1. Spirit Fanfics >
  2. O General >
  3. Cap IX

História O General - Cap IX


Escrita por: ManuNihal

Notas do Autor


Boa tarde gat@x do meu coração!

RECADINHOS IMPORTANTES DA TIA MANUCA:

Primeiro, quero pedir perdão por demorar a atualizar, maaas...pra quem não sabe, eu estou na fase final do mestrado, então meu tempo livre é bem curto. Por mais que eu ame escrever O General, não consigo fazer na frequencia que gostaria. Agradeço a paciência.

Segundo, eu quero dedicar este capitulo para o grupo do whats NaruHina e SasuSaku 4ever pelo enoooorme carinho para com esta história! Meninas, vocês me surpreenderam só com coisas positivas! Hoje o General é de vocês!

Terceiro, quero dizer que amo minha beta, porque sim. Pan, sua lindja, amo tu tatu.


Boa leitura! ^^

Capítulo 9 - Cap IX


Fanfic / Fanfiction O General - Cap IX

 

O General - Cap IX

Londres - Inglaterra


 

O dia amanheceu cinzento novamente, como uma pintura que imitava nos céus, o que estava acontecendo em terra. Nuvens carregadas pairavam como um um mau agouro, esperando o momento certo de derramarem suas lágrimas e lavarem os mortos.

Sasori aspirava aquele ar tentando não vomitar. A umidade se juntava com o odor adocicado dos milhares de cadáveres em putrefação que apinhavam as ruas e os portões do Rei, causando náuseas a todos.

Sua cabeça não parava por nenhum minuto, e dormir era um luxo que não podia se dar. Em poucos dias milhares de ingleses haviam perdido seus corpos para uma doença cruel, que causava muita dor e sofrimento. A peste negra, como fora chamada, estava matando centenas por dia, causando grandes bulbos negros em seus corpos que ardiam em febre. O caos se instalou em todo o País e o Rei já nada podia fazer. Covas coletivas eram cavadas para enterrarem os mortos que não podia ser queimados, e a cada hora mais e mais corpos atulhavam as ruas causando mais pânico na população.

Os que sobreviviam à peste, ou não foram contaminados, viviam com medo, largando os próprios familiares na sarjeta ao menor sintoma de febre, para depois rumarem para partes mais isoladas.

Mas em meio aquele inferno na terra, ele tinha uma outra preocupação: Itachi Uchiha.

O diplomata saíra em uma missão isolada há dias e a última carta que recebera do mesmo fora antes da peste se espalhar. Não sabia para onde ele tinha ido, ou o que fora procurar, pois Itachi preferiu guardar segredo sobre tal questão, alegando que isto protegeria o amado.

Sorriu ao lembrar de quando o moreno lhe dissera isso, “amado”. Sabia que o que estavam fazendo era errado, era pecado e que queimariam no fogo do inferno, se antes não fosse em uma fogueira em praça pública, mas não conseguia mais esconder os sentimentos que nutria por ele, e decidiu que por hora viveria tal romance.

Suspirou para tirar Itachi de seus pensamentos e abotoou a farda engomada, tinha que patrulhar os terrenos do Rei, pois o povo estava enlouquecido a tentar passar pelos portões em busca de abrigo e comida. Minato mandou que distribuíssem um pouco do suprimentos do castelo para os que ficavam vagando pelas ruas sujas, porém não era o bastante, e com a grande quantidade de homens mortos, ele temia pela segurança de todos, inclusive a sua.

Antes de sair do cômodo em que vivia, fez uma oração por Itachi e por todos.

 

~~

 

Sakura andava pelos corredores do castelo notando a atmosfera sombria. O Rei não saía mais de seus aposentos assim como o resto da família, e Sasuke era um dos poucos que tinha permissão para vê-los.

O General andava cansado, ela via as bolsas arroxeadas por baixo dos olhos, e não podia tirar a razão dele, já que tudo estava um horror. Fora o perigo eminente da peste ele suspeitava de um possível golpe político contra seu rei, o que lhe causava ainda mais desgosto.

Cumprimentou alguns guardas que agora já eram seus conhecidos, e por algumas vezes até conversavam sobre um assunto ou outro. Adentrou na ante sala em que os nobres esperavam para falar com Sasuke e passou por todos, adentrando na sala do mesmo com uma batida discreta.

- Me chamou? - disse entrando e encarando o homem atrás da mesa.

Ele suspirou e sorriu cansado.

- Conseguiu comer algo? - perguntou enquanto se levantava.

Ela o seguiu com o olhar e caminhou até a mesa, escorando a cintura no móvel cheio de papéis.

- Não sou eu quem anda sem fome…

Ele soltou uma risada anasalada e virou o rosto para fitá-la.

- Venha aqui, tenho algo para você.

Ela arqueou uma sobrancelha curiosa e andou até ele, que se moveu para que ela se aproximasse de uma outra mesa redonda, no canto direito da sala. Ali havia uma grande caixa de madeira talhada, ela o fitou confusa.

- Abra.

Sakura segurou a tampa da caixa com as duas mãos e puxou a mesma para trás, arregalando os olhos com o conteúdo.

- O que é isso? - perguntou retirando a primeira peça da caixa.

Ele sorriu de canto e observou cada parte da reação dela.

- Se não reconhece… acho que não é uma soldada.

Ela o olhou de canto e sorriu, levantando a cota de malha na frente de seus olhos.

- Mandei fazer sob medida. A calça e o colete de couro também.

- Por que?

Ele deu de ombros.

- Porque acho que você merece. Pedi para Tenten arrumar um vestido seu e tirar as medidas necessárias, agora você pode usar essas peças sem parecer um saco de batatas.

