POV's Jimin
— Olha — Jin suspirou antes de prosseguir — Você realmente está na merda, mas posso tentar te ajudar. Tente não sair do estágio que está — bateu levemente no meu ombro, pegou o sanduíche e deu uma grande mordida.
Estágio? Como assim?
— Me explica melhor sobre isso de "estágio" — fiz aspas com os dedos, peguei minha caixinha de suco logo bebendo o conteúdo. Suco de uva.
Até o suco de uva me faz lembrar do galinha vulgo Jeon Jungkook, tudo que ando fazendo me lembra ele. Isso não é bom.
— Quando se gosta de alguém, sempre se passa por estágios — deu de ombros.
— Fale mais sobre eles — pedi.
— O primeiro estágio é o de não aceitação, por exemplo, quando seus amigos já perceberam que você gosta de determinada pessoa, e mesmo assim você nega até não ter mais voz.
Oh, eu acho que já passei deste estágio.
— O segundo estágio é o de aceitação e extrapolação, se assim podemos chamar, você só fala da pessoa, em todos os assuntos.
Ah eu também já passei por esse.
— O terceiro já é um pouco mais avançado, você vê aquela pessoa em qualquer objeto que pega, e se ela está com outro você sente uma pequena dor.
Eu sinto uma dor bem forte.
— O quarto, a dor parece a mesma, e aparentemente nesse estágio tudo que a pessoa faz é mil maravilhas, e tem até um pouco de ilusão.
Meu deus? Eu já estou no quarto?
— O quinto e penúltimo, você sente todas as coisas dos outros estágios mas de maneira intensa, a dor é maior, parece que ela se alastra por todo seu coração, e aquele pontinho que não era de se preocupar, se tornou sua maior preocupação, olhar para aquela pessoa com outra, faz seu coração parecer vidro, ele se quebra e cortar seu peito internamente, e você chora mesmo não querendo, por que você já está amando e nem percebeu — finalizou com um suspiro e logo em seguida me olhou.
Infelizmente eu estou no quinto estágio, e isso é péssimo.
— Então Jiminie, já sabe em que estágio está? — questionou-me.
— Sei — suspirei olhando para o teto antes de prosseguir — estou no quinto.
Jin colocou a mão na boca, e franziu o cenho. Como se aquilo fosse algo fora do comum.
— Oh, eu achava que você estava no quarto estágio. Vejo que as coisas estão bem mais sérias — coçou a nuca em nervosismo.
Se Jin não sabe o que me dizer, então significa que eu realmente estou num posso sem fundo, Jin sempre sabe a resposta pra tudo, bom, quase tudo.
— O que devo fazer Jin? — perguntei já transparecendo preocupação.
— Faça o que seu coração manda, mas, recomendo que se aproxime de Jeon novamente — deu dois tapas leves em meu ombro.
— É da aproximação que tenho medo — confessei impaciente.
— Se você deixar o medo te dominar, você nunca dará o primeiro passo — advertiu me fazendo suspirar e balançar a cabeça em concordância.
E no final Jin sempre estará certo, por que ele é como uma mãe, e parece sempre saber a resposta.
— Ele está vindo, fale com ele — se levantou deixando-me sozinho, com o nervosismos a flor da pele.
— Oi Jimin — ouvi a voz melodiosa de Jeon próxima a mim.
— Olá Jungkook — respondi. Minhas mãos começaram a suar frio, e meu estômago pareceu dar uma volta completa fazendo-me ter vontade de vomitar.
— Já se sente bem? Aquele dia você saiu correndo da sala quando eu disse que parecia estar com febre — aproximou-se sentando-se na cadeira a minha frente, onde anteriormente se encontrava Jin.
— Ah sim, eu só havia sentido um pouco de enjoou — murmurei baixo me xingando mentalmente por estar sendo tão vulnerável na frente de Jeon, coisa que antes eu não ousava ser.
