História O Idiota Que Eu Odeio-Beauany - Capítulo 123

P.O.V Any

Sabina havia esperado minha reação, que não deu em outra foi de puro pânico. Eu não conseguia desferir as palavras exatas, sentindo um bolo em minha garganta e lágrimas invadirem meus olhos. 

Eu: Eu... grávida? - questiono fraca e desacreditada. No momento eu só conseguia pensar no que seria de mim, uma garota de dezessete anos, sem um futuro aparente e grávida. 

Sabina me encara com seus olhos castanhos e pousa suas mãos em meus braços. 

Sabina: Any... calma! - pede tranquila. - Inspira. Expira. Repete comigo. Inspira. Expira. 

Tentei acompanhá-la, imitando seu gesto. Inspira. Expira. Pedir para eu me acalmar era fácil, quero ver estar na minha pele. Inspira. Expira. Ah meu Deus, meus pais vão enlouquecer. E Ron e Úrsula então? 

Josh praticamente acabou de sair daquela confusão com Taylor e agora era a verdade. Agora teríamos de cuidar de um bebê. Só de imaginar a cena me causava risos de nervoso. 

Sabina: Tá melhor? - questiona, afrouxando o aperto sobre minha pele. 

Aceno, ou tento, positivamente. A tremedeira das minhas mãos prevalecia, porém com menos intensidade. Sabina então me guia para longe do banheiro e entramos em meu quarto. 

Sabina: Acho melhor você se sentar amiga. Não quero ter que carregar você de novo! - diz ajeitando minhas almofadas e praticamente me obrigando a sentar. 

Ela vai até a janela e abre as persianas, expondo o cinza que estava o dia. Era um sinal lógico que choveria a qualquer momento, me fazendo fechar os olhos bem forte com esse pensamento. 

Sabina: Vou pegar um copo d'água pra você. - Anuncia. 

Eu: Não precisa Saby. - Tento impedi-la. 

Sabina: Faço questão. - diz decidida. - Fique aí e me espere, tá? 

Resolvo forçar um sorriso. 

Eu: Onde espera que eu vá? - faço graça.  

Sabina dá de ombros. 

Sabina: Eu espero que a lugar nenhum. - Responde. 

Ela dá as costas e passa pela porta, saindo do quarto. Me deixando com meus pensamentos mais complexos e preocupantes sobre o que seria a partir de agora. Teria que contar isso aos meus pais, ao Josh e aos pais dele, sobretudo esperar o apoio deles. 

Institivamente eu levo minha mão a barriga, não sentindo nada além do músculo ali presente. Acabo fazendo um movimento circular e uma energia diferente atravessa minha pele, dominando todo o meu corpo. 

Uma rajada de vento invade todo o quarto e toma meu rosto, numa brisa refrescante. Era sinal do frio se aproximando, e eu olho através da janela. Me levanto e vou até ela, pousando minhas mãos no batente da janela e encarando a de Josh. Ele estaria de volta a sua janela quando enfim chegasse da escola, a não ser que viesse direto para a minha casa. 

E então surgiu. Um sorriso teimoso, de um sentimento sincero e agora conformado. Ou apenas meio conformado. 

Sabina: O que está fazendo aí? - pergunta logo atrás de mim, me tirando de meus devaneios. - Senta aqui, agora! 

Franzo o cenho e ponho minhas mãos na cintura, inconformada. 

Eu: Por que está agindo feito a minha mãe? - questiono. 

Sabina: Porque seria assim que ela estaria se soubesse da sua gravidez. - Responde, esticando a mão com o copo de água para mim. 

Eu: Sabina, eu estou bem. - Digo e aceito o copo. - Ficar em pé não vai me causar nada. 

Sabina: Além de cair no chão e me causar uma senhora dor na coluna. - Se defende. 

Eu escondo um sorriso atrás do copo, tomando a água e agora me acalmando mais. Quando terminei Sabina me encarava, curiosa. 

Sabina: E aí? Como você está se sentindo agora? - pergunta colocando as mãos no bolso do seu moletom. 

Engulo seco algumas vezes e acabo mordendo meu lábio. 

Eu: Não sei. - Admito. - Eu não esperava isso. Acho que... eu nunca espirraria isso. 

Sabina: Entendo. - E parecia sincera. - Mas você não pode desanimar, o futuro do seu pequeno feto está em suas mãos. 

Suspiro. 

Eu: Eu sei. Preciso organizar minha mente... 

Sabina: E falar com o Josh, de uma vez. A presença dele é fundamental. - Comenta e eu aceno. Ela tinha razão, e eu reconhecia isso. 

Então ouvimos algumas batidas ansiosas vindas lá debaixo. Sabina mantém nossos olhares por um tempo, e sabíamos quem era. 

