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História O Filho de Hades - Dódeka


Escrita por: taesahk

Capítulo 12 - Dódeka


Fanfic / Fanfiction O Filho de Hades - Dódeka

I just lie awake and play it out in my head

Like I know what to do

But the water's got a different plan 

for me and you

And it hurts when it's true

 

Jeon Jungkook, ainda que filho de Atena, sempre teve dificuldade para controlar seus sentidos, sejam eles auditivos, olfativos ou mentais. Não, ele não era burro, muito pelo contrário, mesmo tendo um certo nível de dislexia por causa de seu sangue meio humano e meio divino, era acima da média para praticamente qualquer coisa. No entanto, lutava arduamente para organizar seus próprios pensamentos sobre sua saude mental e sua vida, sendo que tudo parecia alto demais, podre demais. O barulho de seus pensamentos caóticos já era suficiente para confundir-lhe, tornando-o uma pessoa impaciente e distante.

De qualquer forma, depois de um tempo, quando conseguiu sorrir novamente ao fazer amigos, aquietou uma parte de sua mente e finalmente controlou tais sentidos tão irritantes. Na primeira vez que teve consciência disso, deitou-se sobre a grama com Kim Yugyeom sob o sol da tarde e apreciou finalmente o calor queimando os pelinhos de sua derme, a visão de um céu com nuvens defeituosas, o cheiro das plantas e o som de alguns pássaros cantando. Fizeram isso uma segunda vez, depois que foi-lhe roubando um beijo durante a noite pelo amigo, ao observarem as estrelas e relaxaram sob um grilar sereno. Jeon não escutava mais sua mente gritando, na verdade, nem seu coração acelerara com o ato, porque finalmente conseguia confiar em seus sentidos. 

Mas a vida é injusta e depois que ela o fez se afastar de Yugyeom - humano ordinário que provavelmente o amara -, os sentidos ficaram obscuros novamente. Jungkook tinha Park Jimin como apoio, mas era insuficiente. Não que seu amigo não era bom o bastante e forte o bastante para manter-lo firme, era apenas que o que o puxava para baixo era pesado demais. 

Álcool, choros, jogos, sexo sem compromisso. Uma rotina deliberadamente chata. Chatíssima e chula. Jungkook havia se tornado um grande pecador, mas tudo bem, ele não era católico e sim mero estudante de arquitetura, de fato, o melhor. Gostava desse título por fazê-lo esquecer a personalidade ruim que havia se moldado tão facilmente, rendido e humilhado pela vida fútil. 

Jeon sorri bobo para o teto, pensando em como sua vida havia se tornado um ciclo. Estava boa antes dos gêmeos Park, estava ruim depois dos gêmeos Park. Estava boa antes de Yugyeom, estava ruim depois de Yugyeom. E agora, está boa com Taehyung. Quando teria o próximo declínio? Não se importava. Na verdade, Taehyung não era apenas um apoio para o garoto, havia se tornado uma estrutura para ele, fazendo-o se lembrar de que ele podia sorrir de novo, mesmo enfrentando problemas e traumas.

Seus sentidos estavam bons novamente e se um dia odiou escutar qualquer coisa porque tudo era alto demais para sua cabeça confusa e judiada, agora o som da respiração de Taehyung havia se tornado sua melhor nota musical. Sua mente o diziam para se segurar no filho de Hades deitado em sua cama e nunca mais soltar. Nunca mesmo. E assim, escutando como um maldito homem quase apaixonado os baixos roncos de Kim, sorriu sozinho. 

Depois de revelações na madrugada e um sexo impiedoso, Taehyung conseguiu novamente cair no sono e enquanto isso, o filho de Atena se pôs a observar as feições tão delicadas e bonitas do tatuado, por oras passeando os dedos pelo pescoço cheio de desenhos do loiro. Perguntava-se quantas novas dúvidas o filho de Hades traria para sua vida, pois ainda que houvesse descoberto sobre a morte de Perséfone e os planos de Hades, ainda não entendia porque sempre parecia estar envolvido nessa confusão toda.

Porém, o que mais gostaria de saber era como havia se encontrado com Taehyung no passado pelos seus sonhos e porque Ares estava lá, em carne e osso. Assim, tentando organizar seus pensamentos, teve seu raciocínio interrompido ao escutar resmungos baixos do tatuado despido ao seu lado. O filho de Hades remexia o corpo, procurando pelo calor de Jeon. 

- Cadê você? - Resmungou baixo e rouco, ainda sonolento e com os olhos fechados. 

- Eu to aqui. - O filho de Hades sorri sozinho, aproximando seu corpo para perto do mais velho até ficarem milímetros de distância. Kim satisfeito, caminha sua mão cheia de desenhos pelo braço do garoto, até entrelaçarem os dedos. 

- Como você quer que eu te acordo aos beijos, se nem perto de mim você está, hein? - Pergunta sorrindo sem mostrar os dentes, finalmente abrindo os olhos. Ambos se encaravam como se estivessem perdidos em um mundo totalmente diferente, roçando os narizes a fim de sentirem arrepios. 

- Mas eu que estava acordado primeiro... 

- Então por que você não me acordou aos beijos? - Pergunta, puxando a cintura fina de Jeon pra perto de si. 

- Taehyung, você não tem cara de gosta dessas coisas. - Leva sua mão para o rosto do tatuado, acariciando as maçãs alheias com o polegar - Provavelmente iria me empurrar. 

- Acho que somos dois bipolares ou não sabemos os que queremos. Você me beija, mas ama dizer que me odeia. - O tatuado leva a mão para a bunda de Jeon, apertando-a forte - Eu gosto de te foder até você chorar, mas adoro te abraçar durante a noite. Uns beijinhos de manhã não seriam tão ruim assim, não acha?

- Com certeza, não. 

Jungkook sobe levemente sobre o corpo seminu do tatuado, observando como ele ficava caoticamente lindo de manhã. A boca inchava devido ao sono, o cabelo desordenado em fios loiros desidratados, o sorriso torto de um cafajestes e olhos caídos. Lindo como um maldito modelo. Por outro lado, Jeon também era observado minuciosamente pelo filho de Hades, este que gostaria de capitar a cena do filho de Atena em seu colo com uma câmera antiga. Porra, Jeon era uma perdição para Taehyung e não era à toa que tivera interesse no momento que o viu pela primeira vez. O garoto mais novo podia ter o olhar inocente e traços finos como de um príncipe, mas sua mandíbula marcada e o corpo esculpido nos lugares perfeitos, tornava-o um belo homem. 

