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História O Filho de Hades - Dekaennéa


Escrita por: taesahk

Capítulo 19 - Dekaennéa


Fanfic / Fanfiction O Filho de Hades - Dekaennéa

 

Quando estou perto de você, sinto chamas

Eu toco o fogo. Eu me queimo

Sinto essa pressa debaixo dos meus pés, 

é como se eu estivesse caindo

Isso é amor, é esse amor.

 

Seul, Universidade Triskle

Jung Jeahyun vestia seus sapatos favoritos, os sociais de ponta fina, couro preto e cadarços marrons. Discretos e com um pisar silencioso. O detetive olhou-se no espelho uma última vez, passando o pente nos fios de cabelo e os puxando para trás com pomada. Ele sorriu satisfeito ao vestir o paletó e conferir o distintivo com a gravura "CIS" tão impotente e temida pelos semideuses adoradores de crimes, principalmente os filhos de Hermes, aqueles ladrões hackers e não tão divertidos como a maioria das pessoas achavam. Mas, exclua a prepotência e a malandragem e eles serão seus grandes amigos, se ainda incluir algumas moedas de dracmas, não apenas conseguirá a malandragem, como a parceria. Jung Jaehyun odiava filhos de Hermes, mesmo ele também sendo um tanto convencido devido ao seu status de filho de Afrodite e por portar um cargo de chefia em uma das maiores empresas do mundo semideus. 

E naquele dia, Jaehyun parecia extremamente entusiasmado para tentar descobrir a verdade por trás dos crimes dos oráculos. Assim, o detetive caminhava calmamente em direção à Casa Grande, não se importando em sujar seus belos sapatos ao pisar sobre lama que se aglomerara ao redor do local devido à chuva passageira da noite anterior. 

- Eu preciso da sua autorização em escrito Lee Taemin, você é o segundo diretor! - pedira para o filho de Hera alguns dias atrás, as mãos no bolso para disfarçar o nervosismo. - Eu sei que a Casa Grande está intocada e a perícia não achou nada de interessante, mas se ao menos se importa com Jeon Jungkook, ajudará eu a não prendê-lo. 

O segundo diretor revirou os olhos ao engolir seu último gole do chá, o de framboesa. Na verdade, ele já estava irritadiço por ter pedido o chá de hibisco, não o de framboesa. Hibisco era sempre melhor para ele, uma questão pouco importante em comparação com o suposto assunto que ali se passava. 

- Você sabe que sou obrigado a me importar com meus alunos, não é algo que eu realmente gosto de fazer - disse, colocando a xícara de lado e batucando as unhas bem feitas sobre a mesa de mogno. - Esse papo não me convence deveras, não tem como prender o filho de Atena por causa de uma carta e uma denúncia anônima. 

- Okay, você está certo... - o detetive levantou os braços em rendição para logo apoiar seu indicador sobre a mesa a fim de fazer seu contentamento ganhar mais voz. Ele encarava o segundo diretor nos olhos.  - Mas ele é suspeito. Um grande suspeito e eu sei que você sabe que ele não fez aquilo com o próprio amigo. Não faz sentido, ele tem uma bolsa de estudos aqui, não? 

Lee Taemin assentiu e continuou em silêncio. Por esse motivo o outro continuou seu pedido, quase em uma súplica desesperada. Era perceptível no suor que se formava em seu buço. 

- Autorize-me a fazer uma perícia individual, afinal, você me concedeu um quarto na Universidade para que eu continuasse a investigação - disse. - O caso está aberto de qualquer forma e quanto mais cedo acabarmos, mais cedo eu vou embora. 

- Que seja - Taemin disse, estalando a língua no céu da boca e assinando o papel em sua frente com sua caneta mais cara. - Está tudo queimado e destruído de qualquer forma, vai ser uma perda de tempo. Você não vai achar nada. 

"Eu sempre acho algo", Jaehyun pensava repetidamente, com um sorriso ladino no rosto a cada passo que dava para perto da Casa Grande. Convencido? Talvez, mas era questão de sempre pensar positivo e questão de que ele era um grande agente. Mas, apesar do otimismo, ele não conseguiu evitar afundar o pé na madeira podre quando subiu o degrau da escada da frente. 

- Merda! Meu sapato! - disse, dessa vez parecendo estranhamente irritado com o estado do seu calçado. 

Soltando alguns outros palavrões, ele conseguiu chegar até a porta da frente. Uma porta vermelha escura, desgastada e que não parecia ter sido muito afetada pelo caos do incêndio, o que tornava tudo muito macabro, principalmente para primeiros visitantes ao se depararem por uma mansão velha incendiada e suja de negrume, com sua porta cor sangue e intacta, ornamentando-a como se somente aquela parte não tivesse sido castigada pelo fogo. Era surpreendente para o investigador, mas não tão instigante com o que ele achara ao finalmente entrar no lugar.

Ele olhou para os lados e viu móveis queimadas, velhos e revirados junto com um um cinzento intenso ao redor. Não seria nada novidade para o detetive se, e somente se, não houvesse um caminho perfeitamente desenhado no chão que não fora queimado. Estava velho e sujo, mas a delimitação era perfeita e um tanto sobrenatural. Era como se alguém tivesse manipulado aquelas chamas e feito um caminho para saída. Então, um pensamento atingiu o detetive. 

- Havia uma pessoa aqui dentro... Kim... Kim Yugyeom, o humano. Mas ele não seria capaz de fazer isso - pensou em voz alta, seguindo com passos lentos pelo caminho não-queimado. Ele passou pela sala e subiu pelos dois lances de escadas, até chegar no sótão. O sótão onde o oráculo residiu. - O humano acabou se encontrando com o famoso oráculo da Triskle? Então, aqui era o esconderijo secreto de Jeon e Yugyeom...

