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História O Filho de Caim - Desenrolar


Escrita por: amorasvermelhinhas

Notas do Autor


OIS!

Capítulo bem grandinho para compensar o atraso :v ai ai, me desculpem, capítulos de transição sempre acabam comigo e me dão um bloqueio daqueles.

Mas a boa notícia(ou má, depende do ponto de vista) é que a partir do próximo as coisas começam a ficar tensas de verdade.

Espero que gostem, e desculpe pela demora! :')

Enjoy!

Capítulo 39 - Desenrolar


Fanfic / Fanfiction O Filho de Caim - Desenrolar

Era uma tarde quente de verão quando o marquês Alexis levou seu primogênito à propriedade dos Phantomhive; Edward, no alto de seus oito anos, tentava disfarçar as mãos suadas e sua tremedeira apertando a alça de sua caixa cheia de bonequinhos de chumbo com uma mão. E, na outra, uma das várias bonecas chinesas de Lizzy.


Subiram pelas grandes escadas e dobraram vários corredores. A opulência daquele lugar só deixava Edward mais nervoso. Por fim, adentraram em uma sala iluminada pela luz do sol que passava livremente pelas vidraças.


Lord Phantomhive recebeu o pai do garoto amistosamente, com um longo aperto de mãos. Edward engoliu em seco e se esforçou para não encolher-se nos momentos em que o pai estava ocupado. Mas seu desconforto não durou muito; sentada em uma mesinha fina e delicada, cuidadosamente arrumada para o chá, lady Phantomhive sorriu carinhosamente para o garoto que tencionava ser seu futuro genro, o chamando com um gesto para que o garoto se aproximasse. 


Ele obedeceu. Depois de se aproximar e cumprimentar a mulher com educação, não pôde deixar de ficar sobre a ponta dos pés para descobrir o que se escondia às costas da condessa.


- Querida, não seja mal educada. - Clarissa repreendeu com doçura, empurrando levemente as costas da filha com a palma da mão. Anelise deu dois passos para frente. Com os olhos voltados para o chão, abraçava com força um exemplar de capa dura onde se lia 'Finnian' em letras douradas estilizadas. Edward piscou surpreso, e acabou por soltar um 'olá' desajeitado.


A menina hesitou. Mas ergueu os olhos violetas timidamente para o garoto. Por alguns momentos, Edward admirou em silêncio os olhos tão brilhantes e exóticos da garota, até a mesma piscar e ele ser obrigado a sair de seu transe, notando o quanto havia a constrangido, a levar em conta a tonalidade vermelha que tingia o alto de suas bochechas e a maneira como ela recuara para se aproximar da mãe.


- M-me desculpe. - gaguejou, revezando os olhos entre a mãe e a menina, temendo ter ofendido alguma das duas. - Eu sou o Edward. Mas... pode me chamar de Ed.


Anelise voltou a o olhar com timidez. Tomou aquilo como um incentivo, afinal, ela estava lhe dando atenção, certo? Titubeou. Qual era o próximo passo?


- Nós podemos ser amigos? - perguntou em um rompante de coragem. A menina o olhou longamente, como se considerasse a idéia. Mas antes de assentir com vigor, olhou para a mãe com a dúvida estampada no rosto, como se pedisse por ajuda ou até aprovação da mais velha.


Clarissa se limitou a rir e a dar de ombros, e depois da permissão da filha, tocou a ponta de seu nariz com o indicador delicadamente.


- Por que você não mostra o jardim para o Edward?


Seguiu a sugestão da mãe, e logo os dois caminhavam em silêncio pelos corredores, sendo seguidos pelos olhares curiosos e afáveis dos serviçais que transitavam em meio a rotina de trabalho. Anelise ainda abraçava o livro com força, e Edward notou um bico se formar em seus lábios. Parecia incomodada.


- É... você gosta de brincar de bonecas, certo? - perguntou. - Eu trouxe uma da minha irmã, e uns bonequinhos. Talvez pudéssemos... - parou estático ao ver a negativa silenciosa da garota. - Você não quer brincar de boneca?


Ela negou mais uma vez, abaixando os olhos e abraçando o livro com mais força.


Aquilo o pegou de surpresa. O que fariam agora? Nunca havia brincado com nenhuma menina que não fosse sua irmã. Inocentemente, a tomou como exemplo, imaginando que Anelise também o puxaria para um chá de mentirinha com suas bonecas. Não era uma das melhores brincadeiras, mas Edward fora educado para ser um cavaleiro desde o berço, portanto, nunca recusaria o pedido de uma dama.


De repente, a boneca de Lizzy pesou em sua mão. Engoliu em seco, procurando pelas palavras certas. Não era exatamente extrovertido, mas a timidez da garota superava a sua.


Abaixou os olhos até o livro que ela segurava. Ela estava lendo um livro grosso como aquele? Mesmo tão nova?