Os beijos começaram sendo distribuídos pelo peitoral do mais velho, até chegarem ao pescoço, caminhando para uma leve mordida na orelha para enfim, sentem selados sobre a bochecha e a linda boca em formato de coração de Taehyung. Este apenas permitia-se sentir tudo que lhe era proporcionado, não ligando de ser rendido pelo garoto. 

- Eu amo as suas tatuagens. - Jeongguk diz depois de puxar o lábio inferior de Kim com os seus. - Adoro tudo em você. 

- Qual você mais gosta? - Taehyung pergunta, apertando o quadril de Jeon com as duas mãos. 

Kim não gostava de ser um pervertido toda hora, mas ter o mais novo em seu colo sem camisa de manhã era tentador. Não ligou quando ajeitou o corpo do garoto para que ele sentasse bem em cima de seu ponto mais sensível. 

- Eu não consigo escolher uma, aposto que nem conheço todas. - Diz, fazendo um pequeno bico como uma criança mimada - Qual a primeira que você fez, hyung? 

Taehyung engole em seco. 

- Um outro dia eu te mostro. - Reponde um tanto perdido, desviando do olhar de Jungkook. - Nós temos aula daqui a pouco, melhor nos trocarmos. 

- Não me diga que é um segredo... - Jeon sorri travesso, rebolando de leve sobre o pênis de Taehyung. - Você ainda esconde segredos de mim? 

Taehyung ja sentia sensações gostosas subindo pelo seu corpo com o pênis do filho de Atena roçando com o seu e se continuassem daquele jeito, renderia-se logo mais. "Eu duvido muito que ele aguente mais uma...", pensou ao lembrar de como haviam transado forte na noite passada. Jungkook apenas gostaria de arrancar-lhe informações de uma forma mais fácil, sendo que na verdade não tinha nem forças para dar o cu.

- Todo mundo tem segredos, garoto. Não seja um mimado e intrometido. - Sorri de lado, jogando o corpo de Jeon de volta para a cama e ficando por cima. - Se você quiser transar de novo a gente pode fazer isso, sem problemas. Mas... Você acha que consegue andar depois? 

Taehyung sorri pervertido e começa a devorar o pescoço do mais novo, chupando-o e lambendo-o sem ao menos avisar. Apertava com firmeza o pulso do garoto nos lençóis, prendendo-o ao lado da cabeça, pois se o filho de Atena quisesse brincar, ele faria isso. 

- Pa-para Tae... Vamos tomar banho.

- Vamos? Nós dois? - Taehyung solta uma risada entre o pescoço de Jeon. Estaria ouvindo corretamente? 

- Vem logo! - Jungkook revira os olhos, empurrando Taehyung para o lado e puxando a mão tatuada do amorenado em direção ao banheiro. Realmente, não estava  a brincar.

Despiram as roupas íntimas antes de entrarem no chuveiro quente, deixando o silêncio ser preenchido com o barulho da água sob os dois corpos másculos. Era engraçado como ambos pareciam estranhar aquela situação e quando encontravam os olhos, sorriam de forma comprimida, a fim de evitar risadas. Jeon estava envergonhado e suas bochechas coradas o denunciavam a todo momento, principalmente quando evitava contato visual ao ensaboar o próprio corpo com sabonete, como uma criança inexperiente.

- Deixa eu te ensaboar, pirralho. - Taehyung, cansado de se sentir estranho, toma o sabonete de Jeon e começa a massagear suas costas. 

- Na-não precisa... - Jeon gagueja quase sorrindo, no entanto não fazia nada para impedi-lo. 

- Ontem eu estava limpando nosso gozo e hoje você fica envergonhado por eu esfregar suas costas? - Taehyung solta um barulho com a boca, zombando do garoto. - Parecemos um casal de crianças apaixonadas e você sabe que não somos isso. Não sabe? 

- Claro que sei, eu nunca me apaixonaria por você. - Jungkook, irritado com as palavras que ouvira, toma o sabonete de volta e passa a esfregar com força as costa de Kim, como se descontasse sua frustração.

Tudo bem, eles não eram mesmo um casal apaixonado e Jungkook já havia mentalizado isso. Porém, escutar tais afirmações da boca de Taehyung ferido-o um pouco. Não entendia porque, mas apenas queria dar-lhe um soco. 

- Puta merda, você vai arrancar minha pele desse jeito! - Taehyung vira-se de frente pra Jeon, pretendendo-o na parede. - Está com raiva? 

- Não. - O filho de Atena empurra-o subitamente para debaixo da água, fazendo o mais velho engasgar e tossir como um condenado. Não pode evitar rir e logo mais gargalhadas de ambos faziam ecos no cômodo. 

Infelizmente, para Taehyung, pareciam sim como um casal apaixonado. Feliz e ordinário. 

- Tae... O que nós somos? - Jungkook, agora sério, encarava os olhos de Taehyung entre todo aquele vapor. Intenso e curioso, esperava por uma resposta. 

- Somos carentes.

Taehyung responde simples e direto, sorrindo minimamente antes de tomar os lábios rosados do garoto. Mantiveram assim, línguas entrelaçadas, corpos colados e mãos bobas dentro daquele box apertado. Era um beijo lendo e calculado, belo e prazeiroso. Pelos deuses, o toque era tão vicioso, ainda que estivessem tão acostumados um com o outro em tão pouco tempo. Assim, quando o ar faltou, apenas permaneceram em um um abraço apertado sob a água, com olhos conectados e respirações descompassadas. Depois de um tempo, quando Jungkook pareceu envergonhado, como sempre fazia, desfez do toque, afastando-se do mais velho para lavar o cabelo. 

- Você está bem? - Pergunta, fazendo Taehyung o dar atenção. 

- Estou.

- Não... Digo, com o que aconteceu nessa madrugada, sobre o meu sonho. 

Taehyung é pego de surpresa mais uma vez, pois a verdade era que queria evitar esse assunto por algumas razões. A primeira era que  não havia entendido como aquilo era possível, a segunda era porque tal memória lhe trazia sensações tristonhas. 

