o resto você já sabe.”

Dei uma explicação direta e resumida, fazendo ele suspirar.

“E quais são os seus motivos?”

Dei uma mordida no sanduíche e o embalei novamente. Estou cheio, vou deixar esses prováveis 15cm para depois.

“É uma história um pouco longa, quer ouvir ainda assim?”

Voltei minha atenção para ele, que me encarava atentamente.

Ele balançou a cabeça positivamente, como se estivesse me dizendo para prosseguir.

“Era uma vez um garoto com uma vida preto e branco, em um dia como qualquer outro ele planejava cometer suicídio, foi qu-...”

“Suicídio!?”

Me interrompeu com uma expressão confusa.

“Sim. Continuando, antes de se matar, uma garota apareceu e enfeitiçou o garoto. Ele foi iludido durante uma semana, até o dia em que ambos tiveram um encontro. No fim do encontro essa garota se revelou um anjo caído, humilhou e matou o garoto.”

Parei para beber mais um gole do líquido estranho, podendo ver a expressão atenta de Yama.

“Esse garoto foi revivido como um demônio e se tornou um escravo, mas conseguiu liberdade parcial depois de alguns ocorridos. Ainda assim, o garoto foi atacado por anjos caídos de novo e de novo, até o ponto em que eles sequestraram e mataram uma pirralha na frente dele.”

Paro para respirar e vejo que Yama agora estava de olhos arregalados.

“A responsável por isso é a mesma que matou o garoto. No fim das contas a anjo caído morreu e o garoto acabou vendendo sua liberdade parcial para reviver a pirralha. Creio que posso parar por aqui.”

Vejo Yama colocar uma de suas mãos no queixo.

“Eu consigo te entender, mas você já não conseguiu sua vingança? Afinal, você disse que o anjo caído fêmea morreu.”

Não posso falar do plano de esvaziar o inferno…

“Ela era uma mera subordinada, meus reais objetivos são Azazel e Shemhazai… Além de que, se os líderes são assim, os subordinados também estão corrompidos, então matar todos é a melhor opção.”

Falei com seriedade e uma pitada de rancor na voz.

Se me lembro bem, Raynare disse que fez tudo em nome desses dois, então é correto eu considerar que eles são culpados.

Uma expressão de espanto surgiu no rosto de Yama, mas logo foi substituída por um sorriso de canto. Ele deu uma mordida em seu sanduíche e após alguns segundos voltou a falar.

“Após alguns acontecimentos, uma cara mascarado apareceu e disse que estava com você, seu nome era Lars.”

Falou com seriedade.

Lars? Então ele estava assistindo tudo? Bom, acho que não seria difícil se esconder, mas eu me lembro dele se teleportar…

[Esqueceu? Ele pode ter se teleportado e voltado em seguida, ou talvez apenas se teleportou um pouco para longe e te seguiu a certa distância.]

Hmm… O teleporte é algo útil, ainda quero aprender a usar.

“Lars… Eu o conheço, mas não faço ideia de quem seja.”

Ao ouvir minhas palavras, Yama me encarou duvidoso.

“O que isso deveria significar?”

Perguntou levemente irritado.

Suspirei.

“Alguns dias atrás eu fui atacado por ele. Ele possui muitas informações sobre mim, além de possuir informações das pessoas com quem eu convivo. Ele me derrotou completamente e disse que iria me poupar se eu atacasse o território dos corvos.”

Falei calmamente.

Yama terminou de comer seu sanduíche e pareceu pensar por alguns segundos.

“Entendo… Já me decidi!”

Falou com seriedade.

Decidir? Será que ele vai me matar? Não… Talvez me use de refém… Ou talvez ele me entregue para o Maou? 

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Aproveitei para terminar de beber o conteúdo do copo. Vejo Yama terminar de beber o conteúdo do copo e se levantar, peguei o resto do sanduíche e coloquei em um dos bolsos de dentro do sobretudo, me levantando em seguida.

“Vamos fazer uma visita ao líder da vila.”

Falou calmamente, mas pela forma como isso saiu, acho que não tenho opções.

Dei de ombros e passei a seguí-lo para fora da casa. Ao sair pude ver o céu com uma coloração meio azulada, assim como algumas nuvens. A casa em que estávamos fica no meio de uma fileira, sendo a maior das casas entre os arredores. Posso ver que cada casa possui um formato estranho assim como vi pela noite.

Passei a andar lado a lado com Yama, seguimos pela rua. Pude ver algumas pessoas andando pelas ruas, crianças brincando… E todas as pessoas cumprimentavam o Yama quando ele passava, mas o mesmo apenas respondia com acenos de cabeça.

Após alguns segundos andando nós chegamos no que eu creio ser o centro do vilarejo, mas o que mais me chamou atenção foi um grande Dojo estilo Japonês no centro do centro do vilarejo. Várias pessoas estavam andando pelos arredores, e elas também cumprimentavam a Yama, porém me encaravam pelo canto dos olhos, o que é aceitável.

Entramos no Dojo, e devo dizer que isso me surpreendeu muito. Posso ver algumas arenas de Boxe pelo local, também posso ver alguns pesos e sacos de areia… Existem vários equipamentos por aqui também.

