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História O Futuro em Breve - Se fosse um adulto...


Escrita por: ClotsQueen

Notas do Autor


Oieeee!!!!

Primeiramente, não estou abandonando "Quero que você saiba"... rs... simplesmente estou com a ideia fixa de escrever esta fic tem muito tempo, cerca de um ano... mas a outra fic ainda terá suas atualizações duas vezes por mês e tal... não se preocupem... 😝

Como sou muito louca pelo filme “13 Going on 30” (De repente 30), sempre pensei que um enredo Style caberia muito bem nesta ideia central!
Claro, não esperem que Fulano seja X personagem do filme, Beltrano seja Y, e assim por diante, não teremos lugar marcado e o universo será diferente do filme, só estou usando a ideia principal mesmo, o “tropo”, não sei escrever fazendo puras adaptações... preciso "descaralhar a porra toda" (- by Kyle Broflovski) rs...

Quem estiver interessado, já criei uma playlist para esta fic, deixarei o link nas Notas Finais, fiz com bastante carinho e as músicas realmente me ajudam a escrever!!

Este primeiro capítulo talvez pareça um pouco confuso, pois haviam vários dados que a história precisava entregar a vocês...

Espero que gostem, e sejam bem-vindos a esta nova aventura, esta jornada que se chama LongFic!!

[EDIT: ESSA FIC CONTÉM TROCA DE CASAL CONSENSUAL
Isso quer dizer que AO LER você PRECISARÁ sair da sua zona de conforto Creek/Style/Bunny etc]

[EDIT²: Essa fic passou por uma edição, mudando alguns fatores referente a idade inicial do protagonista]

* A Fanart que encapa a fic pertence a gabbaeni, eu apenas editei *
** A Arte do capítulo é original de skrillexismymom, com uma pequena edição **

BOA LEITURA!!

Capítulo 1 - Se fosse um adulto...


Fanfic / Fanfiction O Futuro em Breve - Se fosse um adulto...

O corredor estava atulhado de alunos quando Stan tentou forçar passagem entre os colegas do time de futebol para chegar a seu melhor amigo, Kyle sorria para ele do lado oposto, o calor suave do verão, que aos poucos se despedia, fornecia uma raridade que era Kyle com os braços expostos, e Stan sorriu em resposta a esse pensamento um segundo antes de ser puxado pela namorada atual.

— Hey, Stanley. — Ela chamou com a mão no cotovelo dele, os cabelos escuros dela faziam um perfeito contraste com a pele pálida dos ombros onde a cascata escura caía como uma cortina negra. — Não esqueça a festa na casa da Bebe, viu?

Por um momento o moreno ficou atordoado sem saber o que responder, mas uma mão quente encontrou o ombro dele quando a voz divertida de Kyle falou em resposta.

— Não se preocupe, Wendy, estaremos lá. — Ele sorriu para a garota, e Stan não conseguia desviar os olhos dos lábios vermelhos e dentes brancos de Kyle. — Mas, antes Stan precisa terminar a Redação para o concurso.

A escola promovera um Concurso de Redações, o tema era “Futuro”, tão expansivo quanto possível Stan achava que poderia participar, e aproveitou-se disso para chamar Kyle para sua casa, para que juntos pudessem trocar ideias.

Os dois estavam loucos para colocar em uso tudo o que aprenderam em um curso de verão recente.

Enquanto os amigos aproveitaram as férias para se divertirem nos parques aquáticos que se multiplicavam por Denver e arredores, Stan e Kyle foram juntos a um curso de verão, e uma vez que Kyle detestava as piscinas públicas, ele surgiu com esta ideia, a qual Stan abraçou alegremente, uma Oficina de Escrita Criativa, onde aprenderam algumas coisas sobre narrativa, tipos de narrador, conflito e clímax, figuras de linguagem, e principalmente sobre como começar e terminar um texto narrativo.

Foram cerca de três semanas viajando para Denver e tendo a experiência refrescante e inovadora de receber aulas de professores universitários, escrevendo pequenas peças narrativas, poesias e obtendo revisão de pessoas que estavam acostumados com a atividade, com o ato de escrever.

Wendy não parecia feliz agora, exatamente como esteve durante as férias inteiras, a menina tinha uma expressão educada, encarando ambos os amigos.

— Sim, tudo bem, mas você vai me buscar ou nos encontramos lá?

A resposta de Stan foi interrompida pelos alunos que passaram entre eles, Butters deixara cair uma pasta de folhas e diversos papeis se espalharam pelo chão, Kyle e Stan automaticamente se abaixaram para ajudar o amigo.

