— Akai Ito ou “Fio vermelho do destino” é uma lenda de origem chinesa e, de acordo com este mito, os deuses amarram uma corda vermelha invisível, no momento do nascimento, nos tornozelos das pessoas que estão predestinados a ser alma gêmea. Deste modo, aconteça o que acontecer, passe o tempo que passar, essas duas pessoas que estiverem interligadas fatalmente irão se encontrar! Eles diziam que, um fio invisível conecta os que estão destinados a conhecer-se…Independentemente do tempo, lugar ou circunstância…O fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir. — professora pronunciava vendo algumas meninas suspirarem como bobinhas apaixonadas e a maioria dos meninos quase dormindo.
— Isso é besteira dona Park! Um fio invisível? E por que da cor vermelha? Por que dizem ser a cor do amor? Tsc. — um garoto abriu a boca comentando sua opinião com a mais velha, que sorriu por ver algum menino prestando atenção no assunto.
— É exatamente o que um cara sem relações iria dizer — ouvia uma voz grossa soar ao fundo da sala. Um ruivo ignorante, metido, popular e detestável, esse é Kim Taehyung, o maior motivo de eu querer mudar de escola.
— A questão não é uma relação comum, e sim, um amor verdadeiro! Muita baboseira e além do mais, eu não falei com você Taehyung.
O ruivo foi dar uma resposta digna de tal mas a professora os cortou dizendo que não ia tolerar discussões ignorantes, ou eles saiam da sala ou ficavam calados enquanto ela começava a escrever na grande lousa. Apenas copiei o conteúdo em silêncio, já os outros faziam uma bagunça na sala, bolinhas de papel sendo jogada, gente gritando, pessoas no celular, e por aí vai.
O barulho alto do sinal — para a troca de salas — ecoou fazendo a maioria dos alunos correrem para fora, as vezes me sinto em um safari. Peguei minha bolsa jogando a alça ao lado esquerdo de meu ombro.
— Jeon Jungkook — a voz da educadora chamou minha atenção me fazendo virar com uma expressão confusa.
— Sim?
— Está com as notas baixas querido, se não fizer algo você não irá se formar e será repetente — explicou a mais velha mexendo sua caneta na mesa — Eu e meus colegas de trabalho, no caso, seus professores, pensamos numa solução e decidimos que deverá ficar depois das aulas.
— Depois das aulas?! Senhora Park! Eu tenho trabalho, eu tenho vida também ok? Não posso fazer isso. — protestei indignado.
— Oh querido, desde que... aquilo aconteceu, você faltou demais. Sei que é difícil, mas uma hora a vida tem que seguir, não tem mais como usar isso como desculpa, já se passaram seis meses — me olhou com um dos piores olhares considerados por mim... Pena.
— É o único jeito? — perguntei suspirando e vi a mesma assentir com a cabeça. — Aish, mas que...
— Sem palavras de baixo calão aqui menino — deu um tapa no meu ombro me fazendo por um instante rir. — Mas me responda, aceita a proposta?
— Não quero repetir, então, sim, eu infelizmente aceito.
— Ah que ótimo, começa hoje querido — a mais velha me deu um rápido abraço, sua alegria estava estampada em seu rosto.
— Ok... Professora?
— Sim Jeon?
— Não toque mais naquele assunto — me virei novamente e fui em direção ao meu armário. Minha sorte — ou não — é que o tempo de trocar de sala são 5 minutos e ainda tinha um tempinho. Guardei o material de literatura e peguei o de geografia, que é uma das matéria mais chatas para mim.
Adentrei a sala recebendo alguns olhares dos alunos, me sentei numa das cadeiras do fundo e debrucei sobre a mesa. Não tinha dormido direito ontem por te pegado o turno da noite na cafeteria onde eu trabalho.
— Não é o meu garoto favorito? — sou assustado por uma voz familiar e bem perto.