O detetive raciocinava com serenidade, quase como se estivesse se divertindo com tudo aquilo. Ele percebeu que o caminho se expandia até sua entrada, falhando com alguns riscos desajeitados sobre a madeira do chão. Assim, ele colocou a mão na maçaneta e a abriu lentamente, fazendo um som manhoso e macabro ecoar pela mansão destruída. Instintivamente, ele levou o antebraço direito para a base de seu nariz, tossindo e franzindo as sobrancelhas em agonia quando um cheiro forte de enxofre o antiguidade em cheio. Era quase torturante, fazendo-o ter uma leve vertigem perto do batente antes de pisar para dentro do cômodo. 

Ele então caminhou para dentro, observando o estado caótico do lugar, passando os dedos nos móveis, sobre as cinzas e o pó até prender seus olhos curiosos sobre um estranho baú de madeira velha em cima da única mesinha de centro não tão destruída ou queimada, aquela ao lado da grande janela quebrada que dava para o prédio de humanas e o grande jardim. Em sua tampa, ele percebeu escrituras gregas cravadas. "Oρατό και βλέπει την αλήθεια", o homem leu, com sobrancelhas franzidas. 

- Venda os olhos e veja a verdade... - traduziu para si mesmo, levando as mãos para o baú e o abrindo, mas as escrituras e toda sua essência haviam sido destruídas. Aquela caixa estava sem vida, quase como se sua madeira estivesse podre, sem contar os danos causados pelo fogo. - Yugyeom contatou o oráculo? 

O detetive Jung lembrava dos médicos dizendo que o humano havia enlouquecido depois do incidente, acusando-o de excessivo uso de drogas. Mas para ele, estava mais que claro que o rapaz havia vislumbrado alguma profecia assustadora, afinal, o semideus desconhecia de alguma profecia positiva nos novos séculos. Assim, com olhos cerrados como os de um bom observador, ele moveu o torso para mais perto da janela quebrada. 

Havia algo muito errado naquele lugar e ele soube dizer isso rapidamente ao examinar o batente de madeira da janela, onde uma grande marca de mão queimada adornava. Ali, o cheiro de enxofre era mais intenso do que qualquer lugar. Além disso, o tranco estava quebrado e não demorou muito para o filho de Afrodite supor que alguém quebrara o vidro por fora para abrir o tranco. Uma pessoa com um ótimo porte físico e uma hábil agilidade para subir pela árvore ao lado e se pendurar na estribeira da janela. Assim, com um sorriso ladino, ele tirou fotos das evidências com seu próprio celular, refazendo o caminho por onde chegou e caminhando diretamente para o escritório de Taemin. 

Dessa vez, seus sapatos não eram nem um pouco importantes. Nunca foram. Apenas se importava com o distintivo protegido no seu peitoral e sua mente brilhante. Sem nem mesmo bater, o funcionário entrou na sala de Taemin, fazendo a ninfa tomar um susto com sua entrada súbita e o curioso pavão de Taemin pular do sofá para o chão. De todo modo, o unigênito filho de Hera encontrava-se imóvel, com sua têmpora direita apoiada sobre dois de seus dedos magros e longos. 

- Modos? - Taemin perguntou indiferente.

- Suspeitos... - Jaekyung disse.

- Esclareça. 

- Parece muito claro para mim que você está abrigando o assassino de Oráculos, uma suspeita tão atraente quanto a ideia de que alguém encobertou as pistas e manipulou a perícia - ele cuspiu as palavras, mirando seus olhos para o homem atrás da mesa. As costas curvadas enquanto as duas palmas se apoiavam na madeira cara. - Diga-me Segundo Diretor, o que está me escondendo?

Lee Taemin deixou um riso seco escapar de sua garganta. 

- Se eu estivesse escondendo algo, não deixaria você ir visitar a Casa Grande, não acha? 

- Veremos - desafiou. 

- Flora, traga chá - o filho de Hera chamou a ninfa. 

- Eu não quero chá, senhor Lee - Jaehyun negou com a cabeça exageradamente, estalando sua linguado céu da boca inúmeras vezes. – Eu quero saber porque você está enganando a CIS, eu quero saber porque você você manipulou a evidências e eu quero saber - apontou em direção a porta - onde está o maldito filho de Hades.  

O detetive sentia o cheiro de mentira naquela Universidade tao bem quando ainda sentia o cheiro de enxofre em seu nariz. 

 

Okinawa, Palácio Carpa. 

[ Notas da autora: escutem  Stay da

Rihanna. Coloquem em  looping se quiserem. ] 

E enquanto um detetive filho de Afrodite olhava o caos causado por chamas, Jeon Jungkook encarava diretamente dentro de olhos cheios de brasas, controlando o fogo que era tal coração e tal pele, tal cheiro e tal toque. O dono dos olhos era Kim Taehyung, o próprio filho do diabo. 

Normalmente quando Jungkook sentia-se sozinho ele tinha o costume de olhar para o céu e, mesmo que não visse Héspero, as estrelas estavam lá para o providenciar uma boa conversa. Não, na verdade, um monólogo. Por vezes esse monólogo era longo e denso, às vezes era apenas uma conversa sobre como aquele dia estava frio demais, poderia também ser apenas o garoto xingando pessoas que o irritaram durante o dia, mas nada muito importante ou proativo. Não importava muito, porque sempre que suas palavras para os astros acabavam, ele ainda se sentia sozinho. Não sozinho fisicamente, mas mentalmente, afinal, estar sozinho é diferente de se sentir só e bom... Jeon saberia explicar tal distinção com muita facilidade. 

Uma questão a parte, apesar de problemático, ele sabia apreciar o brilho do céu estrelado, pois mesmo que desfalecesse em uma caída quase infinita de letargia em algumas noites, ele conseguia aquecer seu coração com uma bela visão. Porém naquela noite, em uma ilha cheia de presidiários, belas praias, preenchida com cheiro de sal de mar e japoneses mafiosos, os olhos brilhantes do filho de Hades era a paisagem mais bela que ele enxergava e queria enxergar. 

