História O escolhido - Sterek - Eu e Você

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McCall tentara ligar para Stilinski o dia inteiro, mas o maldito aparelho do amigo só chamava. Insistira tanto que, em algum momento do dia, passou a cair direto na caixa postal. O outro não tinha motivo algum para ignorá-lo daquela maneira. Ainda mais que, por sua conta, teve de mentir a sua mãe dizendo que havia ligado ao amigo regularmente durante o dia.

–Você me paga, Stiles! – o moreno reclama, enquanto se arruma para ir à casa do outro.

–Mãe, to indo no Stiles. Provavelmente eu vá dormir por lá. Qualquer coisa ligo avisando. – McCall grita da porta.

–Tudo bem, filho. Vê se não ficam acordados até muito tarde com seus joguinhos terroristas. – Melissa recomenda ao filho.

–Mãe! Amanhã é domingo... – o moreno reclama.

–E depois é segunda-feira... – a mais velha debocha.

Scott ri e sai disparado lançando um beijo a mãe.

.:OE:.

–Deixa de ser teimoso, Derek! – Stiles insiste bravo, pois o mais velho insiste em manter a porta do banheiro fechada.

–Calma, moleque! – o outro responde, nervoso.

Encontrava-se ajoelhado ao vaso sanitário, quase o abraçando e lançando em sua superfície branca mais um jato violento da substância negra que o envenenava.

–Eu só to enjoado... me deixa terminar, por favor. – sentindo a dor dos espasmos abdominais pela expulsão do liquido enegrecido.

–Eu posso te ajudar, big guy. To acostumado com isso, já falei.

–Stiles, é sério. Eu já estou acabando aqui. – diz se levantando e indo lavar o rosto e a boca.

Recompondo-se da maneira que dava, abre a porta do banheiro, fazendo um Stilinski que apoiava a testa na madeira quase cair em seu peito. Ambos riram da situação.

–Você tá bem? – o menor questiona, alisando o braço do maior.

–Sim, estou melhor. – Hale responde, mas ainda com cara de enjôo.

–Precisa maneirar na comilança, né? – o castanho debocha, indo para o próprio quarto.

–Eu maneirar? Olha só quem fala. Você parece uma draga de tanta porcaria que enfia na boca. – o moreno retruca, seguindo-o.

–Eu pelo menos não passo mal. – Stiles devolve, pegando seu kit de primeiros socorros e deixando-o em cima da cama.

Pega também um jogo novo de toalhas e outra muda de roupas limpas, dispondo-as sobre a mesa de estudos.

–Agora vai tomar banho. Quando sair vou te fazer um novo curativo. – o menor ordena e sai do quarto.

–E você? O que vai fazer? – o moreno questiona, pegando as toalhas e as roupas.

–Pipocas! – o garoto responde com a cara mais feliz do mundo.

–Meu... seu pai deve fazer um rombo no orçamento só pra poder te alimentar. – o moreno diz, enquanto caminha até o banheiro.

Conseguia ainda ouvir as gargalhadas do mais novo, que descera as escadas até seu destino.

Derek liga o chuveiro e, diferente do primeiro banho que tomara ali, se sente confortável. A água caia morna por sua pele, trazendo-lhe uma sensação inigualável de paz. Consegue finalmente não pensar em coisas desagradáveis, que vinha seguindo-o de Chicago até ali. A única coisa que lhe vinha à mente era o garoto que o estava tratando como a um rei. Sorrindo sem perceber, apenas deixava o aroma delicioso do sabonete cobrir-lhe e tomar seus sentidos. Desejava intimamente que aquilo não fosse momentâneo, mas não pôde deixar de se lembrar que aquilo, apesar de bom, tinha prazo para acabar. E é com esse pensamento que desliga o chuveiro e depois de se secar, começa a se vestir. Dessa vez com mais facilidade. Sentia aflição pelo ferimento em suas costas, mas muito mais suportável do que nos primeiros momentos. Seu poder de cura estava conseguindo se restabelecer devido, principalmente, por ter conseguido expelir o restante do veneno que o estava debilitando.

–Vamos ver esse machucado? – Stilinski pede, aparecendo à porta do quarto.

Derek leva um susto, estava com a guarda tão baixa que sequer tinha sentido a presença do menor.

–Você me assustou! – confessa, rindo.

–Tava pensando em besteira, só pode. – o castanho devolve o riso.

