História O inferno de Taehyung - Capítulo 07

Taehyung pediu a refeição, certificando-se que havia pedido as maiores porções de filé mignon possível. Quando Jungkook protestou, afastou sua preocupação com um aceno de mão, observando que ele poderia levar para casa as sobras. Se Taehyung estivesse certo, esta refeição daria para alimentá-lo por um par de dias. Ele se perguntava o que Jungkook iria comer depois de terminada a refeições, mas se recusou a se permitir pensar sobre o problema. Este foi um evento único, e só porque Taehyung havia gritado com ele e o envergonhado. Depois disso, as coisas entre eles seriam estritamente profissionais. E ele seria deixado para enfrentar suas futuras calamidades, sozinho. 

Por sua vez, Jungkook estava feliz de estar com ele, queria ser capaz de conversar com ele, para lhe perguntar realmente sobre sua família e o funeral. Ele quis confortá-lo pela perda de sua mãe. Ele queria confidenciar seus segredos e ouvir os dele em troca, mas como os olhos de Taehyung estavam um pouco distantes do dele, sabia que não poderia ter o que desejava. 

Então sorriu e mexeu com os talheres, esperando que ele não notasse seu nervosismo e seus desejos perturbadores. 

— Por que você começou a estudar italiano na escola? Jungkook se engasgou. Seus olhos se arregalaram e sua boca vermelha e bonita estava aberta. As sobrancelhas de Taehyung franziram com sua reação. Ele se espantou com sua reação, afinal não havia perguntado para Jungkook o tamanho da sua cueca.  

— Hum, eu fiquei interessado em literatura italiana. Em Dante e Beatrice. Ele dobrou e redobrou o guardanapo de linho no colo. Ele pensou na pintura em seu apartamento e sua semelhança extraordinária com Beatrice. Mais uma vez, o pensamento distorcido em sua mente o provocando uma vez mais, e mais uma vez ele afastou sua imaginação de lado. 

— São interesses notáveis para um jovem. Ele disse, permitindo-se memorizar a sua beleza. 

— Eu tinha... Um amigo que me apresentou a eles. Ele parecia triste e mais do que um pouco triste, e Taehyung  percebeu que estava pisando muito perto numa velha ferida, e então rapidamente refez seus passos tentando encontrar um terreno mais confortável para se aventurar. 

— Antonio gostou muito de você. Jungkook olhou para cima e sorriu lindamente. 

— Ele é muito gentil. 

— Você floresceu em bondade, não é? Como uma rosa.  As palavras escaparam de seus lábios antes que ele tivesse tempo para considerá-las, e no momento em que foram pronunciadas, Jungkook o olhou sem nenhum entusiasmo, era tarde demais para retirá-las. Foi o suficiente. 

Taehyung começou a focar sua atenção em seu copo de vinho, as imagens nubladas, e seu comportamento ficou muito frio. Jungkook observou a mudança, mas aceitou-a e não fez mais nenhuma tentativa de conversa. Durante a refeição Antonio claramente encantado, passou mais tempo do que o necessário à sua mesa, conversando em italiano com Jungkook e o convidando para se juntar à sua família no Clube Ítalo-Canadense num jantar no próximo domingo. 

  Ele aceitou o convite graciosamente e foi recompensado mais tarde com um tiramisu, café, biscoitos, grappa, e finalmente, uns beijos de chocolate pequenos, numa lenta sequência. O professor Taehyung não foi recompensado com estas delícias, e assim ele apenas ficou lá, pensando, enquanto observava o Sr. Jungkook se divertir. 

Até o final da noite, Antonio havia trazido uma cesta grande em suas mãos e não permitiu que ele recusasse. Ele o beijou no rosto várias vezes depois que o ajudou com seu casaco, então pediu ao professor para trazê-lo de volta em breve e muitas vezes. O professor Taehyung endireitou os ombros e olhou para Antonio fixamente com um olhar frio como pedra. 

— Isso não será possível. Virando em seus calcanhares, ele saiu do restaurante, deixando Jungkook e sua cesta pesada se arrastando tristemente atrás dele. Enquanto observava a partida do casal incompatível, Antonio se perguntou por que o professor traria uma criatura tão linda para um lugar romântico para sentar-se estoicamente sem falar com ele, olhando o tempo todo como se estivesse com dor. 

  Quando chegaram ao apartamento do Sr. Jeon, o professor Taehyung gentilmente abriu a porta para ele e retirou a cesta do banco de trás do Jaguar. Ele olhou para a cesta curiosamente, movendo algumas coisas para que ele pudesse analisar melhor seu conteúdo. 

— Vinho, azeite, vinagre balsâmico, biscoitos, um pote de manteiga caseira feita pela esposa de Antonio, sobras. Você vai ser muito bem alimentado para os próximos tempos. 

— Graças a você.  Jungkook sorriu, colocando sua mão para fora para pegar o cesto. 

— Está pesada. Vou levá-la para você. Ele o acompanhou até a varanda da frente do prédio e esperou enquanto ele abriu a porta, então entregou-lhe a comida. Ele começou a examinar seus sapatos e suas bochechas ficaram quentes enquanto ele pensava naquilo que precisava dizer. 

— Obrigado, professor Taehyung, por essa noite agradável. Foi realmente gentil de sua parte... 

— Sr. Jeon. Ele lhe interrompeu.  

— Não vamos fazer isso mais estranho do que já está. Peço desculpas por minha... grosseria anterior. Minha única desculpa é, ah, razões de natureza bastante particular. Então vamos apertar as mãos e seguir em frente. Ele estendeu a mão, e Jungkook aceitou. Taehyung tentou apertar a mão dele, não muito forte para não o machucar ignorando absolutamente a emoção que corria em suas veias com a sensação de sua pele macia e delicada contra a dele. 

— Boa noite, Sr. Jeon. 

— Boa noite, professor Taehyung. E com isso, ele desapareceu em seu prédio, deixando o professor em termos ligeiramente melhores do que ele o tinha deixado naquela tarde. 

Uma hora mais tarde, Jungkook se sentou em sua cama, olhando para a fotografia, que ele sempre mantinha sob seu travesseiro. Ele a olhou durante muito tempo, tentando decidir se deveria destruí-la, deixá-la onde ela sempre esteve, ou colocá-la em uma gaveta. Ele sempre amou esse quadro, ele amava o sorriso no seu rosto.  

Era a foto mais bonita que já tinha visto, mas também machucava muito olhar para ela. Ele olhou para a pintura bonita que pairava sobre sua cama e lutou contra as lágrimas. Ele não sabia o que esperar de seu Dante, mas ele definitivamente não receberia nada dele.  

Assim, com a sabedoria que vem somente depois de ter experimentado um coração partido, ele resolveu deixá-lo ir uma vez por todas. Ele pensava em si agora, na improvisada e abarrotada despensa; e na bondade que Antonio havia lhe mostrado.  

Pensou nas mensagens de voz que ele tinha recebido de Paul, como ele havia expressado preocupação em deixá-lo sozinho com o Professor e pediu a ele chamá-lo a qualquer hora para lhe dizer que estava tudo bem. Ele caminhou até a penteadeira, abriu a gaveta de cima, e colocou a fotografia com reverência, mas com determinação bem no fundo, debaixo da roupa íntima sexy que ele nunca usava. E com o contraste entre os três homens bem fixados em sua mente, ele voltou para a cama, fechou os olhos, e sonhou em um pomar de maçã negligenciado.