Sabina: Já deu minha hora. - Anuncia, e vem até mim em um abraço apertado. - Boa sorte meu amor. Qualquer coisa me liga. 

Eu: Obrigada amiga! - digo sincera. 

Nós descemos e Sabina abre a porta, enquanto eu vou me sentar no sofá. Ela expõe um Josh desesperado e com uma cara pálida. 

Josh: Eu quase arrombei essa porta. - Confessa. - Por que demoraram tanto? Cadê a Any? 

Sabina: Respira Beauchamp. - Se adianta. - Ela tá te esperando. Vocês precisam conversar. 

Noto de onde estou que ele ficou atento, tadinho. Então seus olhos encontram os meus e sem pensar duas vezes ele passa por Sabina a ignorando e num movimento fecha a porta atrás de si. Delicado feito coice de cavalo!  

Ele fica a minha frente, deixando sua mochila no chão e ajoelhando-se enquanto estou sentada. Seus olhos procuravam algum sinal do que estava acontecendo e eu o encarei. Não sabia por onde começar. A única certeza que eu precisaria ter era de que Josh estaria disposto a ter aquele filho comigo. 

Josh: O que foi Any? - pergunta, procurando minhas mãos sobre o meu colo e as segurando com as suas. - Aconteceu alguma coisa? 

Aquele gesto fez com meu coração acelerasse de uma maneira assustadora e eu não sabia por onde começar. Poderia parecer algo simples, mas só estando naquela situação para notar o contrário. Puxo o ar cabisbaixa e então sinto o aperto carinhoso de Josh, tão atento e preocupado que me encorajou instantaneamente. Olho em seus olhos decidida, buscando meu abrigo e um refúgio que desejava com todas as forças receber. 

Encontrei algo melhor que isso. Os olhos de Josh me passavam todo o amor que uma garota como eu nunca esperava achar, que seria impossível reconhecer algo tão verdadeiro em apenas um olhar. 

Josh: Por favor... - sussurra. Ele suplicava minhas palavras, e isso fez com que eu ficasse emocionada.  

Eu: Eu estou grávida! - respondo de uma maneira quase inaudível, mas sem desviar meus olhos dos de Josh. Ele ficou estático o que me assustou e toda a segurança que eu supus ter, estava esvaindo de mim. Procuro vestígios de qualquer reação nele, mas sua expressão estava neutra. - Josh? - chamo ele. - Não vai dizer nada?  

Ele joga seu corpo para cima repentinamente, me assustando. Josh dá as costas pra mim e foi onde vi tudo estar perdido. Não era essa a reação que eu esperava dele, no mínimo esperava um É sério? mas não essa. 

Então um peso cai sobre meus ombros e eu me encolho, deixando as teimosas lágrimas descerem. Enterro meu rosto em minhas mãos por um tempo, até que também me levanto para encarar Josh. 

Eu: Eu também não estava esperando por isso. - Confesso com a voz embargada. - Mas ao invés de estar histérica e renegando o feito, eu estou aqui diante de você confessando que estou esperando um bebê... - agora o tom se elevou um pouco mais do que eu queria. - Enquanto você está me dando as costas. DÁ PRA APENAS DIZER ALGUMA COISA, OLHANDO PRA MIM? 

Josh se vira lentamente para me olhar. Esperava vê-lo com uma expressão nervosa, indiferente ou até mesmo indignado pelas nossas consequências imprudentes, mas fui pega de surpresa ao ver lágrimas pelo seu rosto. 

Eu: Josh... 

Em um passo ele está mais a minha frente, com suas mãos tomando meu rosto e um brilho intenso no olhar. 

Josh: Não tenho dúvidas de que você é a garota certa para ser mãe de um filho meu. - Confessa, mesmo esquecendo da nossa precocidade em sermos pais. Eu relaxo meu rosto em um sorriso emocionado, involuntário.

Então ele me toma em seus braços e me levanta em um abraço carinhoso e apertado. Sou atingida pelas gargalhadas e ao descer encontro seus lábios com os meus, em um beijo lento e totalmente diferente de todos os que tivemos. Pois essa vinha não apenas com duas pessoas, mas com uma terceira entre nós. 

Josh interrompe o beijo para me olhar. Ele passa suas envolventes mãos pelo meu rosto, acariciando cada milímetro e eu fecho os olhos para sentir o toque. Ele se afasta e começa a ficar pálido. 

Eu: Josh? - o chamo quando ele dá um pequeno passo distraído para o lado. 

Josh: Ah meu Deus. - Leva sua mão a cabeça. - Eu vou ser pai mesmo... 

Eu: AH NÃO JOSHH! - dou um grito divertido e explodo em gargalhadas enquanto ele caía no sofá ao lado.  

Josh acaba de desmaiar. E eu que estou grávida.