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História O Fim dos Dinossauros (por: Alexander) - Treze


Escrita por: PolvilhoCool

Capítulo 13 - Treze


Ultimamente eu tenho pensado muito nas minhas tentativas de namoro fracassadas (e nos namoros fracassados) e lembrei de uma coisa aqui.

Eu estava no nono ano do fundamental e um garoto novo entrou na sala. Ele era alto, tinha alargador, e aparentemente era mais velho que a maioria das pessoas da sala.

Eu reparava que ele me observava muito (na época eu tinha cabelo comprido e essas coisas), e eu mandei um bilhete uma vez dizendo:

"Oi, tem algo sujo na minha cara? Você tá me encarando demais"

E a partir disso, começamos a conversar.

Vamos chamá-lo de Caio (porque eu não lembro o nome dele mais).

Caio e eu estávamos nos tornando amigos, e eu notei que ele estava começando a "se apaixonar" por mim (como sempre acontece quando algum cara se aproximava quando eu tinha cabelo comprido) e nisso, ele me disse que me encarava por que eu lembrava uma pessoa que ele gostava muito da outra escola dele.

Primeira coisa que você não precisa falar pra alguém: se ela parece com outra pessoa que você conhece, mas a outra pessoa não.

E o tempo foi passando, e continuamos conversando.

Como eu disse em uma dos capítulos anteriores, eu matava aula às vezes com umas pessoas MAS isso era no ensino médio. No fundamental, éramos liberados mais cedo se por acaso o professor das últimas aulas não viesse.

E teve uma vez que fomos no parque próximo a escola pra conversar. Ele já sabia das minhas muitas inseguranças em sair de casa sozinho e coisas assim e ele disse uma coisa que voltou na minha mente esses dias.

"Acho que você é como um pássaro dentro de uma gaiola. Por mais que seus donos - no caso seus pais - te alimentem e te dêem abrigo, o pássaro não ficará feliz. Ele nasceu pra voar. Você nasceu pra voar, só não aprendeu ainda."

O Caio era incrível, tenho que admitir.

E sim, sou um pássaro numa gaiola. Eu sinto isso ainda por mais que tenham passado anos que isso aconteceu.

E a verdade é que eu não queria estar preso, não necessariamente preso dentro de casa (que seria a gaiola), mas eu criei uma gaiola dentro de mim onde eu perdi a chave do cadeado.

Eu estou buscando essa chave em todos os lugares possíveis; nas pessoas, nos lugares, nos hobbies. E nada até agora. Nada mesmo.

Não sei como eu vou viver depois que o ensino médio acabar e nem sei se vou conseguir um emprego. Por mais que agora se tenha mais vagas para pessoas trans, a transfobia dentro do mercado de trabalho é gigante.

E no momento, eu só queria arrombar o cadeado da gaiola pra poder pensar com mais clareza, do que simplesmente me esconder das coisas como venho fazendo desde sempre. 



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