“Porra, isso é uma academia?”

Sussurrei surpreso.

“Mais ou menos isso.”

Respondeu Yama tranquilamente… Calma, ele escutou?

Posso ver algumas das arenas sendo ocupadas por homens que estavam com luvas de boxe e lutavam entre si. Yama passou a andar reto pelo local, eu passei a seguí-lo. As pessoas que estavam no local pararam o que estavam fazendo para cumprimentar Yama, que apenas respondia com acenos de cabeça.

Andamos até parar de frente para uma porta que ficava do lado oposto a da porta da entrada. Yama abre a porta e entra, eu entro logo após e fecho a porta atrás de mim. Passo a analisar a sala, podendo ver vários armários e uma mesa de gabinete no centro da sala, onde há um cara focado em alguma papelada, mas ele logo levanta seu olhar para nós.

“Oh, a que devo a sua visita Yama?”

Perguntou tranquilamente.

Ele possui olhos roxos e longos cabelos negros presos em um rabo de cavalo, além de possuir duas mechas em cada lado do rosto. Ele está usando um kimono com a parte de cima roxa e com detalhes brancos, a parte de baixo lilás e uma faixa branca amarrada na cintura (link da imagem nas notas finais).

“Vim para falar sobre algumas coisas, e também para deixar avisado que Ren Amamiya acordou.”

Yama disse enquanto puxava uma cadeira para se sentar, fiz o mesmo com a cadeira ao lado dele.

O cara me olhou com um pouco de surpresa.

“Prazer, me chamo Toshizo Hijikata.”

Disse sorrindo para mim.

“Ren Amamiya, me chame como preferir.”

Falei simples enquanto fazia um pequeno aceno de mão.

“Ele é o líder do vilarejo.”

Yama disse para mim, que apenas acenei em concordância como resposta.

“Bom, pelo que fiquei sabendo, o senhor me curou e consertou minhas roupas… Obrigado por isso.”

Falei enquanto o observava com meus olhos mortos.

Ele deu um sorriso simpático após ouvir minhas palavras.

“O garoto já explicou tudo, mas eu irei resumir as coisas. Um cara chamado Lars está o chantageando e ele está sendo obrigado a atacar o território dos anjos caídos, e caso ele não o faça, aqueles próximos a ele serão mortos.”

Yama falou com seriedade enquanto encarava Toshizo.

Ele não chegou a citar meu passado nem nada do tipo, foi um resumo simples e direto, e completamente relacionado ao que ocorreu ontem… Será que ele também ficou com preguiça de falar a história toda? 

Posso ver Toshizo fazer uma expressão tensa.

“Devo lhe perguntar… Você foi o responsável pela morte de 5 dos nossos vigias?”

Perguntou com seriedade enquanto me encarava nos olhos.

“A pessoa que me chantageou foi quem me trouxe para cá. Os 5 vigias não queriam nos deixar passar, então ele os matou.”

Respondi com seriedade.

O silêncio se instaurou por alguns segundos.

“Garoto, antes de voltar para o vilarejo eu me encontrei com Lars. Ele me pediu para te dizer o seguinte: “Me encontre domingo às 22:00 no mesmo local.”.”

Se hoje é sexta-feira, isso significa que o próximo ataque será em 3 dias… No mesmo lugar, uh? Preciso pensar em qual será meu próximo alvo.

“O que pretende fazer?”

Perguntou Toshizo.

Caso eu não vá, aqueles que estão próximos serão mortos. Não é como se eu me importasse, mas isso vai me causar bastantes problemas.

Caso eu vá, poderei matar anjos caídos a vontade e seguir com meu plano.

“Não tenho escolha, eu irei.”

Respondi com seriedade.

“Não tem medo de morrer?”

Toshizo perguntou com curiosidade.

“Homens temem a morte e, ao mesmo tempo, são dragados por ela.”

Respondi enquanto o fitava com meus olhos mortos.

O silêncio se instaurou na sala por alguns instantes.

“Velhote, me deixe ir com ele.”

Yama quebrou o silêncio.

O que?

“O que?”

Toshizo ficou tão surpreso quanto eu.

“Depois daquele ataque, é certo que as coisas estão mais agitadas nas fronteiras e que batalhas serão inevitáveis...”

Yama explicou com seriedade.

“Eu entendi aonde você quer chegar. O atrito será ainda maior e poderá acarretar até mesmo ao início de uma guerra, e por estarmos na fronteira, nós seríamos os primeiros envolvidos.”

Toshizo continuou com a explicação enquanto possuía um tom sério.

Então essa pequena apresentação de ontem complicou a situação entre todas as fronteiras e pode até mesmo ocasionar uma possível guerra? Foi melhor do que eu esperava.

“A ocasião é perfeita… Velhote, a hora chegou.”

Yama estava extremamente sério.

Eu não entendi o que isso quis dizer, mas Toshizo pareceu ter entendido.

“Mas está tudo bem com isso? Digo… Você é o responsável pela segurança do vilarejo, não é?”