Ela riu e abraçou a cota de malha que possuía desenhos e pedras brilhosas no colarinho, dobrou com cuidado e colocou novamente na caixa. Suspirou fundo enquanto alisava a tampa de madeira.

- Obrigada, Sasuke.

Ele fitou o chão e se afastou, voltando-se para a bandeja de prata que acomodava uma jarra de vinho e algumas taças. Uma batida discreta na porta fez com que ambos fitassem o servo que adentrou discretamente na sala com uma pequena reverência.

- Vossa Graça, uma carta de seu irmão. E um recado do Rei.

Sasuke se apressou para pegar os dois papéis que o servo lhe oferecia, abrindo primeiro o envelope lacrado com o símbolo dos Uchiha.

Sakura se aproximou curiosa e notou que a carta era breve.

- O que Itachi diz? Onde ele está?

Sasuke franziu o cenho e abriu o outro, com o símbolo Real.

- Itachi está bem, logo voltará para nós. E bem, o Rei deseja me ver.

- Graças a Deus! Eu estava tão preocupada com ele…- disse ela soltando a respiração com alívio.

Sasuke confirmou com a cabeça que também estava aliviado e guardou a carta de Itachi em uma gaveta. Logo virou-se para ela:

- Vamos, tenho que falar com o Rei, e você, é melhor que volte aos aposentos.

- Não vai me falar onde Itachi está?

- Não é de sua conta, senhorita. - disse ele arqueando a sobrancelha - Agora vamos.

Ela revirou os olhos e o seguiu para fora da sala, caminharam em silêncio até se separarem com um olhar significativo.

Sakura voltou aos aposentos de Sasuke e encontrou uma Tenten saltitante a sua espera. A fitou com desconfiança e logo a mesma se pôs a gargalhar.

- O que tens, mulher? - perguntou tentando segurar a risada.

- Acho que logo a senhora será cortejada oficialmente.

- O que? Por que diz isso?

A serva correu até a poltrona de tecido dourado e de lá trouxe uma caixa pequena.

- O senhor Kiba mandou que entregassem aqui.

Sakura segurou a caixa um pouco angustiada e descobriu que dentro havia um lindo colar dourado, com uma pedra rosa da cor de seus cabelos.

- Oh meu Deus, é lindo! - gritou Tenten teatralmente.

Sakura a olhou com desdém.

- Fingida, você já havia visto.

- Mas é claro, achou mesmo que eu iria lhe esperar? Ele está apaixonado! Logo virá o pedido para cortejá-la!

- E pedirá para quem?

- Para Sasuke, oras…

Sakura soltou uma risada debochada enquanto largava a caixa em um aparador cheio de enfeites.

- Sasuke não é meu pai, e eu não quero ser cortejada.

Tenten arqueou a sobrancelha.

- Minha senhora, por quê não? É tão lindo ser cortejada… - disse com um olhar sonhador.

Sakura abanou a mão e se moveu em direção ao próprio quarto.

- Não acho que este seja o momento, mande devolver isto a Kiba.

- Devolver?! - disse a outra alarmada - Jamais! Usará no próximo baile… e se não servir para usar, servirá para outra coisa…

Sakura percebeu o tom de voz diferente e a olhou de volta, parada em meio ao corredor. A morena sorria olhando para os próprios pés.

- Servirá para que?

- Para fazer ciúme…

- Em quem, Tenten?

- No general! - disse dando um pulinho e se afastando dois passos com medo da expressão que Sakura fizera.

- Deixe de ser tonta mulher! Agora me deixe, tenho muito o que fazer…

As duas se afastaram rindo, tanto que porque sabiam que Sakura não tinha nada o que fazer trancafiada ali, e porque talvez, ficara curiosa para saber se Sasuke teria ou não ciúmes dela.

 

~~

 

- Majestade - disse Sasuke adentrando nos aposentos do Rei e o encontrando à mesa.

- Vossa Graça, entre.

Sasuke seguiu até a mesa e esperou que o Rei lhe convidasse formalmente, para então sentar-se ao seu lado. Alguns servos permaneciam de pé nos cantos da sala esperando qualquer ordem para obedecer prontamente, mas com um aceno, Minato fez com que todos saíssem os deixando a sós.

- A comida está acabando, mas acho que já sabe disso não sabe, Sasuke? - continuou ele mordendo uma tâmara.

- Sim, majestade.

- Não há homens para colher o trigo, matar os porcos e as vacas… tirar o leite. Estão morrendo ou fugindo. Acho que Deus quer me enlouquecer.

- Haverá de passar, meu senhor.

Minato soltou um bufo pelo nariz, como se pensasse no que Sasuke dissera.

- Quando passar, meu país ainda estará no chão.

- Então o reergueremos senhor. Eu não deixarei a Inglaterra perecer.

Minato tocou no ombro do filho de seu grande amigo e sorriu com o olhos.

- Puxou a garra de seu pai, ele nunca deixou a Inglaterra cair. Jamais.

- Puxei muitas coisas da linhagem Uchiha.

- Linhagem que deve continuar, não acha? O chanceler anda me pressionando para que o seu casamento com a filha saia logo, descobri que você nem o registrou.

- Tive muitos afazeres.

- Sasuke, sabe que pode dormir com quantas mulheres quiser, independente de estar casado ou não. Isso é algo que nós homens, ganhamos de Deus.

Sasuke sorriu e encarou o Rei, não gostando daquela conversa.

- Foi para isso que me chamou aqui?

- Não, - respondeu assustado, como se lembrasse do assunto principal - o chamei aqui porque pretendo sair do castelo, não acho mais seguro ficar aqui com meus familiares.