- Eu estou bem. Logo a gente descobre o que aconteceu. - Taehyung sorri curto, ajudando Jeon a massagear o cabelo. 

- Hyung, mas por que eu? Por que justamente eu? É muita coincidência. 

- Talvez nada disso seja apenas uma coincidência. - O filho de Hades suspira pesado, tentando pensar em possibilidades de respostas para dá-lo. Nada. Não conseguia pensar em nada. "Se ao menos Namjoon estivesse aqui...", pensou no amigo do Olimpo, imaginando que talvez ele tivesse respostas para ambos os semideuses. 

- Ares estava no sonho. Por que? 

- Aquele dia foi justamente quando Ares e Hades raptaram minha mãe e eu. Desde pequeno eu sirvo ao meu pai. - Abaixa as mãos dos fios molhados de Jeon, olhando-o nos olhos e sorrindo triste - Eu era a porra de um escravo pra ele desde aquela época. 

Jungkook não sabia o que dizer, na verdade tinha muitas perguntas para fazer ao mais velho, era só que estava perceptível a dor que o causava falar no assunto. Por isso, não disse ou perguntou nada, apenas o abraçou forte e carinhoso. 

- Sabe, de uma form estranha, eu não quero que seja apenas uma mera coincidência. - Deposita um beijo casto na bochecha amorenada antes de afastar-se para enxaguar seus fios.

- Eu também não, bebê. Porque se não fosse por todas essas merdas, como que eu teria fodido essa sua bundinha linda, hein? - Sorri, mordendo os lábios e dando um tapa estralado na bunda leitosa do mais novo. 

- Pelos deuses... - rola os olhos e sai do box, enrolando uma toalha branca na cintura - Por que você é assim? Por que é desse jeito? Não siga mais essas coisas quando eu estiver sendo sincero - suspirou. - Apenas termine seu banho. 

A resposta era simples, Taehyung lembrava das primeiras palavras que havia dito para o Jungkook depois de transarem pela primeira vez. "Não se apaixone por mim", repetia em seu cérebro diversas vezes sob o chuveiro, depois de ser deixado sozinho. Ele não deixaria que Jungkook o amasse como um homem, afinal, provavelmente sua vida estava condenada e por isso, também não poderia amá-lo. No entanto, amaldiçoou-se por suas palavras saírem tão idiotas

Porém, como não se apaixonar pelo filho de Atena? Estava condenado, porque mesmo achando que ainda não o amava, tinha uma estranha sensação todas as vezes que pensava no garoto. Droga, ele devia ser só uma transa. Um descarte. 

-  A festa do Hoseok vai ser daqui a três dias, está animado? - Taehyung sai do banho, secando as pontas do cabelo. 

- Você sabe que não. Eu não quero dançar pra todo mundo. - Jungkook vestia um jeans e uma camiseta branca e larga, que caia torto por cima de seus ombros, mostrando a clavícula que Kim tanto amava. O garoto bebia leite do gargalo, com a geladeira aberta, despreocupadamente. 

"Esse gostoso adora um leitinho", o tatuado pensa, adorando vê-lo daquele jeito. 

- Eu quero te ver dançando. 

- Devia ser menos ogro e talvez você ganhe uma apresentação exclusiva. - Jungkook sorri com dentinhos de coelho, no entanto, não escondia a malícia em seus olhos. Ele guarda o leite e coloca a mochila de lado nas costas, iria sair daquele modo mesmo pela manhã: cabelo pingando, cara lavada e roupa desleixada. Estava exausto demais para se produzir. Porém, aos olhos do filho de Hades, estava lindo. 

- Talvez eu deva me esforçar um pouquinho... - Taehyung sorri quadrado, mandando uma piscadela simples antes de vestir seu jeans preto.

- Estava pensando, talvez a gente possa reunir meus amigos hoje e aqui pra discutir sobre coisas importantes. - Jungkook podia ter suas distrações às vezes, porém precisavam conversar sobre os planos de Ares e Hades. 

- Eu odeio isso. 

- Você sabe que esse quarto é meu e eu mando aqui, não sabe? - Taehyung apenas revira os olhos, pois não podia desmentir fatos. - Se te agrada mais, podemos discutir sobre as coisas de modo casual, comprando pizza e cerveja. 

- Tenho uma ideia melhor! - Taehyung caminha até Jungkook, abraçando a cintura do mais novo por trás. - Podemos conversar com todos depois da aula, no escritório de Taemin. Depois, eu e você, compramos pizza e cerveja. Só nós dois. 

- Eu tenho amigos também, hyung! 

- Só hoje. 

- Não! 

- Eu te chupo depois.

- Tudo bem. 

 

O dia passava lento, Jungkook tinha sono durante as aulas devido a noite passada e por causa dos remédios que havia tomado mais cedo para os músculos, porém forçava sua concentração na aula, ainda mais porque era cálculo e bom... Ele odiava cálculo. Por outro lado, Taehyung parecia ter suas energias renovadas, principalmente quando a aula abordava o Surrealismo, expressão artística que sempre amara. No entanto, mesmo animado com explicações e exemplos, teve seu foco interrompido por uma mensagem de Min Yoongi.

"Me encontre depois da aula atrás da Casa Grande, vamos conversar sobre o Ministério de Defesa Meio-sangue. "

De todos os lugares, havia de ser no lugar que mais odiava. Por isso, certificou que ninguém o observava ao caminhar pesado até o local, com costas curvadas e os dedos no bolso - estes que se espremiam em ansiedade. 

- O que quer? - Pergunta quando avista o filho de Ares. 

- Não está nem um pouco ansioso pra saber o desfecho de sua situação? - Yoongi encosta-se na madeira queimada da arquitetura.

- Eu estou...

- Com medo? - Taehyung assente, olhando para baixo. - Realmente é preocupante, mas você está sendo protegido por Zeus e por Atena. Zeus é o Primeiro Diretor da Triskle, se você está aqui, está seguro. 

- Eu não tenho medo das criaturas de meu pai ou soldados dele, Yoongi. Sei que estou protegido dentro da Universidade. Estou preocupado com meu futuro! - Taehyung tira os dedos do bolso, passando-os pelo cabelo antes de finalmente acender um cigarro e tragar com toda sua força a calmante nicotina. 