Seu coração parecia entrar em colapso por estar tocando Kim Taehyung tão profundamente e com tanta sinceridade depois da primeira confissão de estar apaixonado. Era confuso e dava-o medo, como um vulcão em erupção, pois os olhos do tatuado refletiam galáxias, mas sua pele, entrava em combustão, quase fundindo ambos corpos. E o tatuado não sentia-se tão diferente, mesmo que nunca tivesse realmente confessado seus sentimentos de volta. Ele não iria fazer isso com palavras, não era capaz. Não era por maldade ou simplesmente arrogância, mas por ignorância. O filho do deus da morte não entendia — ou achava que não entendia — o que era amor, ele nunca havia recebido isso de fato, a não ser quando criança por sua mãe, pendendo-a para maldade mais tarde. 

Kim Taehyung não queria amar Jeon Jungkook e depois perdê-lo, pois de fato, acreditava que tudo que amava apodrecia, como um azarado tóxico. Mas naquele momento, dentro daquela água morna e com a boca de Jungkook tão próxima da sua, sentia-se quase como se flutuasse. Não haviam regras, não haviam certos ou errados, não haviam nem os próprios "nãos", já que qualquer coisa que o garoto pedisse ali, ele acenaria em concordância, hipnotizado e como um homem bobo. 

Ele sempre diria "sim" ao filho de Atena. 

- Faça isso então, filho de Hades. Faça amor comigo - Jeon pediu, olhando Taehyung nos olhos. 

- Sim. 

Após a afirmação, os lábios dos dois semideuses se ocuparam, beijando-se em um ósculo lento e puro, tão puro quanto os sorrisos que por vezes interrompiam as bocas grudadas. Sentindo o prazer de sentir o mais novo, Kim caminhou com o mesmo pelo colo até sentar-se em um local mais confortável do Onsen para repousar sua destra sobre o peito esquerdo do garoto, sentindo sob sua palma como seu coração batia rápido com tão pouco. Então, como uma epifania, ele soube que nada daquilo era pouco, não no significado. Na verdade, o beijo que trocavam era uma demonstração simples de carinho, no entanto beijar Jeon não se comparava a nada. Ele poderia viver plenamente na terra tortuosa do Tártaro se pudesse sempre se recordar dos lábios do filho de Atena.

Necessitado por mais e saudoso de senti-lo como antes, o tatuado levou a mão para a coxa esquerda do garoto e apertou com possessividade, querendo que seus dedos marcassem aquela pele leitosa. E sentindo suas mãos tão bem, Jeon deixou um grunhido baixinho escapar, impulsionando seu corpo para frente e friccionando sua intimidade com a do mais velho, tão deliciosamente sutil. 

Os semideuses quebraram o beijo que davam e se olharam certos do que fariam naquela noite. As estrelas seriam seus espectadores mais privilegiados. 

E os astros assistiram muito bem quando Jungkook, mesmo com seus olhos brilhantes como de uma criança inocente, levou a mão para o membro do amorenado a sua frente sem nenhuma permissão e começou a masturba-lo enquanto distribuia beijos e mordidas leves por sua mandíbula delineada, deliciando-se com seu gosto e com seus gemidos contidos. A água não parecia um empecilho para aquele ato tão íntimo, mas parecia refletir o brilho da lua no rosto de ambos e como um bom admirador e estudante de arte, Taehyung soube que ver o seu garoto daquela forma valia mais que milhares de quadros raros. 

O filho de Hades estremeceu sob as mãos de Jeon, deixando-o tomar o controle por algum momento e aproveitando como seus dedos ágeis percorriam pelo seu falo com a pressão certa, subindo para a glande e rodeando-a com o polegar. Ele tombou a cabeça para trás, aproveitando o prazer, mas logo retornando para sugar o ínfero do filho de Atenas com os lábios a fim de conter suas mãos, já que Taehyung lutava contra seu outro pensamento, aquele mais sujo, aquele que insistia para ele arruina-lo ali mesmo e fode-lo sem dó alguma. Vencendo seus instintos mais animalescos, o tatuados acomodou-lhes melhor sobre o assento. 

- Deixe-me te preparar - sussurrou o loiro, dando um pequeno tapinha na bunda alheia. Jeon gemeu manhoso. 

- Va-vamos assim mesmo... - pediu. - Só... Só toque meu corpo do jeito que você você faz melhor e logo eu vou me acostumar com você dentro. 

Taehyung ergueu uma sobrancelha, pensando se devia ou não fazer aquilo, mas olhando-o daquele forma, com cabelos molhados, bochechas rubras e lábios comprimidos em prazer, ele soube que não precisaria de muito para deixar Jungkook entrar em estado de puro êxtase. Era outro "sim" que diria. Então, desceu os lábios pelo pescoço do mais novo, passando a pontinha de sua língua quente pela clavícula tão bem escultural, descendo o músculo até achar seus mamilos durinhos e tortura-lós com sua boca, intercalando mordidas e lambidas entre o direito e o esquerdo. Os braços agarrando a cintura do mais novo, só deixavam claro o quanto Taehyung não deixaria-o sair dali tão cedo, e nem mesmo queria isso. 

A verdade era que juntos, eles eram um casulo e só se transformariam em uma borboleta azul quando Taehyung começasse a perder em totalidade o medo de amar, como o filho de Atena estava fazendo. O primeiro passo para isso já estava se concretizando, pois ali, quando tocava-o e olhava-o nos olhos, o medo temporariamente desaparecia e os problemas iam embora. 

- Pode encaixar para mim, então? - pediu em um sussurro, levando a canhota para o membro inchado de Jeon e começando a toca-lo para que a penetração fosse menos incômoda para o mesmo. 

O garoto assentiu, levantando um pouco o tronco e posicionando o membro do mais velho em sua entrada. Primeiro ele roçou a glande por uns segundos em si, fazendo Taehyung revirar os olhos e suas células agitarem com o ato tão pouco calculado. Ele mordeu os lábios com força, segurando-se para não levantar o garoto e estoca-lo por trás de uma vez, como também queria. Mas, naquela noite, gostaria de deixar o de cabelos negros no controle até que lhe fosse pedido o contrário. 

