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História O Encanto da Cerejeira - Capítulo 57 - SASORI - Confusa


Escrita por: HatakeLiah

Capítulo 92 - Capítulo 57 - SASORI - Confusa


O ateliê não é um lugar grande, é apenas um galpão que Deidara e ele alugaram para que pudessem se expressar e fazer sua arte, lugar onde o ruivo passa muitas de suas noites e ao qual Sakura adora visitar. Com o baixo som do rádio a rosada não demora a chegar em seu destino e logo estaciona. O sorriso em seu rosto se desfaz ao ver um carro a mais do que o que esperava.

A dona do carro é Shakuton Pakura, a assessora de arte dos rapazes. Sakura sabe que a mulher é a mais requisitada em seu ramo e é a responsável por "vender" o ruivo, assim como também o faz com Deidara. A Haruno sabe que a Shakuton é a principal aliada dos amigos, mas sabe também que Sasori e ela já tiveram um relacionamento e não agrada em nada a proximidade dos dois.

Depois de desligar o carro e descer, a rosada caminha a passos curtos para dentro do galpão e entra nele ouvindo vozes vindas da área atrás do muro de quadros e esculturas, mas ao se aproximar um pouco mais seus pés param de seguir ao ouvir o tom que a voz feminina leva.

—        Acho que você não entendeu direito, - Pakura diz com o tom irritado - aceitar participar dessa exposição vai abrir todas as portas pra você. Depois de expor com esses caras, você vai começar a deslanchar de uma maneira incrível e no futuro pode conseguir expor na maior galeria de arte do mundo, você tem noção do que eu estou falando Sasori? Você pode expor na La gotte d’art o lugar onde todo artista sonha em expor, onde até conhecê-la você sonhava em expor.

Sakura se surpreende ao ouvir Pakura, ela soube por meio de Sasori que era uma grande oportunidade, mas nunca imaginou que fosse desse nível. A Haruno é apaixonada pela arte dos amigos e isso a fez se aprofundar um pouco mais nesse mundo é por isso que sabe que a Shakuton está certa, expor em La gotte d’art é o sonho de qualquer artista.

—        Entendi perfeitamente Pakura, - Sasori toma a palavra - e minha resposta continua sendo não. Eu não vou aceitar essa proposta.

—        Você está louco? Qual a parte do essa é uma oportunidade única você não entendeu?

Pakura parece determinada em convencê-lo e Sakura entende o porquê, por mais que odeie admitir, sabe que a Shakuton é a que mais deseja que Sasori tenha sucesso em sua arte.

—        Essa é minha resposta final.

—        Eu me recuso a aceitar isso, não vou te deixar jogar todo o seu trabalho fora simplesmente porque se apaixonou por aquela mulher estúpida.

—        Meça suas palavras ao falar da Sakura Pakura.

O tom ameaçador que a voz do Akasuna demonstra, faria Sakura se arrepiar se fosse destinado a ela. Ainda assim, o arrepio chega, não pelo tom de voz do ruivo, mas pelo rumo da conversa que se segue.

Sakura se lembra muito bem o que Sasori disse sobre aceitar uma oferta de emprego longe, uma exposição única que abriria as portas para o mundo. Então entende a indignação de Pakura ao ver que o trabalho dele vai ser desperdiçado dessa forma.

O peito de Sakura dói. A última coisa que queria nesse momento era ser a responsável por prender Sasori em Konoha, ela sabe que ele é muito bom e que precisa ser mostrado ao mundo. É por isso que os próximos passos da Haruno são de recuo, se afastando do ateliê ao qual seguia. E, em poucos passos, deixa o lugar seguindo para o próprio carro. Ela precisa pensar.

 

Sakura aperta o volante com força, o que pode fazer agora? Ela ama tanto o ruivo que seria capaz de abrir mão dele para que siga seu sonho. Mas ainda assim, um lado egoísta se esforça a aparecer e ela deseja que esse lado egoísta vença porque assim não irá perdê-lo.

Um suspiro, entre tantos, escapa de seus lábios e a alguns quarteirões de sua casa ela avista a praça. Sakura sempre gostou desse lugar, comprou uma casa perto dele por essa razão afinal. É por isso que seu carro para no estacionamento ao lado dele.

