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História O Garoto Que Eu Costumava Gostar - Engasgos e falácias


Escrita por: janeeiko

Notas do Autor


Desculpem-me a demora.

Capítulo 14 - Engasgos e falácias



 

 

 

Engasgado estava eu quando Baekhyun encostou-se ao meu ombro e percebi que estava sentado naquela cadeira há quase duas horas. Ele parecia mais animado do que antes e eu me senti culpado por não poder compartilhar do mesmo sentimento. Não queria que ele percebesse que eu estava mal, pois assim ele ficaria preocupado e depois Chanyeol também ficaria preocupado por ele estar preocupado comigo e logo todo mundo estaria preocupado ao invés de aproveitar o evento e mesmo assim eu não contaria o motivo e me sentiria pior ainda.

Respirei fundo e engoli todos os pesares e sentimentos ruins que estavam congelando meu cérebro e o coloquei para funcionar de verdade. Levantei-me animado e dei o sorriso mais forte que pude dar, Baekhyun estava eufórico e de um jeito meio retardado o abracei e começamos a pular juntos.

— Cara, eu te procurei tanto. O que você tava fazendo aqui?

— Eu... Eu me perdi. — Menti.

— Ah. — Ele estranhou por alguns segundos, mas como estava alterado pelo álcool e pelos pegas que com certeza deu no Chanyeol ignorou e continuou feliz e saltitante comigo.

Luhan apareceu logo em seguida. Ele estava com o Xiumin, os dois parecia juntos demais ao andarem abraçados de lado. Não liguei.

O resto da noite foi curta, o evento terminou mais cedo do que o esperado - mas no meu caso eu não via a hora de sair dali - e logo voltamos todos juntos de metro para suas respectivas casas. Menos Baekhyun é claro, mas não vamos entrar em detalhes.

Voltei para meu recinto e, assim que fechei a porta de meu quarto, desci ao chão como uma pedra grande e pesada cai no pé de alguém. Não pude evitar a gravidade assim como minhas lágrimas também não. Mas... Por que estava eu chorando? O que? Sim, Jongin estava beijando Sehun. Sim, ele acariciou suas costas e com certeza algo a mais. Sim, eu havia sido rude com o Sehun, mas o Jongin havia sido rude comigo primeiro. Mas eu ainda me perguntava... Por quê?

De certo havia algo mais ali. Algo que eu mesmo neguei até onde pude, até ver que não, eu não podia o ter, e aquilo me abalou como nunca. Tudo aquilo que estava engasgado em mim, eu queria gritar, queria destruir meu quarto e a mim mesmo, mas meus pais estavam dormindo no quarto ao lado e eu nunca deixaria que ninguém soubesse de minhas fraquezas. Eu não queria que ninguém soubesse que meu maior ponto fraco era Kim Jongin, Kai, o filho do diretor, o garoto do corpo sarado e esportista, o clichê, o chato e misterioso... O garoto que eu estava voltando a gostar.

Ou, pior, o garoto que eu nunca havia deixado de gostar.

Eu estava apaixonado pelo Kai, e não existe porra mais ruim do que gostar de alguém que não demonstra o mesmo por você. Ele me deixa mal, antes eu me sentia bem, gostava de chamar a atenção dele, gostava da troca de olhares que tínhamos nos corredores. Mas agora doía pensar nele, e me irritava pensar no Sehun, mesmo eu sabendo que no fundo a culpa talvez fosse minha dele ter se vingado de mim daquela forma.

Digo... Foi de fato uma vingança?

Ele pelo menos sabia dos meus sentimentos pelo Kai, porque ninguém mais sabia, nem mesmo meu melhor amigo Byun Baekhyun.

Minha vida é um livro velho e sem graça. Não sei quando cheguei a essa conclusão, eu sei, talvez eu esteja sendo pessimista demais.

Na semana seguinte, fui a escola e agi normal, como se nada tivesse acontecido. Afinal, não aconteceu, sim?

Andei em passos mais lentos e indiferentes, não me vinha a vontade nem de rir nem de chorar. Simplesmente neutro, como água escorrendo no chão após o copo de vidro ser quebrado.

— Ontem foi demais, não foi? — Disse Baekhyun, só assim percebi que caminhava ao meu lado há um tempo.

— Uhum. — Sorri com os olhos.

 

— Foi muito bom. — Ele sorria de canto. Eu sabia muito bem no que ele estava pensando. Aquele típico jeitinho de quem está apaixonado, de quem quer te contar mil coisas sobre o pretendente, mas ao mesmo tempo não querer parecer um bobo iludido, mesmo que fosse. Ou não.

— Foi ótimo. — Soltei em devaneios.

— Ah, soube da nova?

— Da nova o que?

De modo instantâneo, Baekhyun ficou mais eufórico, o que significava que a notícia não era pouca coisa.

—  O Luhan.

— O que tem o Luhan?

— Ele está namorando. — Engoli seco. — Com o Xiumin. — Mas Baekhyun saltitava sacudindo meu braço e cantarolando animadamente.

— Felicidades para os dois. — Disse sinceramente.  Eu realmente queria que os dois fossem felizes, eu e Luhan nunca daria certo, não somente pelo fato de eu gostar do Kai, mas também porque estávamos na mesmice há meses e não era animador, tampouco atraente ou divertido, como um dia já fora.

Sorri com grandeza para que Baekhyun não notasse meu coração partido. Ninguém precisava saber. Não mais.

— Enfim... Tem planos para hoje a noite?

— Não. Nada em mente.

— Vamos dar uma volta no parque, então?

— Pode ser. — Me espreguicei.

 

Após abaixar meus braços senti Baekhyun me abraçar com força. Ele parecia mais feliz do que nunca e seu corpo era macio como um travesseiro. Desfizemos-vos e ele lançou aquela carinha de cachorrinho emburrado para mim.

— Sem assunto?

— Comida?

— Vamos?

— Vamos.

Então saímos depois da aula para comer algo. Não lembro exatamente sobre o que conversamos, só lembro-me de ter me saído bem no quesito esconder o acontecido da noite anterior. Eu me sentia culpado, um mentiroso, porém tudo que eu menos queria era ser consolado naquele momento.

 

 



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