História O inferno é só o começo - Hell?

   Estava em meu quarto andando de um lado para o outro, bufando e puxando meus cabelos tentando manter a sanidade.
  
   Olho para o lado e encontro um porta retrato com uma foto nossa sorrindo e ao lado tinha escrito "Francine & Luana, 4ever " com a caligrafia caprichada e  corações azuis desenhados, isso me deixava mais aflita e agitada."Calma Francine, as vezes ela só está querendo um tempo sozinha.... Calma Fra..."

   Já tinha perdido as contas de quantas vezes repeti isso em voz alta pra me convencer... o que obviamente não acontecia.

   Depois de quase criar um buraco no chão do meu quarto, peguei meu celular, disquei seu número, e levei o objeto até meu ouvido, a cada toque meu grau de aflição se elevava de uma forma absurda. Fui encaminhada para a caixa postal pela 37° vez no mesmo dia, joguei-o na cama tentando de alguma forma extravasar minha raiva e preocupação, me jogando junto a ele logo em seguida.

   Comecei a encarar o teto e lembrar da última vez que nos falamos, ela não demonstrava estar triste, mas seus olhos transbordavam mágoa e decepção.

~flashback~

   Luana me abraçava com força, molhando meu ombro com suas lágrimas.

-Me... Me desculpe, eu deve... Deveria ter acreditado em você, eu odeio ele - Disse ela entre soluços e apertando meus braços.

   Eu estava parada e apenas retribuindo seu abraço de forma maternal e acolhedora, passando minha mão esquerda em seus cabelos. Fiquei confusa, pois tinha acabado de chegar em sua casa, estava ofegante e meio atônita, tinha corrido por três quadras até lá após receber a mensagem:
"Vem aqui, por favor!"
Certamente notei que ela não estava bem, ela não é de pedir por favor... Ou ser... Carinhosa...

  Afastei ela do abraço, olhei para os seus olhos e sequei suas lagrimas.
_Não fica assim, anjo, ele não merece suas lágrimas, guarde elas para o meu enterro, sim? - disse arrancado uma risada nasal sem humor dela, eu não sou boa com palavras de apoio, ela sabe disso, por isso apelo para minhas piadinhas sem graça.

   Ficamos um bom tempo ali... Sem dizer palavra alguma... Até que ela entrega seu celular para mim, pego e fico espantada com o que vejo, era ele, seu namorado dormindo nú ao lado da pessoa mais detestável que conhecemos... Hellen, que fez questão de tirar uma selfie e mandar para Luana

  Meu coração apertou, apenas tirei o celular de minhas mãos e voltei minha atenção para minha amiga que agora estava mais calma encarando o chão, com os olhos marejados.

   _Quer saber? Vamos fazer alguma coisa muito foda - ela disse levantando feito um furacão mas no fundo eu sabia que ela só estava disfarçando, mesmo assim fui na dela, assistimos uns filmes e comemos alguns salgadinhos, sim essa é nossa coisa muito foda.

  Ja estava ficando tarde e precisava ir para minha casa, com tristeza, abracei ela forte e dei-lhe um beijo estalado na bochecha.

_Fica bem, viu?

_Claro que vou. - ela riu fechando o portão de sua casa.

   Eu sai de lá com a certeza de que eu dormiria carregada de preocupações e ela de lágrimas.

~Fim flashback~

  Era fato! Se eu continuasse lá parada, enlouqueceria. Respirei fundo, passei as mãos no meu rosto e me levantei cambaleando, calçando um tênis surrado, peguei rápido meu skate, bati a porta de meu quarto e desci as escadas de minha casa, passei pelo portão trancando-o logo em seguida. Subi em meu skate e praticamente voei até sua casa, chegando lá notei que tudo estava apagado.

_LUANAAAA - Chamei ela pela 8° vez, bufei...

   Quer saber? Foda-se essa porra - sussurrei jogando meu skate pelo muro e pulando-o logo em seguida, adentrei aquela casa escura e vi que tudo estava da mesma forma que há dois dias atrás, quando a vi pela última vez. Meu coração disparou e corri até seu quarto, lá a encontrei, pálida, encolhida e com a respiração fraca e falha.

   Comecei a chamar seu nome e mexer na sua cintura para ver se ela dava algum sinal... E nada... Quando toquei em seu rosto vi que ela estava ardendo em febre.

   Corri para a minha casa pulando o muro novamente. Peguei as chaves do meu carro, que mal usava, por ainda não ter tirado minha carteira, entrei nele sem temer as consequências, acelerei e fui até sua casa, chegando lá notei mais um obstáculo. O portão. Como ele já não estava em perfeito estado, tomei coragem, peguei uma leve distância e me joguei nele, ele caiu levando um pouco de tijolos velhos. Eu caí junto  sentindo uma dor alucinante no meu braço direito e logo sentindo um líquido quente escorrer por todo ele, olhei para aquilo sem me importar e corri até o quarto de Luana pegando- a em meus braços com muita dificuldade e a levando até o banco de trás do meu carro, fechei a porta checando como ela estava, entrei no carro, coloquei as mãos no volante, respirei fundo com lágrimas nos olhos e tremendo, dei partida.

   Ultrapassei sinais, quase bati mas não parei até chegar aonde eu queria.

Cheguei no hospital, sai do carro correndo, peguei ela e corri até a recepção, logo vi vários medicos a minha volta, colocaram-na em uma maca, e a última coisa que me lembro foi de uma enfermeira olhando para meu braço com preocupação, logo tudo ficou escuro, vazio e silencioso.

(...)

   Acordei sentindo todo o meu corpo doer, eu estava sobre uma maca branca, numa sala praticamente vazia e impecavelmente branca, até que me assusto com a presença de uma mulher alta, magra com os cabelos médios, usando um vestido justo e preto.

   _Luana... Aonde ela esta?- digo tentando me levantar, mas a mesma faz um sinal para eu continuar aonde estava.

   _Ela está morta. - ela disse sem emoção, coloquei a mão na boca senti meus olhos encherem de lágrimas e olhei para os lados tentando conter meu desespero na frente de uma desconhecida.

    _Ah... Não chore pequena Francine, você também está. Luana esta no quarto ao lado! - ela disse  um sorriso acolhedor .

   _O que? Você só pode estar louca, eu estou aqui, eu estou me vendo... Eu... Meu corpo... Não pode... - disse confusa e duvidando das capacidades mentais dessa mulher.

   _Pois é meu bem... Bem vinda ao inferno! - ela disse com um sorriso sádico no rosto e logo me atingindo com um abajur.