Capítulo 2
Era o irmão mais velho do seu marido...
O Príncipe Jeon JungKook .
O Sucessor do trono de Algárvia.
─ Bom dia, S/n – Cumprimentou como se fosse a coisa mais natural do mundo aparecer na sua porta.
– Posso conversar um momento com você?- Ela o encarou boquiaberta.
Jungkook, o mais velho dentre os irmãos herdeiros de Algárvia, era uma figura imponente.
Quanto mais trajando seu uniforme da marinha. Seu cabelo preto alinhado. Seu tom de voz polido. E seu olhar penetrante a faziam se lembrar de um tempo que preferia esquecer. Não soube o que dizer. O irmão de seu marido a encarava com as mãos nas costas. Parecia hesitante. Coisa que nenhum dos Jeon jamais fora. Principalmente quando ela o pegou olhando para o volume dos seus seios.
–Sei que estão grandes, Vossa Alteza. – O príncipe corou e tratou de olhar para outro lugar. Completamente sem jeito.
– Eles crescem na gravidez. Quase tanto quanto a barriga, imagino.
– Então, você está realmente grávida? – S/n estranhou o sorriso.
– Posso entrar, S/a? – Resgatou a intimidade há muito tempo esquecida.
– Sei que ninguém nos reconhece por essas bandas, mas não me sinto à vontade para discutir assuntos particulares na sua varanda. Ela afastou o corpo e Jungkook entrou.
Era um homem enorme e ao mesmo tempo elegante. Destoava com a simplicidade da casa. Pegou uma foto de um porta-retratos. O casamento de S/n e Jimin.
–O que você quer, Jungkook? – Esqueceu o pronome de tratamento. – Você sabe muito bem que estou grávida. E é por isso mesmo que eu não quero confusão.
–Quero saber se você está bem? – Parecia sincero. Colocou o porta-retratos de volta no lugar.
– Se está precisando de alguma coisa? Se está visitando o médico com regularidade... – Embora ela estivesse nervosa, ele não alterou o tom de voz. Era um homem acostumado a resolver problemas.
– Você está com quantas semanas? – Disse simpático.
–Um pouco mais do que oito... – Respondeu a contragosto.Não confiava em ninguém da casa dos Jeon.
Quanto mais em Jeon Jungkook, o herdeiro do trono, fora com ele que se encontrara infinitas vezes no fórum. Ele era o representante da Família Real no caso do material genético do marido. Fora a voz dele que ouvira dizer os maiores impropérios sobre a relação entre ela e seu marido. Tudo que queria daquele homem era distância.
–Escuta aqui, Alteza, por que não cortamos as cerimônias e partimos logo para o que interessa? – Estava cansada de enfrentar a realeza. Pensava que agora poderia ficar em paz. A presença do príncipe deixava claro o quanto essa realidade ainda estava distante.
– O que você está fazendo aqui, Jungkook?
–Já disse. – Ele se empertigou. Ainda mantinha as mãos nas costas, como se não soubesse mais o que fazer com elas.
– Quero saber como você está. E também como está o bebê.
–Não interessa como eu estou, Jungkook. – Era estranho ele se preocupar tanto.
Mas, na Família Jeon , todos os rapazes tinham essa educação. Os senhores dos cavalos. Era o que queria dizer. Apenas o segundo nome os diferenciava. O seu marido era Jeon Jimin, como era mais novo, em casa, só o chamavam por Jimin. Já o primogênito, recebia a honra de carregar o nome Jungkook.
– Muito menos interessa a nenhum de vocês o estado do meu bebê. – Estava furiosa.
- Se não se importa, quero você fora daqui. Agora.
-Por que faz assim, S/n? – Ele segurou o pulso da mão que ela apontou para a rua.
– Nós nos conhecemos há tanto tempo. – Ainda parecia sincero.
– Eu não vou te fazer mal. E você sabe disso. Não sabe? – Olhando para os olhos escuros de Jungkook, ela se lembrou de quando eram crianças.
E de como fora ele quem lhe dera seu primeiro beijo, tantos anos antes. Jungkook tinha uma carapaça dura, mas era muito doce por debaixo de tantas responsabilidades.
– Sente-se. Por favor. – Ele puxou uma cadeira. Era extremamente educado.
– Eu preciso conversar com você.
─ Não quero conversar com mais ninguém da sua família... – S/n tentou se controlar e parecer ser forte, mas seus hormônios não deixaram. Desabou a chorar.
Para sua surpresa, JungKook a abraçou com carinho. Ele era tão alto. Bem maior que o irmão. Mais forte também. JungKook era um militar, enquanto Jimin era um literato.
A proximidade e o cheiro masculino do cunhado a fizeram pensar besteira. S/n se transformara numa montanha-russa de emoções e aquele pensamento em específico a enojara. Empurrou Jeon. Mas ele sequer deu um passo para trás.
Ele a fez se sentar. Segurou o rosto dela com uma das mãos enormes. Sorriu. Era tão raro vê-lo sorrir. S/n nem se lembrava mais de como era quando eram crianças.
JungKook e Jimin eram divertidos e bagunceiros, mas, aos poucos, JungKook foi ficando mais responsável e comprometido e somente Jimin manteve o bom-humor.
–Não vim aqui como mensageiro da Família Real, S/a. Pode ficar tranquila. – Tornou a sorrir.
– Estou por conta própria. – Olhou ao redor. Dava para ver o quanto gostava de tudo que via.
– Aliás, se quer mesmo saber, estou arrependido de não ter vindo antes. Esse lugar é incrível.