— Se quiser eu mesmo pego você, Wendy. — Uma voz animada foi ouvida, Stan voltou os olhos para ver Kenny adicionando o último papel na pilha nas mãos de Butters, enquanto Kyle ajudava a colocar tudo na pasta. — Stan está muito preocupado produzindo.

A menina girou os olhos violetas, mas devido à ausência da resposta de Stan, ela observou Kenny.

— Acho que a Bebe vai precisar de mim para ajudá-la com a arrumação, de qualquer forma, então, não se preocupe.

E assim ela deu as costas e saiu, Kyle encontrou os olhos de Stan.

— Isso foi ruim, cara.

O moreno encolheu os ombros.

— Não estou com ânimo para festa, cara. — Ele respondeu. — Estou cansado dos treinos e você não mentiu, tenho essa redação, quero caprichar.

A Festa de Bebe era a última do verão, a estação que tecnicamente se despedia, uma vez que já estavam ao longo de setembro e o outono dava as caras aos poucos, a temperatura à noite já era bem próxima dos 10 graus e certamente nos próximos dias nevaria com força novamente.

Eles se despediram de todos no corredor e Stan foi para casa com Kyle à tiracolo, o ruivo adormeceu em algum ponto onde Stan se perdia na introspecção do texto, o moreno ficou a noite inteira terminando sua redação, no sábado pela manhã ele tinha uma redação pronta para entregar, um amigo sonolento em sua cama e uma namorada decepcionada.

Pois Stan jamais apareceu naquela festa.

 

 

Alguns dias depois os garotos sentiam que o início do ano escolar chegou muito rapidamente, Stan foi pego de surpresa, não era agora apenas mais um ano, era o último ano do médio, todos na escola estavam muito ansiosos para darem um passo em direção as suas vidas adultas, todos excitados em obter sua independência, e mesmo que Kyle falasse a todo o tempo que cada etapa da vida deve ser vivida calmamente e de acordo, Stan não conseguia ouvi-lo porque a agitação da sua alma era alta demais, ele era um desses que queria crescer, ter suas próprias escolhas, ser independente, e inegavelmente isso só era possível quando se tornasse um adulto, eventualmente a adolescência é a prévia disso, como um teste para descobrir o quanto você está capacitado para esta vida adulta tão almejada.

— Cara, precisamos terminar este relatório. — A voz de Kyle veio da escrivaninha. — Juro por Abraão, Stan, não sei como a sua última redação não levou nota máxima!

O resultado do Concurso saíra depois de duas semanas, e Stan estava um pouco satisfeito pelo retorno de seu texto original as suas mãos, com várias anotações e comentários da Banca Examinadora, satisfação essa que não era compartilhada com Kyle, o ruivo estava absoluta e inegavelmente contrariado.

Stan encarou o teto do seu quarto, estava sem inspiração para escrever agora, afinal, mesmo um relatório exigia um pouco de entusiasmo, ele não era disciplinado como Kyle, que incrivelmente sendo o menos apressado para obter sua emancipação, era o mais maduro de todos.

— Parece que os parágrafos estavam desestruturados. — Stan declarou fechando os olhos. — Também não sou bom com regras, cara.

Kyle girou na cadeira e encarou o amigo na cama, Stan sorriu para ele, hoje os cabelos de Kyle estavam mais bagunçados do que nunca, ele praticamente acordou e veio para a casa de Stan, era domingo e tudo o que eles fizeram desde as 10 da manhã foi dever de casa, Kyle gostava de se adiantar.

— Mas você foi muito contundente e criativo! — Kyle apontou. — Tudo bem que organização é tudo, mas por que diabos nesse mundo a criatividade não é observada?

Stan rodopiou os pés em um arco e colocou-os no chão, ele sentou na cama, os olhos azuis presos em Kyle.

— Por que técnica pode ser um pouco tedioso, mas “inspira seriedade”, foi o que disseram naquele curso. — O moreno encolheu os ombros. — Estou mais dado a procrastinar em tempo integral, do que observar as regras de redação.

— Bom ponto. — Kyle virou-se para seu caderno. — Agora pare de procrastinar e termine o seu texto, estou louco para ler.

Stan sorriu e puxou o caderno dele para si, adorava escrever, mas acima de tudo, adorava escrever para Kyle, tudo o que ele escrevia era pensando na reação do amigo, ele encarou o tópico, um relatório sobre a visita à Biblioteca da Universidade de Denver feito durante a semana, era um desses assuntos enfadonhos, mais como uma apresentação do que uma narrativa, então Stan se concentrou, ele pensou um pouco, cerrou os olhos e voltou a mente ao passeio escolar e tudo o que viu, viveu e sentiu lá, e em breve seu lápis estava correndo no papel, ele poderia fazer isso com apenas um pouco de concentração.