- Não há como sair majestade, é perigoso passar pelas ruas atulhadas de cadáveres.

- Eu sei, por isso pretendo ir pela floresta…

- Saqueadores.

- Por isso você irá comigo. Pretendo levar uma pequena comitiva… minha família, alguns guardas e você. E sei também que há uma jovem em seus aposentos que luta perfeitamente bem.

- Sakura. O senhor lhe ofereceu o perdão por ter salvo minha vida.

Minato balançou a mão.

- Não lembro de tudo que faço, já que tenho que resolver mil assuntos por dia. Mas o senhor Kiba Inuzuka veio me falar dela.

Sasuke ergueu a cabeça mais interessado no assunto.

- O que aquele patife quer?

Minato arqueou a sobrancelha.

- Não fale assim dos poucos nobres que tenho para encher as dispensas e cofres deste país - disse rindo - ele só quis me passar a informação que ela vem a lhe agradar, mas este não é o ponto. Ela pode ajudar da minha proteção pessoal, não?

- É claro, majestade - respondeu um pouco mais seco.

- A minha casa de campo em Norfolk é isolada e segura. A peste não matou nenhum dos servos que lá vivem.

- E quando partimos?

- Amanhã mesmo. Não quero arriscar ficar aqui, mas - disse ele franzindo o cenho em sinal de aviso - o povo não pode saber que seu Rei saiu da cidade… seria um caos. Leve só o necessário, tenho muitos suprimentos lá.

- Algum outro nobre irá conosco?

Minato o fitou.

- Se refere ao senhor Inuzuka?

- Talvez.

- Ele não irá. Junto com seu pai ficarão por aqui afim de tentar manter as coisas no lugar.

Sasuke assentiu com a cabeça e se levantou.

- Amanhã estará tudo pronto.

- Confio que sim. Vossa Graça.

Com a deixa de dispensa, Sasuke fez uma reverência e se retirou, apressando-se para resolver a viagem inesperada. Muito tinha a ser feito.

 

~~

 

Sakura passou o dia em seu quarto maquinando pequenas ideias em sua cabeça. Os pensamentos vagavam por lugares nunca habitados de sua mente, e por vezes ela se pegava rindo ao levar em consideração as idéias malucas de Tenten. Quando as primeiras gotas de chuva começaram a cair na janela, seu pensamento foi até Itachi.

Não sabia nada sobre a missão secreta do Uchiha, e por este fato ficava preocupada. Quando conversou com Sasori em segredo, descobriu que ele sabia tanto quanto ela, e uma angústia apertou-lhe o peito.

Lembrou-se então repentinamente da carta guardada que Sasuke não deixou que visse, talvez houvesse alguma informação importante.

Saiu daquela inércia e levantou da cama, indo atrás de Tenten. A jovem estava na cozinha preparando uma sopa com os parcos ingredientes que ainda dispunha. Um pouco de carne e raízes para dar um gosto melhor.

- Sasuke já voltou?

Tenten a olhou enquanto provava o tempero do cozido.

- Ainda não… Por quê?

- Ah, tenho coisas para lhe falar.

- O jantar será servido assim que ele retornar.

- Está bem.

Sakura saiu furtivamente da cozinha sem que Tenten percebesse sua real intenção, e, no lugar de voltar ao quarto silencioso, rumou para o escritório do General.

Como a noite já havia caído junto com vento e chuva, poucas pessoas andavam pelo castelo, a maioria em seus aposentos evitando o contato com qualquer coisa que pudesse trazer a peste. O cheiro adocicado dos cadáveres em putrefação já podia ser sentido em alguns locais da grande construção de pedra, dependendo do sentido do vento e das janelas.

Ela adentrou na ante sala e checou todos os lados para ter certeza de que estava vazia. Com uma enorme sensação de alívio encontrou as grandes portas de folhas duplas apenas encostadas, e as abriu rapidamente para que ninguém a visse ali. Na penumbra ela tateou até chegar na mesa, soltando um silvo irritado ao tropeçar em uma cadeira e sentir uma pontada de dor. Abriu a gaveta e retirou o papel dobrado com o símbolo em vermelho dos Uchiha lavrado na parte superior, guardou a carta no decote discreto quando ouviu um cochicho baixo vindo do outro lado da porta. Alarmada correu para um canto escuro da sala quando sentiu um par de mãos em seu corpo, um lhe cobrindo a boca e o outro lhe puxando para longe da porta.

Deu uma cotovelada com força no seu raptor e sentiu que não fizera muita diferença.

- Quieta, Sakura.

Ela arregalou os olhos ao ouvir a voz de Sasuke, e então deixou que ele a carregasse para um vão entre uma estante e a pilastra da parede, ficando em total escuridão. O general a apertou contra a madeira da estante ficando atrás de si, ainda com uma mão em sua cintura.

- O que está fazendo? - sussurrou ela, apenas levando um apertão forte para que se calasse, enquanto a porta se abria e dois homens entraram furtivamente. Traziam uma vela consigo e enquanto um se pôs a procurar algo nas gavetas de Sasuke, o outro ficara junto à porta.

- Seja rápido - murmurou o que ficou na porta de forma ríspida.

- Há milhões de papéis aqui!

- Eu sei que ele recebeu hoje, deve estar aí. Rápido!

Sakura tentava se concentrar na conversas das duas figuras, porém, a respiração do general em seu pescoço não a estava ajudando. Engoliu em seco quando ele se moveu mais um pouco para fugir da luz da vela, se pressionando sobre as costas dela. Uma das mãos continuava em sua cintura, enquanto a outra foi espalmada na madeira da estante, bem ao lado de sua cabeça. Ela a fitou com interesse, notando o quão grande era.

