História O Filho Da Noiva - O Passeio

Era por volta das uma e meia da tarde. Taehyung estava em pé em frente a faculdade bufando impaciente, enquanto movimentava freneticamente seu pé esquerdo sobre o chão, tendo que esperar por Jeongguk, que havia insistido em lhe dar carona para casa, mesmo com Taehyung negando em todas as vezes.

Já estava em pé ali a quase uma hora.

Uma coisa que havia conseguido perceber neste meio tempo em que estão todos morando juntos é que, Jeon Jeongguk, podia se transformar na pessoa mais insistente do mundo no instante em que quisesse.

Chegava a ser extremamente irritante, fazendo com que o pequeno nível de paciência e tolerância de Taehyung fosse sempre por água a baixo.

Não conseguia entender como sua mãe aguentava aquele homem durante tanto tempo com toda aquela insistência irritante.

Claro que, como sua mãe havia lhe garantido, a ida até o trabalho e faculdade havia se tornado bem mais fácil. A casa de Jeongguk ficava a apenas alguns quarteirões de distância de onde era a universidade.

E a reforma em sua casa já tinha começado, estavam trabalhando a mil para que tudo ocorresse bem, e ficasse como deveria ficar. Taehyung estava cada vez mais ansioso para ter seu novo quarto. Já estava planejando o tipo de decoração que iria colocar.

Algo relacionado a arte, sem sombra de dúvidas.

Seu relacionamento com sua mãe também estava cada vez melhor, mesmo não estando achando bom o fato de que a mesma esteja trabalhando como nunca. Estava precisando mais do que nunca de um descanso, até mesmo fez Hee Sun lhe prometer um mês de férias logo após o casamento.

Depois do momento constrangedor na sala de jantar, onde Jeongguk lhe confessou ter pesquisado o local onde ficava seu piercing, Taehyung pegou seu prato e foi comer em seu quarto. Estava com vergonha, mas ao mesmo tempo queria rir.

E foi isso que fez, riu como se houvesse um amanhã, no dia seguinte até perguntou a Jeongguk se o mesmo também queria ter um daqueles, e lhe explicou o quanto a cicatrização daquele pequeno furinho era complicada e dolorida.

Acabou recomendando Jeongguk a colocar piercings nas orelhas, achou que combinava com mesmo, que disse não ter mais idade para aquilo. Oque era uma bobagem, as pessoas não deveriam se importar com essa coisa de idade, até porque, não existe idade para ser feliz e fazer aquilo que quiser fazer. Se você tem quarenta e sete anos, e deseja fazer várias tatuagens e colocar piercings, por que não?. Você ainda tem tanto para viver.

Era isso que Taehyung pensava.

E foi assim que Jeongguk colocou seus tão desejados piercings de orelha. Fez na companhia de Taehyung, que riu da sua cara por estar com medo de doer no começo, mas o acompanhou assim mesmo.

Hee Sun acabou também gostando no final.

Os dois estavam se tornando amigos aos poucos, se davam cada vez melhor, coisa que provocou um pouco de ciúmes em Seokjin, que ameaçou de dar uns tapas em Taehyung, se o mesmo se esquecesse da existência dele.

Jeongguk demonstrava ser uma pessoa boa a cada conversa, mas Taehyung ainda não se dava bem com o fato de que o mesmo se tornará seu padrasto, isso é um sinal de que isso nunca vai acontecer. Taehyung não é alguém que pode ser influenciado e também não costuma mudar o pensamento sobre uma pessoa tão fácil, estava surpreso por Jeongguk ter conseguido fazer isso, era praticamente inédito.

Nesta quinta feira, por mais incrível que pareça, Taehyung não iria trabalhar, havia tirado sorte grande. A noite já havia combinado de levar Seokjin ao parque para tomarem uma cerveja ou algo assim, contanto que houvesse álcool estava bom, como o tinha prometido a algumas semanas atrás. No dia do jantar de noivado.

Seria ótimo ter um momento com seu melhor amigo.

—TaeTae.