Sabia que ia acertá-la em cheio. A cunhada e o irmão morriam de orgulho do seu pequeno paraíso particular. Jimin se recusava a sair dali para o que não fosse extremamente necessário. Devia sentir que qualquer saída era um desperdício do pouco tempo que lhe restava de vida.
–Você sabe que eu não sou um monstro, S/a. – Abaixou-se para encará-la nos olhos. S/N cedeu.
– Sempre apoiei sua relação com Jimin. E fui quem insisti para que meus pais parassem de atormentá-los. – Ela sabia disso mesmo.
JungKook se ofereceu praticamente em sacrifício. O filho perfeito para suceder o trono em troca da liberdade dos outros dois irmãos mais novos. E assim foi feito.
– Você acha realmente muito estranho que eu viesse a oferecer auxílio à viúva grávida do meu irmão mais novo?
–Não, Alteza. Eu não acho. – Ela abaixou a cabeça.
–S/n, eu acompanharia a sua gravidez de qualquer jeito, minha querida. – JungKook não conseguia tirar os olhos de cima dela.
– Mesmo que o bebê que você carrega fosse apenas o meu sobrinho...
Ela não entendeu absolutamente nada. Havia algo de estranho naquela visita desde o princípio. Havia algo de muito estranho na fala do príncipe. E ela sabia que estava prestes a descobrir.
–Essa criança é seu sobrinho, JungKook . – Ela se levantou. Estava zangada mais uma vez.
Imaginava se agora a Família Real ia fingir que a criança que ela carregava não era do seu marido. Já conseguia prever quantas mentiras eles jogariam na mídia a difamando e ao nome de Jimin.
–Não, S/n. Não é. – Felipe respirou fundo antes de responder. Estava com medo da reação dela, mas, afinal, era para dar essa notícia que estava ali.
–Essa criança que você carrega é meu filho.
De repente, o mundo parou de girar e o coração dela não tinha mais forças para bater. Ficou pálida. JungKook ficou transtornado. Sem saber o que fazer. Começou a sacudi-la e a abaná-la. Já estava com o telefone na mão para chamar um médico quando, S/n começou novamente a reagir.
–Preciso de água. – Implorou.
JungKook agiu o mais rápido que pôde. Lembrando-se de misturar um pouco de açúcar antes de entregar o copo a ela. S/n bebeu devagar. Tentando recuperar o fôlego. Ele manteve-se ao lado dela, esperando que se acalmasse.
–Da onde você tirou um impropério desses, JungKook ? – Teve forças para perguntar.
– Quer me matar de susto! Que me fazer perder essa criança? Isso não tem graça!
–Não é piada, S/n. – Ele lamentou.
– Infelizmente. Eu acho. – Seus olhos diziam que ele falava a verdade. E S/n sentiu o seu coração saltar dentro do peito.
– Houve um erro. – JungKook tirou um documento de um dos bolsos. O papel estava marcado de tanto ser aberto e fechado. Era do Laboratório Atkins.
– Usaram a minha amostra na sua inseminação. Eles pensaram que era do mesmo doado.
Compreenda a confusão. Escolheram a mais antiga pela data. A minha.Examinava o papel sem conseguir ler. As lágrimas lhe impedindo a visão.
Não estava grávida do filho do seu marido. O homem incrível que largara a família rica para viver com ela num paraíso perdido. Estava grávida do seu cunhado.
Do herdeiro do trono. Seu filho era o sucessor do trono de Algárvia.
A pior maldição que poderia se abater sobre ela. Seus pensamentos giravam dentro da cabeça. Pensou que iria desmaiar. JungKook pressentiu o pior e a carregou para cama. S/n chorou e se abraçou ao próprio corpo. Não interessava de quem era o material genético que fecundou o seu óvulo. Aquele filho era dela e não permitiria que os Park o tirassem.
–Carol, eu preciso que você se acalme. – JungKook estava aflito. – Ou então vou precisar chamar um médico. Não posso deixar você nesse estado.
–Saia daqui, JungKook . – Ela gritou.
– Não vou permitir que vocês tomem meu filho. Não me interessa se esse bebê é seu. Se você é o rei. Ele é meu e é comigo que ele vai ficar. Entendeu? – Parecia uma leoa.
–O bebê é seu, S/n. Eu não tenho menor direito sobre ele. – Admitiu com tamanha verdade que não coube à S/n qualquer outra reação que não fosse o espanto.
– Vai por mim. Eu consultei meus advogados. Muitos deles...
Diante da fala do príncipe, ela se acalmou. JungKook também recuperou um pouco da compostura. Mesmo sendo acostumado a grandes desafios, tratar com S/n de um assunto tão delicado já o estava tirando do sério havia alguns dias.
–Você é a única responsável por essa criança, S/n. E a sua vontade será respeitada, assim como o sigilo dessa ocorrência. E o único que um dia poderá fazer sua vontade se sobrepor a sua será essa criança que você carrega, se for da vontade dele ou dela conhecer seu verdadeiro pai... – JungKook suspirou. Dava para ver agora o quanto estava exausto.
– O máximo de benefício que posso tirar desse erro, minha cara, é arrancar cada centavo dessa maldita clínica. O que, aliás, certamente eu vou fazer...
S/n respirou aliviada. JungKook falava a verdade. Ela sabia que se houvesse a mínima possibilidade de fazer as coisas de outra forma, ele não estaria ali na sua sala. Estaria nos tribunais.
–O que você veio fazer aqui, Felipe? – Finalmente, estava pronta para ouvi-lo.
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