História O irmão da minha amiga. - Obrigada por me relembrar.

Pov’s Sakura

Ino havia me convencido a dormir em sua casa, garantindo-me que Sasuke provavelmente passaria a noite em sua empresa. Ino me contou que Sasuke parecia abalado e que eu deveria colocar-me em seu lugar por um instante, mas se eu fizer isso quem se colocará no meu?

Os dias estavam difíceis há muito tempo, veja bem, quando eu era apenas uma criança vivia com Ino e Sasuke todos os dias, erámos de fato irmãos. Sasuke sendo o mais velho nos protegia e nós adorávamos tanta proteção vinda do jovem moreno, porém, Sasuke começou a namorar com a sedutora Hyuuga e não percebia que ela o afastava de nós e de sua própria família. Naquela época Sasuke começou a usar drogas, passava noites ao relento chegando até mesmo há passar uma semana dormindo na rua, mas sempre defendia Hinata e a protegia de nossas acusações. Ou seja, toda aquela proteção que ele tinha comigo e com sua irmã sumira. Isso tudo começou a acontecer depois que minha mãe veio a falecer de ataque cardíaco, Sasuke que chamou a ambulância, mas era tarde demais. Sasuke caiu em desgraça e quando superou tudo isso pondo um fim em sua relação com Hinata não voltou a ser o irmão que era para mim, apenas para Ino que na verdade era sua única irmã, simplesmente me ignorava dizendo estar ocupado com a faculdade e enquanto crescia parei de me importar, me distanciei de Sasuke e isso se tornou comum para mim. Ele havia se tornado um estranho. Eu havia me tornado uma estranha. Tudo era e continua sendo estranho.

E agora com essa maldita aposta que fiz tudo só piora, por causa dela resolvi me reaproximar de Sasuke, mas agora me arrependo profundamente por esse ato irresponsável. Eu não deveria ter apostado algo tão baixo apenas pensando em mim e no meu conforto. Eu sou uma puta egoísta. Não sou tão diferente de Hinata como pensava afinal.

Pego meu celular vendo que já são exatamente duas e vinte da manhã. Não consigo dormir e a respiração pesada de Ino ao meu lado não me ajuda em nada. Minha cabeça estava a mil, Sasuke ainda não havia chego, me parece que ele esta de fato muito ocupado na empresa, me pergunto se ele não nota que se esforça demais, seria tudo isso apenas para agradar seus pais ou já virou algo que ele goste de fazer para tentar se desculpar pela vergonha que ele era para sua família anos atrás.

Viro para o outro lado e fecho os olhos largando meu celular por perto. Eu preciso dormir afinal de contas. O que está feito não tem como voltar atrás e me refiro a tudo que você imaginar. Cara, eu estou tão ferrada que nem Ino imagina as coisas terríveis que vou ter de fazer. Temo até mesmo perder sua amizade com essas merdas. Tento esvaziar minha mente, tento pensar em carneirinhos pulando cercas cor de rosa cheias de purpurina e tal, mas isso está bem longe de me ajudar, aliás, nunca ajudou, quem diabos consegue dormir pensando em carneirinhos saltitantes? Isso no máximo deixa a pessoa elétrica na tentativa de conta-los um a um. Respiro fundo, por favor, para de pensar, é o que repito para mim mesma o tempo todo. Meu celular vibra, fazendo-me arregalar os olhos, o pego no mesmo instante e vejo o nome do Uchiha aparecendo na tela.

Eu tinha o numero de Sasuke apenas para um motivo: precaução para caso acontecesse algo com Ino e ele tinha o meu exatamente pelo mesmo motivo. Clico na mensagem e o meu coração dispara com cada letra digitada, imagino seus dedos grossos digitando cada uma delas com a intenção de envia-las para mim.

“Eu realmente sinto muito por tudo isso”

 

E eu sei que ele está sendo sincero, sei que ele está confuso e mesmo contra minha vontade eu estou me colocando em seu lugar. É que na realidade eu quero que se coloquem no meu, mas não existe essa possibilidade por que ninguém sabe exatamente o que está acontecendo. E eu não queria prosseguir com isso. A única coisa que sei do fundo de meu coração é que amo Sasuke, o amo e gostaria de ficar com ele para o resto de minha vida, mas é algo muito longe e isso que está acontecendo entre nós não durará por muito tempo por diversas razões.