Jeongguk apareceu no estacionamento da Universidade com seu grande sorriso de esquilo estampado no rosto. Taehyung contribuiu com um pequeno, não estava muito animado, só queria chegar em casa, tomar um banho e ir dormir até a noite, na hora de sair com Seokjin. Estava cansado e com calor.

—Vamos logo, Jeongguk, estou cansado—lamentou, com seus ombros para baixo e uma face de sofrimento. Jeongguk apenas riu e puxou o mesmo pelo braço.

—Eu sei, também estou cansado. Mas pensei que seria muito melhor cumprir uma promessa que havia feito a você no dia em que te dei carona pela primeiro vez.

—Que promessa? Eu não me lembro—riu nervoso, de verdade, não se lembrava de promessa nenhuma.

—Eu disse que iria levar você para um passeio de moto. Conseguiu lembrar?—levantou as sobrancelhas.

—Ahhh—Taehyung arregalou os olhos e abriu a boca olhando para Jeongguk—Não.

—Não? Aish.

—Não. Olha Jeongguk, eu sou uma pessoa que tem a memória fraca demais, se quer viver bem no mesmo teto que eu, cê tem que entender isso. Ok?.

—Pude perceber isso com o convívio, mesmo que ainda seja pouco. Você esqueceu se tinha mesmo tomado banho ou não—riram.—Pega logo o capacete.

—Onde pretende me levar? Diz logo.—Taehyung olhou para o capacete e fez uma careta, podia não se lembrar da promessa, mais conseguia se lembrar daquele capacete, horrível.

—Não acredito que você trouxe esse capacete, é muito difícil fechar essa coisa—reclamou.

—O que importa é que ele vai te proteger se qualquer coisa acontecer.

—Achei que você conseguisse dirigir bem. Não sei se deva mesmo ir agora, hein.—bufou.

—Você já andou de moto comigo quase cinco vezes desde aquele dia. Sério que ainda não se deu conta que eu sou demais na direção?.

—Eu nunca vou admitir isso.

—Você acabou de confirmar que acha que eu dirijo bem, mas não vai admitir.—debochou.

—Ache o que quiser—deu de ombros—E vamos logo, ainda tenho que sair com Seokjin Hyung essa noite. E mais, espero que esse lugar seja espetacular, porque o tempo em que você me deixou aqui plantado com uma mochila nas costas, eu poderia estar descansando em casa.—exclamou.

—Certo, certo. Então vamos—riu ao que subia na moto—Você vai gostar, isso eu posso te garantir.

—Como pode ter tanta certeza, hein?.—Taehyung debochou em um tom descontraído, subindo na moto e passando seus braços pela cintura de.

Estava animado.

—Eu só sei. Me parece um lugar que você iria gostar, apenas.

—Então tá, né?—riu—Mas minha mãe sabe que estamos indo lá, onde quer que seja? Você já levou ela lá?.

—Na verdade não... ainda não.

—Se eu gostar mesmo do lugar, te digo se deve ou não levá-la lá.

Jeongguk não respondeu a sua fala, então apenas deram partida na moto pelas ruas de seul. Taehyung havia perdido parcialmente o medo de motos, claro que ainda tinha receio daquela coisa virar a cada curva que era dada, mas em comparação ao que era antes, aquilo não era nada. Talvez pelo fato de agora confiar em Jeongguk, não seja mais tão afetado pelas paranoias que sua mente cria toda vez que sobre no veículo de duas rodas.

Conforme os minutos foram se passando, aos poucos, os inúmeros prédios e casas foram dando lugar as árvores. Não havia quase nenhum carro na estrada, por mais incrível que pareça.

Era possível ver os feixes da luz do sol passando por entre as folhas das árvores e alcançando o asfalto. Era lindo de ver.

A rua era cercada de árvores e mais árvores, Taehyung é um amante da natureza nato, percebe-se isso apenas por sua profissão. O mesmo dava suspiros a cada minuto, estava deslumbrado com a visão, não sabia que havia um lugar assim a poucos minutos de sua casa.

Era maravilhoso.

—Uau...