- A carta está com você?

Ela fechou os olhos quando ouviu a voz rouca sendo sussurrada em seu ouvido, e sem se dar conta pressionou o corpo contra o peito largo e forte dele, sentindo o quanto era duro.  Pode jurar que ouviu um arfar saindo daquela garganta coberta da barba por fazer quando fez tal coisa, e a mão em sua cintura lhe deu uma leve apertada.

Sasuke mordeu o lábio ao notar-se naquela situação, sentindo todo o corpo esguio preso ao seu daquela forma. Notou de cima, sendo que era muito mais alto que Sakura, que a respiração dela estava um pouco mais ofegante, por conta do subir e descer do peito. Seus pensamentos nada corretos ou puros foram interrompidos pelo muxoxo de irritação vindo de um dos homens.

- Ele não deixou aqui, seu informante deu a pista falsa.

- Esses servos inúteis. Vamos logo!

Ambos saíram da sala deixando-a novamente imersa em escuridão. Pela janela lateral eles ouviram os sapos coaxando em uma cantoria noturna, e por o que pareceram minutos intermináveis, Sakura e Sasuke permaneceram naquela posição. Quando ela pigarreou ele soltou o ar preso nos pulmões e a soltou, saindo do canto pequeno e agradecendo pelas vestes de couro serem grossas o suficiente para ela não perceber a possível ereção que tivera.

Irritado por reagir daquela forma apenas por encostar no corpo dela, ele passou a mãos pelos cabelos, retirando as gotículas de suor que se acumularam em sua testa.

- O que foi isso? Por que queriam essa carta? - perguntou ela ficando de frente para ele, ainda assustada com tudo que ocorrera.

- Vamos sair daqui - disse ele a puxando com força pelo braço.

Sem cerimônias ambos caminharam em silêncio até os aposentos de Sasuke, encontrando uma Tenten já a postos na sala.

- Vossa Graça, o jantar está pronto, devo servir?

- Em alguns minutos, Tenten - disse ainda puxando Sakura até o escritório particular que tinha.

- Eu sei caminhar sozinha - disse ela puxando o pulso com força.

Ele fechou a porta e a encarou com uma expressão feroz. Sakura sentiu uma onda elétrica perpassar seu corpo, causando uma sensação de formigamento logo acima do ventre.

- O que fazia lá? Me devolva a carta.

- Eu queria saber mais sobre a missão de Itachi, sinto que está me escondendo algo - rebateu ela prontamente, retirando o papel do busto e jogando no ar.

- Não lhe passa pela cabeça que se lhe escondo algo, é para seu próprio bem? - disse ele pegando o mesmo e rasgando em alguns pedaços.

Ela ergueu uma sobrancelha e se moveu, ficando de costas, incomodada com o olhar incisivo dele.

- Eu me preocupo com Itachi, é o único amigo que tenho.

Sasuke abriu a boca e fechou, mordendo o lábio inferior logo em seguida, pensando no que iria falar. Se aproximou dela, o suficiente para que seus corpos não se tocassem novamente, mas que pudessem sentir o calor dos mesmos.

- Não me considera um amigo?

Ela levantou a cabeça, que fitava qualquer coisa na mesa larga, sentindo a pele arrepiar com aquele tom de voz rouco que só ele parecia possuir.

- Eu… é claro que sim, Sasuke…

- E porque não confia em mim?

Ela respirou fundo e se virou completamente, para encará-lo nos olhos.

- Eu confio.

Por um momento os olhares se sustentaram, causando uma atmosfera diferente naquela sala,  a qual nenhum havia sentido antes.

- Vossa Graça?

A voz de Tenten os retirou do torpor em que estavam, fazendo com que Sasuke se afastasse da jovem antes de permitir que a serva entrasse.

- Pode levar o jantar em meu quarto, Tenten. Por favor.

- Claro Vossa Graça, mas vim lhe avisar que sua noiva se encontra na sala… ela parece, assustada.

Sasuke franziu o cenho e deu ordens para que Ino fosse chamada.

Quando a mulher adentrou a sala, seu perfume foi sentido por Sakura, que se afastou ainda mais do general, escorando o corpo na mesa e cruzando os braços.

Ino a encarou por um breve momento, e Sakura viu que havia algo real em seus olhos: medo.

- Sasuke - disse ela indo de encontro ao noivo e segurando as mãos do mesmo entre as suas - foi me dito que amanhã o Rei vai sair do castelo… vossa graça vai fazer esta viagem, não vai?

Sua voz era preocupada e nervosa, Sasuke segurou as mãos com força e notou que estavam frias.

- Vou minha senhora…

- Não pode me deixar aqui… meu pai saiu em uma viagem inesperada e não retornou. Não posso ficar sozinha naquela casa enorme, com tantos mortos pelas ruas...eu não consigo mais, o cheiro é tão ruim… eles batem em meus portões…

- Se acalme - disse ele a soltando e buscando uma taça junto ao aparador de bebidas, para então enchê-la de água do jarro.

Ela bebeu o líquido com tamanho fervor que se engasgou, fazendo um barulho nada agradável para um dama da corte.

- Por favor, é meu noivo - disse ela abaixando o copo e o colocando na mesa, sem sequer olhar para Sakura.

- Eu a levarei comigo, não se preocupe. Não é honroso deixar uma dama sozinha, ainda mais nessas condições.

Ela juntou as mãos e abriu um sorriso gigante, apressando-se e abraçando o general pelo pescoço.