- Dá pra sentir sua lubrificação mesmo na água, vai ser mais fácil - disse Jungkook, tremendo os lábios pelo prazer que sentia por ter seu pênis estimulado sob as mãos de Taehyung. Poderia gozar só assim, ele gostaria, mas ali, sentir o loiro preenchê-lo parecia fazer mais sentido no começo de suas histórias tortas.

Então, o filho de Atena levou os lábios para o ombro largo de Taehyung, mordendo a derme amorenada com certa força quando encaixou-o completamente dentro. Ambos gemeram juntos e sôfregos, como se um choque elétrico saudoso corresse por entre as veias de ambos corpos. Jeon quase tinha a sensação de que tê-lo confortável dentro de si tão perfeitamente daquele forma, fazia-o se sentir mais quente que aquela banheira cheia de vapor. Assim, impaciente, começou a rebolar devagar, acostumando com uma sensação que não sentia a algum tempo. Tão gostoso. 

- Porra, você me mata desse jeito, Jungkook - disse o tatuado depois de grunhir por ter as paredes de seu membro apertadas com a pressão certa pela entrada do mais novo. - Meu garotinho... Vamos, rebole para mim. 

Sob a água, Taehyung apertava as coxas fartas do garoto, como um incentivo para que continuasse com seus movimentos tão manhosos quanto os gemidos arrastados que saiam sem querer. Assim, lento e tortuosamente, como se fossem um, o filho de Atena acomodava o loiro dentro de si, indo pra frente e para trás em uma fricção gostosa, vezes subindo e descendo com um lindo sorriso estampado em seu rosto, singelamente alegre por aquilo não ser uma miragem. 

Achando-o belo demais, Kim puxou o moreno para encontrar seus lábios e tudo se tornou perfeito. Tudo se tornou certo demais, mesmo naquele mundo todo defeituoso em que viviam. 

Lábios conectamos em um ósculo impaciente, ofegante e sincero. A mão do mais velho presa a nuca de Jeon, enquanto este continuava a senti-lo dentro, tão quentinho e delicioso, deixando a glande alheia tocar em seus pontos mais sensíveis. No fim das contas, o filho de Hades batalhava internamente para tentar descobrir os sons que amava mais, não sabia se eram os que por vezes que escapavam da garganta de Jungkook, se era o barulho molhado de seus beijos nada planejadas ou se era a água, que, como uma espectadora tímida, ressoava todas as vezes que o garoto intensificava os movimentos sobre si. Taehyung quase teve certeza que Apolo* os invejariam. 

- Está cansado? - Perguntou o filho de Hades, afastando-se dos lábios alheios, depois de chupa-lós lentamente. O garoto assentiu silenciosamente e o loiro observou suas bochechas coradas, sorrindo com aquilo. Talvez fosse o calor, talvez fosse o esforço que estava fazendo para continuar deslizando-se sobre seu pau inchando, não soube dizer. Mas, Taehyung sorriu um tanto sem jeito por achá-lo tão lindo, percebendo que as madeixas do mais novo estava maiores, cobrindo seus olhos e se dividindo ao meio. "Lindo demais", pensou. - Deixe o hyung cuidar de você, sim? Vou te deixar mais confortável. 

Ele avisou em um tom mais grave, levando os próprios dedos para puxar o cabelo molhado e cheio de pingos de Jeon para trás. Sua testa ficou mais exposta e ele não conseguiu evitar mover o rosto para beija-la, como um sinal de que realmente o cuidaria. Como sempre esteve fazendo. E foi nesse momento que, ainda enterrado dentro do garoto, pegou-o no colo para tirá-lo do Onsen. Com as pernas entrelaçadas ao redor de seu quadril, totalmente entregue e sentindo o membro do mais velho roçar em seu ponto mais sensível com o movimento de levantar, ele gemeu mais alto, enterrando o rosto na curvatura do pescoço alheio. Diferente dos arrepios causados pelo vento gelado ao sair da fonte termal, o filho do deus da morte arrepiou por escutar aquele som tão erótico ao pé de seu ouvido e de modo nada intencional. 

- O-onde vamos? - perguntou Jeon em uma linha de voz. Sussurrando preguiçosamente, como se estivesse muito domado para ter qualquer força a não ser deixar o filho de Hades cuida-lo como necessitava. 

- Eu vou te deitar no colchão do tatame e te beijar propriamente enquanto eu te fodo da forma mais gostosa que pode imaginar, o que acha? - respondeu o tatuado em um sussurro enquanto caminhava com o filho de Atena sobre seu colo sem muito dificuldade, não porque Jeon era pequeno ou fraco, muito pelo contrário. Era só que Taehyung era poderoso demais e ninguém negaria isso.

- É perfeito. 

Assim, quando o mais novo sentiu novamente os lençóis nas costas quando Taehyung deitou ambos os corpos sobre o móvel, gargalhou baixinho e nostálgico. Afinal, parecia que sempre acabavam assim em algum momento: juntos, aos beijos e molhando na cama durante um sexo delicioso. Ele gostava disso, lembrava-se de quando haviam transado pela primeira vez com Taehyung, depois do incidente de Gapyeom. Sensações gostosas vinham a tona, não apenas do toque, mas de sentimentos reais, que o mais novo nunca achou que sentiria. Não mesmo. 

A verdade absoluta era que o filho de Atena teria perdoado Taehyung de um modo ou de outro, pois olhar para ele era como olhar para uma resposta. E a resposta que o garoto precisava, era um filho do deus da morte amando-o como ele merecia. Como todos mereciam. Olha-lo o dava respostas, toca-lo o dava saudades, ele só não entendia porque ainda, mas contraditoriamente, amá-lo deixava-o perguntas também, perguntas como "quando ele dirá que também é apaixonado por mim?". Ele balançou a cabeça de leve, tentando não pensar naquilo, pois por enquanto aproveitaria de todas aquelas sensações do presente, aquelas que o faziam se sentir seguro.

Jeon Jungkook tinha sua casa novamente. Mais quentinha que antes, apesar de um pouco trincada, um pouco torta e cheia de defeitos. Mas, ela estava ali, protegendo-o, cuidando-o bem. 