- Você prefere ler? - perguntou hesitante. Ouviu um 'sim' baixo, e soltou uma exclamação animada. 


- Eu posso ler para você se quiser.


Edward parou estático ao ouvir o murmúrio da garota. Tão baixo, que por alguns momentos, duvidou se aquilo não passava de uma simples invenção de sua cabeça ávida para conseguir a afeição de Anelise.


Sua expressão petrificada de surpresa se desfez ao ver a coloração rósea tingir as bochechas alvas da menina. Abriu um dos seus melhores sorrisos, e não precisou se esforçar muito. Era sincero, espontâneo.


Assim como o amor infantil que nasceria em seu coração terno com o passar do tempo. 


Aquela tarde agradável de verão, seria lembrada por Edward nos anos que se seguiriam como uma das primeiras onde a amizade dos dois nasceu. Para ele, algo a mais se desenvolveu. E agora, já crescido e prestes a se casar com seu grande amor de infância, Edward se perguntava se sua amizade e o amor por Ane teriam surgido ao mesmo tempo.


Mas ele não poderia ser tão egoísta. Antes só o seu amor fosse necessário.


Já não possuía mais a ilusão de que era correspondido a altura. Já percebera a muito tempo; não por Anelise, mas pelos sinais de seu próprio coração. Porém não se abalou, continuou firme, na certeza de que, em algum momento, a conquistaria, e teria sua amiga, sua noiva devolta.


Inocentemente, acreditou que seu amor era o suficiente para os dois. Achou que somente seu afeto, poderia unir dois corações tão distintos.


Pouco a pouco, no mesmo ritmo em que cresceram, notou o afeto que um dia existira entre os dois se perder em meio aos acontecimentos que os levariam até aquele ponto crítico. Onde qualquer ação sua seria decisiva, onde o fim do romance de ambos ameaçava se desfazer ou renascer para se tornar algo muito melhor e concreto.


Dentro do veículo que o levaria junto de sua mãe até a residência dos Midford, Edward desferiu leves batidas no teto de madeira. Francis observou o filho com os olhos cinzentos atentos. Ele sabia que sua mãe o conhecia o suficiente para interpretar o seu silêncio e semblante abatido. Mas isso não parecia ter importância alguma.


O coche começou a se mover lentamente com o trote ritmado dos cavalos. Observou a mansão se afastar e apoiou o queixo em sua mão.


Desde muito tempo, seu noivado com Ane era sua única certeza. Ela era uma presença sólida, era um futuro planejado e sem preocupações. Edward acreditava que poderia estar feliz simplesmente tendo seu afeto, seja ele de qual natureza fosse. Poderia cultivá-lo depois, até tornar-se amor.


Mas não parecia estar dando certo. A cada dia, sentia Ane se afastar mais, e o laço que ligava os dois ficar cada vez mais desgastado. Ele sabia, sentia em seu coração, que ligação que um dia existira entre os dois estava prestes a se romper.


Ele estava perdendo-a. Pouco a pouco.





A neve cai lá fora. Se acumulando nos espaços entre as vidraças. Está frio. Terrivelmente frio. 


Mas, a despeito disso, as gotículas de suor que se acumulam em sua nuca me dizem que não sou a única a ignorar isso.


Sinto como se chamas passeassem por meu corpo. Ele me causa isso, mas ao invés de recuar, me aproximo mais, caindo de bom grado em seu abraço ferino.


E, quando olho em seus olhos, me sinto olhando diretamente para o que ele mantém por trás desta fachada que mostra para todos. 


É diferente da primeira vez. O cuidado, o amor, ainda existe. Mas agora, Sebastian não refreia a si mesmo. Está despido de máscaras, e é o demônio que venho convivendo por tanto tempo.


Abro minimamente os olhos. Sebastian tem os olhos cerrados e a cabeça inclinada para trás, deixando o pescoço alvo e torneado exposto. Não hesito antes de atacá-lo com meus lábios.


Uma de suas mãos sai dos meus quadris para subir por minha espinha, lentamente. Sensível, sinto todo seu caminho até a nuca e arqueio as costas. Paro minhas carícias, mas só quando sinto um arrepio aprazível varrer meu corpo. Sebastian ofega ao sentir mais uma vez meus lábios contra sua pele, e posso sentir o quanto gosta disso pela maneira como espalma a mão em minha nuca e enreda os dedos em meu cabelo.


Ele abraça minha cintura com um só braço, me trazendo mais para si. Buscamos um pelo outro com mais urgência, atraídos mutuamente como um imã. Me sinto febril, mas da melhor maneira possível.


Quando me afasto, Sebastian me beija mais uma vez com seus lábios mornos. Perco o fôlego, mas não tenho força de vontade o suficiente para parar. Ele solta um gemido baixo, quase inaudível. É o som mais bonito que já ouvi. 