— Já foi ao médico? — perguntou aparentemente preocupado (?). Só de pensar desse modo meu coração parece "dançar" de alegria.
— Ah, não. Foi só um mal estar — senti minhas bochechas esquentarem assim que Jeon encostou sua mão na minha.
— Tem certeza? Você está vermelho de novo — disse, e eu pude ver um sorriso mínimo crescendo em seus lábios.
— Tenho. Desculpa Jungkook, mas a aula já vai começar, então, tchau — peguei minha mochila que estava sob a mesa e apressei meus passos, antes que eu demonstrasse mais vulnerabilidade, e Jungkook já percebesse a verdade sobre o por que de minhas bochechas estarem vermelhas.
Se eu continuar com os meus sentimentos descontrolados, nunca conseguirei me aproximar de Jungkook igual antes. Tenho que ser mais forte, e é isso que vou fazer.
[...]
Algumas aulas se passaram e finalmente o 2º intervalo chegou.
— Jimin, vem comigo no banheiro? — Tae pediu, e eu assenti.
Andamos em silêncio até o toalete, ele abriu a porta dando passagem pra mim entrar primeiro, mas logo fechou a mesma ficando para fora, o barulho de algo sendo trancado ecoou pelo local, aparentemente vazio.
— Eu não acredito que você está fazendo isso! — exclamei batendo fortemente na porta — Abre essa merda!
— Ele não vai abrir — me assustei ao ter a voz de Jungkook tão perigosamente próxima ao meu ouvido.
— J-jungkook? O que faz aqui também? — questionei me virando, logo me arrependendo ao ver nossos rostos tão próximos.
— Taehyung disse que precisava da minha ajuda, que você estava passando muito mal — respondeu. Oh, então ele veio até aqui por preocupação? — Eu vim por que sabia que você é pesado e ele não te aguentaria.
Aish, eles tá insinuando que sou gordo?
— Ah, entendi — respondi me apoiando na porta e escorregando até o chão, onde me sentei.
— Vai mesmo se sentar no chão?
— Tem outra opção? Se tiver me fala.
O silêncio se estabeleceu, logo Jungkook se sentou ao meu lado, e seu perfume adentrou minhas narinas, fazendo-me derreter internamente.
— Por que parou de falar comigo? — perguntei, recebendo em resposta um nada. Suspirei, colocando minha cabeça no meio de meus joelhos.
Olhei de relance para o lado e vi que Jeon encarava a janela aberta, seu rosto é iluminado apenas pelos raios solares que adentram o local, e ele parece mais bonito do que o normal, sua cicatriz na maçã do rosto lhe dá um charme a mais e seus lábios avermelhados, estão mais chamativos.
Balancei a cabeça, afastando esses pensamentos tão enjoativos mas que pareciam necessários, e convidativos.
Jeon está aqui do meu lado, encostando seu joelho no meu, causando um choque elétrico em meu corpo, e esse pequeno calor que ele me passa, faz com que meu coração se esquente, e uma nova chama nasça.
— Vamos fugir! — Jeon finalmente se pronunciou, meu cenho se franziu automaticamente. O que ele quer dizer com "fugir"?
— O que, como assim? — questionei ainda digerindo sua fala.
— Você vai ou não? — ele se levantou indo até a janela, onde parecia medir a altura.
— Eu tenho opção? — questionei ironicamente. Me levantei, batendo em minha calça para tirar qualquer vestígio de sujeira, que possivelmente estava ali, me dirigi até ficar ao lado de Jeon. A nossa diferença de altura, se posso opinar, é adorável!
— Tem. Se ficar, irá permanecer aqui até alguém ter uma vontade imensa de ir pro banheiro e se sair, poderemos vandalizar altas coisas, e comprar drogas — respondeu por fim me fazendo franzir o cenho com sua última fala — estou brincando baixinho. Vai ou não?
— Vou...
Eu posso me arrepender, mas parece algo legal, é o que meu coração diz, e como Jin aconselhou. Seguirei o que meu coração indica ser certo.
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