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História O inverno das flores douradas - O fim do inverno


Escrita por: Misukisanlover

Notas do Autor


Hoihoi espero que curtam o final e torçam por mim no concurso kkk
Beijos Amani Misuki

Capítulo 2 - O fim do inverno


 

Parte 2: O fim do inverno

 

As pessoas morriam de várias formas naquela vila. Kai podia notar tiros, vindo de armas encantadas e outras tecnológicas. Viu pessoas morrerem cortadas por adagas, espadas... Machados. Viu pessoas sendo queimadas pela magia de alguns poucos magos que Noxus tinha.

Aquilo jamais seria uma obra de arte. Era um espetáculo de horror, onde o diretor tinha um mau gosto enorme. O sofrimento das pessoas não chegava a comover Kai... Até o momento que ele olhou para o seu lado esquerdo.

Krystal estava chorando. A boca estava aberta como se ela estivesse gritando, mas nenhum som saia de sua boca. Suas lágrimas molhavam seu vestido sujo e suas mãos apertavam a terra com força. A cada explosão, ela gemia e tentava respirar em meio ao choro sufocante. Colocou as mãos no peito e começou a soluçar.

Kai tentou se afastar, mas as correntes não o deixavam fugir dali. Não queria ver aquilo... Não queria sentir aquilo...

A partir do momento que Kai intercalou o olhar entre as mortes e a princesa chorando, percebeu que ela podia sentir dor com o que via. Uma dor terrível, que ele quase podia sentir só de olhar para ela.

Ele sentiu dor. E seus olhos começaram a se encher de lágrimas.

— Vamos sair daqui princesa... — Tentou levantá-la antes que ficasse pior, mas ela não saia do lugar, a dor era tanta que não conseguia emitir nenhum som. Ele viu que ela nem mesmo respirava e se assustou.

Ele se sentia estranho, ela havia falado que amar fazia você sentir a dor do outro.

Ele estava amando?

Krystal tentou se levantar, mas acabou caindo no chão, desmaiada. Ele a tocou e percebeu que ela estava muito fria. Colocou-a nos braços e olhou para o massacre. Precisava levá-la dali, rápido.

 

...

 

Chanyeol e Baekhyun estavam prestes a serem condenados pelo rei quando a porta do trono se abriu de uma só vez. Todos olharam para o que vinha na porta e paralisaram. Menos o rei que se levantou da cadeira com os olhos já brilhando por conta das lágrimas.

Kai vinha com a princesa pálida em seus braços.

No primeiro momento, o rei pensou que ele havia matado sua filha, mas ao ver os dedos da mulher sujos de terra tremendo, percebeu que ela estava viva e correu.

— Filha... — Ficou diante dela e olhou para seu rosto quase falecido — O que... Você fez?

— Eu não fiz nada.

— Então quem...

OS NOXIANOS ESTÃO TENTANDO INVADIR O PALÁCIO! – Soldados gritaram pelo corredor e vários deles começaram a correr para fora, para se posicionar.

— Creio que o que ela viu foi muito doloroso.

O rei olhou nos olhos de seu prisioneiro e não teve coragem de falar nada. Apenas olhou para filha beijou a mão da mulher.

 

Baekhyun tirou a corrente do pé de Krystal e colocou no seu, para que Kai não ficasse soltou apesar de se livrar da princesa. Ele estava se sentindo muito culpado por ter deixado a princesa fazer aquela loucura e Chanyeol também.

Ao ver o quão mal ela estava, ele não conseguia ver que era justamente por algo que ela estava tentando impedir. Incrivelmente, Kai podia entender e ele estava atordoado demais para pensar em sua fuga.

Quando os magos entraram no quarto da princesa, os dois perceberam que era mesmo sério o que acontecia, Baekhyun entendia bem o que acontecia, mas Kai apenas desconfiava.

— Posso saber o que ela tem? — Perguntou depois de muito tempo esperando alguma coisa nova acontecer.

 Baekhyun respirou fundo e pensou se realmente era prudente falar para ele, talvez fosse afinal ele poderia salvar o reino se quisesse.

— Ela está morrendo, — Kai continuou calado, nem um pouco surpreso com a resposta, mas esperava ouvir outra coisa — você sabe por quê?

— Não faço ideia.