E da mesma forma que o filho da deusa da sabedoria, Kim Taehyung também gostaria de sentir o garoto por completo, porque salvo suas desculpa sinceras por ter quase trincado o coração de seu garoto, precisa reafirmar que naquele mundo cheio de mistérios e perdas em que viviam, o loiro só queria ele. Queria seus beijos sobre suas tatuagens, suas unhas cravadas nas costas, seus toques cálidos, apressados ou lentos. 

- Eu sempre vou estar aqui do seu lado. Eu vou te proteger de todo mal, filho de Atena, mesmo que eu tenha que dar a minha vida por isso - disse o mais velho. Ele não mentiria, nunca faria isso. Era verdade que se uma espada viesse na direção do coração de Jeon, ele correria em sua frente para apanha-lá primeiro, em seu peito e sem nenhuma hesitação. 

Kim Taehyung percebia aos poucos que não gostaria de viver num mundo sem o Jungkook. 

E da mesma maneira que suas palavras, seus atos também eram sinceros. O tatuado, apoiando-se sobre o corpo do moreno, puxou uma de suas pernas para pô-la sobre um dos ombros. Ele levou sua canhota forte para apertar a outra coxa alheia, acariciando-a gostosamente perto de seu quadril. Sorrindo e encontrando os olhos de Jeon com os seus, Kim tratou de distribuir selares doces na panturrilha de Jeon ao mesmo tempo em que impulsionou seu quadril contra o dele, estocando-o uma vez, um pouco mais forte. E pelos deuses, Jungkook era um garoto lindo e obediente que gemia manhoso ali, com bochechas vermelhas, olhos brilhantes e o cabelo úmido sobre sua testa. Tão dele

Então, sem delongas, os lábios foram selados pela enésima vez durante aquela noite. E o filho de Hades sabia que talvez seu coração, naquele momento, batesse ainda mais rápido que o do outro semideus e mal percebeu quando, ainda com a perna de Jungkook sobre o ombro, ele desceu os dígitos da mão livre por sua coxa, até chegar na cintura, encontrar os braços e entrelaçar os dedos. De mão dadas, ele entrava e saia de dentro do filho de Atena, tortuosamente enquanto tinham os lábios ocupados uns nos outros. As peles juntas e nuas não estavam mais molhadas pela água térmica do Japão, mas por suores de amantes incompreendidos. Gostariam de filmar aquilo, para rebobinar a cena todas as vezes que pudessem.

Jeon Jungkook gemeu arrastado, entreabrindo a boca, o que permitiu que o mais velho chupasse seu ínfero em uma lentidão erótica até demais. Cansado, mas não satisfeito, Taehyung mudou a posição que estavam, tirando a perna de Jeon do ombro para ficar por baixo do garoto. 

- Não precisa cavalgar, meu amor. Deixa eu fazer o resto, vamos gozar juntos, tá bom? - instruiu o mais novo, dobrando os próprios joelhos e puxando o tronco de Jeon para que se abraçassem. - Vou meter.  

- T-tá bom... Eu preciso... 

Balbuciou em uma linha de voz, sendo interrompido em suas palavras quando o filho de Hades tratou de estoca-lo sem nenhuma piedade, rápido e preciso acertando sua próstata repetidas e repetidas vezes. Enquanto isso, Jeon escondia o rosto na curvatura do pescoço tatuado de Kim, gemendo palavras sem sentido ao pé de seu ouvido, quase em uma súplica para que atingissem o pico daquele amor que faziam. E ao passo que sentia sendo preenchido, o filho da deusa da sabedoria só conseguia pensar que poderia viver assim para sempre, cheirando a tez de Taehyung enquanto o mesmo fodia-lhe daquele jeito tão perfeito.  

Ele duvidava que alguém poderia o fazer se sentir tão bem quanto o tatuado problemático fazia. 

- Eu vou... Eu acho que vou... - disse Jeon, mordendo o ombro de Taehyung para se segurar. O corpos fundidos permitindo que os abdomens roçassem seu pênis em uma masturbação não intencional. Assim, os estímulos vinham de todas as partes, desde o membro de Taehyung dentro, atingindo seu ponto mais sensível até o modo que o mesmo abraçava-o de uma forma tão protetora enquanto realizava atos lascivos com seus corpos.

- Vamos juntos

Então, não demorou muito para que o membro de Jungkook começasse a sofrer espasmos involuntariamente e sua entrada começasse a contrair. Ele gemeu alto junto com Taehyung, este que sentiu seu corpo tremer com a sensação gostosa de atingir o orgasmo dentro do mais novo, liberando seu o gozo e fazendo o líquido quente de seu garoto sujar ambas peles. O tatuado retirou seu pênis devagar do filho de Atena, acariciando suas madeixas e deixando beijinhos molhados em suas bochechas coradas. 

- Isso foi... - começou Taehyung. 

- Intenso - Jeon completou-o, soltando um risinho envergonhado, sentindo a porra de Taehyung ser expelido para fora de sua entrada, ainda sensível e com algumas contrações mínimas. 

- Intenso como fazer amor. 

Taehyung disse simples, levando os dedos tatuados para o cabelo alheio e puxando os fios negros para trás. Olhava-o nos olhos em um silêncio confortável, chegando a conclusão que ele sim precisava ser alguém melhor pra Jeon, mesmo que saísse constantemente de sua zona de conforto. 

- Às vezes eu gostaria de fugir com você. Pra um lugar onde Hades não exista, onde não haja tanta dor e tantas memórias ruins - confessou Taehyung baixinho, erguendo a mão para pressionar com o polegar os lábios vermelhos e inchadinhos de Jungkook, em um carinho singelo. 

- É utópico demais. Não existe um lugar tão perfeito - o garoto respondeu, retribuindo o carinho com um selar no dígito. 

- Quando eu olho pro seu rosto, eu vejo um lugar perfeito - disse Taehyung, sincero demais, o que de fato surpreendeu Jeon. 

- E como ele é? 

- Ele é... Calmo e acolhedor. O rosto de uma pessoa apaixonada é sempre assim? - perguntou o tatuado. 

