História O Grande Príncipe - Cicatrizes do Passado

 O barulho do telefone começou a incomodar os dois, era um fixo. Alastair abaixou a cabeça e Robert desviou o seu rosto. Ambos se entreolharam por alguns momentos antes que desviassem seus olhos para outros lugares. Alastair coçou a sua barba e colocou a mão na cintura. O aparelho continuava tocando incessantemente.

Alastair virou-se rapidamente e foi atender o telefone.

— Aqui é Alastaire Highwood, quem fala? — Robert se desencostou da parede e foi olhar a janela. De vez em quando ele e seu aluno trocavam olhares envergonhados. Robert sentia uma enorme vergonha. — Ah, sim, sim… Sei, entendo, mas você vai chegar quando? Não pode ser amanhã? Eu… — ele encarou Robert por um segundo — Estou ocupado no momento, principalmente hoje, então… não poderia ser amanhã?

Alastair ficava andando em círculos, na medida do possível, obviamente. Ele falava algumas palavras em escocês, parecia tentar convencer alguém.

— Certo, que horas você vai chegar? — ele parecia estar aborrecido por ter que dar esta resposta — Vou estar aqui com… uma visita — Alastair falou alguma coisa em escocês que Robert não conseguiu traduzir.

Robert conseguiu distinguir uma risada feminina vinda do telefone, ele continuou olhando para a janela. Alastair colocou o telefone no gancho e ficou parado olhando Robert. Ele se aproximou de Rob por trás.

— Professor, o senhor está bem? — Robert virou-se para encarar Alastair surpreso — Sobre…

— Sim, estou bem, er… bem, vamos esquecer que isso quase aconteceu, está bem? — Robert pediu.

— Por quê? Eu pensei que…

— Pensou errado, Alastair… Eu sinto muito, não devia ter chegado a esse ponto. — Desculpou-se Robert sentindo-se culpado.

— Não fale assim… — pediu Alastair com olhinhos de cachorro abandonado.

— Desculpe… Eu só… não sei… é…

— Confuso? — completou Alastair.

— É… — Robert colocou a mão na garganta, como se estivesse acariciando-a.

— A pessoa no telefone era…

— Não precisa falar se não quiser, não estou incomodado com isso, Alastair. — Disse Robert.

— Mas… e se eu quiser falar? — este comentário fez Robert soltar risinhos e assentiu com a cabeça — Era a minha irmã, Georgiana, ela estava na Escócia e está voltando para a Inglaterra. E… ela está voltando para cá, ou seja, minha casa de férias.

Robert encarou-o com um sorriso brincalhão, o qual, Alastair devolveu com um olhar gentil e alegre. O Professor colocou as mãos na cara com a intenção de escondê-la e começou a dar risada da situação. Seu aluno chegou por trás e o abraçou, dando-lhe um beijo na nuca.

— Aaah, Professor… Seu cheiro… — comentou Alastair — É tão doce, parece mel — Robert tirou as mãos do rosto e viu que seu aluno o estava abraçando e cheirando seu cabelo. Rob sentiu uma sensação estranha que percorreu todo o seu corpo.

— Bem, sua irmã deve chegar a qualquer momento, eu creio que possa voltar para casa sozinho… — Após isso ouviu-se um enorme barulho conforme o céu começava a enegrecer — Se a chuva me ajudar….

— Nem pensar… Não vou deixar você vagar por estas terras sozinho, desprotegido e ainda por cima a esta hora! — protestou Alastair.

— Eu sei me virar, não sou nenhuma pessoa que necessita de proteção, sou um homem adulto que pode cuidar de si mesmo. — O orgulho de Robert foi ferido levemente pelas palavras de Alastair e Rob fez questão de demonstrar isso.

— Calma, só penso no seu bem. Olha, por quê você não dorme aqui? Temos vários quartos na casa, não tem com o que se preocupar. — Propôs Alastair.

— Claro que há! Roupas, questões de higiene… — Robert nomearia mais de mil coisas para convencer Alastair.

— Eu falei para minha irmã que você estaria aqui, ela quer muito te conhecer! — Contou Alastair.

— Você o QUÊ? — retrucou Robert com raiva e se libertou do abraço de Alastair, encarando-o furioso.