— Me deixa em paz Yoongi. — olho de relance voltando a deitar minha cabeça.
— Qual é Jeon? Sou seu melhor amigo poxa — suspirou pesado se sentando na carteira do lado. Garoto insistente é esse Min Yoongi.
— Eu to com sono hyung — reclamei fazendo um bico nos lábios.
— Entendo, mas não me trata assim Jeon, ou vou te punir — falou seriamente me fazendo arregalar os olhos. Yoongi ficava desse jeito desde o... Não importa! Com um certo acontecimento meu mundo desabou e quem esteve no meu lado o tempo todo foi esse pálido, nisso, a gente acabou ficando. Eu perguntei pra ele se isso ia mudar a nossa amizade, mas o mesmo disse que não. Nunca soube se isso foi verdade ou mentira.
Todos que conversavam alegremente pararam ao ver a silhueta grande do educador de geografia. O mais velho parecia incomodado com algo, não parava de andar pelos lados como se esquecesse a nossa presença aqui. Só se endireitou quando uma das meninas perguntou se ele estava bem.
— Trabalho para amanhã, Japão, França ou Estados Unidos, descobertas, comida, cultura, informações e essas coisas... — escreveu rapidamente na lousa vendo muitos se entreolharem, o mesmo sempre passava trabalhos tão complexos e agora, passando coisas que pessoas da sexta série fazem, sendo que estamos no terceiro ano do ensino médio? Oportunidades dessas devem ser aproveitadas. — Pode ser em dupla, trio, quarteto, sei lá o que vocês querem, comecem hoje.
O professor saiu as pressas da sala nos deixando totalmente sozinhos sem nenhum responsável, o que significa? Caos. Mesas reviradas, músicas altas tocando, to falando que ninguém aqui tem respeito a um patrimônio público. Não que eu fosse um nerd, uma pessoa respeitável, mas eles atrapalham todo mundo com essas coisas.
— Mandaram te entregar isso — Yoongi tirou minha atenção entregando um papel de caderno dobrado, uma carta. Jura?
— Quem foi que mandou?
— Veja você mesmo, não me intrometo nessas coisas não!
Abri o maldito papel.
" Estamos conectados pelo fio vermelho do destino, quando vai perceber isso?"
- V.
V? V? Quem raios se chama V? Bem, não se chama né, é um apelido óbviamente.
Amasso aquela merda com raiva levando a lata de lixo, vendo um grupinho rir alto, provavelmente a pessoa que me escreveu isso fazia parte daquele grupo. Percebi que aquelas pessoas eram todos garotos, não que eu seja homofóbico, porque afinal eu sou homossexual — não assumido — só o Yoongi e Samantha sabem. Quem é Samantha? Minha amiga, tenho aula de inglês, ciências e matemática com ela.
Mas devo admitir que quero saber logo quem é o iludido que está gostando de mim... Se bem que isso pode ser apenas uma brincadeira pra me iludir... Complicado.
[...]
Hora do intervalo, a hora que mais adoram me transtornar, estou falando de quem? Kim Taehyung e seu grupinho patético. Kim já foi o meu vizinho a gente tinha boas conversas mas todos mudam e ele mudou de personalidade... E de casa também.
— Jeon — já sentia braços entrelaçados no meu pescoço, com certeza era ele.
— Me deixa idiota — o empurrei enquanto mexia no meu celular esperando Yoongi comprar seu lanche e Samantha terminar sua conversa com a diretora.
— Você é muito esquentadinho, e difícil... Amo isso.
— Vai se foder!
— Vem comigo então, adoraria foder esse seu corpo gostoso e te ouvir gemendo alto o meu nome!
— Quando isso acontecer, porcos irão voar.
— Ha, ha, ha, é uma figura, até mais coelho depressivo.
— Coelho depressivo?
— O apelido que te deram
— Não me chama assim, nunca mais — falei em tom sério vendo o mesmo ficar surpreso mas logo saiu.
