História O escolhido - Sterek - Todos queremos isso

Todos queremos isso

Stiles estava agarrado ao corpo de Derek pelo que pareceu uma eternidade. Estava apreensivo, mas não queria por nada deixar de abraçá-lo.

 –Você está noivo...? – repete em forma de questão o que o maior lhe falara quando começara a contar coisas sobre sua vida e alguns fatos que remeteram ao fatídico dia em que se encontraram na floresta.

O principal motivo que o levara àquela fuga quase mortal era um compromisso forçado entre famílias e as consequências que aquilo acarretava a sua vida.

–E aquele homem que esteve outro dia aqui em casa, perguntando de você era seu tio mesmo? – o garoto questiona, aconchegando o rosto no peito do moreno.

–Sim. – o mais velho confirma. Estava sério.

–E ele veio te buscar pra você cumprir com esse compromisso... – o castanho continua em sua linha de raciocínio, ainda tentando digerir tanta informação.

–Eu realmente preciso resolver isso Stiles. Acho que não dá mais pra continuar fugindo...

O menor sente seu coração falhar uma batida e tenta se desvencilhar do abraço que o maior lhe dava. O que fora prontamente negado. Derek o puxa ainda mais para si.

–Eu não tinha qualquer plano. Antes de vir pra cá tinha apenas um objetivo... Fugir. – o moreno narra, fungando desconsertado.

–Iria viajar direto pra América do Sul sem destino certo. Usaria a cabana da reserva apenas pra despistar minha família. Mas o destino planejou algo diferente e eu literalmente caí em cima de você... – o moreno diz e ri.

–E isso definitivamente foi a melhor coisa que me aconteceu em toda minha vida. Você foi o motivo que eu precisava pra tomar a maior decisão que eu poderia tomar.

Stiles encara os olhos hipnotizantes do mais velho e se interessa mais ainda no rumo da conversa.

–Não vou mais fugir. Vou voltar pra casa e dizer a todos que minha vida é minha e que eu finalmente encontrei alguém por quem vale à pena ficar e lutar. E esse alguém é você.

Stilinski sorri de felicidade. Pela primeira vez na vida era a prioridade de alguém.

–Não sei como me apaixonei tanto assim por você em tão pouco tempo... Digo, a gente nem se conhece direito... – o castanho começa até ser interrompido.

–Verdade, a gente não sabe muita coisa um do outro. Mas uma coisa eu tenho certeza... Ainda teremos muito tempo pra nos conhecer melhor... – afirma, dando vários beijos pelo rosto do garoto.

–Nunca me interessei de verdade por alguém até hoje... Agora tenho certeza de que você é o motivo pra isso não ter acontecido. Você é a pessoa que eu tanto esperei esse tempo todo.

Stilinski ruboriza e ri contente.

–Por um acaso o senhor está me cantando, senhor Hale? Pois se estiver, saiba que está funcionando...

O moreno sorri junto ao castanho e cobre o corpo dele com o seu. Ambos ficaram ali naquela imersão quase espiritual. Mergulhados um no olhar do outro. Como se uma conexão extremamente forte estivesse se estabelecendo e nada pudesse quebrá-la. Por uns instantes Stiles pensa ter visto os olhos de Derek oscilarem entre o verde musgo e o ocre e se impressiona. Mas espanta esse pensamento para longe querendo apenas uma coisa. Aproveitar um pouco mais dos lábios do homem que conquistara seu coração.

.:OE:.

Apesar de muitas perguntas e dúvidas pairarem sobre a cabeça do Stilinski, o mais novo prefere aproveitar o quanto pode dos carinhos e chamegos do maior. Sabia que dentro de algumas horas Derek estaria partindo para outro estado e voltaria sabe-se lá quando. Também sabia que sentiria a falta do moreno como jamais sentira de qualquer outra pessoa. O mero pensamento de deixá-lo partir o angustiava e isso era perceptível ao lobo.

–Não fique assim. Juro que não vou demorar pra voltar. E quando eu voltar quero conhecer seu pai, pra poder pedir sua mão em namoro como se deve.

Stiles arregala os olhos espantado com aquela afirmação.

–Não, você ta louco? Meu pai é o xerife, esqueceu? Ele tem armas e sabe como usar... Como vou explicar pra ele sobre a gente?

O Hale começa a rir do desespero do Stilinski.