Olhava tudo ao seu redor com admiração, com certeza, iria querer voltar para aquele lugar. Jeongguk estava indo a uma velocidade consideravelmente rápida, mas parecia estar tudo em câmera lenta na visão de Taehyung.

—Eu disse que você iria gostar—Jeongguk falou alto para que o outro pudesse ouvir.

—Não comesse a se gabar por isso. —riram.

Chegaram a um parque, bem bonito por sinal, onde Jeongguk estacionou a moto, bem abaixo de uma grande árvore. O local era lindo igualmente a estrada em que percorreram. Havia um grande lago, e alguns bancos de madeira ao redor, além das belas flores que faziam aquele lugar parecer mais mágico.

Não tinha tantas pessoas.

Era tudo tão encantador, que Taehyung cogitou a ideia de já ter visto aquilo em algum de seus sonhos.

—Como você sabia da existência desse lugar e não tinha me contado antes?—empurrou o ombro do mais velho.

—Na verdade, um amigo meu me disse sobre esse lugar a uns dois dias. Então resolvi trazer você, eu fiz uma promessa a você, não fiz?.—Taehyung assentiu.

—Vamos sentar ali naqueles bancos?—apontou—Quero relaxar olhando pra esse lago.

—Okay—o mais velho riu anasalado.

Antes de irem se sentar Jeongguk resolveu passar em uma pequena lanchonete, que Taehyung não havia percebido a existência, em frente ao lugar.

O lugar era bem pequeno e aconchegante.

Jeongguk acabou comprando dois sanduíches e sucos naturais, aquilo não era o melhor almoço de todos, mas para quem estava com fome como eles poderia ser qualquer coisa, já ficariam satisfeitos.

—Isso está uma delícia—comentou Taehyung.—Sério, tenho que voltar aqui, com toda a certeza.

—É só me pedir, quando eu estiver livre, posso trazer você aqui—sorriu pequeno.

—Mas e a minha mãe? Você também tem que vir aqui com ela, tenho certeza que ela vai gostar.

—Sim, vou convidar ela qualquer dia.—fez uma pausa—Mas iai? Como você se sente?

—Como assim?

—O que você sente estando em um lugar assim? Cercado pela natureza, de árvores, pássaros...

—Eu me sinto bem, como quase nunca me sinto—sorriu—Por favor não me ache patético, mas é que... as vezes acho que minha presença é como um fardo, eu sempre dei muito estresse a minha mãe, sabe?

—Eu entendo você, mas não quero que sinta assim. Você é uma pessoa tão legal, olha, quero que você tenha em mente que sua presença não é, e nunca será nenhum tipo de incômodo para mim, tudo bem?.

—Sabe que mesmo não querendo achar isso, eu sempre acabo achando isso—gargalhou ao notar sua fala.—Desculpa, eu não sei explicar as coisas.

—Sem problema—Jeongguk sorria grande.—Uh, olha um esquilo—apontou animadamente com seus olhos arregalados.

—Que fofo—Taehyung disse sorrindo—Parece você.

—Eu?

—Só tem você aqui, né? Eu não tô vendo mais ninguém.

—Sério? Você me acha parecido com um esquilo?—fez careta. Ignorando a fala de Taehyung.

—Eu já ouvi algumas pessoas da Universidade dizendo que você tem sorriso de coelho, mas sinceramente? Prefiro pensar que parece um esquilo. Cê gosta de esquilos?

—Claro que gosto, são tão fofos, eu adoro o jeito como as bochechas deles ficam fofas quando eles colocam comida nelas.

—Sim!—gargalharam juntos.

E cá entre nós, a risada de Jeongguk era estranha demais, mas acabava fazendo Taehyung querer rir ainda mais.

—Mas você também fica assim quando tá comendo, sério. Eu sei que a minha mãe é incrível na cozinha, mas cê corre o risco de se engasgar comendo daquele jeito.

—Eu sempre comi daquele jeito, não me faça se sentir ofendido—reclamou Jeongguk com as mãos no peito, como se estivesse realmente se sentindo ofendido.

—Jeongguk?—chamou.