–Meu pai sempre diz isso pra mim, quando estou meio aéreo e ele me pega no pulo. Geralmente eu to pensando em besteira mesmo. – indo pegar o kit previamente separado.

Sentando-se numa ponta da cama pede ao maior que faça o mesmo, dando alguns tapas no colchão. O moreno senta-se de costas ao mais novo, como da outra vez e sente o conforto de suas mãos quentes alisando a pele de suas costas.

–Você é algum tipo de mutante, Derek? Porque se for me avisa logo. – rindo

–Isso aqui já tá quase cicatrizado. – passando o algodão com anti-séptico em cima do quase ferimento, apenas por descargo de consciência.

–Eu tenho uma linhagem genética boa. – o moreno debocha, querendo disfarçar.

–Falou o sangue bom. – Stiles retruca, depois de colocar apenas um band-aid sobre a ferida e dando um tapa nas costas do maior.

Derek geme de dor.

–Garoto! – briga.

–Não é porque cicatrizou que deixou de doer... – choramingando e se fazendo de vítima.

–Cara, me desculpa! – o menor se adianta nas desculpas.

–Tó... um beijinho vai fazer passar. – diz encostando os lábios nas costas do moreno.

Derek se arrepia inteiro. Achava que nem em mil anos se acostumaria com o jeito espontâneo do menor de fazer a primeira coisa que lhe vinha à cabeça. Mesmo que essa coisa pudesse ser considerada estranha para qualquer outra pessoa em seu lugar. Teve de admitir que estava adorando aqueles cuidados todos. Eram coisas que o faziam lembrar de sua infância e a sensação de lar que aquilo lhe proporcionava. Ao lado daquele garoto, que mal conhecia, podia baixar sua guarda e se deixar leve.

–Então era por isso que não atendia minhas ligações? – Scott desponta da porta do quarto com os olhos completamente arregalados.

–Scott? Cara, não é nada disso que você tá pensando. – Stiles responde quase tropeçando nas palavras.

Derek permanece sentado, estático. Decide não abrir a boca para pronunciar uma palavra sequer. Mesmo porque nada do que pudesse falar poderia ajudar naquela situação.

–Não preciso pensar, cara. Eu to vendo. – McCall retruca e sai correndo.

Stilinski encara o Hale, que apenas faz um gesto com a cabeça para que o mais novo fosse atrás do outro moreno.

–Tá... fica aqui... eu... vou dar um jeito nisso e já volto.

–Não tenha pressa, não pretendo fugir dessa vez. – sorrindo.

Stiles sai correndo pelas escadas, deixando um Hale zonzo de tantos pensamentos.

.:OE:.

Scott pega sua moto e se dirige à casa de Stiles. Estava bravo com o amigo que havia faltado à aula no dia anterior, sem dar-lhe qualquer desculpa e que o aterrorizara por não atender suas ligações, passando o sábado todo o ignorando e tendo muito que explicar.

Não que Stilinski fosse obrigado a dar qualquer tipo de satisfação a ele, mas depois de tantos anos dispensados em uma amizade tão grande quanto a deles, era falta de consideração ser deixado de lado assim. Sem um bom motivo. E coitado de Stiles se viesse com uma desculpa qualquer. Teria que ser algo muito grande e com muito grande Scott pensava em algo do tipo que pudesse dar até cadeia.

Rodara pouco mais de vinte minutos até chegar a casa do outro adolescente e percebe a luz da varanda do quintal, que dava para a cozinha, acesa. Como John não estaria em casa, teoricamente, não deveria estar acesa.

Deixando sua moto estacionada ao lado do jipe de Stiles, vai direto até lá, pronto para dar um susto no amigo. Olhando pela escotilha da porta certifica-se de que o outro estivesse ali, mas não o encontra. Encara a pia e observa um par de cada objeto depositado dentro da cuba de louça.

–Stiles... seu puto! – McCall ri, presumindo o que aquilo significava.

Farejando um pouco a cozinha, busca o aroma delicioso que tomava conta do ambiente e depois de abrir o forno, rouba algumas lascas do assado que o outro tinha feito.

–Aquele safado vai me ouvir.