Ele me deixa ditar nosso próprio ritmo. Seus olhos estão nublados de um prazer que tenho certeza que reflete nos meus. Ele pressiona seus lábios nos meus, não só em um beijo, mas também em uma maneira de abafar nossos gemidos. Principalmente os meus.


Meus olhos lacrimejam. Balançamos na linha tênue entre a razão, e o simples instinto de afundarmos mais nos braços um do outro. Por incrível que pareça, mesmo já despido de qualquer temor de me machucar, Sebastian ainda é quem mantém a racionalidade. 


Nunca imaginei estar sobre Sebastian dessa forma, fazendo coisas tão obscenas e vendo a satisfação que sente ao ouvir e ver isso. Mas, pensando bem, nunca me imaginei fazendo uma boa quantidade de coisas das quais aconteceram nos últimos tempos.


Fitando seus olhos profundamente, não consigo evitar de lhe roubar mais um beijo. Mesmo que nossas respirações estejam aceleradas, mesmo que o beijo dure poucos segundos e ainda que depois, quando a intensidade desse momento que compartilhamos passar eu saiba que irei pensar tantas vezes no que fiz até a exaustão, não consigo evitar Sebastian, não consigo afastá-lo. Não quando vejo o carinho em seus olhos, não quando vejo amor. Sua expressão nublada não reflete só as minhas sensações, mas também meus sentimentos.


Solto um gemido baixo. Sebastian, observando-me atentamente, estreita mais seu braço em minha cintura. Mais um se forma em minha garganta. Com a respiração saindo por meus lábios entreabertos em ofegares, percebo que sua respiração, tão descompassada quanto a minha, treme. 


Insinuo morder o lábio inferior com força, não sei se consigo prolongar mais isso. Sebastian decidiu me deixar ditar o ritmo se relegou a obedecer cegamente, como se quisesse saber até onde eu seria capaz de ir. No início isso me pareceu obsceno demais, e é. Mas estou exausta, beirando o limite. Não quero desapontar Sebastian com minha inexperiência, mas ele deveria saber que me deixar tomar a dianteira acarretaria a isso.


Com a respiração trêmula, beijo Sebastian uma última vez, ele prende o lábio inferior entre seus dentes. E ali, sou sua. É estranho admitir que eu não queira estar em nenhum outro lugar que não seja nos braços de Sebastian. Mas é uma verdade da qual não posso escapar. Somos um do outro, mesmo que me restassem dúvidas, elas são sanadas pela maneira serena que olhamos um ao outro. Percebo que Quero estar ali, para sempre.

Até a tensão nos ombros de Sebastian me trazer até a realidade.


- Ane. - ele diz tenso. Não entendo sua expressão. Parece transtornado de alguma forma. Suas mãos descem pela curva do meu pescoço até pararem em minha nuca. 


Sorrio minimamente, me inclinando até seus lábios e o beijando carinhosamente.


- O que foi? - me afasto só para olhar em seus olhos, tocando a ponta de nossos narizes. Sua expressão se suaviza, mas ainda posso sentir certa hesitação quando acaricia minha nuca e se inclina até que minhas costas toquem os cobertores.


- Não se preocupe - sussura sobre mim, apoiando seu peso nos braços. Junto as sobrancelhas desconfiada, mas ele se limita a beijar a ponta de meu nariz e descer com selares até o pescoço, para depois apoiar o rosto em meu colo.


- Eu fiz algo errado? - pergunto hesitante, descendo meus dedos até seus fios lisos e negros e os afagando lentamente. Sebastian ergue os olhos até os meus e nega com veemência.


- Não. - diz com as sobrancelhas franzidas, como se não conseguisse entender como posso pensar em algo assim. Mas se não fiz algo errado, então não consigo entender. Sua expressão mudou da água para o vinho. Não consegui entender a junção preocupada de sobrancelhas. - Não. - ele reforça.


Meus olhos pesam. Piscar se tornou uma ação difícil. Sinto como se minhas pálpebras fossem dobradiças de ferro enferrujadas. Ainda acariciando Sebastian com um sorriso bobo, decido deixar a preocupação de lado e aproveitar os poucos momentos que temos juntos. Mas, quando olho em direção a janela, meu sorriso se desfaz em uma careta.


- Já é quase de manhã. - observo, vendo que o absoluto breu do lado de fora já não é tão intenso. Sebastian ergue os olhos para me dirigir um sorriso malicioso. Desvio o olhar, tentando ignorar a maneira como o sangue se acumula em minhas bochechas. Diabos, como posso corar depois de tudo o que fizemos?


Observando aos poucos a escuridão sumir, algo me vem à mente. E isso já é o suficiente para que eu me vire de bruços e esconda meu rosto debaixo dos travesseiros para soltar um grunhido. Sinto Sebastian sentar a minha frente, provavelmente observa a cena com confusão antes de deitar ao meu lado e levantar o travesseiro para se enfiar debaixo dele assim como eu.