Alguns minutos depois ele segurou o lápis, balançando um pouco entre o indicador e o polegar, e releu o que escrevera, havia informação o suficiente e um pouco de opinião diluída em dados, tivera cuidado em ressaltar aqui e ali pontos que a professora responsável havia exposto antes, Stan releu e achou que estava bom por agora, em seguida escreveria a conclusão, acrescentando e ressaltando a importância da preservação das bibliotecas públicas.

— Quer um suco? — Stan ofereceu a Kyle, se levantando. — Vou pegar alguma coisa.

— Sim, obrigado. — Kyle respondeu sem erguer a cabeça. — Só preciso de mais algumas linhas para concluir aqui.

O ruivo se levantou esticando os braços e flexionando os dedos, a parte (bem) inferior das costas ficou exposta por um momento, Kyle tinha duas covinhas no alto das nádegas, aqueles furinhos sempre estiveram ali rodeados de sardas pálidas, mas passava despercebido por todos, Kyle mesmo parecia totalmente alheio àquele detalhe tão curioso de sua anatomia, e Stan resolveu jamais citar também, ficando com esta peculiaridade apenas para si.

 

Gostava de pensar que isto era um daqueles estranhos e secretos detalhes sobre Kyle que apenas ele no mundo conhecia.

 

Os olhos verdes voltaram-se para ele e Kyle sorriu, o ruivo se moveu ignorando o olhar do moreno e deitou-se na cama que Stan acabara de abandonar, agora mesmo o umbigo pálido estava aparecendo sob a barra da camiseta verde, assim como uma forma volumosa na virilha do ruivo, e Stan desviou o olhar, sentindo o rosto quente sem entender direito o porquê...

Ou talvez ele estivesse ignorando o motivo.

O moreno foi à cozinha e lá demorou mais que o normal preparando o suco, fez o preferido de Kyle, morango com gengibre e um pouco de laranja, ele retornou em seguida e quando entrou no quarto tudo estava tão silencioso que por um momento achou que Kyle nem estava mais ali, mas sim, no meio dos travesseiros de Stan era possível ver um emaranhado alaranjado de cabelos cacheados.

Os cabelos de Kyle perdidos em sua cama sempre lembravam um pôr de sol nas montanhas, e Stan sempre sorria com essas figuras de linguagem que compunham a imagem de Kyle em sua cabeça, e também eram parte daqueles secretos detalhes.

O moreno largou a bandeja na escrivaninha, viu a redação que Kyle trabalhou por pelo menos uma hora, Stan deu uma espiada em direção à cama para ter certeza que o amigo estava adormecido, então leu, não rapidamente, porque se havia uma coisa que Stan não sabia fazer, era uma leitura dinâmica, ele leu cada ponto e vírgula e pensara sobre os adjetivos e posicionamentos de Kyle referente ao passeio, palavras como “educativo”, “substancial”, “pedagógico”, estavam por toda a parte, parecia um relato bem sucinto e ao mesmo tempo informativo. A parte conclusiva ainda estava em aberto.

Stan largou o caderno onde encontrou e se aproximou da cama, os cabelos de Kyle formavam um perfeito contraste com seus travesseiros azuis claros, o ruivo estava deitado de bruços e seu perfil estava aparente, Stan esticou os dedos tocando alguns anéis alaranjados, com o tempo Kyle ficara muito restritivo com os cabelos, e aqui no quarto de Stan era um dos pouquíssimos lugares onde o ruivo ainda deixava os fios à vista, uma faixa ensolarada entrava pela janela brilhando nas características do ruivo, as sardas marcadas na maçã do rosto e no nariz, assim como os cabelos reluzindo, Stan se abaixou unindo o nariz às mechas e aspirando o cheiro que automaticamente o fazia relaxar.

Kyle se moveu, virando-se, seus lábios pairaram a milímetros de Stan, o moreno se afastou.

— Cara... — Kyle deu um salto para trás, assustado e corado até a raiz dos cabelos. — Você... você trouxe o suco?

Stan se moveu, frustrado por perder o cheiro agradável.

— Claro, estava prestes a acordar você.

Kyle esticou a mão puxando a ushanka verde e ajustando no jewfro volumoso, Stan torceu os lábios para esta ação tão defensiva do melhor amigo, o moreno apanhou o copo de suco e entregou ao ruivo.

Ainda corado, e sem encarar Stan, Kyle tomou o suco, esticando os lábios vermelhos rente à borda do copo, Stan não conseguia parar de olhar para a boca do melhor amigo.