— Não pode ir embora agora! — Alastair abriu um largo sorriso.

— Alastair… Eu… Eu… te ODEIO! — gritou Robert que pulou para cima de Alastair.

Ambos caíram no chão e ficaram rolando pelo tapete aos risos. Os dois ficaram rindo enquanto se abraçavam e as vezes Alastair conseguia dar alguns beijos no pescoço de Rob. Alastair se aproveitou da situação para abrir as pernas de seu Professor. O aluno se aproveitou da situação para encaixar seu quadril entre as pernas de Robert que levou um susto quando viu que o corpo de Alastair estava no meio de suas pernas.

Alastair se aproximou do rosto de Robert que ficou corado, com as pernas tremendo e uma sensação de desconforto, agonia e um nome… Hamish. Robert colocou as mãos no peito de Alastair, empurrando-o.

— Não… não… — repetiu Robert com voz de choro.

Alastair franziu a sobrancelha.

— Calma… Sou eu… Alastair… Calma… — Alastair se aproximou enquanto com uma das mãos fazia carinho no rosto de Robert.

As tremedeiras passaram aos poucos por causa da reconfortante voz de Alastair e seus carinhos. Robert parou de tentar empurrá-lo para longe e queria que ele não saísse de onde estava. O aluno começou a falar palavras meigas em escocês e devagar foi para o ouvido de Rob onde pôde sussurrar estas palavras.

— Mo ghaol… Mo ghaol… Mo ghaol… — Sussurrou carinhosamente Alastair em escocês…

Eles se abraçaram e ficaram por alguns minutos assim até que Robert quis dizer uma coisa:

— Eu acho que vou ter que aceitar o seu convite… — confessou Robert enquanto respirava pesado. — Se não se importar… — pediu Rob.

— Claro que jamais iria me importar, você pode morar aqui se quiser, pode vir aqui quando quiser… Eu acho que estou te esmagando… — afirmou Alastair com um sorriso o qual fez Robert ficar um pouco mais feliz.

Alastair saiu de cima de Robert com cuidado para não machucá-lo. Depois ajudou-o a levantar. Os dois estando de pé, Alastair coçou a sua nuca e soltou alguns risinhos.

— Quer tomar chá? — ofereceu Alastair animado.

— Sim, claro. — Robert respondeu prontamente.

Alastair guiou Robert para a cozinha. O professor gostou da clareza da cozinha, era muito bem organizada e limpa, tinha duas janelas com cortinas brancas, os móveis eram amarelados e os azulejos eram bejes. Todos os móveis e instrumentos eram da mais alta qualidade. Robert se sentou em uma das cadeiras acolchoadas marrons que ali estavam. Alastair começou a abrir os armários e a preparar o chá, ele escolheu camomila.

Robert colocou as mãos na mesa fria de pedra branca. Ele entrelaçou suas mãos e ficou encarando a mesa a sua frente. Rob estava inerte em seus pensamentos que estavam voltados para Hamish. Ele sabia que não tinha esquecido, a angústia que sentiu quando Alastair estava entre suas pernas, como elas tremeram com os seus toques. Ele, em algum momento em seus pensamentos confusos, sentiu nojo de Alastair e de suas mãos.

O professor afastou estes pensamentos de sua cabeça e tentou não pensar em Hamish quando estivesse com Alastair no entanto Rob não podia negar que ambos tinham uma certa semelhança em suas maneiras. Alastair e Hamish tinham o mesmo modo de sempre pedir “desculpas”.

Robert também tentou não prestar atenção nisso, precisava encontrar uma forma de superar isso. O cheiro do chá chegou ao nariz de Rob que se acalmou apenas por senti-lo. Ele encostou as costas na cadeira e encarou Alastair preparando o chá.

Rob viu os músculos definidos dele, o cabelo desgrenhado e os olhos focados. Tudo isso fazia parte de seu charme, Alastair mordiscou seus lábios, provável que seja um movimento involuntário do corpo. Algo que Robert não podia negar era de que Alastair é muito concentrado no que faz.

Por quê meu corpo começou a agir daquela forma? Pensou Robert inconformado consigo mesmo. Alastair já tinha preparado o chá e deixou-o ferver na chaleira, ele se virou, encostou as costas no balcão e encarou Robert.

