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História O Herdeiro de Eileen - 11.07.1105 23:00h Parte III


Escrita por: Melloishy

Capítulo 21 - 11.07.1105 23:00h Parte III


Eu sabia que em questão de minutos ouviria batidas em minha porta e teria que encarar Madara, mas não houve aviso quando ele a abriu e fechou sem cuidado algum.

Me assustei com a agitação, mas não me virei para encará-lo — ainda não tinha coragem para tal. Não só por ter que me explicar, mas pelo o que havia escutado sobre ele mais cedo. Eu sabia que ele não era culpado, mas aquela história me incomodou tanto que meus lábios tremiam enquanto tentava segurar minha língua para não perguntar a ele o que realmente havia acontecido.

— O que foi aquilo? — Ouvi a voz de Madara sair séria.

— Estávamos apenas conversando — disse simplesmente, mas não consegui esconder meu nervosismo.

Minhas pernas se balançavam sozinhas e acabei cruzando meus braços para tentar me segurar.

— Acha mesmo que vou acreditar nisso? Eu não sou idiota, Izuna!

Ele aumentou o tom de voz, o que me assustou no começo, mas logo me fez perder a cabeça. Eu não queria passar a impressão errada, mas como sempre, deixei que minhas emoções falassem mais alto.

— Ele estava me falando sobre você — eu disse entredentes e me virei para ele. — Disse que acha que você matou o príncipe Hashirama.

Madara ficou em silêncio por um momento e endureceu a expressão. Na mesma hora me arrependi por ter falado aquilo, mas não tinha mais volta, já estava dito.

— Por que ele diria uma coisa dessa para você? — Ele disse em tom baixo enquanto me encarava com suspeita.

A expressão dele me incomodou naquele momento. Era como se ele já soubesse de tal suspeita, e senti a necessidade de ouvir a verdade pelos lábios dele aumentar ainda mais. Eu me aproximei dele e suspirei fundo ao encará-lo de perto.

— Você o matou? — Perguntei enquanto olhava em seus olhos, esperando ver qual seria sua reação.

Madara ficou em silêncio e me olhou com incredulidade, e era exatamente essa expressão que eu esperava. Eu sabia que não seria possível ele ter feito tal coisa, mas ainda sentia que precisava ouvi-lo dizer.

— Você o matou? — Repeti a pergunta, mesmo sabendo que estava sendo cruel naquele momento.

— Não — ele finalmente respondeu, mas em tom baixo e claramente magoado. — Eu nunca faria uma coisa dessa, e você deveria saber disso.

— Eu sei — respondi com alívio, sentindo-me incrivelmente mais calmo. — Mas precisava perguntar, para confirmar que estou certo.

— Se precisou perguntar, não quer dizer que também desconfia, mesmo que um pouco?

Madara não parecia calmo como eu. Ele estava com a respiração pesada e me olhava com decepção. Eu não o culpo. O modo com que transmiti meus pensamentos foi completamente errado e saiu como uma acusação, mesmo não sendo minha intenção.

— Não vou negar que fiquei confuso ao saber das suspeitas de Tobirama, mas eu...

— Você acreditou nele — Madara me cortou ao afirmar com tristeza.

— Não, Madara. Apenas me escute! — Balancei a cabeça de um lado para o outro e dei um passo à frente. — Eu sei que nunca faria isso com alguém inocente e tão próximo, mas a história toda é tão complicada que não há como evitar ficar confuso — o olhei nos olhos novamente, esperando que ele visse que eu estava sendo sincero. — Mas, mesmo assim, eu me recusei a acreditar. Porque você é meu irmão, e sei que é um bom homem. Não acreditei em momento algum, eu juro. Só que eu precisava ouvir você dizer a verdade.

— Eu não o matei — Madara disse com a voz levemente alterada. — Ele era importante demais para mim.

— E eu acredito em você, irmão — disse com confiança, mesmo com o coração apertado por vê-lo daquela maneira. Me aproximei ainda mais e pousei minha mão sobre seu ombro. — Tobirama passou por muitas coisas, ele ainda precisa seguir em frente. Ele só quis dizer o que pensa, então por favor, não o culpe por isso.