- O que houve? - ele pergunta de maneira cômica, sorrindo quando afasta o travesseiro de meu rosto para conseguir ouvir algo além de um resmungo abafado.


- Já é quase de manhã. E eu não suporto a ideia da saber que terei de ver Francis mais uma vez. - digo. Não consigo ver nada em meio a escuridão da espécie de barraca que o travesseiro forma. Mas ouço o sussuro dos tecidos, e logo sinto Sebastian tocar a ponta de nossos narizes. - E pensar que isso vai se repetir todos os dias. Até quando, eu não sei.


- Bem, talvez a culpa seja minha por não ter a deixado dormir e se recuperar para mais um dia exaustivo. - sorrio.


- É, talvez seja culpa sua. - Mas não é como se eu estivesse reclamando. O sinto sorrir. Sebastian puxa os cobertores. Imagino que tenha nos coberto até as cabeças por cima dos travesseiros. - Eu queria ficar aqui para sempre. - suspiro.


- Posso dizer que está resfriada mas logo vai precisar de outra desculpa - Sebastian diz. - Além disso, já é quase hora de começar os preparativos para o café da manhã. 


- Ou seja, a graça de ficar aqui se vai junto com você. - resmungo.


Sebastian extingue a distância mínima entre nós quando me puxa pela cintura para mais próximo de si. Não posso ver seu rosto, mas se pudesse tenho certeza de que estaria sorrindo com malícia.


- Estou começando a me sentir realmente culpado por estar transformando você em uma pervertida.


- Eu não estava falando neste sentido! - resmungo com irritação. Mas logo depois preciso dizer de maneira conformada: - De qualquer forma não posso sumir como se nada tivesse acontecido. Preciso ir com Gisele a um lugar antes que Francis chegue, e você virá junto. 


Os braços de Sebastian contornam minha cintura em um abraço depois de concordar com um aceno. Engolindo em seco, o aperto da mesma forma contra mim e escondo o rosto na curva de seu pescoço.


- Também precisamos ter uma conversa séria. E não estou nem um pouco ansiosa por isso.


- Você ainda não contou a ela. - Sebastian afirma. Assinto lentamente.


- Não quero imaginar sua expressão quando souber de Morrigan. Muito menos quando souber do motivo inicial á trazermos até aqui.


- Posso fazer o mesmo que fiz quando a encontramos pela primeira vez. Se você quiser.


- Eu admiro sua vontade em querer me livrar de problemas Sebastian - digo com um sorriso fraco. - Mas dessa vez quem precisa contar essas coisas à Gisele sou eu.


Ficamos em silêncio por um tempo considerável. É confortável, e estou quase caindo no sono quando Sebastian acaricia lentamente minha cintura e se levanta.


- Fique aqui. - peço. O fitando sonolenta. Sebastian sorri terno antes de se inclinar e colar nossos lábios em um beijo lento. 


- Sabe que não posso. - diz dando um último beijo antes de se afastar. - e não me peça mais uma vez, porque não conseguirei dizer não.


Sorrio minimamente. Eu esperava ver Sebastian sair, conseguir vencer o sono por alguns instantes, mas a única que me lembro depois daquilo é de receber mais um beijo na testa, e um pedido para que dormisse o restante das horas que me sobravam.


...


Não sei por quanto tempo durmo até que o ruído da porta se abrindo me tira de um sono superficial. Aperto os olhos ainda cansados, e quando minha visão se normaliza, sorrio ao ver que quem entra em silêncio no quarto é Sebastian, e não Mey ou Magda, como tem acontecido nos últimos tempos.


- Bom dia. - ele murmura contra meus lábios depois de entrar e se inclinar para mais perto. A tensão que vi em sua expressão algumas horas atrás voltou. E quando ele se afasta o encaro com uma sobrancelha erguida. Ele sabe que entendo que tem algo errado. Não sei se temos tempo de convivência o suficiente para que eu saiba que algo está errado com ele com um simples olhar. Mas sei que essa minha leitura de expressão remonta a muitos meses atrás, quando eu me sentia trancafiada em uma jaula com um tigre faminto. Eu me atentava inconscientemente a qualquer franzir de sobrancelha, qualquer sorriso maldoso, pensando que aquelas expressões poderiam me dar algum sinal no dia que Sebastian decidisse que já havia feito o suficiente. Que minha alma não valia tanto esforço, por mais que ele a quisesse.


Me pergunto agora o que terá acontecido com aquela fome que ele tanto se queixava.


Sebastian sorri superficialmente e se afasta para abrir as cortinas. Tomo fôlego para pedir uma resposta. Acabar com este mistério. Uma parte pequena de mim se pergunta temerosa se isso tudo não foi só um joguinho sádico. Se não era tudo um plano para abaixar minha guarda e se aproveitar disso. Mas logo depois me recrimino. Sebastian nunca faria isso.