 

Desde muito pequeno Stan tinha ideias complicadas e diferentes a respeito de Kyle, certa vez quando estava no Jardim de Infância, Kyle esteve doente e o moreno passara uma tarde inteira na casa de Wendy, a garota bonita da escola, ela não substituía o ruivo, mas era divertido estar com ela e eles brincaram muito, no final do dia ela disse que Stan era a pessoa mais especial para ela, e na hora de ir embora o moreno tinha um desenho infantil em mãos, um presente de Wendy para sinalizar o quanto ela o estimava.

No desenho havia uma menina, claramente Wendy em sua boina rosa, haviam flores em todo o lugar, e Stan estava lá também, caracterizado por seus enormes olhos azuis e sua touca favorita, a menina da imagem usava um vestido branco e trazia um buquê de flores pequeninas nas mãos, o menino da imagem tinha apenas uma flor pequena no peito, e usava uma roupa preta elegante, lembrou a Stan quando seu pai fora a um evento da empresa onde muitas pessoas choraram, mais tarde o moreno descobriu que isso era um velório.

 

“— Por que estou com essa roupa preta?

Ele perguntara, Wendy sorriu compassiva e segurou a mão dele.

— Porque você é meu noivo.

Stan encarou o desenho.

— E o que é um noivo?

Lá estava o sorriso paciente outra vez.

— É simplesmente a pessoa mais especial na vida da gente: Um noivo!

Stan voltou a olhar para o papel.

— Por que você também não está vestindo essa roupa?

— Ora seu bobo, porque meninas não usam isso, apenas os meninos!”

 

 

Stan foi para casa, e no final do dia quando sua mãe o chamou para jantar, ele trouxe para a sala uma folha de papel com um desenho muito colorido.

Animado ele simplesmente derrubou a página entre seus pais, Sharon agiu curiosa e tinha um sorriso no rosto, o que fez a alegria de Stan crescente.

 

 

“— O que isso significa, meu filho?

Randy, no entanto, não parecia tão feliz, ele tinha aquela expressão franzida que fazia sempre que sua mãe arrancava da mão dele uma lata de cerveja.

Stan ergueu as sobrancelhas, sua mãe sempre falava que seu pai era um pouco tapado, mas como ele não era capaz de compreender um desenho tão simples?

— Este sou eu. — Stan apontou no desenho.

— Sim, estou vendo, e este é Kyle? — Randy perguntou parecendo cuidadoso.

Stan aprofundou as sobrancelhas.

— Sim, papai, este é o Kyle.

— Você e o Kyle estão de mãos dadas. — O pai dele disse, e Stan sorriu. — Mas por que há todas estas flores aqui e aqui?

Stan riu, o som da risada infantil dele fez Sharon sorrir e isso deu impulso para explicar ao seu pai.

— Bem, papai, este é o nosso casamento!

— De quem? — O pai perguntou sem falhar uma batida.

— Randy... — Sharon falou em tom de aviso, Stan achava que seu pai estava sendo muito mais tapado do que o normal.

— Calma aí, Sharon, eu só quero entender. — Randy olhou sério para a esposa, nesta hora Stan percebeu que algo estava errado em seu desenho. — Vamos, Campeão, explique para o papai o que está neste desenho.

Stan começou a ficar preocupado, a mãe dele segurou sua mão, e então Stan observou o papel.

— Bem, Kyle é meu noivo.

Randy passou a mão nos cabelos, ele empurrou o desenho e se agachou no chão na frente de Stan.

— Por que você acha que Kyle é seu noivo?

— Porque descobri que um noivo é a pessoa mais especial na nossa vida, e Kyle é minha pessoa especial.

— Kyle é seu amigo, meu filho.

— Sim!

Stan sorriu aliviado, seu pai estava começando a entender.

— Então, você está confundindo as coisas, amigos não são noivos, amigos são caras que saímos para beber e pegar mulher — Sharon pigarreou e Randy ergueu as mãos na frente do corpo —, não que eu faça isso atualmente, mas é o que você e o Kyle farão juntos, um dia, até que você encontra a pessoa especial, e queira ficar com ela para o resto da vida, como eu e sua mãe.

Stan sentiu-se confuso.

— Mas Kyle é minha pessoa especial, não preciso procurar mais!

Randy suspirou.

— Você é muito novo ainda, Stanley, mas vai entender com o tempo, está só projetando no Kyle todo o seu afeto, na falta de outra pessoa, um dia você vai amar alguém, de verdade.

— EU AMO O KYLE!

Todo o corpo de Stan estremeceu, por que seu pai não entendia?