- Mas justamente por você ser protegido de Zeus e Atena, o Ministério foi bem mais cauteloso. 

- Diga logo. 

- Você irá para o Tártaro. 

Taehyung não pisca e nem tosse com a última tragada, pois não estava surpreso. Ele sabia desde o momento que segurou a deusa da agricultura, filha de Deméter, morta em seu braços, que estava condenado. Por algum motivo, a única pessoa que pensou no momento foi Jeon Jungkook. 

- A vida é realmente uma merda... - Suspira, jogando sua bituca em um lugar qualquer. - Finalmente vou pagar pelos crimes que cometi e pelas dores que causei. - O tatuado olha para a Casa Grande, do seu lado, sentindo uma nostalgia criminosa invadindo-lhe as veias. 

- Calma, Taehyung. - Yoongi segura os ombros o filho de Hades. - O Ministério ainda tem dúvidas, eles não sabem o que anda acontecendo no Olimpo. Na verdade, quase ninguém sabe, então talvez, se você conseguir consertar tudo, Zeus pode interferir e te intitular como herói. Se isso acontecer, você não será condenado. 

- Herói? - Taehyung solta uma risada, alta e irônica. Não se importava se as pessoas ouviriam. 

- Intérprete como quiser... 

- Eu sei que prometi à Zeus que descobriria mais sobre os planos de Hades para impedi-lo a qualquer custo e se eu sucedesse, talvez, ele teria misericórdia e traria minha mãe de volta. - Taehyung pega um graveto do chão e começa a cutucar a estrutura podre e queimada da Casa Grande - Eu sou um traidor, Yoongi. Eu trai Hades e trai Zeus, por ajudar nos planos. Você acha mesmo que ele me intitulará herói? 

- Diga-me então, filho de Hades, qual sentido de ele trazer sua mãe pra você, se você irá para o inferno? - Yoongi tinha os braços cruzados e sobrancelhas levantadas. 

- Ele não disse que ia trazer-la para mim. Ele somente disse que ia trazê-la de volta. - Taehyung poderia ser forte, mas dessa vez, era nítido que segurava o choro. A voz embargada e os olhos vermelhos já estavam ali.

Kim Taehyung era um azarado. Dos bons.

- Fico imaginando que tipo de tortura Hades anda preparando pra mim no Tártaro. Se não for ele que me arrastará pra lá, o Ministério vai. - Taehyung acendia seu segundo cigarro do dia. 

- Se fumar nesse ritmo, vai acabar morrendo e indo pro tártaro mais cedo do que imagina. - Yoongi toma a droga da mão do tatuado, tragando-a uma vez antes de jogar no chão e apagar o fogo com o pé. - Estamos protegendo a Espada e Hades está ficando sem alternativas. Pelo o que Namjoon me disse antes de ser sequestrado por Fúrias, seu pai não fará nada até ter certeza do que precisa para reverter o encanto de Atena.

- Você tem certeza disso? 

- Tanta certeza quanto tenho de que amanhã será um dia chuvoso. - Responde, olhando para o céu. 

- Certo... - Taehyung cruza os braços - E quando verei Namjoon pessoalmente? Ele andou dizendo-me coisas estranhas pelo telefone. 

- Ele é um cavaleiro de prata de Atena. Provavelmente o verá logo mais, tenho certeza que as fúrias terão um trabalho para domá-lo e, além disso, outros cavaleiros irão atrás dele. - Os dois semideuses ja caminhavam para longe da Casa Grande - O que ele andava a dizer? 

- Ele me disse para proteger Jungkook e que Poseidon estava irado. 

- Sabe, Kim, é realmente muito estranho como esse garoto está envolvido nessa história toda. Sendo que Hades, aparentemente o quer e ele é filho de Atena, coincidentemente. - O filho de Ares cessa os passos, segurando o cotovelo de Taehyung para pará-lo - Não se apegue ao garoto, nunca se sabem as merdas que podem acontecer. 

Taehyung gostaria de dizer "isso nunca acontecerá", no entanto a única coisa que pensou foi: tarde demais. Estava apegado com Jeongguk, com sua voz, com sua pele, com seu sotaque de Busan e tudo que a ele pertencia. Talvez, só talvez, o vício que ele tinha pelo filho de Atena era ainda mais forte que o vício por tabaco e tatuagens. Como pensou... Tarde demais. 

Por isso, Taehyung não disse nada, apenas assentindo com um simples acenar de cabeça. E antes de irem embora, o tatuado da uma última olhada para a Casa Grande, chamando a atenção do presidente de treinos, que lhe conforta com as seguintes palavras: 

- Não se preocupe, ninguém vai descobrir. 

 

Jungkook corria frustrado para aula de mitologia grega, amassando o papel que segurava na mão. A raiva o consumia aos poucos e por hora, não gostaria de ver o lindo rosto de Taehyung. Havia recebido a nota da prova surpresa que tivera depois de uma quase transa interrompida por Jackson, aquela na qual Park Jihoon havia se tornado assunto de conversa. De fato, a nota era alta, mas era a mais baixa desde que Jungkook entrara na faculdade. Céus, onde estava com a cabeça? Não importava, pois culpava constantemente Taehyung por sua falha e falta de concentração naquele dia. 

Gostaria de queimar aquela prova. 

Sentou-se deleixado sobre a cadeira da frente, esperando a aula semanal de Mitologia Grega começar. Provavelmente ficaria mais feliz de ouvir e ver Kim Seokjin, por outro lado, Kim Taehyung também assistiria aquela aula e, como um mimado, não admitiria os próprios erros e culparia o loiro por seus erros. Ainda, como se atraísse infortúnios e má sorte, o filho de Hades não apenas adentrou a sala com o sorriso mais sacana direcionado ao garoto, mas sentou-se atrás do mesmo, assoprando sua nuca explicitamente antes de dizer palavras com sua típica voz rouca e arrastada.

- Que pescoçinho lindo, quero mordê-lo. 

Silêncio.

- Não vai me responder? - Taehyung leva seus dedos até o lóbulo da orelha do mais novo, para brincar com a cartilagem. No entanto, com o afastamento de seu toque, Kim aproxima seu tronco até estar a uma distância segura para enfim sussurrar - Você está ciente de como eu castigo meninos mal criados, não está?