- Não, eu não acho que seja. Paixões doloridas também existem, filho de Hades - respondeu Jungkook, soltando um suspiro ao mesmo tempo que corou suas maçãs do rosto. Ele tentou se afastar do corpo de Taehyung, mas foi impedido por seus braços, que o agarraram e o ajeitaram em um colo desajeitado. O filho de Hades, sem nenhuma permissão, carregou Jeon para o banheiro, colocando-o sentado em um pequeno banquinho ao lado do ofurô japonês. - Não devia me carregar assim, não sou uma criança. 

- Você consegue andar? - desdenhou Kim, erguendo uma sobrancelhas ao passo que já enchia o local com água. 

Internamente, Jeon queria sorrir e dizer que estava satisfeito em sair daquele jeito do sexo delicioso que tiveram, arruinado e satisfeito. Porém, como um típico arrogante que era, apenas estalou a língua no céu da boca e revirou os olhos, ignorando a pergunta do loiro propositalmente. Era óbvio que provavelmente suas pernas falhariam no momento em que tentasse se erguer, como também era verdade que achava agradável e gentil os atos de Taehyung para consigo. Seu coração ficava quentinho, mesmo que suas palavras tivessem sido afiadas. 

- Sua paixão não vai ser dolorida. Não vou deixar - disse Kim depois de um tempo, arrependendo-se um segundo depois de pronunciar tais palavras.

Ele não poderia prometer algo assim, já que seu próprio futuro era incerto. Isso fazia suas entranhas remoerem e seu coração se apertar. Então era isso que Taehyung teria que fazer? Lutar contra o destino para que a paixão sincera de Jungkook não se tornasse triste ou solitária? Ele estava determinado e talvez, se seguisse assim, teria um objetivo não apenas para salvar sua mãe, mas para se salvar também. O filho de Hades não queria ir para o inferno, não quando já encontrava um propósito real na sua vida.

E assim a madrugada seguiu, com Kim Taehyung passando uma bucha com sabão sobre o corpo dolorido e cansado de Jeon, limpando-o e massageando-o devagar dentro da banheira da suíte. Vezes em um silêncio antagonicamente ensurdecedor, vezes soltando risinhos um para o outro quando o tatuado provocava o garoto ao passar a tal bucha sobre seus mamilos. Jungkook sentia-se feliz, principalmente quando jogava a água sobre Taehyung e via seu sorriso quadrado, só para si. Eram poucas as pessoas que conheciam aquele seu lado e Jeon, era um privilegiado por conhecer não apenas aquele lado, mas todos eles.

- Boa noite, Taehyung - Jeon disse quando cobriu ambos os corpos com um lençol fino e limpo, para que dormissem juntos, como estavam tão acostumados. 

- Boa noite, gaguinho. 

Assim, com o barulho do mar, os dois semideuses dormiram no tatâme. Com mentes emaranhadas, mas emaranhandos juntos e eles gostariam de viver assim para sempre. Tirar uma foto do momento e guarda-lo em um quadro, como uma memória que nunca caísse no esquecimento. Não era todo dia que um filho do deus da morte dizia querer fazer amor. Disso, Jeon nunca se esqueceria. E naquela noite, o semideus filho da morte teve sonhos bons, um que não existia um Tártaro, nem seu pai, nem uma missão quase suicida em outro país, apenas um mundo utópico onde sua mãe cozinhava uma macarronada para ele em sua antiga casa, aquela com um balanço na árvore e uma chaminé quentinha. Na mesa, ele segurava as mãos de Jungkook, que sorria docilmente ao sentir aquele cheiro gostoso de comida italiana. Mas era um sonho, apenas um sonho. 

Com certeza, Taehyung acordaria levemente triste pela realidade não ser exatamente assim, mas ponderando bem, pelo menos ainda conseguia segurar as mãos daquele que o causava sensações tão estranhas em sua barriga, quase como um sopro ansioso. Quase como um vento gelado e refrescante em uma noite quente e abafada de verão na ilha de Okinawa. Quase como o sol tocando-lhes a pele para acorda-los, assim pelo menos foi como o filho da deusa da sabedoria acordou, além dos braços tatuados e desnudos que o envolviam tão bem. 

Olhando-se no espelho – um pouco caótico devido a noite passado – e ao escovar os dentes, Jeon percebia que não parava de sorrir, mesmo que naquela noite fosse invadir uma prisão de segurança máxima. Era um grande "foda-se". Realmente em seu termo passado, até o momento em que vagou pelo quarto para procurar sua mochila de roupa e encontrou uma carta no chão, que supostamente passara pela porta de entrada. "Jeon Jungkook" estava caligrafado em letra cursiva, junto com um carimbo de uma carpa no papel cartão bege. Ele vestiu uma roupa e tratou de ler o que ali estava escrito. 

"Oyabun Nakamoto Yuta convida Jeon Jungkook à um encontro particular para o café da manhã." 

- Não é um convite - Taehyung assustou-o por trás, enlaçando sua cintura e apoiando o queixo sobre seu ombro. A voz rouca por ter acabado de acordar. - Bom dia. 

- Eu sei. Nakamoto Yuta não parece ser bom em pedir "por favor" - comentou, sentindo seu coração errar uma batida ao ser surpreendido daquela forma. 

- Nem você. 

- Nem você - rebateu o filho de Atena. - Vá escovar os dentes. 

- Ou? - desdenhou o mais velho, erguendo uma sobrancelha ao virar o garoto para si e agarrar sua cintura com a possessividade que Jeon odiava e amava ao mesmo tempo. Colava os corpos de modo efervescente em uma manhã com temperatura amena. 

- Não vou pedir "por favor". Eu não quero sentir seu bafo logo de manhã. 

O filho de Atena disse em uma falsa provocação, sorrindo ladino e levando a destra para enlaçar os cabelos loiros do homem, com os dedos longos e carinhosos. Olhando-o nos olhos e com os lábios quase resvalando-se um no outro, viu quando as orbes alheias adquiririam uma cor mais avermelhada, com riscos âmbares nas bordas. Sem ao menos esperar, a mão de Taehyung já estalava um tapa forte em sua bunda e apertava-a em seguida. 