Faria?


Acabo engolindo em seco, sentindo a consciência pesada por pensar algo assim e ainda sim, sabendo o tamanho absurdo desse pensamento, preservar a dúvida. Acho que nunca vou conseguir confiar em ninguém.


- O que é isso? - pergunto ao notar sobre o criado mudo uma bandeja com uma pequena combuca de porcelana e uma taça de cristal com água. Franzindo as sobrancelhas, me inclino para olhar o que tem dentro da louça e não me deparo com nada comestível. Ou, pelo menos, não acredito que seja.


São sementes.


- Sebastian. - repito depois de já ter pego o recipiente e o inclinar para os lados. Não é uma grande quantidade. Olhando friamente, percebo que não deve passar de uma colher de chá. As sementes são minúsculas, do tamanho da cabeça de um alfinete. Meu estômago faminto começa a dar os primeiros sinais de protesto. - Pode me dizer o que são essas sementes?


Ele dá as costas para as janelas e se aproxima. Demora até me olhar nos olhos. E isso tem a incrível capacidade de me deixar nervosa. Detesto o semblante inexpressivo de Sebastian. Mais do que sua expressão tensa.


- São... - diz. Tenho a impressão de que engole em seco antes de falar. - De cenoura selvagem.


Junto mais as sobrancelhas. Antes do reconhecimento atravessar meus pensamentos.


- Renda da rainha.


Sebastian assente, me analisando com atenção. Desvio os olhos até as bolinhas minúsculas dentro da porcelana. Este não é meu primeiro contato com esse assunto. Não sou exatamente uma fã de botânica, mas a fama destas sementes já chegou até mim. Em rodinhas de madames durante as temporadas, sussuros nos corredores quando ainda vivia em Phantomhive com meus pais e uma grande gama de empregados. Seja com esperança ou horror, de alguma forma o assunto da contracepção e o frenesi de um possível controle do próprio corpo sempre pairava sobre esses grupos. 


De repente tudo faz sentido. A expressão de Sebastian, a maneira como pareceu estar distante e preocupado em alguns momentos que me tiraram o sossego. Algo tão simples.


- Sabe - digo aproximando a porcelana do rosto lentamente. - Você poderia ter me dito que algo estava errado ontem. No momento em que aconteceu, de preferência. - com os dedos em pinça, pego algumas, só para as analisar - Teria me preparado para... isso.


- Não queria sujeitar você a isso. - Sebastian diz com o semblante arrependido. - Me desculpe, mas acho que você não precisa sofrer as consequências de estarmos juntos. - sinto minhas bochechas se avermelharem. Era só isso.


- Não quero obriga-lá a nada. - continua. - Só quero que saiba que é um direito seu escolher.


É a minha vez de engolir em seco. Me sinto desconfortável. Essa conversa é estranha. É difícil pensar que algo assim possa acontecer, de alguma forma, acho que acreditei que as consequências de realmente estar com Sebastian nunca me atingiriam.


- Mas você realmente acha que... que... - as palavras entalam em minha garganta antes que possam sair. Temor, timidez e incredulidade se misturam. Sebastian nota minha confusão e se aproxima até sentar próximo a mim na cama.


Ele dá de ombros: - Prefere esperar para ver?


Não preciso pensar muito na resposta. Ela vem automaticamente. Não consigo me imaginar em uma situação como essa. Sou uma garota que vendeu a alma a um demônio, meu fim precoce é certo. Além do mais, não consigo pensar em como seria ter alguém tão inocente e frágil dependente de mim. Isso é tão errado em tantas maneiras que nem sei enumerá-las.


- Não. - digo sem rodeios. Sebastian se limita a assentir e a me observar levar as sementes até a boca e as mastigar. O sabor amargo e terroso inunda minha boca, e me esforço ao máximo para não cospir na hora e reduzir esse instinto a uma única careta. - Obrigada. - murmuro depois de engolir custosamente.


- Pelo quê? - pergunta me alcançando a água. Minha careta se intensifica ao notar que ainda existem mais algumas no fundo da porcelana. Mas antes as levar a boca, fito Sebastian com um sorriso mínimo. Ele não faz idéia do que acaba de fazer. 


Ele me deu uma opção.


- Por pensar em mim. Por me deixar escolher. - Sebastian junta as sobrancelhas enquanto se inclina para prender uma mecha rebelde que insiste em cair sobre meus olhos atrás da orelha. Para ele isso parece tão simples. Não faz idéia que acabou de me dar uma escolha que muitas mulheres desejam em alguma parte da vida. Mastigo o restante das sementes para depois as empurrar com grandes goles d'água. - Agora, você precisa mudar essas suas expressões. Por alguns momentos eu pensei...


Hesito. Pensei o que? Que Sebastian havia me enganado? Que isso tudo não passava de um joguinho de sua parte para cultivar minha alma da maneira que quer? Como posso ter cogitado essa idéia?