- Obrigada meu amor, eu sabia que não me abandonaria.

- Vá arrumar suas coisas - disse ele se afastando delicadamente -  mas poucas coisas, queremos sair de forma discreta.

Ela concordou e lhe deu um beijo estalado nos lábios, antes de sair com promessas que estaria tudo pronto pela manhã.

Sakura aguardou um momento antes de se virar e encará-lo.

- Vai sair do castelo? - perguntou de forma seca e ríspida.

- Você e Tenten irão comigo. Vamos para Norfolk, você fará comigo a escolta do Rei. Será bem recompensada.

Ela riu em deboche e revirou os olhos enquanto se encaminhava para a porta.

- Espero que vocês tenham algo para recompensar as pessoas quando esse inferno passar.

Sasuke a viu saindo sem dizer nada, não queria que as coisas ficassem daquela forma, mas no momento, só precisava saber porque o Duque de Bristol e o tesoureiro do Rei estavam procurando a carta de Itachi em seu escritório.

 

~~

 

Sakura foi acordada antes do sol raiar por uma Tenten sonolenta e ligeiramente mal humorada. Servos carregaram os baús até a parte baixa do castelo, onde duas carruagens cobertas estavam a espera. A família real se encontrava em uma delas, que por questão de segurança era mais simples que a outra.

Tenten fez uma careta só para Sakura quando notou que iria na mesma carruagem que Ino, Rin e outros servos, mas a jovem não conseguiu esboçar nenhuma reação, somente um sorriso discreto. Ela montou no cavalo encilhado e junto de Sasuke saíram à frente das carruagens, sendo seguidos por mais dez soldados que ajudavam na escolta.

A viagem iniciou de forma silenciosa, com os salpicos da chuva gelada molhando suas armaduras e capas de couro. Os cavalos andavam de forma lenta por conta da estrada coberta por galhos caídos e da lama que se soltava.

Sasuke nada falou em todo caminho, prestando atenção a qualquer barulho que viesse da floresta vazia.

- Estamos indo muito devagar - disse para Sakura em certo momento.

- O que o está preocupando?

- Não quero anoitecer nesse lugar. Precisamos chegar na casa do Conde de Essex antes do anoitecer.

Ela concordou e olhou para o servo que conduzia a primeira carruagem, fazendo um sinal para que se apressasse.

Ao olhar de relance para o lado direito da floresta, pôde jurar que haviam dois pares de olhos a observá-la.

 

~~

 

Condado de Essex - Inglaterra

 

A floresta acabara dando lugar a uma grande planície, que por conta da pesada chuva que açoitava a terra não pode ter suas belezas apreciadas. A família Real desceu primeiro com ajuda de alguns servos da grande casa branca de janelas azuis, que mesmo na chuva se curvavam para o Rei e a Rainha.

Sakura observou e esperou que todos fossem bem acomodados para conversar com Sasuke sobre o período de ronda.

- Venha jantar primeiro, descanse e depois faremos turnos.

Ela assentiu e o seguiu até a cozinha, estranhando o fato de que ele também se juntara aos servos como um igual para jantar.

Após tal fato, ela assumiu a primeira ronda para que ele conversasse com o Rei sobre a partida na manhã seguinte. Enquanto segurava a espada bem junto ao corpo observava a cortina de água que caía sobre os campos, torcendo para que o sol nascesse brilhante no outro dia, pois sabia que as pessoas deveriam estar desesperadas em meio ao lamaçal.

Os respingos de chuva molhavam seu rosto enquanto ela andava pela calçada de pedra da casa observando os arredores, e por mais uma vez sua mente a traiu levando-a até a noite anterior, quando ficara naquela sala com Sasuke. Era estranho sentir o corpo responder daquela forma ao toque não intencional de alguém, mas deixara de pensar que era coisa de sua cabeça pela forma estranha que ele lhe tratou durante todo o dia.

- Não quer descansar?

Ela se virou e fitou Sasuke caminhando em sua direção. A armadura negra o deixava ainda maior do que já era, e os cabelos, como sempre, estavam amarrados em um pequeno coque na nuca.

- Não tenho sono.

Ele assentiu e ficou ao lado dela, em um silêncio que foi quebrado após alguns minutos.

- Por que aqueles homens queriam a carta de Itachi?

- Ainda não posso lhe dizer Sakura, e aqui é perigoso.

Ela bufou e se pôs em frente a ele, o olhando de forma feroz.

- Imagina a agonia em que vivo, Sasuke? Eu estou perdida em uma corte suja sem poder voltar para minha casa e você não me dá uma única informação!

- Tem que ter paciência! Disse que confiaria em mim! - disse ele entredentes, procurando não alardear ninguém com a discussão que se iniciara.

- Itachi está em perigo?

- Se estiver é porque assumiu os riscos!

- Sasuke! - ralhou ela em um tom mais alto.

- Ele é adulto, Sakura!

- Você não vê que…

- Sakura… - disse ele olhando para um ponto além do ombro esquerdo dela.

A jovem reconheceu imediatamente o sinal de perigo e se voltou para fitar o que ele via.

- Oh meu Deus - disse ela desembainhando a espada.

Um grupo de aproximadamente vinte homens se aproximavam em meio a chuva forte. Suas roupas eram rasgadas e sujas, e em suas mãos jaziam espadas e machados.

- Onde estão os outros guardas? - perguntou Sasuke puxando sua espada.

- Do outro lado - respondeu Sakura.

- Vamos tentar acabar com isso sem alarmar o Rei.

Ela concordou e juntos encararam a chuva, caminhando para longe da grande casa em direção aos rebeldes.