— Krystal sempre foi uma princesa amada por muitos, mas ela tinha uma irmã. Essa irmã já tinha quatorze anos quando ela nasceu. A inveja e a maldade tomaram de conta dela quando ela percebeu que todos amavam a pequena menina e a ignoravam por completo desde que nasceu só por seu dom terrível para a magia das trevas. Eu diria que foi um erro do rei e da rainha desprezá-la, porque além de tudo, ela era uma criança ainda, crianças se magoam.

— Me deixa adivinhar, ela jogou uma maldição na irmã dela? — Baekhyun deu de ombros — Onde está a irmã dela neste momento? Podemos reverter o feitiço com a ajuda desses magos...

— Não. Victoria sabia que eles tentariam reverter o feitiço e como apenas ela tinha a formula, ela se matou aos dezesseis anos logo depois de amaldiçoá-la. Ela morreria de qualquer forma, o feitiço que ela lançou consome muita energia, mesmo sendo das trevas.

— Do que exatamente Krystal sofre? – Baekhyun apertou os lábios pensando na resposta.

— Apesar do assassino que eu sei que você é. Você deve ter visto a capacidade imensa que Krystal tem de amar. Eu diria que ela é a criatura mais bela que há por amar tanto assim as pessoas. Bondade é amar as pessoas mais do que elas merecem, Kai. Ela faz isso sem perceber. Na inocência, que apenas uma criança consegue ter, ela é capaz de amar qualquer criatura, inclusive você.

Aquilo foi como um tiro no peito do assassino. O que ele estava tentando falar com aquilo? Que a princesa era boba o suficiente para se apaixonar por ele?

— Existem pessoas nesse mundo que não merecem ser amadas.

— Eu sei. Você, por exemplo – O menor suspirou – mas ela não consegue ver essa diferença. É uma parte da maldição. Ela sente a dor das pessoas que ama. Ela sente o horror, o pavor, o desespero. Quando ela fala pra você que consegue sentir, não é no sentido figurado, ela sente. Ela cresceu doente por conta da depressão de seu pai e agora toda sua maldição veio a toda quando Ionia começou a ser atacada.

— Deve ser uma tortura difícil de conviver. — Kai suspirou e se calou por um tempo, olhou para o soldado e para sua espada. Uma espada que parecia ser grande e pesada demais para ele — Essa espada é sua?

— Sim.

— Ela me parece ser grande mais para você.

— Não foi feita para mim, era do meu irmão.

— Ele morreu? — Baekhyun não respondeu — Fui eu que o matei? — O mais baixo olhou para Kai e semicerrou os olhos — É que você me olha de um jeito estranho, e às vezes tenho a impressão que já te conhecia, fui eu quem matou seu irmão?

— Ninguém sabe. Ele casaria com a princesa Victoria, mas ele morreu antes dela.

— Eu acho que ainda morava na rua nesse tempo.

— Kai — O rei falou ao abrir e porta e o prisioneiro olhou para ele — Ela quer falar com você.

 

— Por favor, me deixem sozinha com eles. Preciso ter uma conversa séria, ele não vai falar nada comigo se estiverem aqui — Krystal murmurou baixinho e os magos e seu pai saíram do quarto hesitantes.

Kai se aproximou até ficar próximo à cabeceira da cama. Ela olhou para os dois e respirou fundo. Seus olhos estavam quase fechados e ela lacrimejava muito. Estava pálida e tinha marcas roxas por todo o corpo. Os cabelos negros formavam um ninho em sua cabeça.

Ela estava mal.

Ele podia ver.

Podia sentir.

— Kai... — Ela parou um pouco parecendo perdida nas próprias palavras —... Eu vou te pedir, encarecidamente, humildemente... Pela ultima vez... Salve Ionia, eu lhe imploro. Darei sua liberdade_

— Eu não posso fazer_

— E lhe darei também a minha própria vida — Baekhyun arregalou os olhos — Você disse que eu seria sua obra prima, se um dia tivesse a oportunidade de me matar... Eu estou lhe dando essa oportunidade.

Kai abaixou a cabeça e fechou os olhos. Eles não podiam ver, mas uma lágrima caia de seu rosto. Ele conseguia, de uma forma inacreditável, ver até onde chegava o desespero humano. Krystal estava praticamente morta em uma cama lhe oferecendo o resto de sua vida para salvar tantas outras.