— Você está confundindo amor e amizade, Stan, você não ama o Kyle desse jeito, ele é apenas seu amigo, você é muito criança ainda, vai mudar essa ideia.

— Eu amo o Kyle e ele é minha pessoa especial, sim!!

Randy entortou os lábios e voltou para a cadeira, Sharon abraçou o filho.

— Calma, meu amor... sabemos que você adora o Kyle, seu pai só está projetando o futuro e os problemas que podem existir, não se preocupe agora.

— Qual é o problema em eu amar o Kyle?

— Nenhum, meu filho... nenhum...”

Com olhos transbordando Stan correu com o seu desenho para o quarto e chorou até adormecer naquela noite, ninguém poderia tirar de dentro de seu peito o que ele sentia por Kyle.

 

O que nos trazia de volta ao atual momento, enquanto observava Kyle tomando o suco, Stan se questionava:

Quando começou a pensar sobre isso? Amava Kyle? Ou era apenas um sentimento confuso?

Não havia resposta, porém, o mais complicado era que ele mesmo não queria aceitar esta condição, namorando Wendy por mais tempo do que poderia se lembrar, Kyle também saíra com algumas garotas, e era absolutamente alheio aos sentimentos confusos de Stan, ultimamente o ruivo fazia um sucesso constrangedor com as meninas, e atualmente se dedicava a uma nova amizade que Stan preferia não pensar.

Era complicado ter esse tipo de sentimento por Kyle, como seu pai havia avisado.

 

O celular vibrou Na mesinha de cabeceira e Stan torceu o nariz quando viu o nome na tela, ele destravou o aparelho e atendeu.

— Hey, querida! — Ele cumprimentou parecendo alegre, Kyle se moveu ao seu lado. — Sim, estava terminando o meu relatório agora mesmo.

Depois de alguns dias sem falar com Stan depois da Festa de Bebe, Wendy por algum motivo perdoou Stan, mesmo que ele não achasse que havia necessidade de perdão.

Stan viu de relance quando Kyle o observou por cima dos ombros enquanto sentava na mesa e puxava o caderno para si novamente, o lápis correu pelo papel.

— Posso ler para você sim, vamos ver...

Ele leu uma parte da introdução quando viu Kyle erguer-se na frente dele, o ruivo vestiu o pulôver que usava ao chegar ali, Stan cobriu o celular.

— Cara? Kyle? Está com frio? Posso acertar o termostato. — Ele sussurrou, preocupado, Kyle era muito sensível ao frio, então voltou a encarar o celular. — Sim, Wendy, é o Kyle.

Kyle parecia aborrecido com alguma coisa, suas sobrancelhas vincadas não enganariam Stan nem se eles estivessem em um universo diferente.

— Cara, vou terminar em casa, mamãe vai ficar uma fera se eu chegar muito tarde. — Kyle reunia seus pertences da escrivaninha de Stan e jogava tudo na mochila.

— Mas não terminamos ainda! — Stan quase suplicou. — Wendy, ligo para você depois!

De repente Kyle ficou muito sério na frente de Stan, os olhos verdes brilhavam recebendo a luz da tarde que entrava pela janela.

— Bem, eu... — O ruivo coçou a parte de trás do pescoço, o rosto corando levemente. — Quero ir no Museu de Ciências mais tarde.

Stan ficou de pé atirando o celular para o lado.

— Nossa, isso é incrível! — O moreno falou. — Deixa só eu trocar de roupa e já saímos.

No entanto, Kyle o pegou pela mão antes de Stan dar um passo em direção ao armário.

— Espera, Stan... — Ele falou encarando o chão. — Eu... vou com a Heidi.

Stan sentiu como se tivesse levado um soco na boca do estômago.

— Por quê? — Stan perguntou pateticamente, mas o olhar no rosto de Kyle dizia tudo o que ele precisava saber, Stan deixou os braços caírem rente ao corpo. — Desde quando...?

Kyle se mexeu desconfortável, o olhar dele era o mesmo toda vez que havia uma menina entre eles, ou uma garota saindo com Kyle, ou uma nova namorada de Stan, o ruivo evitava os olhos azuis, olhando para qualquer lugar.

— Só achei que poderia ser legal. — Ele falou e repentinamente Stan perdeu toda a vontade de terminar seu trabalho. — Ela é uma garota muito legal, Stan.

O moreno sentiu algo afundando em seu peito, algo frio e doloroso, ele sentiu as pernas fraquejarem e jogou-se na escrivaninha, largando-se na cadeira se sentindo como se fosse um peso morto na vida de Kyle.

— Ela é.