— Eu já sabia que ele pensa assim, mas eu não o culpo. Nunca culpei — Madara desviou o olhar e retirou suas luvas de couro enquanto falava. — Às vezes nós não nos damos tão bem quanto antigamente, e minhas ações podem parecer que não gosto dele, mas não é bem assim — ele voltou a me olhar e fez uma careta triste. — Eu prometi proteger Hashirama, e não consegui. Como eu deveria agir normalmente perto dele? Eu deixei que sua família caísse em desgraça, e ele perdeu algo importante mais uma vez. Eu não mereço perdão ou simpatia dele. Mas... eu fiz uma promessa a Hashirama, e pelo menos essa eu queria ter mantido.

— Promessa? — Perguntei com curiosidade, e ao mesmo tempo notei no modo diferente que sua voz soava quando dizia o nome do príncipe Hashirama.

— Eu prometi proteger Tobirama, mas irei falhar novamente. E não há nada que apague a vergonha que sinto neste momento.

Ele voltou a abaixar o olhar, e me senti agitado naquele momento. Algo me dizia que o que eu ouviria a seguir não seria agradável.

— O que quer dizer com isso? — Perguntei com receio e Madara suspirou mais uma vez.

— O rei descobriu que Tobirama não estava no castelo — ele revelou enquanto se afastava e ia em direção a janela. — E por isso, ele está me mandando de volta para casa.

— Não — sussurrei mais para mim mesmo do que para ele.

O desespero de antes voltou naquele momento, mas de um jeito ainda pior. Imaginar que Madara pudesse ir embora e me deixar novamente fez com que eu esquecesse do medo que tinha de ser descoberto, e falei apressadamente:

— Nós podemos conversar com Tobirama. Ele ajudará a fazer o rei entender. Ele não pode fazer isso com você!

Madara se virou para mim e me aproximei mais uma vez.

— Tobirama não irá me ajudar, Izuna — disse ele desanimado. — Nós sabemos disso.

— Não. Eu sei que ele irá — afirmei teimosamente. — Só precisamos conversar. Ele não daria as costas assim.

— Por que tem tanta certeza?

Madara me olhou com desconfiança e só ali que notei que falava de Tobirama como se o conhecesse muito bem, e com certeza não era minha intenção mostrar isso para o meu irmão.

— Izuna — ele me chamou, e ao notar que eu não pretendia respondê-lo, fez outra pergunta: — Por que estava no quarto do príncipe?

Eu desviei o olhar e não o respondi novamente, e Madara suspirou impaciente. Quando voltei a olhá-lo, ele me encarou seriamente.

— Você não o ouviu dizer sobre onde ele estava essa manhã, não é? — Ele mais afirmou do que perguntou, e novamente não o respondi. — Você já sabia muito antes. Ele te contou aonde costuma ir — afirmou com decepção.

— Irmão...

— Diga-me que estou pensando errado, Izuna — Madara me cortou e passou a mão sobre a nuca de modo nervoso. — Você me prometeu que manteria distância dele.

— Eu nunca prometi isso — disse rapidamente e Madara me olhou com raiva. — Eu disse que seria discreto.

— Não — Madara respondeu duramente e deu um passo à frente, apontando o indicador em minha direção. — Você não vai se aproximar dele nunca mais. Eu o proíbo!

— Não cabe a você decidir — respondi entredentes. Não gostei daquele tom autoritário sobre mim. Ele ás vezes age como se fosse nosso pai, mas não é, e tentar me proibir de me aproximar de Tobirama foi demais para mim.

— Você não ouviu nenhuma palavra que eu disse no outro dia? — Perguntou ele, mais com desespero do que autoridade dessa vez. — A rainha acabaria com você — ele mexeu em seus longos cabelos com nervosismo. — Isso é para o seu bem, Izuna!

Ao vê-lo preocupado daquela maneira, eu me acalmei um pouco. Ainda não gostava que ele mandasse em mim, mas entendi sua preocupação. Porém, infelizmente, eu não poderia fazer o que ele queria. Não podia e muito menos queria.