Não demora para que seus passos a levem para o interior da praça. Não é tão grande quanto os parques do centro de Konoha, não, nem de longe. Mas é bonita e agradável a sua maneira.

Os passos são lentos e curtos e se seguem contra o sopro da brisa que ela sente tocar sua pele. Depois de andar por algum tempo, ela finalmente se senta em um banco e, de olhos fechados, respira fundo.

Sakura sabe que o que Pakura propôs é incrível e realmente se sente feliz por saber o quanto Sasori é reconhecido. Mas sabe também que se o ruivo aceitar a proposta o relacionamento deles termina.

Mesmo que esteja apaixonada, mesmo que o ame, ela está ciente de que um relacionamento a distância não daria certo. Ainda que tentassem com afinco. Então se Sasori aceitar eles terão que terminar.

O grande problema é que as palavras dele a fizeram entender que Sasori está disposto a abrir mão de seu futuro artístico por ela e isso é a última coisa que a rosada quer.

Outro suspiro lhe escapa dos lábios pouco antes de ouvir uma voz que lhe chama a atenção.

—        Isso sim é uma surpresa.

Sakura foca a sua frente e vê Itachi se aproximar, surpresa pelo moreno estar ali.

—        Posso?

O Uchiha aponta para o banco no qual ela está sentada.

—        Claro.

Itachi se senta ao seu lado e observa o céu estrelado.

—        Perdido pelo subúrbio de Konoha?

—        Vim ver um amigo e resolvi parar por aqui, parece um bom lugar para respirar, não acha?

—        Sim, e é um ótimo lugar.

—        E você, o que faz perdida por aqui?

—        Moro aqui perto.

O moreno desvia o olhar em sua direção surpreso por finalmente saber onde a rosada mora.

—        Só assim pra eu descobrir onde você mora.

—        Não que você fosse um exemplo de cara pra eu levar pra casa.

Ele ri.

—        Não sabe o que está perdendo.

A rosada abre um sorriso fraco e o Uchiha nota que não está com seu brilho usual no olhar.

—        Algum problema?

Sakura se surpreende pela pergunta e desvia o olhar

—        Não, não é nada.

—        Gosto de pensar que ainda somos amigos.

Ela o observa por mais um instante e suspira.

—        O que faria se alguém que você ama tivesse uma grande oportunidade pela frente mas estivesse se segurando por sua causa.

O moreno pensa por um instante.

—        É uma pergunta bem específica.

—        Então?

—        Por experiência própria sei que ser privado de algo que você goste de fazer é horrível.

—        Por experiência?

Itachi permanece em silêncio por algum tempo e Sakura o acompanha.

—        Já disse que meu pai não queria que eu seguisse outra carreira que não fosse a dele. Então sei bem como é ser pressionado a fazer algo que não é o que gostaria.

Sakura se lembra da conversa que teve com o moreno no dia da exposição de Deidara e Sasori. Ela não consegue imaginar ficar brigada com os pais, isso para ela é algo impossível de se pensar.

—        Você fala com ele?

Ela pergunta depois de algum tempo.

—        Não.

—        A quanto tempo?

Há mais um momento sem respostas e ao pousar seus olhos sobre Itachi, Sakura percebe que ele está surpreso ao calcular o tempo de distância que manteve do pai.

—        Muito tempo. - seu tom de voz é um pouco mais alto que um sussurro - Acho que oito anos.

Sakura se surpreende se não conseguia imaginar ficar brigada com os pais, sequer pode pensar em ficar tanto tempo sem falar com eles.

—        E já tentou falar com ele?

Itachi se silencia por algum tempo mais e os dois permanecem apenas observando as árvores a frente.

—        Uchiha Fugaku não é alguém fácil de lidar, - ele diz por fim - ele não é uma pessoa que fala com você depois de uma briga, ele simplesmente não se importa.

O moreno dá de ombros, mas ela percebe que o fato de não se dar bem com o pai não é tão irrelevante quanto quer fazer parecer.