Quando volto a fitar Sebastian, vejo a compreensão mudar suas feições. Para logo depois um tom de mágoa deixar a linha fina de seus lábios rígida e os olhos frios.


- É mesmo tão desconfiada ao ponto de ainda suspeitar que eu faça algo assim? - pergunta estreitando os olhos. Pisco repetidas vezes e tento forçar minha voz para que alguma desculpa plausível saia. Mas tudo o que emito é um muxoxo sem nexo. Engulo em seco. De alguma forma, com Sebastian falando isso em voz alta só torna minha desconfiança mais descabida.


- Não precisa se explicar. - ele diz de maneira amarga e uma risada nasal. - Não sei porque imaginei que confiaria em mim.


- Eu confio. - rebato com firmeza.


- Além da confiança do contrato. - acrescenta. Isso me faz morder os lábios. - Você ainda consegue ver o que era a meses atrás? Se conseguir por favor me diga como. Eu mesmo já não me reconheço mais.


- Sebastian... - consigo dizer. Ele se ergue, recolhendo a combuca de minhas mãos e a taça já vazia para a bandeja. - Sebastian. - chamo mais uma vez, faço menção em me erguer assim como ele, mas logo mudo de idéia e aperto com força o lençol sobre o peito. Ele foca os olhos carmesins nos meus. Suspiro com pesar antes de me desculpar: - Me desculpe. Mas você... - titubeio. - Tudo bem, não posso mentir. Eu desconfiei de você.


- Mas... - continuo - você não pode esperar que um coelho confie cegamente em uma raposa, pode?


Suas sobrancelhas se franzem.


- Ane as suas analogias não são as mais...


- Sebastian, você disse que me ama. - O interrompo. - Disse que não precisa de uma resposta. Por enquanto. Eu estou tentando. Muito. Amor exige confiança, e eu ainda estou aprendendo a confiar em você cegamente. Por mais que em alguns momentos isso já aconteça. - a intensidade de seu olhar é desconcertante, não consigo continuar antes de fechar os olhos e os abrir mais uma vez, tamanho é o magnetismo que sua atenção exerce sobre mim. - Você pode esperar minha completa confiança? Quero dizer... até o momento em que eu puder dizer isso... devolta?


Não tenho palavras para descrever o alívio que sinto quando vejo sua expressão se suavizar e se aproximar. Seus dedos tocam meu queixo com suavidade e fecho os olhos ao sentir seu polegar contornar meu lábio inferior.


- Se esperar fosse um problema nada disso teria acontecido. - diz. Sei que fala de maneira abrangente. - Espero o tempo que precisar Ane. Mas não posso dizer que essa desconfiança me agrade.


- Você deveria ter pensado em todos os possíveis problemas antes de ter dito que me ama.


Sentindo o polegar de Sebastian pousar sobre meu lábio, ouço um sorriso em sua voz quando me responde:


- Posso não ter pensando em todos eles, mas a cada minuto que compartilhamos juntos tem muito mais valor do que qualquer problema, Ane.



Gisele pareceu ter a mesma aversão a espartilhos que a minha. Depois de algum tempo, quando o desjejum já estava pronto e passei em frente a porta de seu quarto com Sebastian em meu encalço, ouvi suas lamúrias desesperadas. Preocupada, empurrei a porta parcialmente aberta e me deparei com uma Magda de rosto completamente corado e Gisele, segurando-se no console da lareira com uma careta chorosa.


- Ane, eu vou morrer! - gritou com a voz esganiçada. Não segurei o riso, e isso só a deixou com um olhar mais desesperado ainda.


Minha irmã demorou muito tempo até se achar capaz de andar sozinha sem beirar um desmaio. Imaginei que Magda talvez tivesse exagerado um pouco, mas pensando na forma como eu sempre havia fugido de aperto adequado na peça, não era de se admirar que Gisele nunca o tivesse usado corretamente aquela tortura. Acho que seu mal estar era causado mais pela falta de costume - por mais que isso soe estranho alguém como eu dizer.


Quando finalmente conseguimos sair - com Gisele com seu braço enlaçado no meu, como se temesse desmaiar a qualquer momento - achei melhor procurar pelos oficiais judiciais do que contar com os serviços de alguma paróquia. De alguma maneira, o serviço do cartório parecia mais efetivo.


Eu nunca tinha visto a Lei dos pobres ser aplicada em uma situação de herdeiros bastardos com o pai biológico já falecido, e temia que o simples fato de ser filha não fosse alguma prova cabível. Mas a lei era flexível, até demais, e não encontrei problemas maiores do que o simples fato de estarmos em um estabelecimento sozinhas. E isso, é claro, foi contornado pela presença de Sebastian.