Perguntei um pouco confuso.

De fato, seria muito melhor eles fortificarem as defesas do vilarejo.

“Garoto, você quase morreu contra um vilarejo de guarda baixa, acha mesmo que tem alguma chance contra um vilarejo preparado?”

Perguntou enquanto me encarava com seriedade.

[É como ele disse, você não tem nenhuma chance sozinho.]

…

“Além de que, você está fazendo isso para proteger seus amigos, não é?”

Perguntou Toshizo.

“De fato…”

Só que não.

Escuto Toshizo suspirar.

“Certo, não tenho porquê recusar. Mesmo que a guerra seja inevitável, se vocês ao menos obtiverem sucesso nesses ataques, teremos vantagem e conseguiremos adiar um ataque direto ao nosso vilarejo. Está tudo certo para você, Ren?”

Falou calmamente.

Não tenho do que reclamar, no fim das contas eu terei mais alguém para caçar anjos caídos comigo.

“Por mim está tudo bem.”

Falei sem expressão.

“Onde será o próximo ataque?”

Perguntou Yama.

“Akhuset é o pólo da esquerda do mapa, então eu acho que seria bom atacarmos o pólo da direita...”

Não lembro o nome do vilarejo...

“Então o próximo alvo será Yrosrith?”

Yama completou minha fala.

“Se for de acordo com meus planos, sim. Mas há a possibilidade de Lars planejar atacar outro local.”

O ideal seria atacar o pólo oposto. Provavelmente o assunto do ataque vai demorar mais para chegar até lá, além de que é provavelmente o local com menos defesas. E é comum pensar que atacaremos por essa região, então eles provavelmente não vão esperar um ataque no pólo oposto do mapa, e com isso, os locais a qual irei fazer os ataques serão imprevisíveis.

“Está decidido então. Irei esperá-los na muralha do vilarejo.”

Disse Yama com um sorriso desafiador.

Creio que Lars pode se teleportar para cá e depois se teleportar para o vilarejo que faz fronteira com Yrosrith.

“Certo.”

Respondi calmamente enquanto me levantava.

“Sendo assim, você já pode voltar. Lembre-se de vir domingo.”

Yama também se levantou, assim como Toshizo.

“Cuide-se garoto.”

Disse Toshizo.

Agora só preciso volt-...

…

…

“Como caralhos eu vou voltar?”

Pensei alto com uma expressão atordoada.

Vejo Yama e Toshizo me encararem com incredulidade.

“Como você veio?”

Perguntou Toshizo.

“Lars me trouxe.”

Falei colocando minha mão em minha testa.

Toshizo então andou até um dos vários armários que haviam na sala. Posso ver ele abrir uma gaveta e tirar um papel estranho, mas de certa forma familiar. Ele andou em minha direção e me estendeu o papel. Peguei o pequeno papel e pude ver o desenho de um círculo mágico.

“Caso coloque um pouco de magia nesse papel, você será capaz de se teleportar para o centro desse vilarejo.”

Então esse é o meu passe para poder vir para cá quando eu quiser, uh? Acho que isso vai servir por enquanto.

Mas o que eu realmente preciso é voltar!

“Me diga em qual região você vive que eu irei te enviar por meio de um círculo mágico.”

Toshizo falou com um sorriso mínimo no rosto.

Isso é conveniente.

“Kuoh Town (Cidade de Kuoh), Japão.”

Falei calmamente.

Ele piscou freneticamente por alguns segundos, até que pude ver ele tirar um… Celular? De não sei aonde e digitar algo.

“Está me dizendo desse fim de mundo?”

Perguntou ao me mostrar o celular com um ponto no mapa, na região no Japão.

Porra… Precisa jogar na cara?

“Esse mesmo.”

Falei com tédio.

Yama riu da minha reação.

“Certo, vá para aquele canto.”

Disse apontando para um canto vazio da sala.

Fiz como ele pediu e andei até o local, aproveitei para colocar o papel em um dos bolsos de dentro do sobretudo. Após alguns segundos pude ver um círculo mágico roxo de formar abaixo de meus pés.

“Muito bem, cuide-se garoto, e trate de descansar para domingo.”

Falou Toshizo com um sorriso no rosto.

“Ren, não se esqueça de vir me buscar.”

Yama disse com um sorriso de canto no rosto.

“Pode deixar!”

Falei com um sorriso de canto.

Pude sentir aquela luz roxa me envolver, e momentos depois eu já me encontrava em Kuoh Town. Estamos no fim da tarde. Ao observar o local em que eu estava, acabei por deixar um suspiro pesado sair. 

“15 minutos de casa… 25 minutos de Kuoh.”

Falei enquanto tirava a máscara e a guardava no bolso de dentro do sobretudo.

[Olhos azuis.]

Azul, uh?

Peguei o sanduíche do bolso de dentro do sobretudo e o tirei da embalagem, comendo-o enquanto andava lentamente em direção a minha casa.

Ddraig…

[Parceiro?]

Me explique o que eu preciso fazer para sacrificar uma parte de meu corpo.

[Tem certeza disso?]

Absoluta!