— Eu não posso — disse em tom baixo. — Não depois de tudo. Eu...

— Você...

Ele me olhou surpreso, e repentinamente senti o meu rosto esquentar. Com certeza minha expressão me entregou, porque ele logo saiu do transe em que estava e voltou a falar:

— Me diz que está brincando, por favor.

Madara me olhava incrédulo. Eu desviei o olhar, e só pude ouvi-lo novamente.

— Isso não pode estar acontecendo. Você, por ele... oh, pelos deuses! — Ele exclamou a última frase em tom alto e enfim voltei a olhá-lo. Madara andou em direção a minha cama e se sentou sem a pose que normalmente tinha. — Como isso aconteceu?

Fiquei em silêncio por mais algum tempo, procurando minha coragem.

— Eu o conheci antes de entrar para a Guarda Real — cruzei meus braços para disfarçar o nervosismo e abaixei o olhar para o chão outra vez. — Quando ele saía em segredo, era porque estava comigo na maioria das vezes — eu o ouvi murmurar algo e levantei o olhar novamente. — Mas não sabia que ele era um príncipe. Nem seu nome verdadeiro eu soube, até vir para cá.

— E mesmo assim...? — Ele não terminou a frase, mas pude entendê-lo bem e assenti sem jeito.

Se não estivesse em uma situação como aquela, provavelmente acharia engraçado vê-lo agir daquela forma, mas, infelizmente, consegui fazer nada além de me afundar em nervosismo e vergonha por falar sobre aquilo com meu irmão.

— Não espero que me entenda, mas... — eu comecei a me explicar.

— Eu entendo — ele me interrompeu mais uma vez e escondeu o rosto com uma das mãos. — E é exatamente por isso que agora me oponho ainda mais. Não quero que você seja como eu.

— O quê?

 Eu o olhei confuso. Madara nada disse. O silêncio dele me deixou pensar por alguns minutos, e finalmente consegui entender. O modo diferente que ele agia quando falava sobre o irmão de Tobirama, as promessas e o quão próximos eles eram... tudo se juntou em minha mente e me senti um tolo por não ter notado antes. Era claro o motivo de ele ter reagido daquela maneira quando perguntei sobre a morte de Hashirama. Era óbvio o motivo para ele nunca o ter machucado.

— Irmão — eu o chamei com cautela e me sentei ao seu lado. Outra vez ele não me respondeu e continuou com a cabeça baixa. E então, perguntei em tom baixo: — Você amava o príncipe Hashirama?

Madara virou o rosto em minha direção.

— Eu ainda o amo — vi seus olhos brilharem quando ele disse um pouco envergonhado.

Ficamos em silêncio mais uma vez, e senti meu peito se apertar ao imaginar como ele estava se sentindo. Tentei me colocar em seu lugar, e pensar em perder Tobirama daquela maneira fez minha garganta doer e meus olhos arderem.

— Ele e você...

Comecei a falar com cautela, com medo de estar me intrometendo demais. Madara não pareceu se importar, porém, antes que eu terminasse a pergunta, ele já havia me entendido e endireitou a postura.

— Não. Eu nunca disse nada ou encostei nele — ele me olhou com certa pena. — Porque sabia que seria impossível, Izuna. E você também tem que enxergar a realidade antes que seja tarde.

Eu desviei o olhar no mesmo momento e o ouvi murmurar mais uma vez.

— Você disse a ele, não é? — Perguntou ele, parecendo cansado.

— Madara...

— Era por isso que estava chorando?

Quando o olhei novamente, vi que estava sendo observado com preocupação, então balancei a cabeça negativamente e acariciei meu próprio braço. Senti um leve frio ao falar de Tobirama daquele modo enquanto não o tinha ali ao meu lado.

— Nós... sabemos o que sentimos um pelo outro há algum tempo — confessei em tom baixo.

— Ele também o ama — Madara afirmou, mesmo ainda se mostrando incrédulo.