Ao pensar racionalmente. A vida de Krystal não era nada, ela já estava morrendo, ele não teria muito “o que fazer”. E, além disso, ela tinha uma coisa...

Ele abriu os olhos e lembrou-se de algo que nunca mais havia pensado.

— Tudo bem, princesa. Eu vou ver o que posso fazer com o meu talento.

Krystal quase desmaiou com o alívio repentino que veio em seu coração despedaçado. Ela olhou para Baekhyun sem forças para dar a ordem a ele, o soldado veterano já sabia o que tinha que fazer.

— Dê liberdade a ele. E entregue Sussurro em suas mãos.

— Princesa... Se ele_

— Eu confio nele — Kai não olhava para ela, mas sabia que ela sorria e que ela realmente confiava em sua personalidade duvidosa.

— Muito bem.

 

...

 

Baekhyun teve medo. Assim que entregou Sussurro a Kai e o libertou das correntes. Ele não confiava nem um pouco no caráter do assassino, assim como ele achava que era arriscado demais e até mesmo ingênuo da parte de Krystal confiar tanto nele depois de conhecê-lo apenas por um dia. 

Kai deixou o arsenal de armas sem dizer nenhuma palavra. Todos no castelo receberam ordens para recuar, apenas os magos ficaram na entrada do palácio tentando impedir a entrada dos noxianos até a chegada do Demônio Dourado.

Assim que ele chegou ao portão, as muralhas de pedra que protegiam as terras do palácio estavam sendo invadidas.

Eles tentavam pular o muro de qualquer jeito. Assim que ele chegou os magos recuaram e correram para dentro do palácio.

A casa real foi completamente trancafiada.

Kai olhou para o nexus no topo da mais alta cachoeira de Ionia e suspirou.

— Existe tempestade em seus corações, eu os acalmo — Recarregou Sussurro e caminhou para frente.

Os noxianos não deram muita bola para ele, ele estava sem máscara, eles não podiam reconhecê-lo, acharam que era apenas mais um mago idiota.

Kai deixou que o primeiro descesse o muro.

Quando o primeiro deles colocou o pé no chão, Kai atirou na cabeça da então primeira vítima, uma ópera começou a ser tocada. Sussurro fazia sua própria trilha sonora como em muitas vezes, borboletas saiam de seu cano e a vítima caia no chão com o ferimento se abrindo e liberando fumaça dourada repleta por pequenas borboletas vibrantes.

— Um...

Noxianos continuaram avançando sem temer. Os ouvidos de Kai sempre ficavam mais apurados durante um espetáculo e ele escutou bem um gatilho sendo apertado. Desviou do tiro em um giro, ao voltar para o lugar sua mão já estava esticada e atirando em quem ousou tentar lhe matar.

— Dois...

Um homem grande e forte veio correndo na sua direção girando um machado em suas mãos. Kai esperou que ele estivesse bem perto, quando ia perdendo seu corpo pela lâmina de seus machados se abaixou e ele passou direto sem lhe ferir. Ele sorriu e atirou nas costas do bárbaro.

— Três...

Escutou mais uma arma sendo preparada para atirar e se virou já atirando antes que ele ousasse atirar.

— Quatro!

Dentro do castelo, todos podiam ouvir o som estrondoso dos tiros, tiros que eram tão autos quanto insuportáveis de ouvir, pois todos sabiam da dor que aqueles tiros podiam causar.

Kai escutava a doce música de suas vítimas. Elas gemiam de dor, mas ainda não estavam mortas, não era para ser tão simples assim, ele sabia. Elas primeiro, tinham que sentir dor. A beleza de tudo aquilo estava escondida nisso.

— Num massacre floresço — Ele atirou no último noxiano que usou avançar — como uma flor no amanhecer.

Neve começou a cair enquanto milhares de pétalas de rosa voavam pelo ar e flores de lótus nasciam das feridas das vítimas e queimavam em dourado. Nem a neve conseguia apagar as queimaduras das rosas douradas. E elas eram dolorosas, as vítimas desmaiavam de dor antes de morrer.

— Eu invejo o silêncio, Sussurro — Falou encostando o rosto em sua arma — Pois devo ser estrondoso. Fez um ótimo trabalho.

 

...