- Senhores! Podemos resolver isso sem que sangue seja derramado! - gritou ele para os homens que pararam formando uma linha.

- Seus porcos imundos. Fugindo como cães feridos, deixando todos nós a beira da morte! - grunhiu um deles, que Sasuke presumiu ser o líder.

- Estamos assustados com o que está acontecendo, não devemos nos voltar uns contra os outros!

O homem sorriu mostrando os dentes amarelos, antes de correr em direção ao general com a espada em punho. Os outros gritaram e imitaram seu líder.

Sakura correu em direção a eles, caindo propositalmente sobre a grama lisa e escorregando. Sua espada cortou a perna do primeiro.

Sasuke girou o corpo e abaixou a cabeça para desviar do primeiro golpe. Com força atacou pelo flanco esquerdo do inimigo e o cortou no abdômen despido de proteção. O homem caiu ao chão gritando de dor.

Ambos lutavam com força de vontade, a chuva os molhou rapidamente e atrapalhou a visão, mesmo assim não paravam por nada. A cada passo Sakura e Sasuke cortavam, perfuravam e arrancavam uivos de dor de cada rebelde, sem pena ou piedade. E, embora Sakura soubesse que eram apenas colonos em desespero, não podia deixar que brincassem com suas vidas.

 

~~

 

Naruto acordou com o barulho do tintilar de lâminas e gritos de ordem. Demorou alguns segundo para notar o que estava acontecendo, até que levantou rapidamente da cama macia e quente em que estava e correu para o quarto do pai.

Respirou aliviado quando viu que seus pais estavam dormindo tranquilamente, porém correu até o leito para acordar ambos.

- Estamos sendo atacados! - disse quando Minato e Kushina abriram os olhos sonolentos e confusos.

- Por Deus! - disse Minato ao ouvir os gritos que vinham da rua - Temos que sair daqui!

Kushina saiu da cama silenciosa como um gato e acendeu uma lamparina a óleo, estendendo a mesma para o filho.

- Busque sua noiva! Precisamos ser silenciosos!

Ele assentiu e rumou para fora do quarto, porém um grito dentro da casa o fez correr em direção à sala principal.

Sentiu o coração gelar quando viu Hinata sendo coagida por um homem imundo e com um sorriso perverso. Uma faca apertava o pescoço branco e seus olhos escondiam medo.

- Solte ela imediatamente! É uma ordem! - gritou se aproximando um passo.

- Não faça isso - disse o homem apertando mais a faca.

- Em nome do Rei da Inglaterra, solte esta faca!

Naruto olhou para trás e viu o pai vir em sua direção. Os olhos fixados no homem.

- Não vou…eu não tenho mais nada! - disse ele de forma eloquente - Minha mulher morreu, meu filho morreu… que vai tirar de mim, vossa majestade?

- Lhe darei o que pedir.

- É tudo culpa sua. - cuspiu o homem - Deus castigou a Inglaterra por sua culpa! E agora estão todos mortos!

 

~~


Sasuke respirava de forma ofegante quando notou que haviam luzes dentro da grande casa, seu pensamento trabalhou rapidamente e não gostou do que ele lhe trouxe.

- Sakura! - gritou em meio aos grunhidos e barulho de espadas - Lá!

Ela girou a cabeça fazendo com que mechas de cabelo grudassem em seu rosto molhado. Fitou a grande casa e entendeu o que Sasuke queria dizer. Assentiu olhando para ele antes de enfiar a espada na barriga do homem que se aproximava. Com força empurrou o corpo para trás e correu em direção a casa.

Tentou regular a respiração para entrar de forma silenciosa, sendo guiada pelas vozes exaltadas que a levaram a um corredor escuro. Seguiu as luzes das velas e lamparinas que desembocaram em uma grande sala.

Com o corpo escondido por uma pilastra ela observou a situação, notando que Hinata era refém de um dos rebeldes, o que não era nada bom.

Como que por pensamento, a jovem princesa olhara para o lado encontrando o olhar de Sakura. Sua reação fora tão forte ao ver o rosto conhecido que o homem que lhe ameaçava virou a cabeça, avistando a jovem.

- Saia daí agora! - gritou um pouco mais nervoso, puxando a princesa para o lado.

- Quer a princesa? Lute comigo. Se ganhar, leva a moça - disse Sakura se aproximando a passos lentos.

Ele riu e cerrou os olhos.

- Acha que sou tolo, mulher…

- Não me atreveria a pensar isso. Você invadiu a casa de um Conde e está ameaçando a princesa da França… não o julgaria tolo - disse ela de forma irônica.

Ele crispou os lábios e levantou os olhos para um ponto além de Sakura, que não teve tempo de olhar para trás.

A bordoada no lado da cabeça a deixou tonta, fazendo com que cabaleasse ligeiramente para frente antes de cair de joelhos sobre o tapete caro e felpudo.

Sua mão soltou a espada e foi em direção ao ponto que latejava, fazendo com que seus sentidos ficassem lentos.

O homem que segurava a princesa riu alto e se aproximou, enquanto o algoz de Sakura observava com sede de sangue a mulher aos seus pés.

- Não deveriam deixar as mulheres segurarem espadas… elas deveriam ficar nos fogões! - disse dando um chute e jogando a espada de Sakura longe.

Ela sentiu o gosto do sangue cair sobre os lábios, enquanto o líquido quente saia do ferimento e escorria por seu rosto. Mordeu a língua para que seus sentidos fossem apurados, já que tinha que transferir a dor para outro ponto.

Aos poucos sua visão voltou ao normal, focando o homem que abaixara ligeiramente a faca que estava no pescoço de Hinata e gargalhava junto do outro.