Indo até a porta que dava acesso a sala, ouve risos abafados vindos do quarto de Stiles. Resolve dar uma de empata foda e atrapalhar o encontro do amigo. Queria se vingar pelo gelo que recebera do outro e sobe sorrateiramente, se esgueirando pelas escadas. Ria-se internamente pela cara que iria arrancar do Stilinski e já até se preparava para alguns xingos por parte do amigo.

–Como ele me esconde um negócio desses? – pensa irritado, já no último degrau da escada.

Aproximando-se ainda mais do quarto pôde ouvir risos mais altos, mas diferente do que imaginara, não eram os de uma garota. Antes de tomar qualquer atitude tenta distinguir alguma voz que fosse conhecida em sua roda de amigos. Era uma voz bem mais grossa e completamente estranha. Uma sensação desconfortável percorre a coluna de Scott. Um tipo de cisma, um receio... um ciúme por Stiles estar dividindo seu tempo com outro cara que não ele.

Sentindo raiva, McCall decide entrar de vez. Mas nada no mundo o prepararia para aquele tipo de cena. Stiles inclinado às costas de um homem, o dobro de seu tamanho e provavelmente idade, alisando suas costas e... beijando-as.

–Então era por isso que não atendia minhas ligações? – dispara, empurrando a porta com certa força. Olhos completamente arregalados. Encara Stiles e aquele... homem seminu em sua cama.

Congela.

Stilinski o encara de volta e parece empalidecer.

–Scott? Cara, não é nada disso que está pensando. 

–Não preciso pensar, cara. Eu to vendo.

McCall não espera qualquer tipo de explicação. Stiles só podia estar louco e ele seria contra participar daquela sandice. Dando as costas ao amigo, sai correndo até as escadas. De lá até a cozinha por onde saiu pela mesma porta a qual entrara inicialmente.

O amigo pareceu demorar a vir atrás, mas assim que alcança sua moto vê o outro despontar desesperado a porta.

–Scott! – o castanho grita.

McCall talvez não tivesse cabeça para as explicações que Stilinski poderia ter para aquela situação inusitada e prefere fugir do assunto. Pelo menos pelo momento. Coloca o capacete e sobe ao banco de sua moto. Dá partida e dispara em alta velocidade pela rua. Por pouco o amigo não o alcança.

.:OE:.

Stiles volta ao quarto quase sem fôlego e encontra Derek ainda sentado em sua cama.

–Não teve sucesso em falar com seu amigo, suponho.

–Ele não me deu chance. Saiu daqui correndo. – o garoto responde, sentando-se ao lado do maior.

–Não queria lhe causar qualquer tipo de problema. – o mais velho retruca, se aproximando mais do jovem e acariciando-lhe a nuca.

–Não se preocupe, com ele eu me resolvo depois. – responde sorrindo.

–Que tal um filme, agora? Fiz pipoca, mas já devem estar frias. – Stilinski fala, sorrindo bobo.

–Como você consegue ser tão tranquilo assim? – o moreno sorri de volta.

–Pra que esquentar a cabeça com algo que não vou conseguir resolver agora? – explica.

–Vem, vamos escolher um filme. – puxando o maior pelo braço.

Derek ri do afobamento do mais novo e é conduzido por ele até o andar inferior. Fora jogado com tudo ao sofá e aguarda alguns segundos, enquanto o menor ia buscar o tal balde de pipocas na cozinha.

–Você tem certeza de que tá tudo bem com seu amigo, né? – Hale insiste.

Stiles o encara, fingindo indignação. Depois solta uma risada e soca o ombro do moreno.

–Para de tentar estragar nossa sessão de filmes. Eu me entendo com ele depois. – atirando algumas pipocas no maior.

Derek entra na brincadeira e joga as mesmas guloseimas de volta no mais novo.

Começaram a seleção de filmes com um qualquer de ação e depois, debaixo de muita insistência, Stiles o convence a assistir O Rei Leão.

–Sério, Stiles? – o outro rosna, derrotado.

–Deixa de ser chato, esse filme é um clássico... – mostrando a língua ao maior.

–Muito adulto de sua parte. – o moreno caçoa, rindo.

Na metade do filme Derek já estava babando. Pendia a cabeça para o lado, dando pequenos trancos quando quase tombava para os lados, até Stiles decidir puxá-lo para si e encostá-lo em seu ombro. O moreno reclama um pouco pelo desconforto da posição, então o castanho o deita em sua perna.

Derek ressonava baixinho e Stiles continua assistindo ao filme.

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