Ele falou simplesmente e sua voz saiu mais seca do que ele esperava, Kyle o encarava apologético, seus cachos alaranjados escondidos debaixo da ushanka e mesmo que Stan não soubesse, o coração do ruivo também batia fraco em seu peito.

Kyle se despediu e, apático, Stan apenas virou-se e encarou seu trabalho prestes a concluir, ele não respondeu mesmo que Kyle tenha ficado ali esperando por isso por alguns minutos.

Quando ouviu a porta da frente bater, Stan tocou a mesa com a testa e só depois percebeu que seu trabalho estava arruinado, encharcado com suas lágrimas.

 

O que ele não sabia é que os olhos de Kyle também estavam úmidos quando ele correu para casa.

 

 

 

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~

 

 

 

Com o tempo passando Stan começou a se afundar nas atividades esportivas, ele e Kyle não eram dos mesmos times, e na verdade Kyle era muito mais interessado nos Clubes Intelectuais do que nos Esportivos, ele tentara arrastar Stan para um clube do livro, ou algo semelhante nos anos anteriores, mas o moreno preferia escrever, ler às vezes exigia muita atenção e nos últimos tempos atenção era uma atividade difícil, assim preferiu ficar apenas com o Time de Futebol.

O aniversário de Stan estava perto e ele aprendeu a não esperar muito de Kyle, eles pareciam estar se afastando aos poucos, a última tarde compartilhada era uma saudosa lembrança, e por mais que isso tivesse sido dolorido no início, Stan achou que era tão inevitável, que não tinha mais nem forças para lutar contra o movimento ininterrupto que levava o melhor amigo para longe dele...

As pessoas costumavam dizer que quando você cresce, pequenas discórdias não são importantes, talvez se já fosse um adulto teria força para superar aquele dia e retornaria para Kyle.

 

Kyle se via às voltas com suas atividades extraclasses e Stan mal via o ruivo, as Festas do Pijama, outrora tão preciosas, foram canceladas semana a semana, até que às vésperas do aniversário de Stan ele mal lembrava quando fora a última vez que ele e Kyle trocaram mais do que meia dúzia de palavras educadas em frente aos armários ou nas trocas de períodos.

O moreno também estava cada vez mais cercado pelo treinamento do time, era uma grande pressão atender às expectativas de todos na escola que pensavam que ele era o quarterback dourado, o prodígio que um dia representaria a cidade na NFL, diziam que ele entenderia a importância disso quando fosse adulto, mas Stan não estava certo se queria ser a esperança que South Park tinha em ser representada no mundo.

Ele era um atleta rápido, bom e inteligente, e mesmo que sua posição exigisse mais inteligência do que porte, lhe faltava físico e dureza de espírito para passar por todas as adversidades daquele esporte de trancos e investidas.

E ele acabou preso infinitamente com seus colegas atletas, gradativamente se distanciando de Kyle, o que depois de um mês obviamente doía de forma irremediável, era como se estivessem separados por décadas.

 

Mas o que parecia mais doloroso, embora Stan preferisse fingir que não, era assistir Kyle circulando com outras pessoas pela escola, especialmente as meninas do Clube do Livro que andavam para cima e para baixo com o ruivo que se dava bem e ria à toa, o moreno sentia um tipo de calor no peito em saber que Kyle era apreciado por outras pessoas, mas não podia ignorar seu estômago revirando em saber que Kyle não parecia sentir falta dele.

Se o ruivo estivesse restrito aos colegas do Time de Basquete, Stan poderia abrir uma brecha nas conversas do clube e interagir com os caras, mas o Clube do Livro estava longe de sua jurisdição.

A amizade com Heidi também era outro fator que impedia a aproximação de Stan, a garota era incrível, amigável e gentil, porém, o moreno tinha certeza que ela machucaria Kyle em algum momento, Stan talvez fosse o único que lembrava da situação que a menina colocara Kyle anos antes quando eles eram crianças, mesmo que a cidade parecesse ter esquecido, Stan lembrava bem da expressão derrotada de Kyle ao ser rejeitado e trocado, o que causava arrepios no moreno até hoje, recentemente ela terminara um namoro complicado com Eric Cartman e agora andava sempre junto a Kyle.

Para manter suas emoções sob controle Stan continuava escrevendo, sua mente simplesmente não conseguia descansar e a ausência de Kyle só fazia com que Stan se sentisse mais criativo, montando em sua mente situações peculiares o tempo todo, em algum momento ele começou uma história em um caderno antigo, o enredo ainda era composto apenas por pontos não diretamente ligados, falando sobre dois amigos de infância que cresceram juntos, mas se separaram na adolescência, e aos 30 anos se reencontravam e se apaixonavam.