Taehyung finalmente consegue a atenção de Jeon. Ele esperava um sorriso travesso ou até mesmo um "cala a boca", mas o que recebeu foi um papel colado em sua cara. Como um tapa. Então, assustado com o ato, afasta a mão de Jungkook de seu rosto, tomando o papel para si e olhando o numero "98" escrito à caneta vermelha sobre uma prova. Talvez o filho de Atena estivesse a ficar louco, pois já não bastava chamar a atenção dos alunos por basicamente agredir o filho de Hades com uma prova, agora o garoto também encarava-o como um lunático em uma crise de raiva.  

- Hm... Parabéns? - Taehyung parabeniza-o pela nota. No entanto não sorria nem tinha uma expressão feliz no rosto. Jeongguk estava sendo um menino muito levado para seu gosto.

- Parabéns? - Jungkook levanta da cadeira, ficando de frente para um Taehyung sentado com pernas abertas.

- Sim, pela nota. 

- Eu tirei 98 por sua causa. - Jungkook apontava freneticamente para o numero escrito no papel, quase rindo de desgosto com a situação. 

- Obrigado, estou lisonjeado. 

- Lisonjeado? - O filho de Atena fazia uma pequena cena, rindo alto e chamando atenção alheia. O tatuado queria dar-lhe umas palmadas por aquilo e pela vergonha que sentia. - Foi a nota mais baixa que já tirei na vida. Você me desconcentra, Kim Taehyung! 

- É mesmo? - O mais velho tinha olhos tediosos. 

- É sim. Se eu me fuder, vai ser culpa sua. Você vai ter que me pagar, idiota! - Jungkook tenta puxar o papel, pois já havia feito seu showzinho e agora só gostaria de ignora-lo. No entanto, Kim Taehyung age mais rápido, puxando Jungkook pelo pulso até ele cair sobre seu colo. Não ligava para olhares e nem para fofocas, apenas educaria o moreno naquele momento e do seu jeitinho. 

- Sabe, sendo você o aluno exemplar que é, pode acabar se fodendo mesmo... - O tatuado teve seu dia feito ao ver Jeon assustado, com olhinhos esbugalhados e dentinhos que apertavam o lábio inferior ao sussurrar suas lições privadas. - Mas se você continuar com esse show, não só vai se fuder, como vai acabar sendo todo arrombado... Por mim

Jungkook sente todos seus pelos eriçarem e seu coração acelerando, não só porque foi pego de surpresa com palavras tão feias e sujas, mas porque todo mundo havia assistido a cena. Na verdade, era meio óbvia a sexualidade de Jungkook, já que ele costumava ser tão cafajeste como Taehyung em uma época de sua vida, porém estava ali, sentado todo submisso sobre o filho de Hades, exposto demais. Ele nunca gostaria de passar essa impressão pra ninguém. 

Todos os alunos ali presentes desatavam a cochichar entre eles e ambos os semideuses provavelmente seriam o assunto da tarde na Triskle, afinal todo mundo sempre pareceu bem interessado no filho de Hades: uma carne nova e bem deliciosa. Jungkook sentia-se envergonhado, pois não era de querer atenção nesse tipo de situações, no entanto, mais que isso, sentia-se enciumado e talvez um pouco pressionado. Uma pequena sensação ruim de carregar o fardo de está se pegando com o homem mais bonito da instituição. 

- Taehyung não é hétero? Que droga... Mas ele pode ser bi. - Ambos puderam ouvir uma garota aleatória sussurrar para seu grupo de amigos. - Jungkook é tão estranho... 

O filho de Atena sente as mãos de Taehyung se apertando sobre as suas, como se estivesse segurando palavras feias que poderiam escapar de sua língua demoníaca. Mas ele realmente falaria alguma coisa, não se fosse colocar Jeon em outra situação delicada. Por isso, ignoraram amargamente comentário e o mais novo de direcionou para sua carteira, deixando o calor do loiro para trás. 

Estranho, esquisito, mimado e metido. Eram esses os adjetivos que Jeongguk costumava receber de outras pessoas. Ninguém se lembrava dele pela beleza estonteante, sorriso perfeito e um corpo escultural. Talvez às vezes, mas logo esqueciam devido a sua personalidade mascarada e amarga. De todo modo, o moreno nada podia dizer ou reclamar, já que tinha passado todas essas impressões para os demais estudantes com atitudes imaturas e respostas azedas. Eram raras as pessoas que conheciam seu verdadeiro eu, no entanto, se conhecessem poderiam se apaixonar facilmente pelo garoto, assim como Taehyung quase estava, mas forçava-se a negar. 

Quando o final bateu e Kim Seokjin entrou na sala de aula, apresentando-se como um professor convidado para lecionar a matéria, pode-se ouvir assobios aleatório e garotas eufóricas, como se nunca tivessem visto um homem bonito antes. Até mesmo Jeon parecia feliz e sua postura havia melhorado. Por outro lado, Taehyung tinha pernas abertas e o corpo relaxada, um lápis na mão esquerda, mas nenhum papel em cima da mesa. O filho de Hades irritava-se com a voz do filho de Deméter e revirava os olhos ao imaginar como Jeongguk provavelmente sorria abobalhado para seu amigo de longa data. Não era a toa que o filho de Atena sentava-se na frente. 

"Tiéte do caralho", pensou Kim antes de olhar para o lado e observar como Park Jimin o encarava do outro lado da sala como se achasse graça dele. O semideus baixinho ria silenciosamente de sua cara, com olhinhos encolhidos e todos os dentes mostrando, como se o ciúmes de Taehyung fosse óbvio demais. O tatuado iria estragar aquele lindo rosto no asfalto um dia, talvez hoje mesmo. Foda-se, por agora, prestaria atenção na aula.

- Então hoje iremos começar a aula falando sobre o Destino. Blá blá blá, vocês devem estar se perguntando do porquê. - Seokjin andava pela sala, gesticulando para o ar - A resposta é: não sei. Eu só acho que ele é tão poderoso quando Zeus e por isso, devemos começar por ele. Alguém sabe me dizer qual o outro nome dele? 

- Moros! - Kang Daniel levanta a mão, gritando como se somente ele soubesse da resposta, fazendo algumas pessoas rirem. 