—        As vezes, - ela diz - quando alguém nos faz falta e essa pessoa não parece se importar, escondemos essa saudade o máximo que conseguimos. - ele a observa ouvindo-a com atenção - Mas não é tão fácil mentir para nós mesmos e quando levantamos a questão não conseguimos esconder.

—        E qual seria a questão?

Os olhos jade se voltam para o moreno e expressam um toque de carinho que o Uchiha não recebe de ninguém além a própria mãe. Itachi nunca teve uma amiga, nem um relacionamento sério, então é de se imaginar que ninguém antes tivesse direcionado esse olhar para ele, mas essa simples expressão o acalma de uma maneira única.

—        O quanto sente falta dele.

Itachi se silencia uma vez mais. Seu peito dói ao lembrar do pai. Fugaku nunca foi o melhor pai do mundo, vivia de cara fechada e sempre exigia de Itachi cento e dez por cento, as vezes até mais. Ainda assim, nos pequenos momentos em família, ele sabia demonstrar o quanto os amava.

Algumas lembranças de sua infância voltam a memória do moreno, algumas das lembranças que rondam o rio Naka e a área ao seu redor. Piqueniques que aconteceram antes mesmo de Sasuke nascer, quando sua mãe ainda estava grávida. O Uchiha se lembra que seu pai sorria com mais frequência naquela época, ele se tornou mais sério alguns anos depois do nascimento do caçula, mas quando o irmão mais novo de Itachi ainda era pequeno, o moreno via o brilho no olhar do pai e os sorrisos que ele dava principalmente quando estava com seu pequeno filho no colo, mas não apenas com um pequeno Sasuke, Itachi e Mikoto também recebiam muito amor do patriarca da família.

Apoiando os cotovelos às pernas, o moreno observa algum ponto qualquer a sua frente com um suspiro.

—        Fiquei tanto tempo sem falar com ele que me acostumei a não tê-lo por perto.

Sakura toca o braço dele e ao focar suas orbes negras sobre ela consegue ver um sorriso singelo no rosto que é banhado pela luz da lua.

—        Aprendi que não precisamos estar errados para nos desculparmos, se nos importamos com o outro devemos tentar fazer as pazes. Mexe um pouco com o orgulho, mas no fim é recompensador.

O Uchiha desvia o olhar focando no nada mais uma vez e sua voz não é nada além de um murmúrio quando volta a falar.

—        Engraçado, você pediu ajuda pra mim e acabou me ajudando.

A rosada dá um pequeno sorriso

—        É isso o que amigos fazem.

—        Que bom que ainda sou um amigo. Cheguei a pensar em algum momento que não ia me perdoar.

—        Não foi por falta de tentativa.

Ele ri.

—        Então, - Itachi se endireita sob o banco - qual é o seu problema?

O sorriso delicado desaparece aos poucos e uma feição entristecida volta ao rosto da Haruno. Isso não passa despercebido ao Uchiha e ele deduz que seja algo relacionado a Sasori.

Sakura permanece em silêncio por algum tempo e Itachi a acompanha sem interrompê-la, pois percebe que a bela mulher ao seu lado está reunindo coragem para começar a falar.

—        Depois da última exposição de Sasori, - o tom baixo de sussurro escapa de seus lábios - ele recebeu uma oferta irrecusável, foi convidado a expor em uma exposição fechada que é uma porta para outras exposições e que pode levá-lo a expor futuramente na La goutte d'art.

—        Uau, isso é muito bom. - o moreno realmente se surpreende ao ouvi-la - Essa é uma galeria de renome, se expor lá ele vai ser bastante reconhecido e sem dúvidas vai conseguir vender a arte dele como água.

—        Sim. Como eu disse uma oferta irrecusável.

O moreno percebe que a expressão entristecida ainda ronda o rosto da rosada.

—        Por que essa não parece ser uma boa notícia pra você?

—        Se aceitar essa proposta ele vai ser muito bem reconhecido, como você disse. Mas pra isso precisa estar pelo menos no mesmo país em que a galeria de arte onde suas obras estão pelo menos no começo. Sendo assim tem que deixar Konoha e consequentemente...

—        Deixar você.

Em um tom baixo, ele a interrompe compreendendo a aflição que ela leva na voz.