Na cabeça de Stan, os dois amigos não amavam um ao outro desde a tenra infância, porque nem uma história inventada pode ser tão otimista assim, a imaturidade faz você confundir sentimentos.

Não faz?

 

 

Nos dias que antecediam o aniversário de 18 anos de Stan, ele se encontrava envolvido na organização de uma festa em sua casa, os colegas do time e alguns conhecidos da academia que jogavam Futebol da faculdade estavam animados trazendo Stan para o lado deles, o quarterback era como mel, atraindo garotas como se fossem abelhas com seu olhar meigo e coração sensível, em pouquíssimo tempo Stan estava vivendo em um universo totalmente diferente do anterior.

Os amigos que não eram do Time também foram convidados, e por assim dizer entenda-se Kyle, Stan respirou fundo e o abordou pessoalmente, em frente aos armários no final de um dia de aulas.

Kyle sorriu sem olhar para Stan e disse que não perderia o aniversário de seu amigo, mas o sorriso não chegava aos olhos verdes e Stan não se sentiu feliz com a resposta.

 

O dia da festa chegou inesperadamente, uma vez que Stan estava tendo dias lotados de atividades, e à noite, para evitar pensar na ausência de Kyle, Stan escrevia vorazmente, aquele seu enredo próprio sobre os dois amigos já era um texto dividido em capítulos antes que ele percebesse, e estava evoluindo rapidamente depois que eles se reencontraram, a química entre os personagens de Stan era muito fácil e natural, o que o moreno explicava para si mesmo que só ocorria graças a maturidade de ambos, não escondendo o que sentiam.

Uma campainha soou alto pela casa, Stan jogou o caderno secreto dentro de um compartimento escondido no armário e correu para atender, era cedo demais para convidados, mas poderia ser parte dos aperitivos que ainda seriam entregues na Residência dos Marsh para a comemoração do seu 18º aniversário.

 

Contudo, qual não foi a surpresa quando Stan encontrou um par de olhos verde esmeraldas o encarando de volta.

Kyle sorriu timidamente, algo tão incomum em sua expressão geralmente selvagem, que Stan ficou um segundo sem fala, até que o ruivo coçou a nuca e encarou o chão.

— Se arrependeu de me convidar? — Kyle questionou, e pelo menos no tom de voz ele era outra vez o Kyle de sempre, mesmo que suas faces parecessem coradas. — Tudo bem, só pegue o presente.

Ele falou esticando uma sacola estampada.

— O quê? — Stan sentiu o coração acelerar e seu rosto aqueceu apesar do vento que vibrava a porta segura entre seus dedos. — Cara, entra logo.

Ele puxou Kyle pela mão ignorando o presente, e não o soltou até que estavam seguros no porão, que o ruivo percebeu, fora todo reorganizado para uma festa privada.

— Daqui a pouco os outros vão chegar, não vai demorar muito. — Stan falou puxando o celular do bolso, ficara tanto tempo escrevendo que perdera a noção do tempo. — Quer beber alguma coisa enquanto espera?

Quando Stan o largou, sem motivos para manter a mão do amigo, Kyle andou a esmo até a mesa com bebidas e alguns canapés, parecendo deslocado ele serviu-se de meio copo de Coca-Zero, e bebericou evitando olhar para Stan no início.

— Que horas chegam seus outros amigos?

A voz dele parecia apática, fria, mas Stan deixou isso de lado.

— Daqui alguns minutos, estou tão entusiasmado, Kyle, faz tanto tempo que não conversamos, tenho um monte de coisas para contar. — Stan discursou, Kyle largou o copo o ouvindo. — Já estou treinando com os caras da Faculdade, sabia? É cansativo, mas estou me divertindo muito, sabe como eles comemoram as vitórias?

Kyle acenou com a cabeça.

— Stan, tem uma coisa que preciso falar.

— É louco, Kyle, você não vai acreditar... Cara, não vejo a hora de ser mais velho para poder sair com esses caras... você não tem ideia... na verdade perdemos tempo naquele curso de verão, sabia que esses caras foram para Miami no verão?

— Stan, espera aí...

— ...Enquanto isso perdi meu tempo na fodida Denver, nem acredito nisso, se tivesse conhecido eles antes, poderia ter visto o mar!

— Perdeu seu tempo comigo?

Kyle explodiu, Stan não tinha percebido que o ruivo estava cada vez mais vermelho, mas agora podia ver o olhar assassino de Kyle.

— Não, Kyle... não foi o que eu quis dizer...