- Sim, Moros... - Seokjin continua - Sua força é tão poderosa que ele rege a tudo e a todos. Pois, o destino não é só feito no Olimpo, ele existe na Terra e no mundo dos mortos. Ninguém consegue escapar dele e se nós o driblar, ele irá nos encontrar. 

- Professor, o que aconteceu com Moros? - Alguém pergunta.

- Ninguém sabe exatamente o que houve com ele até hoje e nem com todos os outros deuses primordiais, mas as sagradas escrituras dizem que durante a Guerra Santa do Olimpo, quando Poseidon tentou tomar o podem para si, Moros sacrificou-se para salvar o mundo. 

Estranhamente, Taehyung lembrou-se de Atena e seu sacrificou para fazer a mesma coisa. Jin não era burro, ele dava aquela aula porque acreditava que o Destino estava muito envolvido nos planos de Hades e talvez assim, poderiam descobrir sobre a Grande Profecia. 

- Ele morreu? - Taehyung pergunta. 

- Ele não morreu. Ele se comunica conosco pelos oráculos e por profecias, por isso eles estão espalhados pelo mundo. Mas seu corpo físico se foi. 

- Por que? - Hoseok indaga alto, no fundo da sala. 

- Como eu disse antes, ele se sacrificou. - Jin senta sobre sua mesa, como um verdadeiro professor de humanas - Ele canalizou grande parte de sua energia em três flechas de Eros, outro deus primordial*. Esses instrumentos mágicos, não só sugaram o poder de Moros, como sugaram a ganância e ira de Poseidon. 

- Poseidon ainda mantém a sua ira. - Jeongguk refuta. 

- Parte dela, sim. Então imaginem... - Jin suspira - Se a atual ira de Poseidon pode causar grandes tsunamis, como vocês acham que seria se ele a tivesse mantido por inteira? Estaríamos mortos, todos nós. 

- E onde estão as flechas? - Jimin mostra-se interessado. 

- Moros as escondeu antes de desaparecer. Uma estaria no templo de Eros, a outra estaria perdida no templo de Moros e a última, em alguma árvore no mundo dos humanos. No entanto, nunca foram encontradas, então pode ser somente especulação mesmo. - Jin divertia-se ao dar aula, esta que fluía sem nenhuma dificuldade. 

- Mas pra que servem? - Taehyung levanta a mão.

- Além de terem salvado a todos nós, atualmente ninguém pode usá-las pra nada. Na verdade, ninguém deve usá-las! - Jin não sorria mais, apenas tinha um semblante sério. - Se o que as escrituras dizem for verdade, se uma delas for disparada sozinha, a memória de alguém pode voltar na história. 

- E se forem disparadas juntas? - Taehyung estava tenso e tinha as costas ereta desta vez. 

- Se forem disparadas juntas... - Jin engole em seco. - Voltamos o tempo para a existência do caos.

Jungkook arregala os olhos e sente seu coração acelerar, era isso. Essa era a resposta que precisavam. Estava debaixo do nariz de Seokjin o tempo todo, escondida em livros e explícita na história. O filho de Atenas levanta-se subitamente, chamando a atenção de todos e sorrindo orgulhoso.

- Taehyung, vem comigo! - Jungkook segura a mão cheia de anéis do tatuado e o puxa pra fora de aula, quase correndo. Jimin e Hoseok os seguem, compartilhando do mesmo raciocínio do filho de Atena. 

Os quatro migram silenciosos e eufóricos até o pátio aberto, até Jeon jogar-se sobre um banquinho de madeira e desatar a rir feliz. 

- O que é? - Taehyung pergunta, cruzando os braços. 

- Você é burro? - Jeon tapava os olhos para se protejer do sol, mas ainda sorria como um tolo. 

- Ele descobriu, Taehyung... - Hoseok tinha o corpo apoiado sobre a árvore e os olhos distantes. 

- Seu pai está procurando as flechas de Moros. Se ele estiver com todas elas, irá desfazer o feitiço de Atena e voltaremos a ter guerras, assim como ele deseja. - Jeon diz com os cotovelos apoiados no joelho, orgulho demais. 

- Isso faz todo sentido... - Jimin murmura baixinho. 

- Você realmente acredita nisso? - Taehyung segurava uma expressão debochada em seu belo rosto, indignado com o que ouvia. 

- Eu não acredito, eu tenho certeza! - Jeon levanta-se para ficar na mesma altura do loiro - Essas flechas estão nas escrituras, só nunca foram achadas e se isso for mesmo verdade, estaremos um passo à frente de seu pai. 

- Você ouviu Seokjin, ele disse que podem ser apenas especulações. 

- Isso é porque nunca foram encontradas! - Jeongguk tinha vontade de agarrar Taehyung pelo colarinho para dar-lhe algum tipo de raciocínio - Taehyung, essa é a única chance que temos. Diga-me, eu sei que vem estudando e lendo, encontrou alguma merda que possa desfazer o que minha mãe fez? 

- Não... - Suspira derrotado. - Mas... 

Taehyung continuaria a dizer como Jeongguk e seus amigos estavam indo longe demais, porque apesar de fazer certo sentido, como eles conseguiriam tais relíquias se elas estavam escondidas em templos poderosos? Era insano. No entanto, sentiu sua cabeça latejar em uma dor quase insuportável e quando já estava de joelhos sobre a grana, agonizando como se ficasse sem ar, uma memória atingiu sua mente.

Era Perséfone em seus braços. Antes de sua morte ela dizia sobre flechas. 

Taehyung lembrou. Perséfone não estava murmurando palavras desconexas antes de perder a consciência divina, não mesmo. Ela falava sobre as flechas de Moros. 

- Taehyung! - Jeon sacudia os ombros do filho de Hades, com olhos desperados. - Tá tudo bem? Tae! 

- Tá tudo bem! - Taehyung responde, quase como se estivesse sem ar. O zumbido agudo de seu ouvido passava lentamente. 

- O que aconteceu? - Jimin estava em sua frente, tocando-lhe a testa até Taehyung o afastar rapidamente de forma grosseira.

- Eu não sei, mas eu tive uma lembrança de quando Perséfone morreu... - O tatuado levanta-se, passando a mão na roupa para livrar-se da grama. - É verdade, Hades quer as flechas de Moros. 

- Mas você não estava acredi... - Jungkook é interrompido. 