Respirou fundo e levou a mão lentamente até a bota. Depois disso levantou os olhos e encarou-o com fúria. Seu movimento foi rápido, com um grunhido primitivo ela saltou em direção a ele, que em uma resposta de defesa soltou a princesa a empurrando para o lado.

A faca que Sakura retirou da bota rasgou a garganta dele com força, fazendo o sangue escorrer pelo corpo que tremia antes de cair ao chão. Ela virou-se com rapidez para encarar o outro que estava atrás de si e segurava um machado com as duas mãos.

Ele correu em sua direção e atiçou o instrumento contra ela, que inclinou o tronco para trás enquanto a lâmina rasgava o ar acima de sua cabeça. Atacou com força abaixando o corpo pequeno e enfiando a faca no peito do homem.

Ele agonizou ainda de pé, com ela segurando o cabo prateado. Com o pé ela empurrou o corpo para trás, sentindo a sensação da carne sendo rasgada novamente quando a faca voltava para suas mãos.

Respirou fundo e sentiu a cabeça girar novamente, enquanto Hinata a abraçava agradecida, com os olhos cheios de água.

Todos as outras pessoas da casa agora estavam acordadas e jaziam com olhares assustados para a mulher coberta de sangue e água. Seus rostos se viraram somente para encarar o General, que apareceu junto à porta, parecendo um animal após o ataque à presa.

Sasuke fitou Sakura que cambaleava levemente, agora sentindo a alta dose de adrenalina sair do corpo, juntamente com o sangue da sua cabeça.

- Sakura… - disse ele correndo em sua direção e a segurando pela cintura - Está bem?

Ela demorou alguns segundos para fitá-lo e concordou com a cabeça.

- Tragam água! - gritou ele, e Tenten rapidamente correu para a cozinha - Arrumem suas coisas, temos que sair daqui. Nós fomos traídos.

O rei assentiu ainda impressionado com o que vira, e segurando o braço de sua esposa, rumaram para o quarto a fim de obedecer a ordem do general.

Sasuke se ajoelhou no chão, puxando o corpo de Sakura para si, fazendo com que ela escorasse seu tronco no dele. Pegou o copo que Tenten trouxera e dera nos lábios dela, que com dificuldade bebericou um pouco.

- Vai ficar tudo bem… tudo bem…

Ela quis concordar, porém seus olhos ficaram negros antes disso.

 

~~

 

Condado de Suffolk - Propriedade de campo do Rei

 

Sakura acordou com uma sensação estranha no corpo e a boca muito seca. Ouviu uma rufada de vestes perto de si, e focou o olhar em uma Tenten sorridente.

- Finalmente acordou! - o abraço que ganhou da serva foi mais apertado do que gostaria para o momento, mas não reclamou.

Sentou-se na cama, colocando travesseiros em suas costas para ficar mais confortável.

- Onde estamos? - perguntou confusa, olhando para os lados e não reconhecendo as paredes de pedra branca.

- Suffolk senhora. Chegamos há dois dias.

A serva foi até a janela mais próxima e puxou as cortinas azuis, deixando um sol brilhante entrar.

- Dois dias? O que aconteceu?

Tenten se aproximou e serviu um grande copo de suco para Sakura, que agradeceu pois sentia sede.

- Após a senhorita acabar com aqueles dois rebeldes, apagou no colo de Sasuke. Meu senhor mandou que lhe desse um banho e colocasse vestes quentes, e com muito cuidado foi para a carruagem real! O médico de Essex veio até aqui junto da senhorita.

- Um médico? Cuidando de mim?

- Sim! O ferimento em sua cabeça foi superficial, segundo ele… mas a deixou desacordada pois foi muito forte! Sasuke o ameaçou caso não cuidasse bem de você… - disse ela abaixando o rosto para tentar esconder um sorriso.

- Sasuke se preocupou?

- Não sabe o quanto! - respondeu ela dando um pulinho e se sentando na cama, animada pela pergunta - ele não saiu do lado da senhorita! Vivia parando a carruagem para ver se estava bem!

Sakura sorriu de canto, perdida em pensamentos.

- Tenho que agradecer a ele…

- O Rei quer lhe agradecer em pessoa por ter salvo a vida da princesa! Ouvi tudinho!

- Por Deus! Eu não quero nenhum agradecimento, só quero sair dessa cama e tomar um pouco de sol.

Tenten levantou-se rapidamente e deu a mão para ajudar Sakura a sair da cama. A jovem ficou feliz ao sentir as pernas firmes e foi em direção ao baú onde suas coisas estavam.

Vestiu a calça de couro que apertava suas coxas, a chemise branca e um casaco para cobrir todo o tronco. Calçou as botas que iam até os joelhos e afivelou a bainha da espada, colocando a mesma no local.

- Não deveria por um vestido?- perguntou Tenten juntando as mãos e batendo os dedinhos uns nos outros.

Sakura a olhou e fez uma cara de deboche.

- Eu trabalho para a proteção da família Real, sabe? Tenho que andar de acordo.

As duas riram da cara de tédio que Tenten fez, revirando os olhos.

- Antes de sair para proteger princesas indefesas, a senhorita vai é comer!

Sakura não ousou negar, já que o estômago reclamava de fome. Seguiu a serva para a cozinha onde se serviu de pães, carne seca, queijo, frutas e uma deliciosa torta de ameixas. Sentindo-se mais do que satisfeita, ela saiu pela porta da cozinha dando de cara com muitos servos que dobravam a coluna ao vê-la, em forma de respeito. Não gostou muito daquilo mas nada disse, apenas seguindo pela área externa até pisar na grama fofa e sentir o sol queimando-lhe a face pálida.