— Quando foi que aconteceu? — Alastair foi direto ao ponto. Robert levantou a sobrancelha confuso — O estupro.

Robert ficou surpreso com a pergunta, ninguém nunca a havia feito antes.

— Eu — Robert limpou a garganta — Não sei do que está falando.

— Sabe sim… — Alastair insistiu.

— Eu não encarei aquilo na época como estupro… eu só… queria esquecer. — Confessou Robert olhando fixamente para a mesa.

— Não estou te julgando por isso… Vou te apoiar… — consolou Alastair.

— Eu não estou preocupado com isso é que… eu era jovem… e… — Falar do assunto causava fortes emoções à Robert.

— Shhh mo ghaol… — falou Alastair em escocês chamando atenção de Robert — Não precisa falar se você não quiser… Eu só quero que saiba que estou aqui para te ajudar se você deixar…

Robert soltou um sorriso seguido de uma risada curta. Alastair gostou de poder fazê-lo sorrir. A chaleira começou a apitar e Alastair virou num pulo para verificar o chá. Ele retirou a chaleira do fogo e a colocou na pia. Pegou duas xícaras de café e botou o chá nas duas. Alastair serviu uma xícara para Robert e depois sentou-se ao seu lado aproximando a cadeira, ele repousou seu chá na mesa branca.

— Eu quero falar algo para você, pois, acho que preciso deixar minha consciência limpa. — Robert prestou atenção em Alastair e o mesmo percebeu isso — Primeira coisa, não quero que pense que o convite que lhe fiz seja apenas um pretexto para que eu o leve para a cama. Jamais pense nisso. Segunda coisa, saiba que se quiser conversar comigo, eu estou sempre à sua disposição e me ofereço pra te ajudar a superar esse assunto. — confessou Alastair com os olhos fixados em Robert.

Robert mordiscou os lábios e soltou risinhos.

— Não estou debochando de você é que… — uma lágrima escapou de seus olhos — É só difícil… Eu entendo e jamais pensaria que você teria segundas intenções comigo… — ele mordiscou novamente os lábios — Obrigado por se oferecer para ser… não sei, um padre? — Robert riu.

— Ora, meu Professor, eu, de fato, tenho segundas intenções contigo, mas juro por Deus de que elas são as mais puras possíveis e alguém como você ao meu lado quebraria o maior juramente de qualquer padre fiel à sua religião… — admitiu Alastair.

Robert riu e se permitiu perguntar.

— E qual seria este juramento?

— Castidade. — afirmou Alastair.

Robert encarou Alastair e deu uma risada.

— Então deve se tornar padre… — brincou Rob — De acordo com a Igreja o relacionamento de dois homens é pecado.

— Eis o Diabo — Alastair apontou para si mesmo.

— Ora, ora, quer dizer que você dorme com outros homens? — Robert jogou o verde com a intenção de colher o maduro.

— Olha dormir é um pouco ambíguo, mas respondendo apropriadamente sua pergunta, meu caro Professor, sim, pretendo dormir com um homem. — Robert levantou uma sobrancelha e ficou surpreso — Sim, Professor, sou virgem.

— Hahahahaha, meu deus… — Robert caiu na gargalhada — Apesar do que aconteceu com o meu ex eu me considero virgem…

— Meus ex são complicados… — comentou Alastair colocando um dos braços envolta de Robert.

— Sete ex malvados? — brincou Robert encostando sua cabeça no ombro de Alastair.

— Quem dera, pelo menos ganharia dinheiro quando os expulsasse da minha casa — concluiu cruelmente Alastair.

— Exs… são muito difíceis de se lidar, principalmente aquele que não desgruda de seu pé — apontou Robert enquanto Alastair acariciava as suas mãos gentilmente.

— Sim, é horrível — concordou Alastair enquanto beijou uma das mãos de Robert. — Vem, vamos para a sala, lá será mais confortável, estou começando a ouvir os trovões. — sugeriu Alastair olhando para os olhos de Rob.

— Claro, o que quiser, querido — Robert assentiu felizmente.

Alastair levantou primeiro e Robert o seguiu, os dois continuavam de mãos dadas e em um momento seu aluno colocou um dos braços ao redor de seu pescoço enquanto eles andavam calmamente até a sala.