- Agora eu sei. Ele quer elas, acredite em mim. 

Os garotos decidiram ir comer na lanchonete da faculdade, que era um lugar barato e com um menu diversificado. Eles conversavam baixo sobre todos os acontecimentos com a presença de Min Yoongi e de mais tarde, Seokjin. Decidiram, enfim que pesquisariam mais sobre Moros e as tais flechas e depois que Jeongguk contou sobre o estranho sonho que tinha com Taehyung desde que soubera ser um semideus - que na verdade era um acontecimento real para Taehyung -, todos ficaram chocados, falando aos mesmo tempo e mais alto do que o necessário. 

- Mas se isso tivesse acontecido mesmo, Jeon seria bem mais velho que Taehyung. - Seokjin diz. 

- Estou confuso. - Jimin batia a testa sobre a mesa repetidas vezes, agonizando em seu raciocínio um pouco lento. 

- O que é confuso mesmo é que só Taehyung conseguiu me vez naquele dia. Ninguém mais me enxergava. 

- Então você era somente real para Taehyung! - Hoseok espalma a mesa, assustando Jimin que resmunga em um palavrão. 

- Exatamente. 

- Talvez Namjoon tenha respostas, isso pode ser obra de Morfeu* e se for mesmo, não entendo como você dois - Yoongi apontava para ambos, o filho de Atena e do de Hades - parecem estar tão conectados. 

- Nem eu. - Jungkook encontra os olhos do tatuado, segurando a respiração por alguns segundos. - Mas vamos focar no que sabemos. O que sabemos? 

- Hades é um desgraçado de uma figa, Taehyung agora é do bem, o pai do Yoongi deve estar atrás das flechas de Moros, existe uma tal de Grande Profecia, Perséfone não está realmente morta, Hades fica culpando Jungkook por algo que não entendemos direito, um tal de Namjoon que sabe de tudo foi sequestrado, a Espada de Atena está segura e a gente tem que lidar com tudo isso por que somos malditos semideuses. - Jimin falava, resmungando ainda com a testa sobre a madeira da mesa. - Estou com sede.

- Na verdade não sabemos se Ares está realmente atrás das flechas. Eles não vão fazer nada sem terem certeza antes. Qualquer movimento estranho no Olimpo pode complicar as coisas entre os deuses e invadir um templo de um primordial para conseguir flechas de Moros, é um deles. - Yoongi diz calmo, muito diferente do garoto que andava a ter um caso. 

- Se elas estiverem no templo... - Hoseok chama atenção de Min. 

- Realmente. Precisamos ler mais sobre isso e se for verdade, devemos achar a flecha na Terra. - Yoongi bebia seu refrigerante calmante, nem parecia que estavam começando planos para impedir o fim do mundo. 

- Ei, me escutem! - Jungkook chama atenção de todos, depois de sugar todo o líquido de seu llamen instantâneo. - Moros usou as flechas de Eros e eu tenho certeza que ele fez isso no sigilo. Como deuses escondem segredos desse jeito? 

- Mandando cartas... - Taehyung responde, brincando com os dedos do mais novo.

- Hermes. - Yoongi pensa alto. 

- Exato! - O filho de Atena tinha um sorriso no rosto - Precisamos de um semideus filho de Hermes que saiba guardar segredos e roubar cartas. Se estivermos certos, as informações das quais precisamos estarão lá. 

Taehyung via pela primeira vez Jeon Jungkook usar a sabedoria que tinha, além das provas e estudos. Orgulhava-se disso, pois aos poucos conhecia o filho de Atena que tanto começava a se viciar, por isso mal percebeu que segurava um sorriso doce e olhos ternos sobre o rapaz. No entanto, todos ali percebiam a conexão que os dois homens possuíam entre si, não só conectados por sonhos, como na vida real. Se Kim Seokjin pudesse tirar uma foto de como Taehyung encarava seu querido amigo, ele faria. 

- Depois da aula, podemos fazer o que eu pedi? - Taehyung acariciava o queixo de Jeon quando somente os dois se encontravam na mesa.

- O que foi mesmo? - Jungkook tinha a cabeça deitada sobre seu braço, aproveitando o carinho. Quase fechava os olhos com o toque do tatuado e com o calor da luz que penetrava a janela. 

- Eu e você, algumas pizzas e cerveja. 

- Acho que sim. Aliás, quando você vai buscar sua moto? - Taehyung não cessava os carinhos, que foram do rosto para o cabelo, durante as falas do mais novo. 

- Eu preciso da autorização de Taemin pra ir buscá-la. Hm... - O tatuado suspira, um pouco tenso - Você sabe o que aconteceu com Park Bogum? 

- Não é não quero. - Jungkook levanta o troco, sentando-se. - Se ele pisar na universidade, sabe que será um homem condenado. 

- Pode ter certeza que se ele pisar aqui, farei dele um churrasquinho para Cérbero. - Taehyung sorri quadrado, pegando a palma de Jeon e depositando beijinhos em seus dígitos.

- Pa-para Taehyung... As pessoas podem nos ver. - Jungkook pede, nervoso. No entanto, nem ao menos havia se movido. 

- Você realmente se importa com isso? - Taehyung tinha uma de suas sobrancelhas levantadas e um sorriso torto estampado. Lindo. 

- Eu... Não sei. Você chama muita atenção e escutou o que as pessoas acham de mim. Acho que fazer essas coisas em público acabaria com a sua reputação. - Jungkook diz, levantando-se para ir a aula.

- Eu nunca liguei pra minha reputação, gaguinho. - Taehyung o impede, puxando-o de volta com a mão, para que dessa vez ambos ficassem um de frente para o outro, com uma perna de cada lado do banco. - Eu gosto que as pessoas olhem mesmo, porque mesmo que não tenhamos nada e nenhum comprometimento, a ideia de que eles saibam de que você é meu garoto, agrada-me. 

- Eu não sou s... 

Taehyung, ousado e malandro como era, calou o filho de Atena ao puxa-lo pela nuca para um beijo. Sua língua foi mais rápida, afoita para sentir o músculo delicioso de Jeon e quando se encontraram, o mais novo nem se esforçou para afasta-lo. Estava imerso no prazer que era beijar um filho de Hades, sentindo a textura macia de sua boca ao ter seus lábios pequenos chupados como um doce especial. As respirações descompassadas denunciavam os dois semideuses para toda a cafeteria, no entanto Jungkook não podia se importar menos, ainda mais quando já estava sobre o colo do tatuado, movendo sua cabeça para o lado ao morder e beijar o queixo do mais velho.