—        Ele recusou a oferta sem pensar, disse que não precisava ir muito longe para mostrar a arte dele pras pessoas e disse também que eu era o sonho dele.

Ela abre um pequeno sorriso ao lembrar das palavras do ruivo, mas ele logo se perde.

—        Mas se eu o deixar fazer isso, sei que vai se arrepender e talvez me culpar um dia. Pode não ser hoje ou amanhã, mas esse dia vai chegar. Não quero ser uma âncora que o impede de seguir rumo aos sonhos dele, Sasori lutou muito por isso pra que eu o impeça agora.

O moreno a observa em silêncio por algum tempo mantendo seu olhar no rosto que continua baixo, sem conseguir se erguer e olha-lo nos olhos.

Itachi percebe o quão frágil ela se encontra nesse momento e percebe que, mesmo que não tenha sido a escolha dela ainda se importa com a rosada, e muito. É por isso que o moreno envolve os ombros da rosada e a puxa para um abraço.

O gesto surpreende Sakura, mas ela está tão confusa que apenas se deixa ser confortada. Ela reconhece o toque, ele a lembra o abraço de Deidara e de Tatsuo, ela se sente confortada e seu peito pesa um pouco menos por isso.

—        QUE PORRA É ESSA!!!

Imediatamente eles se afastam e veem Sasori com uma expressão de poucos amigos e um olhar furioso no rosto. Apenas por olhar para ele Sakura percebe que não falta muito para que perca a cabeça, mas sua mente ainda se recorda daquela conversa no ateliê do ruivo.

—        Sasori eu…

—        VOCÊ NÃO PERDE TEMPO NÃO É??!!

O ruivo se aproxima perigosamente dos dois.

—        NA PRIMEIRA OPORTUNIDADE JÁ TENTA ROUBAR A NAMORADA DOS OUTROS!!!

—        Ei cara não é o que…

Não há tempo para uma explicação, pois o soco de Sasori atinge o moreno fazendo-o cair no chão. Itachi tenta se defender mas com o ruivo acima de si não é tão fácil, e ser pego de surpresa também não ajudou em nada.

—        SASORI PARA!!!

Sakura tenta empurra-lo e isso dá a Itachi a brecha que precisava para conseguir se defender e o faz dando um soco no ruivo.

—        PAREM! PAREM OS DOIS!!!!

Sakura tenta se aproximar e separa-los, mas se não fosse boa em se esquivar teria levado algum golpe. Entretanto, de alguma forma ela consegue se colocar entre os dois e empurra o ruivo para longe.

As lágrimas caem dos olhos da rosada ao observar o ruivo, tudo o que ouviu de Pakura lhe volta a mente, assim como as vezes que discutiu com Sasori e por fim suas crises de ciúmes. Isso faz seu coração se apertar no peito e quando as palavras deixam seus lábios, são chutadas para fora em um tom rouco.

—        J-JÁ CHEGA. - ela grita - EU NÃO AGUENTO MAIS ISSO, ACABOU!

—        O que?

O ruivo pergunta perplexo, mas a rosada se vira para o moreno para ver o tamanho do estrago. O moreno cospe um pouco de sangue e com o dorso da mão no canto dos lábios para limpa o sangue que brota no lugar.

Os olhos negros estão fixos no ruivo e é por isso que não reparam nas lágrimas que correm a pele clara. A luz fraca do lugar também é responsável por limitar sua visão.

—        Vamos sair daqui.

A voz ainda tem um tom rouco, mas ela apenas segura o braço dele e o puxa afastando-o de Sasori.

Cada passo dado aperta um pouco mais o peito dela e os olhos do Uchiha finalmente se focam no rosto delicado. A luz fraca que ronda a praça ainda não possibilita ao moreno ver as lágrimas.

—        Você se machucou?

O moreno foca o olhar sobre ela, mas Sakura está de cabeça baixa, observando o chão no caminho ao qual segue.

—        Não sou eu quem deve estar perguntando isso?

Apesar de imaginar que ela lhe perguntaria tal coisa olhando-o nos olhos e com um sorriso, mesmo que fraco, desenhado em seus lábios, o rosto dela continua baixo.