Cruzo meus dedos um no outro e faço algo que há muito tempo não faço: rezar. Rezo para qualquer ser grandioso que estiver me ouvindo que me ajude a superar e que me de forças para continuar.  Minhas lembranças são com minha mãe sentada ao lado de minha cama rezando comigo até eu pegar no sono e dormir. Naquela época eu agradecia pelo dia que tinha tido, pedia pela saúde do papai e da mamãe, pela saúde de Ino e do meu grande protetor, Sasuke. Até que tudo desabou. Descobri que papai não merecia nenhum tipo de oração, que mamãe havia entrado em óbito, que Sasuke na verdade não era quem eu sempre pensei que fosse e que apenas Ino valia a pena afinal, mas nem por ela eu prossegui com minhas orações diárias, que dirá por mim. E como nos velhos tempos, adormeci rezando.

Pov’s Sasuke

- Sai, acorda! –Digo batendo na porta do rapaz até os dedos doerem. –Eu vou arrombar essa porta Sai. Nós não tínhamos combinado de ir correr de carro hoje?

- Qual é Sasuke –Ouço ele murmurar e se mexer na cama, a porta se abre e dou de frente com Sai e sua cara pálida amassada, urg, minha irmã esqueceria sua paixonite se o visse nesse estado abominável.

- Credo, que coisa feia que você é Sai, Deus me livre, vá se arrumar que ainda terei que passar em casa.

-Tenho que ser bonito por acaso? Cuidado em Sasuke, está ficando cada vez mais gay cara, serio mesmo. –Diz ele rindo e indo para o banheiro.

-Que ótimo amigo. –Falei baixinho e fui para a sala, estava acabado pela noite anterior. Peguei meu celular para ver se Sakura havia respondido minha mensagem, mas como esperado, não respondeu. Suspirei e joguei o celular para o lado colocando minha mão na cabeça e fechando os olhos. Mas que bela borrada, e agora para consertar essa merda toda? Tentei falar com a Haruno, mas acabei fazendo mais merda ainda. Não sei como resolver isso, até mesmo os problemas da empresa pareciam mais fáceis que esse terrível dilema que estou vivenciando.

-Pronto cara, bora. –Disse Sai aparecendo na sala e pegando suas chaves. Concordo com a cabeça e logo em seguida entramos em meu carro.

Durante o caminho Sai contava o sonho maluco que havia tido, falando que a menina de cabelos azuis estava louca por ele e ele não a queria, dei risada e com sarcasmo disse que provavelmente aquela menina não conseguia tira-lo da cabeça e ele me respondeu com um “Pode crer”

Ao chegar em casa, paro em frente a porta com um certo receio de abri-la, será que Sakura ainda está em casa? Será que o clima estaria bom para uma tentativa de reconciliação de amizade? Não sei se quero que ela esteja aqui ou não.  Enfim, entro. Estava tudo silencioso e meus pais não pareciam estar em casa, nem Ino parecia estar.

-Sai, vou subir e tomar um banho. Se vire ai. –Digo subindo as escadas.

-Vou pra cozinha comer, estou com uma baita fome. –Disse ele animado. Tsc, mas é um animal mesmo.

Ando pelo corredor já abrindo os botões da camisa, já que pelo visto ninguém estava em casa. Quando a tiro e jogo por cima do ombro vejo a menina ali saindo do quarto de Ino tentando não fazer barulho. Penso em colocar novamente a camisa antes de Sakura ver, mas não da tempo. Ela arregala os olhos ao me ver e os mesmos percorrem pelo meu corpo. Quero sorrir por saber que causo isso na jovem criança, mas não posso.

- Sakura, pensei que já não estava aqui, me desculpe por encontrar-me tão... bom, informal eu acho –Mas que droga, não sei o que dizer a ela.

- Não, imagina, a casa é sua Sasuke... Você tem o direito de andar da forma que achar melhor. –Ela fala com dificuldade se esforçando para não correr os olhos esmeraldas novamente por meu corpo.

-Eu queria falar com você... Imagino que tenha visto a mensagem que te enviei ontem, pedindo desculpas. –Ela olha para as mãos e noto que ela está insegura.

-Sim, eu vi. Não respondi por estar com muito sono e também por você estar ocupado na empresa e coisas assim. –Ela desvia o olhar das mãos para mim novamente.

-De fato ontem foi um dia corrido na empresa, mas naquele momento eu já não estava lá, estava na casa do Sai. –Sakura parece meio constrangida e vejo que também tenta esconder os seios. Seu pijama de coelho tem um decote aberto na frente.

-Bom, de qualquer forma está tudo bem. Vou até a cozinha e... –Começa a dizer, mas a corto.