—Tae, se você quiser, pode me chamar de Gukkie, é meu apelido.—riu fraco, envergonhado.

—Gukkie?—sorriu, sendo retribuído imediatamente.

—Sim?

—Quando foi que você se apaixonou pela minha mãe?.

—Eu não sei, você nunca sabe quando de fato acontece, só sabe que aconteceu.—abaixou a cabeça, balançando o copo com o resto de suco em sua mão.

—Eu nunca senti isso, então não sei bem—riu fraco, dando de ombros.

—Você nunca se apaixonou por ninguém?—Jeongguk voltou a olhar seu rosto, mas agora com os olhos levemente arregalados.

—Ninguém nunca pareceu interessante pra mim. Quando eu conhecia alguém, sempre via essa pessoa como amiga e nada mais.

Isso era a mais pura verdade, Taehyung sempre via as pessoas apenas como amigos, chegava a achar nojento pensar em ter algo com elas. Parecia estranho demais, talvez tenha sido pelo fato de se apegar rápido demais nos outros. Um defeito seu.

—Então nunca namorou?

—Cara, você gosta de me fazer perguntas, hein? Interrogatório outra vez? —fez careta—E não, eu nunca namorei sério— revirou os olhos.

—Ah sim—suspirou, se encostando no banco e jogando a cabeça para trás.

—Nada mais a perguntar?.

—Por enquanto não.

—Mas eu sim.—ficou um pouco sério.

—Então? Pode dizer.—seu semblante mudou para um pouco apreensivo.

—Por que você se interessou pela minha mãe?. Seja sincero por favor. —olhou nos olhos de Jeongguk.

—De primeira, eu a achei bonita—sorriu tímido—Depois, quando fui conhecendo ela aos poucos, percebi o quanto ela é doce, gentil e isso me encantou nela.

—Estou me sentindo péssimo agora—Taehyung riu descrente consigo mesmo.

—Por quê?—o outro lhe olhou com confusão.

—Porque, por mais que eu saiba que você é apaixonado por ela, e que esse sentimento é totalmente recíproco, ainda assim, não consigo enfiar isso na minha cabeça, me desculpa por dizer isso Jeongguk, mas eu não queria que esse casamento acontecesse, sério. Não quero que fique bravo comigo, só estou sendo sincero, não vou tentar impedir nada, minha mãe pode fazer o que bem quiser com a vida dela, assim como você.—soltou as palavras com rapidez, sendo sincero em cada uma delas.

—Eu sei.—riu fraco—Você deixou isso bem claro, durante cada dia desde o noivado.

Ao olhar para Jeongguk, Taehyung viu que o mesmo realmente não parecia estar com raiva, seu olhar ainda continuava sereno, como era sempre.

—Desculpa—sussurrou.

—Não, não precisa se desculpar. Também passei por isso.—sorriu.

—Sério?.

—Sim, mas sabe? Ela está feliz agora, e eu também. Sempre quis me casar com alguém que gostava, poder ter uma família. Sempre foi meu sonho amar e ser amado por alguém. Além de que... Meu pai já estava cobrando isso, olhe para mim. Daqui a um tempo já vou estar com trinta anos, e não teria nem ao menos uma família.

Na mente de Taehyung, aquilo mais pareceu como uma confissão de que, Jeongguk havia se apaixonado, ou pelo menos tentado se apaixonar por Hee Sun por pressão do pai. E, por mais que fosse contra a ideia do casamento, temia que oque Jeongguk sentia por sua mãe fosse uma mera paixão, um tipo de sentimento passageiro, talvez até não tão intenso quando o amor.

Não sabia o que a mesma sentia pelo outro, se era amor ou paixão, mas não queria que nenhum saísse machucado daquele relacionamento, desde o início Taehyung achou que tivesse algo errado. Também está achando algo estranho sua mãe estar trabalhando tanto, apenas para que o casamento aconteça o quanto antes. Isso nunca aconteceu.

Pode ser que seja coisa da sua cabeça, mas preferia que tudo aquilo acabasse, e que os dois fossem felizes de um jeito diferente.

Sem ter pressão de ninguém.