História O Hóspede - Tom Hiddleston - Bienvenido, Tom.

O dia seguia tranquilo na pousada. 

Até eu receber a notícia de que um hóspede bem conhecido iria chegar na parte da tarde. E, como era famoso, o nível de trabalho aumentou. Minha chefe havia me passado todos os detalhes. O quarto em que ele ficaria e tudo o que havia pedido. 

Tom Hiddleston não era muito exigente e um dos únicos atores que passavam por alí que não pediam coisas impossíveis. Fiquei animada como sempre, em recebê-lo. Como eu era uma das funcionárias mais fluentes em inglês, era a mais solicitada para atender os hóspedes americanos e ingleses. O que era bem legal. Mas aquele em especial era melhor.

Éramos... Colegas?

Eu não sabia direito o tipo de relação que tínhamos e não podia classificar, definitivamente. Tom era extremamente simpático e seu carisma era um convite a fazer amizades com simplicidade. Comigo não havia sido diferente, mas ele poderia ser assim com todos, como demonstrava que era. Atencioso e agradável. Porém, eu sentia que havia mais. E nesse mais, quero dizer tensão. Eu notava a tensão sexual pairando entre nós mas não podia julgar que ele compartilhava disso. Podia ser apenas eu com o tanto de desejo que estava nele e acabava imaginando coisas impossíveis. Desde que colocou os pés aqui, havíamos criado uma amizade legal. E com isso nos aproximamos, não tão intimamente assim, mas já era alguma coisa.

Quanto mais as horas iam passando, mais eu ficava nervosa por vê-lo novamente. Arrumei seu quarto impecavelmente e quando só faltou esperar por ele, fui ajudar na festa que estava acontecendo na área da piscina. Era uma comemoração aberta e qualquer hóspede poderia participar. Eles adoravam essas festinhas para interagir ao redor da piscina.

- Ele chegou - um dos seguranças veio me alertar.

Corri para a recepção me arrumando no caminho. Havia um pequeno comitê de boas vindas na entrada elegante da pousada. As portas de vidro fosco ilustraram o contorno dele se aproximando. Tom Hiddleston entrou cumprimentando a todos em um espanhol tímido. Seus olhos buscaram alguém e pousaram em mim. Eu estava recostada ao canto do balcão. Meu sorriso se alargou e fui até ele, rezando para minhas pernas bambas não fraquejarem enquanto eu caminhava até ele vendo como estava bonito vestido com calça jeans escura e um blazer preto. Ofereci minha mão para um aperto côrtes e Tom pareceu aliviado em me ver. Já havia dito antes que arranhava algumas palavras no espanhol, mas se sentia mais a vontade para falar no idioma britânico. Eu não reclamava de maneira alguma. Além de ter a chance de conversar com ele, ainda podia ouvir aquele lindo sotaque escapar por aquela linda voz.

- É um imenso prazer recebê-lo novamente. - ativei meu modo americana e o cumprimentei. Tom assentiu com a cabeça me oferecendo um sorriso.

- Estou feliz em voltar. Você sabe que amo esse lugar. - Tom respondeu apertando com firmeza minha mão estendida. 

Suspirei para tentar acalmar meu coração agitado. 

- Deve estar cansado - falei assim que nos afastamos - Vou levá-lo ao seu quarto, senhor Hiddleston. 

Indiquei o corredor com a cabeça e fui na frente para mostrar o caminho. 

Ouvi o som da mala de rodinhas no piso liso competir com o dos meus saltos médios.

- Houve uma mudança aqui - Tom falou. Olhei por sobre o ombro e ele admirava a nova arrumação do lugar.

- Sim. Tivemos umas reformas. Está bem mais amplo. Temos mais quartos e uma decoração mais... Chique? - ponderei pensativa. Ele já havia me alcançado e andava ao meu lado pelo corredor. 

- Eu achei chique - Tom sorriu me olhando. - Os quartos mudaram também?

- Mudaram. - respondi - Mas o seu ainda é o melhor daqui.

- Ora - ele sorriu - o que fiz para merecer isso? 

- Nada. O mérito é todo meu. - dei de ombros e ri um pouquinho mais alto. Já haviamos passado da supervisão na entrada e podíamos conversar como estávamos acostumados. 

- Nesse caso, obrigado. - paramos na porta e eu a abri, dando espaço para ele. 

- De nada. - assenti. - Vou deixar você descansar agora. 

- Estou um pouco cansado sim. Mal dormi no vôo. - ele comentou.

- É uma viagem de trabalho ou férias? - me permiti perguntar 

- Quem me dera fosse férias - ele sorriu revirando os olhos.

- Quando estiver, enfim... estamos de quartos abertos - esperei que ele entendesse a piada e ele riu. O acompanhei na risada.

- Vou me lembrar disso - ele ainda ria - E você? Como está aqui?

- Estou bem. Sabe como gosto de trabalhar aqui.

- Previsão para férias? - ele perguntou levantando uma sobrancelha.

- Lá pro fim do ano - Respondi tentando entender o rumo da conversa.

- Deveria conhecer Londres - Tom sugeriu.

- Sempre foi meu sonho. Mas nunca consegui realmente. 

- É uma pena. - ele franziu os lábios - mas pense nisso. Tenho ótimas recomendações.

- Falaremos sobre isso - comentei com interesse. - Eu realmente preciso​ viajar.

- Só me diga quando for - ele sorriu de lado.

O olhei por tempo demais, me esquecendo que deveria voltar ao trabalho. Hiddles não desviou os olhos. Sorri sem graça e pigarreei. 

- Eu... Tenho que ir. - Desencostei da porta sem nem ter idéia de que havia escorado alí.

- Bom trabalho - ele disse em uma voz suave - vou tomar um banho.

Informação demais...

Agora eu ficaria imaginando ele no chuveiro.

- Bom banho - falei, andando em passos lentos de volta para a recepção. 

Tom riu.

- Até mais, Lia.

Ouvi ele pronunciar meu apelido e só pude ficar parada absorvendo o timbre daquela voz. Ele piscou um olho pra mim e fechou a porta. Fiquei encarando a madeira pintada de branco por um tempinho até conseguir voltar ao trabalho.

-X-

No dia seguinte eu quase não o vi. Apenas na parte da manhã, quando saiu para uma corrida matinal, e quando partiu para o trabalho, um pouco antes de meio-dia. Deixei tudo pronto para ele quando voltasse. Quarto limpo, revistas atuais e jornais de Londres, adega cheia e os cardápios de refeições na mesinha de cabeceira da cama, bem ao lado do telefone. 

Quando saí, às 22:00hs ele ainda não havia retornado e minha chefe disse que eu poderia ir. 

Fiquei o dia todo aflita na expectativa de vê-lo, falar com ele e olhar em seus olhos. Sua visita na pousada era realmente especial para mim. Suspirei, ao desabar no sofá de casa, me repreendendo. Ele nunca olharia para mim do mesmo modo e eu sempre seria a menina que fingia ser animada, mas que ficava nervosa só de olhar para ele por mais de alguns segundos. Com esse pensamento, e um peso horrível na consciência, fui para o banho.