Tobirama nunca me disse diretamente, mas suas ações e outras palavras dizem que sim, porém, ainda assim, não consegui afirmar as palavras de meu irmão, e me vi completamente envergonhado por conta do assunto entre nós.

Novamente o silêncio reinou em meu quarto e Madara apoiou os braços para a frente, enquanto curvava as costas. Paciente, o observei brincar com os próprios dedos, até que ouvi sua voz novamente; baixa e hesitante.

— Vocês já...?

A pergunta ficou solta no ar e senti meu rosto esquentar ainda mais. Não esperava por aquele tipo de pergunta, e fechei os meus olhos com força, incapaz de olhá-lo e confirmar o que ele parecia tanto temer.

Quando abri os olhos, vi ele balançando a cabeça negativamente.

— Eu sinto muito por decepcioná-lo — disse com a voz embargada.

— Não é isso — disse ele, enquanto se virava em minha direção. — Eu não estou decepcionado... estou assustado — Madara confessou. — No momento só consigo pensar em como eu posso ir embora, sabendo que vocês podem ser pegos a qualquer momento. Tolos como são, nunca pensaram nas consequências. E não adianta tentar rebater, eu sei que não — ele disse com autoridade quando viu que eu falaria alguma coisa em nossa defesa. — Eu não quero que algo de ruim aconteça com você — Madara desviou o olhar carregado de emoções e se levantou. — E mesmo querendo matar Tobirama, por ter se atrevido a tocar em você, eu não quero que ele também sofra com isso.

Não pude evitar em rir de modo abafado ao vê-lo daquela maneira. Ele parecia mesmo nervoso ao imaginar Tobirama e eu juntos, e o vi suspirar pesadamente enquanto arrumava os cabelos e murmurava xingamentos contra o príncipe.

Antes que pudéssemos dizer algo mais, duas fortes batidas em minha porta nos chamou a atenção. Eu me levantei um pouco desconfiado e a abri quando alcancei a maçaneta. Logo um soldado alto e forte estava à minha frente. Ao reparar em sua armadura dourada, percebi que ele era da guarda do rei, o que me deixou um pouco assustado. Eles nunca iam até os corredores da guarda do príncipe, a não ser que algo sério tivesse que ser dito.

— Você é o soldado Izuna Uchiha? — O homem perguntou seriamente com sua voz grave e autoritária.

— Sim — respondi calmamente, mas minha voz escorregou um tom no final.

Tantas coisas passaram por minha cabeça naquele momento, mas a que mais me assustava era que haviam descoberto sobre mim e Tobirama, e que eu seguiria pelo mesmo caminho de Madara. Coloquei os braços para trás, para tentar disfarçar meu nervosismo e esperei que o soldado dissesse o que estava fazendo ali. Mas ele se distraiu ao ver Madara se aproximar por trás de mim e se virou para ele.

— Estava prestes a procurá-lo, capitão Uchiha — ele comentou enquanto se curvava minimamente.

— Já estou indo arrumar as minhas coisas — Madara disse seriamente e saiu pela porta, ficando ao lado do soldado. — Não preciso que me acompanhem para isso.

— Eu sei — o soldado pareceu chateado. — Mas não é por isso que vim. O rei deseja vê-lo novamente, antes que vá. Agora mesmo, se for possível.

Madara pareceu nervoso e me olhou um pouco ansioso, e retribuí com o mesmo olhar. Depois de tudo o que houve hoje, foi difícil imaginar o que ele queria, mas uma punição maior que expulsá-lo passou rapidamente por minha mente, e me desesperei. Fiquei a pensar em uma maneira de me encontrar com Tobirama imediatamente e pedir por ajuda, mas logo descobri que todas as estratégias que pensei foram em vão, pois o outro soldado tinha a solução o tempo todo, e era também para isso que estava ali.

Ele se virou para mim novamente.

— Você é o soldado que trouxe o príncipe de volta, não é?