Sorriu com o calor, estava precisando daquele sopro de vida. E com calma se pôs a caminhar pela grande propriedade do Rei, notando que muitas pessoas trabalhavam ali, cuidando de uma grande horta, galinhas, cabritos e dezenas de outras coisas.

Viu de longe um barracão mais afastado com muitas espadas na frente, e decidiu que deveria ir ao ferreiro afiar a sua lâmina. Chegou ao local que era um pouco mais escuro pela falta de janelas e ouviu o barulho de alguém golpeando algo, que julgou ser um pedaço de madeira pelo som seco que emitia.

O chão era de terra batida, e a cada passo abafado uma camada de pó subia junto das botas, sujando-as. O local era apinhado de apetrechos utilizados para fabricação de espadas, e ela observou tudo com muito encanto.

Seguiu o som e sentiu uma coisa estranha no peito quando viu Sasuke de costas golpeando um grande tronco com força. Ele usava apenas uma chemise que já estava coberta de poeira e suor, grudando no corpo grande. Os cabelos suados estavam presos na nuca e alguns fios delinearam o pescoço moreno de sol. As mangas da chemise estavam puxadas até a altura dos cotovelos, e ela observou os braços fortes que junto dos grunhidos que saíam da garganta dele, golpeavam com mais força a cada minuto.

Sasuke estava aflito e frustrado, estava tudo muito errado. Não viu a jovem chegar, e quando virou o corpo para golpear o ar teve sua espada parada por outra.

Arregalou os olhos ao ver Sakura ali, de pé segurando a espada com somente um braço.

- Você acordou.

Ela pensou no que responder, mas o olhar forte dele sobre o seu não deixou que nada saísse de sua boca. Ela girou a espada no punho empurrando a de Sasuke no ar.

- Acordei - respondeu por fim. Ele se afastou um passo e abaixou a lâmina.

- Eu fiquei preocupado.

Sakura sorriu e encostou a ponta de sua espada na garganta dele, sentindo a barba roçar na lâmina.

- Ouvi dizer que o General Uchiha Sasuke tem um coração, e que se preocupa com os outros.

Ele sorriu de canto e com sua espada empurrou a dela para o lado, tomando posição de combate. Sakura não tirou o sorriso dos lábios mesmo quando ele lhe atacou, e contra atacou com força.

Ambos faziam um jogo de pés, pisando na esquerda e atacando pela direita, para então fazer o contrário. A poeira do chão se erguia conforme lutavam um com o outro.

Sasuke começou a atacar de frente, fazendo ela recuar cada vez mais.

- Então se preocupa com meu coração? - perguntou ele enquanto ela dançava sob os pés, atiçando a espada contra ele.

Sakura se perdeu por um momento observando o peitoral dele, como que a procura do coração que ele se referia. Mas só viu uma largo tronco por cima da abertura da chemise, que deixava os pelos negros a mostra.

Sua falha momentânea bastou para que ele lhe tirasse a espada e a empurrasse mais para trás. Sentiu as costas baterem na parede fria e perdeu o ar ao senti-lo colado ao seu corpo.

- Sasuke … - gemeu como quem implora pela vida. Ou por sua sanidade.

Sasuke a olhava de cima, os lábios entreabertos pareciam famintos.

- Se preocupa com meu coração, Sakura?

- Você se preocupou comigo - respondeu ela quando reuniu coragem e levantou os olhos para encará-lo.

Ele concordou mordendo o lábio inferior e tentando controlar a respiração. O cheiro dela, o calor dela o estavam deixando confuso.

- Se você não acordasse… - disse ele um pouco entre cortado por conta da respiração - eu iria até o inferno para matar novamente aquele homem.

Ela pensou em responder, mas seus lábios foram tomados pelos dele. Suas mãos foram para os fios negros e o puxaram para mais perto, com força.

Um gemido bruto saiu da garganta do general quando ela lhe devolveu o beijo, deslizando a língua quente sobre a sua e mordiscando o lábio de forma sensual. Sakura sentiu uma falha no peito, e logo o beijo se transformou em algo quase que primitivo. Ambos não paravam, apenas se procuravam mais, buscando na boca um do outro algo que nunca haviam sentido.

Sasuke apertou a cintura dela com uma mão, enquanto ela apertava seus braços com força, querendo sentir tudo que havia naquele corpo.

Ela gemeu quando ele se abaixou e com apenas um braço a levantou, dando dois passos para o lado e com a mão livre jogando tudo que havia na bancada do ferreiro para baixo.

Ele a sentou na mesa e agarrou novamente, puxando os cabelos róseos para trás e beijando o pescoço branco, roçando a barba na pele enquanto ela o enlaçava com as pernas. O calor dos corpos os estavam deixando suados, e quando Sasuke tentou pôr a mão por baixo da chemise dela, Sakura o empurrou com força.

Ele parecia perdido a fitando sair da bancada e passar as mãos pelos cabelos, totalmente confusa.

- Isso… é errado - disse ela ofegante enquanto ele fechava os olhos com força, se amaldiçoando por não controlar os instintos e a vontade.

Sakura juntou a espada caída e sem nenhuma palavra saiu do galpão, enquanto ele escorava os dois braços na parede. Seu corpo ainda tremia e seu peito batia de forma desordenada.

A mulher que observava tudo por uma fresta na parede analisou todas as reações do corpo do general antes de sair rapidamente do local. O vestido farfalhando conforme corria para a grande casa, tinha muito a contar a sua senhora.

 


Notas Finais


Aguardo ansiosamente por seus comentários!! Beijocas!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...