 

Do lado de fora, todos viam uma nevasca caindo. A temperatura caiu suditamente depois de alguns minutos. Todos se sentiam aliviados pela invasão ter sido contida, mas todos choravam por saberem que perderiam a jovem princesa para aquele que salvou todo o reino.

O rei não conseguia parar de chorar nos ombros de sua filha, mesmo sabendo que ela sentia sua dor, não conseguia, era forte demais, não tinha a capacidade de esconder. Os magos que acompanharam a vida frágil de Krystal desde bem pequena, quando foi amaldiçoada. Eles tinham um carinho por aquela mulher como se ela ainda fosse aquela criança que quase perdeu a vida quando tinha cinco anos.

Os próximos dias seriam de luto no reino.

Eles escutaram a porta bater delicadamente. O rei olhou para ela aflito, deveria ser ele. Indo buscar o seu pagamento.

— Majestade — Um dos magos falou.

— Pode abrir.

O mago assentiu e abriu a porta.

Jae não queria deixar sua filha sozinha, as mãos tremiam quando ele tocou em sua testa e a beijou nas bochechas pela última vez. 

O último beijo de boa noite que daria na sua filhinha querida que já era uma mulher a muito tempo. Uma mulher que salvou o reino, coisa que ele não conseguiria fazer.

— Boa noite minha princesinha, papai te ama muito... Muito...

— Eu também pai... — Ela sentia a dor que seu pai sentia ao perdê-la e lágrimas caíram de seu rosto quase que automaticamente.

As roupas de Kai estavam sujas de sangue e pó dourado. Jae olhou nos olhos do homem que levaria sua filha embora para sempre e abaixou a cabeça antes de sair. Era um rei, mas antes de tudo era um pai. Um pai que logo entraria em colapso. Ele sabia que a filha pensava em parar de sentir dor. Ele sabia que para ela viver era doloroso, amar era doloroso e por isso aguentava a dor que sentia para que ela pudesse fazer algo por ela mesma ao menos uma vez em sua vida.

— Por favor... Seja gentil com ela.

— Não se preocupe, é o momento mais especial da vida dela — O rei começou a andar para fora do quarto, mas Kai segurou seu braço — Não se esqueça, são quatro tiros. Eu tenho os meus padrões, mesmo quando a vítima é uma só — Sussurrou quase fazendo o rei voltar atrás.

— Vá logo papai — Krystal sussurrou ao perceber que ele dava sinais de hesitação — Vá... — Ela pediu e ele assentiu saindo do quarto junto com os magos que já haviam dado um último olhar na princesa ainda viva.

Kai trancou o quarto e olhou para Krystal.

Ela gostaria mais do que nunca de poder ver o rosto dele.

— Princesa.

— Sim.

— Isso não será rápido. É a minha obra prima, então espero que esteja ciente de que para mim não importa a dor que você irá sentir a dor para mim é a beleza.

— Devo ser linda para você, então.

— Talvez — Ele riu sem humor — Consegue se levantar? — Ela assentiu, depois que os noxianos foram assassinados o alívio de sua dor foi tão grande que ela quase podia pular de alegria se não estivesse prestes a morrer e seu pai não estivesse sofrendo do lado de fora. Ela se levantou e Kai andou até ela — Tire suas roupas.

— Q-que?

— Krystal, você entregou a sua vida para mim. Ela não pertence mais a você, pertence a mim.

— Toda a minha roupa?

— Claro que não. Apenas o vestido — Krystal suspirou e fez o que ele disse. Morria de vergonha do próprio corpo e mesmo estando de roupas íntimas tentava cobrir o corpo com as mãos — Agora, você vai fazer aquilo que quis fazer desde que me viu pela primeira vez.

— O que?

— Vai tirar a minha máscara.

Os ombros de Krystal caíram e ela se esqueceu da vergonha que tinha de seu corpo por alguns segundos. Não podia acreditar que ele realmente estava falando aquilo. Só acreditou quando ele mesmo pegou suas mãos e as colocou em seu pescoço para que tirasse o tecido de seu rosto.

— Eu falei que eu sempre mostro o meu rosto para as minhas vítimas e que ninguém que viu o meu rosto está vivo para contar história. Você pode tirar agora.

Ela teve medo, sentiu um frio na barriga, mas fez o que ele disse.