Eu olhei para Madara um pouco assustado. Não sabia que o rei tinha conhecimento de que alguém havia procurado por Tobirama, mas quando meu irmão fez um sinal positivo com a cabeça, percebi que talvez ele mesmo havia contado. Para tranquilizar o rei, talvez? Eu não sei, mas se ele havia dito, acreditei que não foi na intenção de me prejudicar, então voltei minha atenção ao soldado e assenti.

— Bem, parece que você ganhou um pouco da confiança do rei depois disso. E como recompensa, ele vai presenteá-lo com ainda mais trabalho — o soldado riu sem humor e olhou minha expressão surpresa como se pedisse desculpas. — Ele ainda não sabe o que fará sobre o príncipe, mas quer que o vigie de perto, até que resolva o que fazer. Provavelmente até a noite você será liberado, não se preocupe — o soldado se adiantou, vendo que fiquei ansioso ao ouvi-lo, mas sem saber que era por um motivo diferente do que ele provavelmente estava pensando.

Eu assenti com confiança e tentei esconder minha agitação. O soldado pareceu satisfeito, porém, voltou a falar:

— Quando eu disse que deve vigiá-lo de perto, foi exatamente isso que quis dizer. Você ficará ao lado dele, não importa onde e o que for fazer — ele ficou pensativo por um breve momento. — Ele provavelmente voltou para o quarto agora, e é para lá que deve ir imediatamente. Não se preocupe com a armadura ou armas por enquanto. Sua função hoje é apenas ter certeza de que o príncipe Tobirama permanecerá no castelo.

— Sim, senhor! — Disse da maneira mais firme que consegui diante da situação que estava me deixando cada vez mais descontrolado internamente.

O soldado assentiu e se virou para Madara.

— Eu o acompanharei até a sala do rei.

Madara também assentiu e antes de ir, se dirigiu a mim.

— Eu voltarei para me despedir, não se preocupe — afirmou rapidamente e deu as costas.

 

Com o coração pesado e um nó em minha garganta eu subi até o terceiro andar rapidamente. Havia um guarda do qual eu ainda não conhecia guardando o corredor, mas não passou por minha cabeça cumprimentá-lo. Andei diretamente até a porta do quarto de Tobirama, e entrei sem cerimônias quando ouvi sua voz permitindo a minha entrada.

Quando ele me viu descer os degraus, veio até mim com urgência.

— Você está bem? O que Madara disse?

— Eu preciso da sua ajuda — disse desesperadamente. — Nós precisamos ajudar o meu irmão, por favor, Tobirama!

Ele segurou meu rosto com ambas as mãos e me olhou nos olhos.

— Se acalme, Izuna — pediu com calma, enquanto acariciava meu rosto. — O que aconteceu? Diga-me e irei resolver qualquer problema.

— Seu pai vai mandá-lo embora — segurei sua camisa com força, para tentar fazer com que minhas mãos parassem de tremer. — Ou coisa pior. Eu não sei, Tobirama, mas não deixe que algo de ruim aconteça com ele.

Tobirama relaxou os ombros e respirou fundo quando me calei. Ele deu um passo à frente e beijou minha testa, e me olhou com atenção em seguida.

— Não há com o que se preocupar, pequeno — afirmou ele calmamente e em tom baixo. — Eu já tomei conta disso. Ele não irá a lugar algum por agora.

— Mesmo? — Perguntei enquanto engolia o choro.

Ele assentiu, sorrindo suavemente.

Com um suspiro aliviado, eu soltei a camisa e abracei sua cintura com força e escondi meu rosto sobre seu pescoço. Tobirama retribuiu o gesto e passou a acariciar meus cabelos devagar, o que foi me acalmando aos poucos. Eu estava aliviado por não precisar dizer adeus para o meu irmão e, ao mesmo tempo, extremamente agradecido. Pensar que Tobirama o ajudou mais uma vez e sem que eu precisasse pedir, acendeu uma chama de esperança e juntamente a vontade de vê-los como diziam ser antigamente foi plantada dentro de mim.

— Obrigado — sussurrei contra a pele de seu pescoço.

— Qualquer coisa por você — disse ele quando apertou o abraço.

