História O idiota do meu vizinho - Capítulo 14

Chegamos no carro, Harry abriu para que eu entrasse. Eu estava nervosa... ansiosa talvez.

Nem percebi quando Harry entrou no carro e deu partida no mesmo. Eu o encarei e ele me encarou rapidamente de volta.

— Muito nervosa? — Assenti respirando curtamente.

— Um pouco... A muito tempo que eu não vejo a minha família.

— Fique calma, eu estarei lá com você para o que precisar. — Assenti.

— É o casamento do miserável do pai do meu filho. — O sinal ficou vermelho. Harry parou o carro e olhou para mim franzindo a testa.

— Você ainda... gosta dele?

— Oh não! Não! Eu sinto mágoa, não por mim, mas pelo Noah. Eu era uma menina quando engravidei dele, por ser idiota e provar o meu amor. Ele me abandonou quando eu mais o precisei. Ele negou o nosso filho, eu fui expulsa de casa e tive que ir à luta. Se não fosse a minha falecida madrinha... eu nem saberia o que seria de mim. Graças a Deus eu tive ela em minha vida. Que Deus a tenha em um bom lugar. — Eu disse um pouco emocionada. Eu estava quase chorando, lembrar da minha madrinha era sentir saudades, sentir falta de seus conselhos, seus carinhos. Ela foi muito mais do que uma madrinha, foi uma mãe.

Nesse momento, Harry apanhou minha mão, fazendo um carinho na mesma.

— Não fique assim, Gi. Eu estou aqui para você e para o Noah... Serei sempre um amigo, sempre que precisar pode contar comigo. — Assenti e ele voltou a dirigir o carro. É isso, claro. Harry nunca me viria como uma mulher e sim como uma amiga. Eu tinha que parar de criar certas expectativas, não é porque ele me ajuda com o Noah, ou que me ajuda para não passar vergonha com a minha família, que ele esteja interessado em mim...

....

Ficamos em silêncio, até a metade do caminho. Até que Harry voltou a puxar assunto, e conversamos sobre diversas coisas, inclusive nossos gostos, de datas, aniversários e sobre a nossa família. Ele queria ficar a par de tudo para não entrar em contradição contra a minha família. Ele é um pouco reservado e pouco falou de si. Sobre a família dele, falou de sua mãe com devoção e de sua irmã, Gemma.

Eu estava encantada ainda mais com o meu vizinho, aquele que parecia ser idiota para mim na primeira impressão e me impressiona a cada dia que passa me mostrando que eu estava errada...

[...]

Finalmente chegamos no casamento. Eu respirei fundo contando até 10 para sair do carro. Harry abriu a porta para mim, com delicadeza me ajudou a descer de seu carro. Ele me encarou parecendo estar preocupado.

— Você está bem? Se quiser, nós podemos voltar e....

— Não se preocupe. Eu só estou um pouco nervosa por ter que reencontrar a minha família novamente. — Harry suspirou pensativo e assentiu ajeitando uma mecha de seu cabelo.

— Então vamos. — Eu assenti. Ele fechou o carro acionando o alarme e me deu o braço para que entrássemos no condomínio luxuoso. O casamento da minha irmã aconteceria na mansão dos Benson’s. Os pais de Victor.

Harry sorri para mim como se tentasse me assegurar de algo enquanto caminhávamos para a parte aonde aconteceria a cerimônia e a festa. Travei no lugar observando os convidados. Alguns me olhavam espantados. Outros admirados.

— O que houve? — Harry perguntou preocupado ao me ver travar no lugar.

— Os... Os meus pais... Eles estão ali na frente. — Apontei com o rosto na direção deles que estavam alheios conversando com os pais de Victor. Harry suspirou e me olhou.

— Eu não entendo como eles podem ter apoiado essa cachorrada que esse babaca fez com você. — Assenti com um sorriso perplexo no rosto.

— Como pode ver, eles têm muito dinheiro e isso explica muitas coisas... — Harry bufou parecendo chateado.

— Desculpe te falar, Gi, mas a sua família é um tanto tóxica pra você.

— Eu tenho que concordar. Tem horas que eu penso que nasci na família errada. — Harry assentiu sorrindo e então procuramos um lugar para nos sentar. Eu não queria me sentar na frente como a irmã da noiva e cunhada do traste do Victor Benson.

A cerimonia começou no mesmo instante em que me sentei com Harry. Ele olhou para Victor com uma expressão indecifrável.

— Aquele ali que é o babaca do pai do Noah? — Assenti sem muita vontade e vi minha irmã desfilar pelo tapete vermelho com pétalas de rosas brancas jogadas ao chão. Ela estava divina em seu vestido de noiva e radiante.

Olhei para Victor que parecia sem expressão. Suspirei me lembrando dos tempos de menina. Quando eu era apaixonada por ele desde os meus onze anos. Eu dizia a Giselle que eu e Victor ainda iríamos namorar, nos formar, casar e por fim, montar a nossa família.

No final quem conseguiu tudo isso foi a Giselle. Giselle sempre teve tudo com os meus pais... Eu sempre sofri. Respirei fundo e senti a mão de Harry acariciar a minha me encarando de uma forma como se solidarizasse com a minha situação. Eu forcei um sorriso e por dentro me senti mal. Odiava que as pessoas sentissem pena de mim, seja pelo meu peso, pela minha vida fodida. Literalmente isso me deixava desconfortável e por isso mesmo, eu me isolo do mundo.

Passei tanto tempo alheia pensando em tudo que quando dei por mim, a cerimonia tinha acabado de terminar e os noivos estavam indo rumo a valsa. A tal valsa...

Assim que me levantei com Harry, gelei quando vi minha mãe e meu pai. Eles me encaravam incrédulos e meu pai com aquela expressão dura de sempre. Harry me segurou pela cintura um pouco forte para me mostrar que ele estava comigo para o que precisasse e eu engoli seco a medida que minha mãe se aproximava... Eu queria apenas voltar para meu apartamento...