Cada centímetro que era revelado do rosto do mais velho, ela tinha uma sensação estranha, ansiedade e medo misturados. Ela tinha medo do que poderia encontrar nas expressões de um psicopata, poderia tirar todo o tipo de afeto que ela havia criado por ele.

Porém, ele tinha uma face tão suave quanto dos monges que costumam meditar no jardim de lótus. Um rosto sereno como se ele vivesse em paz o tempo inteiro, muito mais jovem do que deveria ser.

— Você não envelheceu nada? — Ela perguntou e ele abriu os olhos escuros - É impossível você ter quarenta anos com um rosto tão jovem.

— Eu não tenho quarenta ainda, no entanto, você tem razão. Não tenho visto muita diferença no meu rosto... Faz tempo.

— Como se o tempo tivesse parado pra você. Se você viesse para bailes mostrando seu rosto como um cavalheiro comum, eu jamais imaginaria que você é quem você é.

— É por isso que minhas vítimas sempre se surpreendem?

— Talvez.

— Eu tocarei seu coração — Ele murmurou — Tornarei você inesquecível. Você será lembrada por muito tempo. Você será poesia — Antes que ela o respondesse, ele a interrompeu — Porém... Antes de tudo. Eu preciso descobrir uma coisa.  Eu preciso descobrir se você tem uma magia dentro de você

— Quê?

— Você disse que amar além de outras coisas é sentir a dor do outro e fazer coisas por essa pessoa que você não faz nem para si mesmo. O que você fez para que eu sinta isso? E nunca em toda a minha vida senti algo parecido. Se eu pudesse, salvaria você, eu não quero que morra pelas minhas mãos... E consigo sentir a sua dor. Eu me sinto estranho quando estou perto de você

— Isso é amor.

— Eu sei que é amor, mas eu não sei amar. Eu gostaria de descobrir se eu sinto mesmo isso que você chama de... Amor. Eu sei que não mereço isso... Mas eu gostaria de saber se o que sinto, é realmente...

— Eu sei que pensa. Eu sinto o mesmo, e também quero descobrir porque isso está crescendo dentro de mim, mas não temos muito tempo — Ela abaixou a cabeça. Kai levantou o queixo da menor e olhou em seus lhos. Ele tinha um rosto que não demonstrava sentimentos apesar de sereno, ela não podia descobrir o que ele sentia.

— Eu nunca fiz isso... Eu...

— Eu também não — Ela sussurrou — Então... Que tal descobrirmos isso juntos?

Ela fechou os olhos e esperou que ele lhe beijasse. Não demorou, logo seus lábios estavam unidos novamente.

As roupas não tinham importância naquele momento, elas foram abandonadas em qualquer lugar sem que aquele momento dócil fosse rompido.

As enfermidades nunca permitiram que Krystal pudesse ter uma vida amorosa saudável, isso também é valido para Kai que tinha a vida resumida a fazer arte. Nunca pensou em sexo como algo tão bom quanto matar.

Os dois tiveram naquele momento único a oportunidade de descobrir algo maior do que qualquer dor ou prazer. O amor e o prazer juntos.

Kai quase não conseguiu lidar com aqueles sentimentos, sentia que seu coração ia explodir de tão rápido que batia, a princesa sentia o mesmo tinha medo de morrer antes de acabar.

Mas ela resistiu. Ela abraçou, beijou... Amou. E ele, não conseguia lidar com os sentimentos que viam como um turbilhão. Ele se sentia cada vez mais estranho, o problema é que o “estranho” para ele, era se sentir bem.

Quando tudo terminou, Krystal afundou a cabeça no peito quente do mais velho e quis adormecer, mas sabia que não poderia. Já estava na hora e seu pai estava do lado de fora, com certeza esperando o final.

Kai se levantou e se vestiu. Ela vestiu apenas as roupas intimas e esperou que ele lhe dissesse o que fazer. O mais velho pegou Sussurro e a segurou posicionando os dedos no gatilho.

— É hora da sua aclamação, princesa — Ele apontou Sussurro para a mais nova e ela se levantou da cama. Ele respirou fundo e ergueu a cabeça.

Ele atirou na perna direita da mais nova e ela caiu de joelhos no chão. Ela gritou de dor e ele quis ser surdo naquele momento. Fechou os olhos e tentou não olhar para ela. A fumaça dourada começava a pairar pelo quarto.