Continuariam naquela cena explícita, assustando quem estivesse em volta, se não fosse pelo sinal avisando o último período que o amorenado e Jeon tinham para atender. Assim, quando Taehyung dá um último selinho no garoto e aperta-lhe a bunda sobre o jeans escuro, Jungkook sente sua bochechas esquentarem e a vergonha invade seu sangue, principalmente quando ele repara olhares alheios e o estado de Taehyung: cabelos bagunçados, com a boca levemente vermelha e inchada. 

Era isso, tinham se pegado loucamente por alguns minutos na frente de todos e bem conhecendo o campus que estudava e morava, sabia que se não tivesse parado tão cedo, provavelmente estariam de castigo em alguma detenção. Não que beijar fosse proibido, oras, eram adultos, porém sentar aos beijos sobre um outro homem na Coreia e em uma instituição de ensino, parecia um pouco demais. Agradecia mentalmente pela falta de inspetores e castigava-se mentalmente pelas novas fofocas que viriam.

- Depois a gente se vê, não esqueça do que faremos hoje. - Taehyung da um beijo na bochecha de Jeon, antes de pegar sua mochila velha e sumir pelos corredores com seus coturnos pretos. 

Jeon Jungkook sorria sozinho, como um garoto de ensino médio. 

- Eu vi tudo. - Kang Daniel aparece do lado de Jeon com um sorriso no rosto. Ele colocava os braços fortes sobre o pescoço do outro, como um amigo mal educado e sem limites de privacidade. 

- Viu o que? - Como um desentendido, ele conversaria com o filho de Apolo. 

- Você e o filho de Hades quase se comendo na frente de todo mundo. Sabe, ele é basicamente o novo assunto da universidade. Eu não me assustaria se tivessem homens saindo do armário por causa dele. - Daniel ria e falava alto, de uma forma irritante para Jeon. 

- Eu e ele não temos nada. 

- Pelos deuses Jeongguk... - Daniel para na frente do amigo, com a mão sobre a boca e olhos perversos - Não me diga que quando estávamos jogando Call Of Duty ele estava fazendo coisas inapropriadas em você, estava? 

- E-eu... - Jeon engole em seco e seu rosto pálido denuncia sus mentira, junto com a risada forçada que soltava - Es-está louco, Daniel?

- Louco? Não sabia que gostava de exibicionismo, Jungkook. - Kang bagunça o cabelo negro de seu amigo com um sorriso no rosto, antes de gritar alto depois de dar alguns passos para longe do filho de Atena. - Por favor, da próxima vez desligue o microfone enquanto estiver sendo chupado por Kim Taehyung. 

Jeongguk se perguntava quantas mais vezes sua sexualidade e aventuras sexuais seriam expostas para outros alunos. De qualquer forma a vergonha já consumia seu corpo, além do mais, ignorar cochichos e risadas estava sendo mais fácil depois de tantos vexames vividos pelo moreno. A passos rápidos e cabeça baixa, não demorou a chegar na aula e assistir à aula como se dependesse dela para viver e, bom, esquecer Kang Daniel dizendo como ele era chupado pelo filho de Hades. Infantil e fofoqueiro, esse era o filho de Apolo. 

Então, quando já escurecia, Taehyung se encontrava na loja de conveniência do campus, comprando algumas cervejas e se indagando qual sabor Jeongguk gostaria na pizza. Entretanto, isso não era importante, pois hoje ele pretendia beijar o garoto até cansar e talvez transariam antes do sono bater, mas iria contar a verdade: ele seria condenado. Não só isso, ele pretendia contar sobre sua mãe e vida, dado que o filho de Atena não podia ficar sem respostas, não depois de sonhar com tal família. De fato, cervejas não era suficiente para voltar ao passado, ele precisaria de vodka e por isso levou a mais forte e barata da prateleira. 

Enquanto isso, o filho de Atena esperava que Taehyung tivesse pedido pizza de pepperoni ao sair da sala, só não esperava ser abordado por dois homens, velhos e uniformizados com o símbolo da CIS, Corporação de Investigação Semideus. 

- Senhor Jeon Jungkook? - Um deles pergunta alto, impedindo o segundo passo do garoto. 

- Eu mesmo. 

- Você está sendo levado sob custódia pela CIS, por ser suspeito de incendiar oráculos nacionais e internacionais, incluindo a Casa Grande da Triskle e tentativa de homicídio contra o aluno Kim Yugyeom. 

Naquela noite Taehyung embebedaria-se sozinho e Jungkook reviveria um dos seus maiores pesadelos, só que dessa vez, não como vítima.

 

__________

LEIAM AS TERMINOLOGIAS

*Deuses Primordiais: são as divindades que nasceram em primeiro lugar, que surgiram no momento da criação, e cujas formas constituem a estrutura básica do universo. Temos como exemplo Moros, Eros, Gaia e o próprio Caos.

*Morfeu: deus dos sonhos. 


Notas Finais


Oi meus amores, estão gostando da história?

Eu achei esse capítulo mais light e com muito mais interação, por isso espero que vocês tenham gostado. Também eu coloquei alguns detalhes importantes que eu espero que vocês tenham entendido. Como podem perceber Kim Yugyeom vai ver mais abordado, juntamente com o acidente com a Casa Grande, coisas que são apontadas sutilmente desde o capítulo 1.

Espero que não tenha ficado muito confuso socorro e eu tentei colocar um pouco de comédia tbm hehe bom, o que vocês acham que são esses caras da CIS? E coitado do Jk, indo basicamente preso e deixando o taehyung sozinho ):

Qual parte favorita de vocês nesse cap e o que vocês esperam para os próximos????

Sou muito grata a todo mundo que anda me ajudando a divulgar a fanfic e eu peço perdão pela demora e por todos erros ortográficos que eu possuo, prometo de coração melhorar minha escrita e revisar tudo quando tiver mais tempo. Obrigada mais uma vez e desculpem os textões 💗 aliás, obg pelas mensagens amo vcs.


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