- Tente mandar em mim mais uma vez e eu não vou me importar de te comer mais uma vez, aqui contra essa porta até você implorar por favor para que eu te faça gozar como um bonequinho submisso - sussurrou o tatuado grosseiramente a milímetros de seu rosto, segurando o maxilar de Jeon para que se olhassem nos olhos. - Entendido? 

- Fico tentado a te dar uma resposta mal criada desse jeito - respondeu com um sorriso desafiador, sentindo seu membro fisgar em excitação pela manhã. Ele respirou fundo e lembrou de seu compromisso. - Por favor - enfatizou alto - filho de Hades, não me tente. Eu tenho um encontro com a máfia. 

- Como disse? - perguntou com um semblante vitorioso, soltando o garoto para ir buscar sua escova de dentes. - Pode repetir a palavra? 

Coo um típico mal educado, Jungkook mostrou-lhe o dedo médio antes de sair batendo a porta, evitando sorrir como um bobo apaixonado pelos corredores daquela arquitetura japonesa imperial. Ele seguiu com as mãos no bolso até o jardim principal, onde um dos trabalhadores dali avisou que encontraria Nakamoto Yuta. As flores de cerejeira começavam a cair devido ao Outono que chegava gentilmente, o que não tornava o lugar menos bonito, já que lindo caminhos rosáceos se formavam pelo chão. 

Nakamoto Yuta era uma dessas pessoas que admirava o cair dar flores, já que esperava Jeon com os pés pálidos tocando o chão para sentir a cócega das folhas. Seus cabelos longos recém penteados, o kimono que caia pelos ombros e as unhas longas folheando páginas de algum livro sob o sol da manhã, tornava-o quase uma bela figura andrógina. Como uma pintura delicada, se não fosse por suas palavras venenosas e sua fúria assassina de um verdadeiro Yakuza. "Ele pode ser ambos, não pode? Ele é dois polos opostos ao mesmo tempo", refletiu Jeon ao parar na frente daquela figura. 

Ele não se curvou. Ele não disse bom dia. Apenas limitando-se a estalar os dedos na frente do banco que estava o Oyabun. 

- Chá? Ambrósia? - perguntou Yuta, ainda com os olhos presos em sua leitura. Sem se mover muito, ele apontou para o suporte ao seu lado com duas jarras e algumas xícaras.

- "Mitos da Mitologia Grega" - Jeongguk leu a capa do livro. 

- Vai me dizer que gosta apenas de ler sobre os clássicos? - perguntou o yakuza, erguendo o olhar pela primeira vez. 

- Não. Só estou um pouco surpreso por ler algo escrito por mortais - explicou o garoto, sentando-se no branco do frente, ainda com uma expressão indiferente. 

- Você é um filho de Atena como eu, deveria saber que não há graça em ler o que já sabemos. Precisamos entender o que os humanos sabem do nosso mundo, para conseguirmos conviver no deles - explicou. 

- Qual mito está lendo? - perguntou curioso, relaxando um pouco mais sua expressão. 

- Orfeu e Eurídice. Poderia trazer minha lira? - pediu o Oyabun de forma educada para uma de suas servas palacianas, mesmo que não tivesse dito "por favor". Então, colocou o livro de lado e observou como Jeon pareceu logo interessado. "Típicos curiosos filhos de Atena", pensou. - Conhece a lenda, não? 

- Só por eu ser filho da deusa da sabedoria, não quer dizer que conheço todas as lendas, Nakamoto Yuta. 

Nakamoto sorriu com aquilo, perguntando-se se o ego de Jungkook permitiria que ele dissesse aquilo na frente de seus amigos. Óbvio que não, mas ali, entre semideuses meio-irmãos, não havia porque esconder mentiras. Um adivinharia o outro como perfeccionistas e observadores. E umas das observações que o japonês adorou perceber, foram os chupões e vermelhidões em torno do pescoço do garoto. Achou lindo e quase se pegou pensando que gostaria de se juntar naquela brincadeira, na noite seguinte, se todos sobrevivessem. 

Após suspirar e prender seu cabelo num coque como num hábito, ele recebeu a lira de porte médio em suas mãos, tocando alguns acordes antes de começar uma bela melodia. 

- É um mito romântico bem triste. 

- Vai me contar? - perguntou Jeon, erguendo uma sobrancelha. Sua desconfiança sempre explícita, afinal, não sabia aonde o yakuza gostaria de chegar com aquilo. 

- Sabe... Orfeu foi o poeta e músico mais famoso da mitologia grega e com sua lira, ele sempre animava a terra e o Olimpo, amansando homens e feras. Diziam que até as pedras saiam do lugar para seguir o ritmo de sua música. No entanto, havia algo, ou melhor, alguém que ele amava mais do que seus acordes - começou Nakamoto, sempre puxando as cordas do instrumento com as pontas de suas unhas. Belo e hábil. 

- Eurídice? - deduziu Jeon. 

- Sim, mas como o destino é cruel e imprevisível, Eurídice foi morta por uma cobra, indo então para o submundo - por alguma ração, o garoto sentiu seu coração gelar com aquilo e a primeira pessoa em quem pensou foi Taehyung, já que o filho de Hades estava sendo uma das coisas mais importantes da sua vida. Assim como Eurídice era para Orfeu. - Então, ele pegou sua lira e desceu para o reino dos mortos e tocando-a, hipnotizou Caronte, o barqueiro, que o levou até o palácio de Hades. Lá, ele amansou Cérbero e finalmente chegou até o deus dos mortos. 

Jeon observava o Oyabun com atenção, que deixou cair uma única lágrima dos olhos, como se se emocionasse com a própria história. Poderia ser apenas atuação do homem de cabelos negros e longos, mas não importava, pois o garoto já estava imerso em sua própria imaginação. Então, deixou que o yakuza continuasse. 