—        Você se meteu em uma briga de dois homens - ele diz - e, mesmo que seja uma mulher extraordinária que sabe se defender, ainda é uma mulher. Algum soco acertou você?

—        Não. Não se preocupe.

Itachi para de andar impedindo-a de continuar pois percebe que ela não foca seu olhar no dele. Os dedos do moreno tocam o queixo dela erguendo seu rosto e revelando finalmente, os fios de lágrimas marcando sua pele.

—        Você está chorando.

As orbes negras se focam nas delicadas lágrimas que escorrem no rosto de pele clara.

—        Não é nada.

Ela desvia o olhar e ele segura um suspiro. Claro que com todas as emoções desse momento seu rosto entristecido acabaria deixando as lágrimas transbordarem, mesmo que o grito que ela deu a alguns instantes atrás o fizesse esperar uma rosada irritada e não uma quebrada. Itachi esperava ver as lágrimas, foi isso o levou a erguer o rosto dela afinal, mas vê-la dessa forma faz seu coração se apertar no peito e uma dor forte rondá-lo.

—        Não é pela briga, é?

—        Realmente não é nada, venha, meu carro está perto.

Sakura segue na frente e Itachi apenas a segue em silêncio. Os olhos brilhantes veem o carro de Sasori ao lado do seu, provavelmente foi assim que a encontrou na praça, mas isso não importa agora. Assim que entram no carro, a Haruno dirige para casa.

 

Itachi permanece em silêncio observando-a atentamente e analisando a bela Haruno. Assim que guarda o carro na garagem, ela deixa o veículo observando o moreno.

—        Vem, tenho um kit de primeiros socorros lá dentro.

Seguindo-a, o moreno sai do carro e deixa a garagem para trás indo em direção a sala.

—        Sente-se, eu já venho.

Sakura se afasta seguindo para a copa, mas o moreno não se senta, apenas permanece de pé ao lado do sofá observando-a.

Quando volta Sakura leva consigo um pacote de ervilhas congeladas e uma pequena maleta branca com uma cruz vermelha na frente e se encaminha para o sofá, fazendo com que o moreno a acompanhe.

Depois de entregar o pacote para que ele coloque contra os hematomas, a rosada abre a maleta preparando gazes para cuidar das feridas, algumas estão embebidas com solução fisiológica e outras com antisséptico. Ao sentir o toque da gaze em uma das feridas, o moreno consegue perceber a delicadeza das mãos que cuidam dele e também o frio liquido aliviando um pouco da dor.

A atenção da rosada está inteiramente nas feridas que limpa e logo ela pega as gazes que contém antisséptico embebido nelas. Os olhos jade se focam na pequena ferida perto do olho que sangra um pouco.

—        Eu realmente sinto muito. - um sussurro baixo escapa da rosada.

—        A culpa não é… ai.

Ele se afasta ao sentir a ferida arder com o contato da gaze.

—        Desculpe.

Sakura afasta a mão e observa a área inchada a qual o moreno recoloca o pacote congelado.

—        Eu até entendo ele, - ela foca o olhar nas belas orbes negras ao ouvi-lo - ter você como namorada não deve ser nada fácil. Ainda mais com tantos caras interessados.

—        Não se trata da insegurança dele, - ela baixa a mão e o olhar - mas que ele não confia em mim.

—        Eu adoraria dizer que você está certa e que deve esquecê-lo. Modéstia a parte, eu seria um namorado muito melhor.

Ela volta a erguer o olhar focando no Uchiha.

—        Mas isso te machucaria. - ele suspira - Alguns caras são realmente muito insistentes e esperam pela primeira oportunidade para conseguir o que querem. Eu sei disso, Sasori também sabe.

—        E por que você não está aproveitando a situação?

—        Por que mesmo que eu queira dar toda a felicidade do mundo a você, sei que é ele que você ama. Não é fácil admitir isso, ainda menos aceitar, mas é a verdade.

Sakura se lembra que essa não é a primeira vez que algo parecido acontece e isso a faz baixar o olhar uma vez mais focando em suas mãos.

—        Não é porque o amo que devo perdoar tudo o que faz.