Eles conheciam o nome Phantomhive, e percebi no momento em que Gisele assinou os documentos que talvez eu tivesse sido a primeira a manchar o nome da família em séculos de uma imagem impecável e honrada. Para todos os efeitos, Gisele não seria vista de outra forma que não fosse uma filha bastarda do conde de Phantomhive. Isso causaria alvoroço, boatos de uma suposta traição de meu pai à minha mãe, por mais que isso não fosse verdade.


Gisele não pareceu acreditar até o último minuto que eu faria uma coisa como aquela. Talvez ainda me visse como uma moça de família rica mesmo depois de saber ser minha irmã. Mas senti que naquele momento alguma coisa havia mudado. Era um passo a mais. E sinceramente, a honra da família não valia mais do que o sorriso largo que ela ostentou no caminho todo na volta para casa. Nosso pai faria o mesmo. Já é hora de repensar os valores. Gisele tinha todo o direito de ser reconhecida como parte da família e ter a melhor educação que eu pudesse a ajudar a acessar, por mais que tardia.



- Posso entrar? - Gisele ergue os olhos de seu pingente até os meus. Ela sorri e abre espaço na cama, dando tapinhas na colcha para que eu me aproxime. Imagino no que ela poderia estar pensando.


Sinto o suor frio descer por minha espinha. Passamos a tarde juntas e parte da noite, não quero estragar o carinho e a intimidade frágil que desenvolvemos uma pela outra com o que estou prestes a dizer. 


Com as duas em um silêncio constrangedor por alguns instantes, inspiro para tomar coragem. Mas não contava que Gisele fizesse o mesmo.


- Gisele eu preciso...


- Ane eu queria...


Ela ri. Já eu, sorrio tensa. 


- Pode dizer primeiro. 


- O que tenho para dizer é muito longo. - digo balançando a cabeça com veemência. - Pode começar.


Seu rosto se tinge de rosa, e de maneira doce Gisele desvia os olhos para o outro lado como se quisesse tomar coragem antes de começar.


- Eu só queria agradecer. Por... tudo. - ergo uma sobrancelha em confusão. - Você fez muito por mim em muito pouco tempo. Poderia simplesmente ter me tratado como uma irmã bastarda e me mantido na sombra, por mais que moremos juntas desde que me trouxe para Londres.


Minha consciência pesa antes de inspirar para a interromper. Mas Gisele ergue a mão, pedindo tempo.


- Minha avó fez o que podia por mim, reconheço isso. E a amo por ter tentado me educar mesmo quando não conseguia por comida na mesa. - continua. - O que tenho aprendido aqui com você é muito mais do que eu esperaria saber em uma vida inteira. Eu só queria agradecer por fazer isso. Não é sua obrigação, e é por isso que sei que faz tudo isso talvez não por amor, mas por carinho. 


- Eu sou grata a você. - diz pegando minhas mãos com firmeza. - De verdade.


- É claro que faço isso por amor. E porque quero recuperar o tempo perdido. - Aperto sua mão contra a minha, sorrindo minimamente ao olhar em seus olhos tão iguais aos dele. - É por isso que preciso contar algo a você.


Seu sorriso tímido vacila, mas com um suspiro, tomo coragem e conto a Gisele. Cada detalhe, de maneira crua, tentando ao máximo não inserir minha própria visão sobre os fatos.


Ela ouve em silêncio, sem mover um só músculo até que eu termine. Ao invés disso, lágrimas cristalinas brilham em seus olhos. Gisele não desaba. Simplesmente digere as informações em silêncio de maneira estoica. Algo nesse gesto faz com que eu veja a mim mesma refletida em suas ações.


- Gisele eu podia não estar pensando inicialmente no seu bem estar no momento em que nos conhecemos. Não gosto de admitir que isso era verdade. Mas agora pode ter certeza de que você estar bem, e segura, é a única coisa que importa para mim. - seguro suas mãos com mais força.


- Eu acredito em você. - sussura. - E em tudo o que disse. E acho que é por isso que me dói tanto. No fundo eu sempre soube. Desde a infância desconhecia quem eram meus pais, vovó sempre fugia do assunto, e gaguejava como se estivesse nervosa ou o simples fato de se lembrar de algo a apavorasse.


Fico em silêncio, escutando sua respiração entrecortada. Não sei o que posso dizer, nem consigo imaginar o que Gisele poderia gostar de ouvir em uma situação como essa.


- Você tem motivos o suficiente para me odiar. - ela murmura depois de um tempo. - E se eu for como ela? E se eu tiver herdado toda essa monstruosidade que me disse?


- Gisele, os filhos não são réplicas dos pais. - lembro. - Você não é igual a Morrigan. É só mais uma vítima das suas ações. E é por isso que quero que fique conosco, mais do que nunca.


Ela pisca rapidamente, tentando afastar as lágrimas que turvam sua visão, a vermelhidão em seus olhos me parte o coração. 