— Você fez isso por mim? — Perguntei, afastando meu rosto para poder olhá-lo.

Ele assentiu e sorri em resposta, sentindo o meu peito se aquecer ao saber daquilo. Era como havia dito para o meu irmão; eu sabia que ele ajudaria, porque sempre soube que Tobirama é uma boa pessoa, e agia ainda melhor quando se tratava de mim.

Tobirama retribuiu o sorriso de maneira fraca e se aproximou, beijando meus lábios com delicadeza.

— Está mais calmo? — Perguntou quando nossos lábios se separaram, e fiz um sinal afirmativo com a cabeça. Ele suspirou suavemente, mas logo pareceu um pouco tenso. — Sobre o que disse antes de sair...

— Não precisa — o cortei e fui olhado com curiosidade. — Você já se explicou bastante. Não precisa mais fazer isso — subi minha mão para seu peitoral e o acariciei. — Mas agora, eu preciso te dizer algumas coisas. Você irá me ouvir?

Ele assentiu de modo hesitante, e pude ver que realmente estava tenso. Aquilo me fez ter mais coragem para falar. Não queria vê-lo assim, e também não podia me sentir inseguro sobre nós como já havia acontecido tantas vezes. Nós precisávamos dar um basta nisso.

— Vamos nos sentar — sugeri calmamente e segurei sua mão.

Eu o guiei até a cama e sentamos um ao lado do outro. Ele ainda estava tenso, então levei uma de minhas mãos até seu rosto e o acariciei levemente.

— Você não precisa ficar assim. Não vou a lugar algum — afirmei, mantendo o mesmo tom. Tobirama suspirou fundo e assentiu. — Eu quero que isso acabe, Tobirama. Esse medo que temos de ficarmos separados. Não quero que isso nos domine ainda mais. Principalmente por coisas como nossas discussões — abaixei minha mão e a pousei sobre a dele. — Você já se explicou, e agora, quero que saiba como também me sinto no momento. Eu quero pôr um fim nisso, então direi o que penso sobre tudo, certo?

Eu o olhei atentamente e mais uma vez ele assentiu e ficou em silêncio.

— Você acha que meu irmão é culpado. Eu discordo completamente. Ele não fez isso; Madara nunca seria capaz. Eu sei disso, mas mesmo assim, quero que saiba que entendo seus motivos para desconfiar dele — fiz uma pequena pausa para prestar atenção em suas reações e ele parecia um pouco surpreso. — E não pretendo me afastar novamente — afirmei e enfim o vi sorriu levemente. — Você se lembra quando disse que não consegue abrir mão de mim? Eu também não posso abrir mão de você. Eu não posso, e também não quero. Então, mesmo com essa divergência de opiniões, eu ainda quero ficar ao seu lado e, um dia, prometo que trarei provas de que meu irmão é inocente, e finalmente poderemos olhar apenas para o presente.

— Eu também quero ficar ao seu lado — Tobirama disse em tom baixo e me abraçou. — Não importa o que aconteça.

Eu o abracei de volta e senti um delicado beijo em meu pescoço, o que me fez sorrir abertamente. Meu coração batia com rapidez e ao mesmo tempo senti-me aliviado. Finalmente estávamos juntos e sem mentiras ou mal-entendidos.

Quando Tobirama desfez o abraço ele beijou rapidamente meus lábios e me olhou um pouco confuso.

— Posso lhe fazer uma pergunta? — Perguntou ele, e assenti com curiosidade. — Eu entendo que ele é seu irmão, e você confia nele, mas... por que tem tanta certeza?

Eu sorri fraco e desviei o olhar. Falar que desde o começo eu contei apenas com minha intuição e sentimentos não seria aceitável, então resolvi dizer o que me fez ter ainda mais certeza.

— Você precisa me prometer que manterá segredo sobre o que falarei agora — eu disse seriamente e Tobirama respondeu com um sinal afirmativo. Com um suspiro nervoso, voltei a falar: — Meu irmão... ele tinha sentimentos pelo príncipe Hashirama. Sentimentos como os que tenho por você — desviei o olhar, um pouco sem jeito por falar aquilo, mas logo voltei a olhá-lo. — É por isso que sei que ele nunca faria tal coisa — completei em tom baixo.