- Assim, quando ficou de cara a cara com o pai de seu amado, aquele homem com quem se deita - Jungkook sentiu suas bochechas corarem, perguntando-se se eles eram tão óbvios assim -, Orfeu tocou com sua lira a música mais triste que Hades já ouviu. A canção mais triste do mundo. Afinal, era como ele se sentia, como o poeta mais triste no mundo por não ter a pessoa que amava ao seu lado. E, pela primeira vez, Hades sentiu seu coração bater mais dócil e consentiu em libertar Eurídice - Yuta pausou por um momento, terminando as notas musicais e colocando o instrumento de lado. 

- Existe um "mas" nisso? 

- Mas, havia uma condição. Orfeu não deveria olhar para o rosto de sua amada até que chegassem no mundo mortal. Ele se segurou até chegarem no portal entre o submundo e a Terra, mas, antes de dar seu primeiro passo para fora dali, instintivamente, ele olhou para trás - ele secou sua lágrima solitária e continuou. - Por um segundo, ele conseguiu vislumbrar o rosto de Eurídice. Como um cadáver, ela estava pálida e magra, porém ainda era a dona das feições que ele tanto amava. E, sem nem ao menos conseguir se despedir, os mortos a puxaram de volta para as profundezas do inferno. 

- O que houve com Orfeu? 

- Ele passou o resto de sua vida cantando melodias triste para as sombras.

Jeon balançou sua cabeça, como se espantasse pensamentos ruins. Era uma bela história, mas era triste. Pensando bem, não haviam histórias tão agradáveis na mitologia grega e isso o entristecia um pouco, porque querendo ou não, era era parte daquilo e gostaria de um final feliz para si. E como se o destino gostasse de brincar com sua mente, ele pode ouvir as vozes de Taehyung e de Jimin vindo de algum lugar um pouco mais afastado. Então, procurou as direções e encontrou o tatuado conversando com o filho de Afrodite perto de algumas árvores do palácio. O seu melhor amigo treinava jogando adagas sobre um tronco, enquanto Kim fumava ao seu lado. Estranhamente, eles conversavam como amigos. 

- Por que me contou tudo isso? 

- Apenas para te ensinar um pouco sobre as histórias que gosto - disse, servindo chá para ambos. Ainda que hesitante, Jungkook levantou do banco, voltando a atenção para o homem e estendendo a mão para o líquido quente. Ele tomou um gole, fazendo uma careta para o gosto amargo e devolvendo a xícara para o apoio. 

- Sério? - perguntou desanimado. 

- Não. Vamos supor que a prisão de Okinawa seja o Submundo. Que você seja Orfeu e que Lee Taeyong seja Eurídice. O que você acha que seria sua lira? Quem seduziria o demônio chamado Kurama Sato? - perguntou Yuta, com um sorriso quase diabólico adornando seus lábios. Mal parecia o homem que chorara com sua recente história. Jungkook pensou, olhando para seus amigos de relance. Era óbvio. 

- A sua pergunta está mais para "quem", não é mesmo? 

- Você sabe. 

- Park Jimin, o filho de Afrodite. 

Nakamoto Yuta levantou-se tão leve quanto uma pena, então pegou a lira ao seu lado e se aproximou de Jeon, entregando o objeto musical em suas mãos, como um signo interpretativo daquilo que ele teria que fazer. Com os lábios quase colados nos dele, o de cabelos longos revelou como de fato seu coração era tão sombrio quanto o garoto suspeitava. 

- Mas tome cuidado, filho lídimo de Atena. Se não me trazer Kurama Sato, eu mesmo garantirei que ao invés de ser a sua lira mágica mais fiel, Park Jimin será Eurídice, pálido e morto, arrastado de volta pelos mortos. 

Era uma ameaça. 

E apesar dos galhos e das flores que contornavam os dois semideuses, Taehyung os observava de longe a um bom tempo. Ele fechou a mão livre em um punho irritadiço quando observou a última atitude tão íntima do Oyabun, tirando o cigarro da boca e incinerando-o antes que deixasse a bituca cair no chão. Ironicamente, Yuta sabia muito bem que o filho de Hades tinhas os seus olhos presos ali, o que o fez sorrir em sua direção, não porque realmente pretendia irritar o loiro, mas porque tinha o pressentimento que naquela realidade, o mito verdadeiro da época em que viviam, não era Orfeu e Eurídice, mas sim Jeon Jungkook e Kim Taehyung. 

Só que a dúvida que tinha naquela história toda, romanticamente triste, era apenas uma: qual deles iria para o inferno primeiro?

 

______

ALGUMAS OBSERVAÇÕES

* Apolo: Ele também é o deus da música, por isso a referência. 

* Quero salientar que os deuses gregos não veem problema com incesto, por isso Nakamoto Yuta, semideus filho de Atena, não vê problema em beijar ou em fazer qualquer outra coisa com Jungkook, já que também nunca o viu como um meio-irmão. Mas, só pra estarem avisados, incesto não é um dos temas da minha história, então se não simpatizam com isso, não se preocupem. 

* O conto de Orfeu e Eurídice é real


Notas Finais


Eu renasci das cinzas. Ainda estão aí, meus amores?

Gente, primeiro eu quero me desculpar por demorar a atualizar e depois, eu quero agradecer a todas as pessoas que continuaram tendi a esperança de que eu finalmente postaria o cap 19. Estou feliz que estejam aqui comigo, de verdade e do fundo do coração.

Não teve grandes acontecimentos, mas se eu tivesse colocado mais coisa, esse capítulo acabaria com 17 mil palavras. Eu não fiquei tão confiante, mas esperneie vives gostem. O próximo capítulo terá mais ação e mais conversas, pois vocês já devem prever o que vai acontecer, certo? Mas é sério, vocês gostaram desse cap?

Gostaram do sexo?

Agora, sei que devem ter esquecido muita coisa, então comentem todas as dúvidas que tiveram durante o cap e eu explicarei pra vocês ou os lembrarei de algo ❤️.

Mas uma vez, obrigada. Eu amo vocês. Por favor, me ajudem a divulgar pra que as pessoas saibam que não abandonei a fanfic, eu ficarei muito agradecida.


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