— Um... — Ele abriu os olhos e atirou no ombro esquerdo da princesa. O tiro foi mais estrondoso que o primeiro e o ferimento foi maior. Raízes de uma roseira começaram a nascer na pele de Krystal enquanto ela chorava de dor. — Dois... — Era a primeira vez que ele não conseguia sentir prazer com que fazia. Balançou a cabeça com força e se preparou. Atirou no braço direito da menina e o braço praticamente partiu no meio. Ela caiu no chão sem conseguir se manter sentada — Três... — Ele andou até ela e a colocou em seu colo.

Kai colocou a ponta de sussurro nas costas de Krystal na altura do coração. O quarto tiro. Ele abraçou a menor e fechou os olhos.

— Você é minha obra prima, e meu trabalho termina aqui. Eu nunca, nunca... Senti tanta dor na minha vida — Lágrimas caíram de seu rosto – Você é capaz de ser inesquecível e brilhar sem mim. Por isso, Sussurro não matará você quando eu atirar.

Krystal olhou assustada nos olhos do mais velho, assim que ele falou o que ele queria com aquilo tudo.

Só então entendeu o que ele iria fazer. Tentou pará-lo, mas já era tarde.

— Eu te amo... — Sussurrou.

 

O rei finalmente escutou o tiro final. Seu coração apertou e ele quase caiu no chão, Chanyeol lhe segurou. A dor chegou insuportável, ele não conseguia imaginar como a filha conseguia conviver com aquela dor tão profunda, respirou fundo, segurou o próprio corpo em pé e andou sem parar até a porta.

Não aguentava mais esperar até quando escutou os tiros e os gritos de dor da filha. Foi a maior tortura que ele teve que passar na vida.

Quando abriu a porta, ele, Chanyeol e Baekhyun quase cegaram.

Dois corpos no chão, Krystal em cima de Kai, o buraco da bala que atravessou os dois florescia, uma luminosa flor de lótus dourada, suas raízes se ramificavam por todo o quarto como se estivessem a procura de água. O dourado brilhou tão intentamente que foi impossível manter os olhos abertos.

De repente, a luz cessou.

As raízes da flor voltaram para a ferida dos dois como se o tempo estivesse voltando. Só que ao voltar para as feridas elas foram fechadas como se nunca estivessem ali. O rei abriu os olhos e entrou no quarto. Pegou sua filha e a abraçou iniciando um choro alto e doloroso.

Baekhyun olhou para o rosto de Kai. Poucos segundos depois, desmaiou.

Chanyeol segurou Baekhyun antes que ele caísse no chão. Só entendeu sua reação quando olhou para o rosto do assassino.

— Deuses... Ele é...

— Ela... Ela está respirando...

Chanyeol ainda chocado com o que via, tocou no pescoço do mais velho.

— Ele também está vivo.

— O que... O que ele fez...

— Senhor, já olhou para o rosto do nosso prisioneiro?

— Não eu... — o rei finalmente colocou os olhos no homem e percebeu porque tudo estava tão estranho — Jong In? Ele é... Jong In! — Exclamou aos sussurros — Não pode ser... Ele estava morto, não estava?

— Baekhyun chorava por causa dele todos os dias.

— Guardas! — Exclamou até que mais homens entraram dentro do quarto — Coloquem esse homem na cama e me ajudem com minha filha.

— Papai... — Krystal sussurrou sem entender onde estava.

— Filha... Estou aqui... Estou aqui... Como você se sente? Está tudo bem?

— Não.

— Está sentindo dor?

— Não. Sinto a ausência dela. Não sinto nada. Que estranho... — Ela se lembrou de tudo e se sentou sobressaltada — Kai! Onde ele está?

— Filha... Teremos que conversar sobre ele.

 

...

 

As águas das cachoeiras estavam calmas. O nexus brilhava intensamente e o ar tinha uma densidade leve vinda da paz que pairava. Krystal sentia o vento balançar seus cabelos.

Já havia se passado quatro meses desde que noxus fracassou ao tentar tomar Ionia.

Ela estava feliz, seu coração estava solene assim como o reino de Ionia. A primavera estava chegando tranquila depois de um longo inverno turbulento. O inverno das flores douradas, das inúmeras mortes que tiveram que ocorrer para que a paz voltasse a reinar, estava chegando ao fim e os lótus do jardim começavam a florescer novamente.