Tobirama ficou em silêncio por um tempo e deixei que ele processasse com calma o que eu havia dito.

— Ele te disse isso? — Tobirama perguntou depois de longos minutos.

— Sim. E eu deveria ter desconfiado antes. É tão óbvio — respondi um pouco triste. — Porque ele ainda sente o mesmo.

Ele ficou em silêncio mais uma vez e passou a olhar para as mãos. Estava sério e parecia um pouco nervoso.

— Você não acredita em mim? — Perguntei em tom baixo e ele balançou a cabeça.

— Eu não sei o que pensar — confessou ele. — Se o que me diz é verdade, então torna tudo ainda mais triste.

— Você não pode estar pensando que ele faria tal coisa, mesmo estando apaixonado — disse com indignação e ele mais uma vez balançou a cabeça.

— Não é isso. Meu irmão. Ele... ele — Tobirama tentava dizer, mas parecia que se engasgava com as palavras. Ele logo cobriu o rosto com uma das mãos e respirou fundo. — Ele amava Madara.

Eu arregalei os olhos ao ouvi-lo e novamente segurei seu rosto com uma das mãos, obrigando-o a me olhar. Ele estava claramente triste, e seus olhos brilhavam com lágrimas reprimidas.

— Se o que me diz é verdade — ele dizia com a voz trêmula —, então ele morreu pensando que não era correspondido, quando na verdade...

Antes que ele terminasse a frase, eu me aproximei um pouco mais e abracei seu pescoço. Tobirama apertou os braços em minha cintura com força e depois de alguns minutos naquela posição, me puxou para sentar em seu colo. O segurei em meus braços com firmeza e passei a dar leves beijos em sua pele. Quando ele pareceu estar mais calmo, o ouvi dizer em tom baixo:

— Não diga isso ao seu irmão. Quando Hashirama me disse, me fez prometer que não contaria.

— Tudo bem — eu disse, enquanto subia e descia minha mão por seu braço e ombro. — Eu não acho que isso faria bem a ele no momento, de qualquer forma.

— Nós nunca faremos como eles — disse ele, repentinamente sério enquanto se afastava um pouco para me olhar nos olhos. — Não importa a situação, você tem que me dizer o que está sentindo, e eu farei o mesmo, está bem?

Eu assenti e sorri em seguida, um pouco antes de beijar o seu rosto. Ele retribuiu ao me abraçar com força entre seus braços, enquanto dava beijos em meu ombro e peitoral.

— Não vamos mais falar sobre essas coisas por hoje, ok? — Eu disse em tom baixo. — Vamos apenas ficar assim, você e eu, juntos, e sem pensar em problemas.

Após um sinal afirmativo de Tobirama, nós ficamos em silêncio por um tempo, distraídos com caricias sutis e aproveitando a companhia um do outro.

Em determinado momento, nós mudamos de lugar, e deitamos um ao lado do outro sobre a cama, e como dois bobos falamos apenas sobre nós e como sentimos a falta um do outro. Fico um pouco envergonhado do jeito meloso que me comporto ao lado dele, mas ao mesmo tempo sinto que isso é tudo o que preciso, o que me faz feliz.

Ficar ali com ele, entre beijos e declarações sussurradas, foi a melhor maneira de encerrarmos o nosso dia que, tantas vezes, pareceu que não iria terminar de uma forma positiva. Felizmente, conseguimos resolver o que precisávamos, e quando a noite veio e Tobirama adormeceu em meus braços, pela primeira vez senti-me satisfeito e extremamente feliz por estar aqui no castelo.


Notas Finais


Oie! Hoje é o meu aniversário e ganhei folga, então toma capítulo saudhaisudhuiasd
Aos poucos vou respondendo os comentários do capítulo anterior, mas já vou dizer aqui que tô me divertindo com as teorias de vocês. Se alguém acertar, falo no fim da história susahdiuas ❤


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