—        Concordo. Mas por um instante se coloque no lugar dele. Se sua atitude fosse diferente ignore o que eu disse, mas se não, leve o temperamento dele em consideração e o some ao que ele viu. Se não quiser voltar com ele, saiba que ainda sou tão apaixonado por você quanto no dia em que me confessei, mas faça isso apenas se tiver certeza de que consegue lidar com a dor que isso vai causar.

Sakura ergue o olhar observando-o por alguns segundos e vê lindas orbes negras que a observam com carinho, mas volta a focar em suas mãos.

Itachi é amigo de Sakura e, as palavras que disse a pouco, apenas confirmam que ele é de sua total confiança. Como ele mesmo disse, qualquer outro nessa situação investiria pesado em tentar conquista-la. Itachi, porém, não o fez. E não o fez, porque se importa com os sentimentos dela, pois sabe que apesar de estar sempre sendo decepcionada por Sasori, a Haruno ama aquele maldito ruivo.

Ainda assim, sabe que Itachi é para Sasori o mesmo que Pakura é para ela, a rosada simplesmente detesta aquela mulher assim como a ideia de tê-la perto dele. Então, pensando assim, consegue entender o ruivo.

Relembrar de Pakura a faz voltar suas memórias ao ateliê do Akasuna e seu peito se aperta mais uma vez. Não foi apenas a reação do ruivo que fez Sakura tomar aquela decisão, sua mente estava uma loucura e uma confusão incontestável antes dele aparecer, mas não pelo ciúme possessivo que Sasori demonstra, naquele momento, sua confusão e indecisão era se o impedia ou não de seguir seus sonhos e isso teve um grande peso no momento em que gritou aquelas palavras.

—        Talvez seja melhor que eu não o perdoe.

—        Por causa do jeito possessivo dele ou por causa da proposta que recebeu?

Sakura não o responde, não o olha nos olhos e até respirar se torna difícil. Talvez isso não fosse para dar certo. O temperamento de Sasori apenas afirma que eles nunca dariam certo em um relacionamento a distância e estar com ele apenas o prenderia em Konoha, então o melhor para todos seria se terminassem de uma vez não?

—        O que me diz de esperar a poeira baixar? Agora você está zangada pela atitude dele e confusa por causa dessa proposta. Se o problema for apenas pelos ciúmes, sei que Sasori se arrepende do que fez e depois do que disse a ele, acho que consegue uma mudança radical nesse comportamento e se decidir dar uma última chance a ele tenho certeza de que vai aprender a se comportar. Mas se não for apenas isso e você decidir não voltar com ele, mesmo que não seja fácil, sei que consegue superá-lo. Além disso, se aceitar, posso ajudá-la com isso, posso te ajudar a supera-lo. Ainda assim, independente da sua decisão, saiba que vou estar aqui.

Sakura abre um pequeno sorriso.

—        Obrigada.

O Uchiha sorri de volta mas solta um longo suspiro baixando o saco de ervilhas congeladas e o estende a ela.

—        Bom, - ele diz - minhas feridas e hematomas vão se curar sozinhos, então acho que já está na minha hora. Na verdade, posso ficar se quiser, consigo ficar acordado a noite inteira ouvindo você, ou se preferir assistir alguma coisa, acho que consigo me acostumar com seu gosto. Mas talvez prefira ficar sozinha.

Ela sorri agradecida pelo gesto do moreno.

—        Realmente agradeço a oferta mas… - Sakura baixa o olhar - eu preciso pensar.

—        Sim, eu entendo. Mas se precisar de mim não hesite em me chamar, não importa se é como um ombro pra chorar, bons ouvidos para desabafar ou simplesmente para comprar chocolates.

Sakura sente seu sorriso aumentar um pouco mais ao ouvi-lo e as palavras do moreno a fazem erguer o olhar focando-o nele.

—        Se precisar de mim, - ele continua - me chame.

—        Tudo bem, obrigada por isso. E me desculpe pelo que aconteceu.

—        Já disse que aquilo não foi sua culpa, não há motivo para que se desculpe.

—        Sim você disse mas...

—        Se se desculpar de novo está me devendo uma caixa de chocolates.

Ela hesita com a interrupção e apenas sorri.

—        Tudo bem.



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