Alastair deixou a companhia de Robert para se focar em acender a lareira, só agora o Professor percebeu que estava frio. Seu aluno pegou um objeto pontiagudo e de repente surgiu-se o fogo na lareira.

Seu aluno colocou as mãos na cintura enquanto observava atentamente o fogo dançando na lareira. Robert cruzou as pernas e colocou ambas as mãos sobre o joelho e esperou Alastair parar com seu transe.

Ele voltou e se sentou ao lado de Robert, que se sentiu mais confortável, e começou a tirar o suéter. Os olhos de Rob saltaram e ele abriu um sorriso e depois desviou o olhar. Só que… Alastair estava com uma camisa de manga curta por debaixo do suéter.

A camisa dele era azul-escuro e Robert viu pela primeira vez, os músculos de Alastair que posteriormente se aninhou com seu professor no sofá.

— Está frio por quê tirou o suéter? — perguntou Robert com certa curiosidade.

— Se você está com frio, Sassenach, imagino o que seja calor para você — Robert arregalou uma sobrancelha e Alastair soltou um sorriso — A definição de Sassenach seria uma pessoa inglesa.

— Eu sou estadunidense — afirmou Robert com convicção.

— Você não se dá bem com os ingleses? — perguntou Alastair percebendo que ele poderia ter ofendido Robert.

— Para falar a verdade sim — confessou Robert olhando para o fogo na lareira.

— Por quê? — quis saber Alastair acariciando o ombro de Robert com os dedos.

— Meu ex era inglês e ele tinha péssimos hábitos, Adam é inglês e tem péssimos hábitos, não consigo chegar a uma melhor conclusão — comentou Robert.

— Se não se importa gostaria de saber mais sobre seu ex… — pediu Alastair olhando para o rosto de Robert.

— Não, não me importo. — Robert suspirou — O nome do meu ex era Hamish… Hamish Bates, ele tinha 30 anos na época… Ele era policial, creio que ele ainda seja. Nunca me contou muito sobre a vida dele, para falar a verdade, eu não o conhecia. — falou Robert com melancolia. — Foi um relacionamento depressivo, exaustante e nojento. Não quero que isso aconteça de novo.

— Eu te asseguro que não irá. — Prometeu Alastair com o olhar sério.

— Bem… chega de falarmos de exs… Sua irmã, ela já deveria ter chegado. — comentou Robert querendo desviar o assunto.

— É… se algo aconteceu com ela, vou perder o meu bod… — Alastair pronunciou uma palavra em escocês que significava “pênis”. Robert soltou uma risadinha.

Alastair desaninhou de Robert e pegou seu celular, discou um número e o encostou na sua orelha. Ele se levantou e começou a andar de um lado para o outro, parecia que estava frustrado. Alastair xingou em escocês mas não parecia falar com ninguém, Rob distinguiu palavras como “diabo”, “filho da puta”, “caralho” e “puta que pariu”.

Robert encarou Alastair andando de um lado para o outro agora ele já estava falando com a irmã, o Professor não conseguiu distinguir nenhuma palavra vinda de Alastair.

O professor começou a mergulhar profundamente em seus pensamentos… Ele está pensando em Hamish e Alastair, novamente.

O íntimo de Robert desejava tanto Alastair assim como o seu coração, no entanto, sua mente continuava com um pé atrás com relacionamentos amorosos e coisas do tipo. A mente de Robert considerava duas coisas:

Primeira, se houvesse um relacionamento entre ambos, haveria uma questão, Alastair é um aluno e Robert, um professor, na Universidade de Oxford, relacionamentos amorosos entre professores e alunos era mal visto por todos, não que fosse proibido, mas certamente o Professor envolvido seria demitido após um ou dois meses.

A segunda questão, por mais bondoso que Alastair fosse, Robert acreditava que ele estava escondendo alguma coisa, algum segredo ou coisa pior. No coração de Rob, bem lá no fundo, cavando muito mas muito profundamente, ele sabia que havia desconfiança e para que um relacionamento cresça em harmonia não deve haver incertezas.