–Calma, menino. Eu sei usar de diplomacia... E certas partes de como nos conhecemos podem ser otimizadas... Não precisamos preocupá-lo a toa.

–Não sou muito bom com mentiras. – o castanho confessa, corando graciosamente.

–Quem aqui falou em mentir? Nos conhecemos na floresta da reserva, não foi? – Derek começa a narrar e vê o mais novo menear a cabeça em concordância.

–Você estava fazendo uma caminhada no dia, já que a escola o tinha deixado estressado, não é? – o moreno continua e Stiles sorri, parecendo gostar do rumo da conversa.

–A gente acabou se topando numa das trilhas de caminhada que, por ventura, passa próxima da cabana da minha família. E como eu também estava caminhando por aquele trecho, acabamos fazendo companhia um pro outro.

–Ouvindo você falar assim até eu compro essa conversa, senhor Hale. – Stilinski diz, com um sorriso malicioso nos lábios.

–Foi o que aconteceu... – Derek retruca, apertando o corpo do castanho ao seu.

–Eu só açucarei um pouquinho. – completa, demonstrando visualmente ao juntar seu dedo indicador ao polegar.

–Por favor, Derek... Não vai... – Stiles começa, ameaçando um choro.

–Não faz assim Stiles... Prometo que não vou demorar. É o tempo de você soletrar meu nome completo e estou de volta. – o maior brinca.

–D-E-R-E-K-H-A-L-E... Pronto, agora você não precisa ir. – o castanho debocha, apertando ainda mais o abraço no maior.

–Strauss... – Derek devolve, rindo.

Stilinski cerra o cenho, encarando o mais velho.

–Meu nome completo é Derek Strauss Hale... – repete, encarando os olhos orvalhados do mais novo.

Stiles estranha aquilo e sabia que aquele nome não lhe era estranho. Não pelo fato de vir de Derek, mas ele sabia que já tinha ouvido aquele nome antes em outra ocasião.

–Não me importa. Você poderia se chamar Derek Antiinconstitucionalissimamente Hale, que eu soletraria na velocidade da luz só pra te ter comigo o mais rápido possível.

–Eu mereço tudo isso? – o moreno pergunta, sorridente.

–Merece. – Stiles responde e o beija carinhosamente.

–Eu juro... Não tem nada nesse mundo que me impeça de voltar pra você... Entendeu?

Stilinski balança a cabeça positivando seu entendimento e começa a chorar manhoso.

–Não... Não chore. – Derek pede, mas deixa algumas lágrimas descerem de seus olhos também.

.:OE:.

Assim que se recompuseram de toda aquela comoção, resolvem ir até a cozinha e preparar um jantar de despedida. Ainda abalado com tanta informação, Stiles consegue apenas pensar em macarrão com queijo. Algo prático e rápido, já que não queria ficar perdendo as poucas horas que tinha com Hale na cozinha.

O maior o ajudava no que podia e aproveitava cada brecha de espaço para abraçar o garoto por trás e beijar sua nuca. Stiles não poderia estar mais contente. Tinha mandado os maus pensamentos para longe e só conseguia imaginar a felicidade que sentiria quando aquilo se tornasse parte do seu cotidiano.

Comeram em silêncio, um ao lado do outro. Stiles sempre com uma mão livre na perna do moreno e Derek lhe roubando um selinho ou outro com gosto de queijo.

Em meio às carícias, o mais velho já começa a sentir a presença de seu tio e isso o deixa tenso. O cheiro rançoso do Hale mais velho logo invade suas narinas e isso faz seu lobo rosnar, apreensivo.

–Meu tio já chegou Stiles.

–Não! – o menor responde, angustiado.

–Calma... – o moreno fala, tentando alentá-lo. Mas em verdade aquilo servia mais para seu próprio lobo do que para o castanho.

–Vai ficar tudo bem, você acredita em mim? – Derek questiona, juntando o rosto de Stiles com suas mãos e trazendo seu olhar ao dele.

–Eu acredito... – diz e lhe dá um beijo.

–Claro que acredito... – dando outro beijo afoito no moreno.

–Sempre vou acreditar em você! – grudando-se ao corpo de Derek e roubando um último beijo.

Ouviram então o bater na porta e uma voz grossa um tanto quanto estúpida chamar o nome do moreno.

–Derek... Está na hora!