Eu odeio ele.
TAEHYUNG POV'S ON*
Não achei que um apelido fosse incomodar tanto... O que se passa com esse garoto? Só fala com aquela menina de cabelo azul e um garoto de cabelos verdes, não ri e nem sorri muito, grande parte da aula ele deita na carteira e quando levanta está com o nariz vermelho e olhos inchados...
As aulas já tinham acabado e eu estava na escola para cumprir um castigo de arrumar e limpar a sala da detenção. Fui procurar uma vassoura e vejo Jeon entrar no banheiro, ele parecia segurar algo nas mãos, como se fosse algo que ninguém deveria ver... Não seja curioso Kim Taehyung, não seja, não seja, não... Tarde demais.
Entrei discretamente no banheiro, o mesmo estava com o objeto nas mãos e chorando muito. Quando me viu guardou o pequeno objeto e fez uma expressão furiosa.
— O que está fazendo aqui?! — perguntou cerrando os punhos.
— Eu te pergunto o mesmo, o que é isso na sua mão?
— Dedos.
— Para Jungkook — falei irritado. Em um movimento rápido eu tirei o objeto de seus bolsos e deparei com... uma lâmina. — V-Você se cor...
— Não é problema seu intrometido — bufou enquanto tentava pegar a lâmina de minhas mãos. — Me devolve!
— Não to afim.
— Seu idiota, me deixa em paz!
— Me beija então — sugeri em um tom brincalhão, mas o mesmo parecia levar a sério.
— Nunca que eu vou te beijar.
— Aposta quanto que você vai gostar de me beijar? — indaguei me aproximando dele vendo o mesmo bater as costas na parede.
— Eu não vou — ele suava frio e tinha a respiração acelerada. Estava chegando cada vez mais perto... Logo em seguida levei um tapa do menor a minha frente. — S-Seu tarado.
Saiu correndo do banheiro e me deixando com cara de tacho. Estava quase conseguindo!
Jeon é mais complicado do que eu achava, ah. Se acha mesmo que eu estou apaixonado por ele, está muito enganado meu caro, só quero ficar com ele, uns beijos e sexo, é claro. Não sou do tipo preso em alguém, até me lembrei da lenda idiota do Akai Ito, ha, ha, ha.
Jungkook parece ter sofrido algo... Sempre me pergunto o que, não que eu me importe, apenas curiosidade. Eu adoro implicar com ele, é tão divertido e passa o tédio, virou rotina ficar no pé desse garoto.
Ele estava estudando em uma das mesas, que tal algumas pertubações? Não resisto.
— Coelho depressivo — chamei cantarolando.
— Já disse pra não me chamar assim idiota — voltou sua atenção ao livro aberto que parecia ser inglês.
— Por que não tenta fazer yoga? Te ajuda a ficar calmo — sugeri sentando em cima de uma das mesas ao seu lado.
— Por que não tenta cuidar da sua vida? Te ajuda a parar de cuidar de outras — respondeu em tom de deboche me fazendo revirar o olhos.
— Acho que as influências de Junghyun não te fizeram bem, ele é um idiota mesmo.
O vi tirar a atenção total do livro e desferi um soco bem dado no meu rosto, quase cai para trás. Olhei para o mesmo incrédulo e observei lágrimas no canto de seus olhos.
— Nunca, NUNCA MAIS FALE DO MEU IRMÃO, OU EU JURO QUE TE MATO, SEU DESGRAÇADO — agarrou a gola da minha camisa e soltou bruscamente enquanto corria para fora da sala — e provavelmente da escola.
O que aconteceu? Desde de quando ele é tão sentido pelo irmão? Quando eramos vizinhos os dois não paravam de brigar a todo momento deixando a Sra. Jeon louca da vida. Por que esse menino guarda tantos segredos? E por que eu quero tanto descobri-los?
Continua?
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