Krystal estava curada de sua maldição, não podia mais sentir as dores de pessoas que amava, nem aflição, nem agonia, apenas tudo o que ela sentia. Era uma princesa normal que sentia... O que ela deveria sentir apenas. Como isso aconteceu?

Sussurro tem um modo reverso Krystal. Ela fere, machuca e mata, mas também é capaz de curar, reviver, renascer... É uma arma completa que, não me lembro onde a consegui. Esse poder de reversão só pode ser usado, quando alguém é capaz de brilhar, ser inesquecível sem que ela e eu tornemos essa pessoa inesquecível. Você Krystal, é uma delas. Não precisa de mim para brilhar, você é uma estrela, sem mim já seria inesquecível, Sussurro curará você naturalmente.

Então porque está apontando a arma para que o tiro atravesse você também?

Tudo tem um preço, não é mesmo?

Jong In, o nome verdadeiro de Kai, nunca havia usado o modo reverso de Sussurro, então ele não sabia se era realmente preciso pagar um preço. O que não era verdade. Sussurro apenas atravessava os tecidos e órgãos de alguém, julgava sua alma e florescia do modo necessário para cada vítima.

— Krystal — A princesa olhou para trás e viu seu noivo se aproximando — Não deveria estar se arrumando?

— Ainda tenho tempo, e eu estou praticamente pronta, Jong In. O que está fazendo aqui? Dá azar ver a noiva antes do casamento.

— Eu não mandei você vir no lugar que gosto de meditar... — Ele sorriu — Você está linda. Mais linda do que esse jardim.

— Kami fez um belo trabalho quando viva, queria que ela estivesse aqui para me ver usando um de seus desenhos.

— Tenho certeza que ela pode ver.

— E seu irmão?

— Baekhyun está mais estressado que eu preparando essa festa.  Nunca vi ninguém tão empolgado. Ele vai acabar ficando doido.

— Eu nunca ia imaginar que você era irmão dele.

 Jong In se calou por alguns instantes.

— Eu não lembrava de nada, as minhas memórias eram turvas e se resumiam a mortes, flores, sangue, pétalas de rosa e ópera. Lembrar que eu vivi na rua depois de sua irmã me amaldiçoar era algo... Não sei. Era muito distante, mas eu lembrava da  sua mãe, afinal pedi a mão de Victoria em casamento para ela.

— Eu lembro que passou uma semana chorando depois que acordou.

Jong In fechou os olhos tentando segurar as lágrimas.

— Eu lembrei de tudo Krystal, como queria que eu reagisse? Sua irmã me transformou em um psicopata adorador da morte e ainda me deu uma arma para isso. Ela tirou de mim o que eu tinha de mais valioso, a honra e o orgulho de ser quem eu era. Um soldado protetor do rei, o mais jovem soldado a se tornar samurai. Ela fez eu me esquecer de tudo isso e me transformou em um monstro. Eu ainda me pergunto, como eu a amei? Como consegui amar alguém tão cruel?

— Eu amei você quando ainda era Kai. O amor às vezes é cego... Ele tira de você a capacidade de ver os defeitos de alguém. Hoje eu sei disso.

— Quando eu me lembro das pessoas que eu matei... — Ele fechou os olhos engoliu em seco. Krystal tocou em suas mãos e lhe beijou.

— Sabe que a culpa não é sua. Existia outra pessoa dentro de você e agora ela foi embora. Apenas esqueça um pouco o passado e viva um pouco o futuro. O nosso futuro.

— Você tem razão... Desculpe.

— Apenas respire fundo, ame e viva.

— Obrigado.

— Pelo que?

— Você me acordou. Se não fosse você, essas flores ainda significaram morte para mim.

— Elas significam o que pra você hoje?

— São apenas flores. Delicadas como a vida, belas como a vida, mas ainda assim... Apenas flores — Os dois sorriram e se beijaram delicadamente enquanto o sol estava se pondo no horizonte.

 


Notas Finais


Olha um vestido que achei parecido com o que botei na fic : http://www.artesanato.com/blog/wp-content/uploads/2015/03/large-7.jpg
Haha ate mais meninas, vo voltar para as produções de B&W


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