Por isso Robert afastou Alastair na hora em que este tentou beijá-lo, existia certa dúvida em seus pensamentos, uma qual ele precisava eliminar se quisesse ter um relacionamento com seu aluno.

Alastair desligou o telefone e disse:

— Georgiana teve um problema por causa da chuva, mas ela está bem, disse que vai comprar pizza para nós, para que a gente não se preocupe com o jantar. Você está bem? — Alastair se preocupou.

— Sim, eu só queria saber se… há alguma coisa que você queira me contar? — perguntou Robert arregalando uma sobrancelha.

— Não Professor, nada. — afirmou Alastair prontamente.

— Pode me contar qualquer coisa, vou ficar do seu lado para o que der e vier. — respondeu Robert com sinceridade apesar de sua insegurança não ter sido silenciada.

— Jamais duvidaria do senhor — Alastair voltou a se sentar no sofá e se aninhou com Robert que aceitou de bom grado estar debaixo de seus braços e abraçados — É sobre o Adam, não é?

— Na verdade quando o assunto em questão é você, pode ser qualquer coisa — apontou Robert — Você é um típico escocês apesar de ter dito que apenas a sua linhagem materna o é.

— Hm, continue.

— O relacionamento conturbado com Adam e seu pai. O fato de ser famoso pelo mundo todo por causa do seu beijo triplo e outras coisas… — admitiu Robert — Eu não quero te ofender, só quero saber o que está acontecendo contigo pois você pode estar precisando de ajuda ou sei lá… Algo do tipo — Robert desabafou um pouco de suas inseguranças.

— Já que é assim, meu Sassenach… — alfinetou Alastair brincando. Ele se levantou e Rob franziu as sobrancelhas.

Alastair levantou mais uma vez do sofá, deixando Robert confuso. Seu aluno ajoelhou perante Robert deixando-o um pouco assustado e sem entender nada. Alastair olhou profundamente nos seus olhos, tomou fôlego.

— Robert lhe garanto que eu te manterei a salvo. O seu olhar toca a minha alma apesar de você considerar nosso relacionamento improvável, eu asseguro a ti, por tudo o que é mais sagrado, eu te adoro e te quero. Pergunte-me o que quiser, Meu Professor — declarou Alastair, deixando Robert boquiaberto.

— Adam. Quero saber, até o que considerar impróprio. — falou Robert determinado.

Alastair respirou fundo e se levantou assentindo com a cabeça. Ele tirou a camisa.

Seu tórax estava coberto de cicatrizes, das mais variadas, desde queimaduras a facas, chicotes e deformações, poucas partes de seu peito estavam intactas, a parte mais atingida era a barriga e uma parte das costelas.

Robert colocou a mão na boca.

— Isso… — Ele apontou para as suas cicatrizes — Foi o que ele fez. E ainda não é o pior. Ele fez isso com um dos filhos dele, David, eu acho. Provável que faça o mesmo com a Sarah. Adam sempre me odiou, ele achou que eu tinha um caso incestuoso com a minha mãe.

O Professor não sabia como reagir, uma lágrima escapou de seus olhos, Alastair se ajoelhou rapidamente e limpou o rosto de Rob com a camisa. Seu aluno tomou seu rosto com as mãos. Passos ressoaram no corredor mas os dois não prestaram atenção sequer ouviram o barulho de salto alto adentrando a sala.

— Alastair…? — uma voz feminina e suave disse confusa.

Alastair virou o rosto rapidamente assim como Robert que viu a cara de horror da menina jovem, de cabelos loiros e olhos verdes, pele branca como a neve. Alastair se levantou e colocou a camisa, a menina se esforçou para não chorar.

Robert se levantou depois que seu aluno foi ao encontro da jovem e a abraçou.

— Mi duilich, mi duilich… — falou a jovem assustada.

— Ghràdhach piuthar, na gabh dragh… — respondeu Alastair calmamente.

Os dois continuaram conversando em escocês por um tempo, Robert se recompôs do ocorrido e esperou acontecer o mesmo com a jovem.

Alguns momentos depois a jovem parou de chorar, Alastair deu-lhe um beijo na testa.

Ele se virou e encarou Robert.

— Robert, esta é a minha irmã, Georgiana. — apresentou Alastair e Georgiana se esforçou para sorrir.