Stilinski se prontifica em abrir a porta e encara o homem, com um semblante nada contente.

Peter sorri seu sorriso mais falso e estende a mão ao castanho.

–Nos encontramos novamente.

Stiles dá-lhe as costas e volta a encarar Derek, suplicando com os olhos. O moreno o abraça novamente e beija o topo de sua cabeça. Peter presencia aquela cena melosa e gira os olhos em suas órbitas, cheio de repulsa.

–Não me convida a entrar, pirralho? – questiona, cínico.

–Cale-se Peter. Já estamos de saída e sugiro que nunca mais o chame de pirralho se preza o pouco de respeito que ainda tenho por você.

–Chega dessa palhaçada, temos um longo caminho pela frente sobrinho querido... – o loiro afirma e caminha em direção a sua caminhonete.

Stiles volta a encarar Derek com olhos pedintes e recebe um beijo em retorno.

–Guarde esse beijo pra mim... Quando voltar vou querer ele de volta. – afirma, sorrindo e alisando o rosto do garoto.

–Então vê se não demora... – o castanho retruca, beijando-o no pescoço.

Derek sorri e desliza a mão do rosto até o ombro do menor. Dali por toda extensão do seu braço até terminar o toque em sua mão delicada, marcando a sensação reconfortante de seu calor.

Stiles acompanha o caminhar do homem de sua vida até ele chegar ao carro de seu tio. Antes de entrar o moreno lança uma piscada confidencial e só então entra no veículo. Automaticamente o castanho começa a chorar e corre ao seu quarto, jogando-se a cama... Desconsolado.

.:OE:.

–Você não se sente mal por estar enganando aquela criança Derek? – Peter inicia suas insinuações venenosas.

–Não comece. Eu já falei que tomei minha decisão... E essa decisão é ficar com ele. – o Hale mais novo responde, incisivo.

O loiro começa a gargalhar.

–Você ainda acredita que é dono de sua própria vida, não... Filhote?

–Serei a partir desse momento Peter. E não há nada que você ou minha mãe possam dizer que me fará mudar de ideia.

O mais velho meneia a cabeça negativamente.

–E com isso está disposto a instaurar uma guerra entre sua família e a família Moretti... Está disposto a arcar com as consequências de quebrar uma aliança forjada há décadas por um mero capricho juvenil... – o loiro discursa.

–Ele é tão bom de cama assim?

–Engula suas palavras Peter. Ser meu tio não te dá o direito de me desrespeitar e desrespeitar a quem escolhi como mate.

–Você não entende nada por respeito, fedelho inconsequente. Você não sabe o que significa sacrificar sua família... Por um bem maior.

–E vocês não conseguem se livrar de tradições medievais e ridículas que só servem pra satisfazer egos inflados. Que não conseguem buscar outras alternativas pra sair de suas ruínas. Vocês são os infelizes com suas tradições falidas. – o moreno vocifera, indignado.

–Os nomes de nossas famílias não passam disso... Nomes. Quem liga pra isso hoje em dia? Eu não vou estragar minha vida inteira por causa desse tipo de idiotice.

–Obrigado Derek... – Peter diz, sorrindo malicioso.

O Hale mais novo estreita os olhos e fica confuso com a afirmação do tio.

–Você não imagina o quanto facilita meu trabalho falando assim... – enfiando a mão direita no bolso e tirando-a de lá cheia de um pó arroxeado, o qual sopra no rosto do sobrinho.

–Que merda...? – Derek começa a falar, mas sente suas vistas serem cobertas por uma névoa e seus sentidos desregularem até um estado de descontrole.

Ele convulsiona, espumando pela boca e para repentinamente todo retesado.

Peter o empurra com a mão, certificando-se de que o mais novo encontra-se realmente inerte e sorri ao vê-lo tombar contra a janela da porta do carona.

–Vermezinho! – grita e dá um soco no rosto do sobrinho desacordado.

–Agora é que a verdadeira festa começa... Vamos ver o quanto você realmente vale pra essa aliança. – diz e disca para um número gravado na memória de seu celular.

Não espera muito tempo e a voz do outro lado da linha parece ansiosa.

–Hale... Espero que esteja me ligando pra dar boas notícias.

–Acalme-se... Estou com o pacote em mãos. Podemos começar o show. – responde e gargalha perversamente.

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