- Morrigan pode procurar por você. E aqui estará segura. Por favor, sei que depois de saber minha motivação inicial talvez desconfie de mim, mas aqui terá apoio. Sebastian protegerá não só a mim, mas você.


Seus olhos se estreitam por alguns segundos, provavelmente não deve entender como posso depositar tanta confiança em um mordomo que está sempre no meu encalço como uma sombra.


- Eu ficarei. - diz. - Mesmo que eu quisesse partir, para onde iria?


Me limito a ficar em silêncio. Minha irmã se ocupa em secar suas lágrimas, então abaixo os olhos até nossas mãos, juntas


- Ane, Sebastian não é exatamente humano, é? 


A pergunta me pega de surpresa. Quando fito Gisele, todas as prováveis desculpas somem da ponta da minha língua. Vejo compreensão em seus olhos, e isso me surpreende.


- Por quê acha isso?


Ela ri sem graça.


- Eu vi coisas demais durante toda minha infância. Coisas que não deveria ter visto, mas que foram o suficiente para que eu percebesse que o mundo não é da maneira que muitas pessoas imaginam conhecer. - me observando engolir em seco, ela completa. - Além do mais, não acho que alguém depositária tanta confiança em um mordomo, por mais profissional que ele fosse, vi coisas o suficiente nesses dois dias que me fizeram ter certeza disso.


- Então você sabe que falo a verdade quando digo que ele pode a proteger. - digo com um suspiro. Não faz sentido mentir.


- Sei. - admite. - Mas também me preocupo. Você tem algum tipo de envolvimento com ele, e não acho que isso seja uma coisa boa para os dois.


- Gisele! - exclamo. Sinto como se tivesse tomado um banho de água fria. Como ela pode ter percebido tantas coisas? É tão óbvio assim? 


- Eu só sou uma boa observadora. - diz com um risinho. Percebo sua tristeza se dissipar. - Acertei, não é?


- Acho melhor que não sabia a verdade. Ao menos só disso.


- Ótimo, isso soou como uma afirmação para a minha pergunta. Agora é você quem não confia em mim.


- Eu só não quero envolver você em mais um problema. Se contar, estarei tornando você uma cúmplice. Entende?


- Um pouquinho. - diz com um bico se formando nos lábios. Não consigo segurar um sorriso. - Eu quero me aproximar de você Ane, independente de sermos irmãs. 


Não posso fingir que não me surpreendo. Gisele tem uma maneira doce, quase que infantil quando exprime seus sentimentos com honestidade. Queria poder fazer isso, talvez me poupasse de tantos problemas, inclusive com Sebastian.


- Nós podemos ser amigas?


Ouvir isso me remete ao passado. Em um lapso de memória, não é Gisele quem me faz essa pergunta, mas sim um menino tímido de olhos verdes feéricos. Sinto falta dessa época, sinto falta de ser aquela menina. Mas acho que me perdi, no meio do caminho. 


Talvez eu e Edward tenhamos tomado caminhos diferentes.


- Ane? - Gisele chama, olhando confusa para minha expressão aérea. Sorrio, não como anos atrás, não sou a mesma pessoa para repetir os mesmos atos. Mas tenho certeza de que respondo minha irmã com sinceridade.


- É claro.


"Pensei que eu fosse forte

Eu sei as palavras que preciso dizer

Congelada no meu lugar

Eu deixo o momento escapar

Nunca tive a intenção de mentir

Mas não sou a garota que você acha que conhece

Quanto mais eu estou com você

Mais sozinha estou"

The change - Evanescence
















Notas Finais


❃ Renda da rainha/sementes de cenoura selvagem: "[...] produz sementes que, há muito tempo, foram usadas como anticoncepcionais. Pelo que se sabe, as sementes bloqueiam a síntese de progesterona, funcionando como uma espécie de pílula do dia seguinte, que podem ser ingeridas até 8 horas após o coito. Era um método muito usado pois ingerir as sementes causava apenas um pouco de prisão de ventre e quem fizesse o uso dela poderia ter filhos saudáveis depois sem nenhum problema.

❃ Lei dos pobres/poor laws: "Entre 1860 e 1834, a Lei dos Pobres na Inglaterra faziam com que o pagamento dos benefícios fosse feito de acordo com a renda familiar média da vizinhança. As mães solteiras recebiam mais na folha de pagamento, assim como os idosos. Se uma mulher grávida quisesse reivindicar algum benefício na década de 1830, ela procuraria dois oficiais judiciais e jurava que conhecia a identidade do pai da criança. Nenhuma outra prova era necessária – ela receberia o benefício, e os funcionários tentariam procurar o homem. Se o encontrassem, ele teria que pagar todas as despesas do parto e todas as outras despesas de alimentação e vestuário."

Nos vemos no próximo cap! E mais uma vez, perdão pela demora (digitando este trecho semi acordada -_- o que a gente não faz para manter a fic em dia?)

Kissus! ♡♡♡


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