-Sai está na cozinha, assim, só te avisando, pois imagino que você ficaria constrangida...

- Ah, meu Deus, bom, então vou me trocar antes  –Ela diz com suas bochechas coradas ficando ainda mais vermelhas.

Ando até ela e a sinto ficando rígida sem saber o que fazer, na realidade, nem eu sei direito o que fazer. Queria matar qualquer tipo de sentimento por ela, sei que a abandonei no pior momento de sua vida, nos afastamos e que me esqueci de sua existência a transformando em uma mera amiga de minha irmã. A comparando com qualquer outra amizade infantil de Ino, como se ela nunca tivesse sido nada para mim. Bloqueei qualquer memoria sobre a intimidade que tínhamos, de como a considerava irmã, de como a protegia... Como fui capaz? Depois de tudo isso, ela também fez o mesmo comigo, me ignorando e sendo indiferente, mas eu podia mesmo naquela época que na verdade não faz muito tempo sentir seu nervosismo quando estava no mesmo ambiente que eu. Mas não me importava, não fazia diferença em minha vida. Como de repente tudo mudou de forma tão drástica e agora me vejo refém de um sentimento que não sei definir? Lembro-me que a notei pela primeira vez depois de anos depois que ela apareceu aqui em minha porta com aquele vestido preto colado, abrindo meus olhos para a mulher que existia naquela criança que em vários momentos esteve comigo alegrando meu dia. Como matar um sentimento assim? Como ignorar alguém com quem você quer conversar e ficar por perto para proteger e tentar desculpar-se o máximo que podia por todas as merdas que havia cometido? Eu não sabia como lidar com todas essas coisas repentinas.

Eu me aproximava dela cada vez mais e quando notei já estava conseguindo sentir sua respiração quente em meu peito nu. Ela estava nervosa com a proximidade.

- Por favor, me perdoe por toda a merda que fiz Sakura. –Digo a ela tentando olhar para seus olhos baixos.

-Sasuke, está tudo bem. –Eu sabia que não estava, sabia a magnitude de meu erro, sabia que ela estava fazendo aquilo por que não queria gerar mais brigas.

-Não está nada bem Sakura. –Peguei em seu queixo a fazendo olhar para mim e seus olhos mostravam quão aflita ela estava. –Primeiramente, me desculpe por ter te abandonado no momento em que mais precisava de mim e depois de ferrar com minha vida, voltar arrogante e não falar com vc, a tornando uma mera amiga da minha irmã, quando na realidade você sempre foi mais que isso.

Ela arregalou seus olhos verdes e os mesmos ficaram marejados, Sakura tentou abaixar a cabeça novamente para esconder as lágrimas que queriam saltar de seus olhos, mas não permiti.

-Não se esconda de mim minha adorável criança –Disse e a lágrima escorreu por seu lindo rosto. –Em segundo pela festa de Sexta, eu fiquei nervoso quando sei que não deveria e beijei Hinata, não gosto dela e sei que ela fodeu com a minha vida. Com as nossas. Ela é um lixo de ser humano. Mas eu senti um ciúme ridículo e fiz isso sem pensar. –Eu sabia que era muita informação logo após ela acordar, mas o que deveria ser dito tinha ser dito o mais cedo possível. –Em terceiro por ter ido até sua casa ontem com a intenção de fazer exatamente isso que estou fazendo agora e fracassar miseravelmente e ainda cagar mais ainda com a situação. Eu fui machista e babaca. –Sakura abriu a boca para falar algo, mas nada saiu, ela estava perplexa demais. –Eu queria te explicar pela merda que passei depois do que aconteceu com sua mãe, no momento mais terrível de sua vida, queria poder tentar te explicar que naquele momento fui fraco quando não deveria e cai na má influência de Hinata e um dia eu vou fazer isso, mas farei quando a situação for mais calma pra você. Irei te contar tudo o que fez me afastar de você e excluir você de minha vida.

-Sasuke, eu não sei o que dizer, eu... –Sai a interrompe com um berro de lá de baixo.

-Sasuke, mas que demora é essa! Parece noiva diacho! –Reviro os olhos e o ignoro. Sakura desiste de falar algo.

-Você me perdoa? – Pergunto a ela segurando seu rosto. Ela sorri de uma forma tão doce e tão linda que me sinto até quente. Maneja a cabeça para um sim e me abraça apertado. Eu sorrio com o queixo apoiado em sua cabeça.

- Obrigada por tudo isso Sasuke, isso me faz... –Ela se interrompe e diz. –Isso me faz relembrar que você foi e continua sendo meu herói.