— Mas foi o que disse, não foi? Acabou de dizer, Stan! Você está feliz em estar longe de mim, fazendo outras coisas com seus novos amigos.

O moreno abriu e fechou a boca, de repente se dando conta que Kyle parecia agressivamente irritado.

— Bem... você se afastou.

Stan não falou como uma acusação, mas ainda assim Kyle balançou a cabeça afirmativamente.

— É, e sabe por que me afastei?

— Não, Kyle, não sei, você não falou, mas deve ser algum caso, você deve estar apaixonado e eu estava te segurando.

Stan começou a se irritar, por que Kyle simplesmente não ignorava o afastamento e voltavam às boas? Era tão mais simples.

 

Kyle se aproximou, seus olhos cravados em Stan com tanta força que machucava.

— Como esperado de você. — O ruivo falou. — Sempre tão bom para pegar os sentimentos no ar.

— Certo, então você quer falar disso? O pessoal já vai chegar!

— Sim, quero falar disso! — Kyle jogou os braços para cima, seus olhos como adagas voltados para Stan. — Quero falar sobre como... deus, Stan, não acredito nisso!!

O moreno sentiu seu coração bater pesado, de repente sua garganta estava fechando e sua boca estava seca demais.

— Você não percebeu isso? EU SEI QUE VOCÊ SENTE O MESMO, PORRA!!

E foi quando Stan sentiu suas costas baterem no sofá que estava atrás dele, Kyle estava em cima dele, as mãos presas na frente de sua jaqueta, as maçãs do rosto perfeitas e olhar régio, mas ardente de alguma emoção que Stan não conseguia interpretar.

Kyle inclinou-se e cobriu totalmente a boca de Stan com a sua, um segundo se passou enquanto o moreno ficou tenso, mas a língua de Kyle empurrou com força entre seus lábios e um momento depois eles se beijavam ardentemente.

Com a surpresa do ato Stan sentiu-se como em uma queda livre, de repente tudo se resumia ao peso de Kyle sobre ele, o coração do ruivo batia no mesmo ritmo que o seu, Stan sentiu Kyle virar o rosto, mas o beijo não cessou, por mais um tempo o moreno percebeu que estava aproveitando o gosto da boca quente e aveludada, os lábios se encaixavam com perfeição e do alto da sua névoa Stan encontrou-se puxando o corpo de Kyle mais rente ao dele.

Foi quando Kyle pulou para longe, o verde esmeralda brilhante o encarava com horror.

— Cara... — Stan se levantou, mas suas pernas estavam trêmulas. — Por que fez isso?

O ruivo não olhava para ele, se afastando e passando a manga da jaqueta na boca, o coração de Stan estava prestes a saltar do peito e correr pela sala.

— Kyle...?

— O que você acha? — Kyle sussurrou, ele parecia magoado, definitivamente destruído. — Estou apaixonado... por você.

Stan olhou para ele horrorizado, confuso, perdido e sofrendo por ver que Kyle tinha lágrimas nos olhos.

— Você... deve estar confuso, Kyle... você gosta de mim como amigo... não é assim...

— Talvez quando você for adulto, entenda, Stan... — Kyle sacudiu a cabeça ferozmente. — É o que dizem, quando você cresce, algumas coisas fazem mais sentido do que poderiam fazer agora.

— Não... não nós só... precisamos pensar sobre isso...

— Não tem nada pra pensar, Stan... você também sente isso, não sente, cara?

Stan ficou em silêncio, as emoções borbulhando dentro dele, irreconhecíveis, confusas, seu coração doeu e ele nem entendia o motivo.

— Eu... eu... não sei, cara...

No andar de cima a campainha tocou e Stan não tinha nenhuma vontade de atender, Kyle balançou a cabeça.

— Eu não devia ter feito isso. Vim só entregar seu presente, mas não se preocupe com ele, bote fora se quiser.

Ele puxou da sacola um caderno brochura e atirou ao chão, em seguida saiu pisando fundo.

Stan sentou no chão empurrando a cabeça entre os joelhos, se fosse adulto com certeza saberia o que fazer... mas ainda era estúpido e imaturo.

E ele sentiu lágrimas quentes escorrendo por seu rosto, um buraco enorme no peito e o gosto de Kyle em sua boca.


Notas Finais


Link da Playlist no Youtube ~> https://www.youtube.com/playlist?list=PLaqiaYGYpeRwSllymG9Br5HdL17rjv-ZQ

Oieee!!

Pobre Stan... Pobre Kyle também...

Quem leu até aqui, não tenho muito para dizer, mas podem perguntar o que quiserem nos comentários!!

Mil Bjs,
Vivi


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