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História O jogo dos desejos - Baixando a ponte


Escrita por: AndrewFerris

Notas do Autor


Novos detalhes sobre nossos protagonistas e um pouco da rotina de Kate, como será que ela ficou depois de ter conhecido o homem misterioso?

Capítulo 2 - Baixando a ponte


Fanfic / Fanfiction O jogo dos desejos - Baixando a ponte

     Levantei exausta como de costume, pegando minha bombinha de ar antes de começar meu dia verdadeiramente. Escovei os dentes, tomei um banho rápido com água gelada, vesti uma saia avermelhada com uma camiseta amarela e uma tiara preta com bolinhas brancas à moda anos cinquenta. Saio de casa com meu café nas mãos, uma torrada amanteigada e uma garrafa de chá gelado. Tomei meu ônibus costumeiro, atravessando uma das avenidas principais da cidade até descer em um ponto de frente para a esquina onde trabalho. Sem trânsito, minha chegada e posterior rotina deveriam ser como de costume, mas na verdade me sentia incomodada como nunca. Também pudera, depois de passar a tarde anterior servindo um sujeito com um modo muito peculiar de chamar uma garota para sair, era de se esperar que ficasse assim. Nunca tive um relacionamento sério ou que tivesse durado um intervalo mínimo pra ser considerado algum tipo de relacionamento e por mais que algo me dissesse para reconsiderar minha condição, o desejo acaba falando mais alto. Durante o dia, enquanto servia os trabalhadores ricos e de classe média, os empresários de classe alta e algumas pessoas de condição mais simples, penso naquele homem que sequer sabia o nome. Olho para a mesa vazia onde ele se sentara, penso na sua voz melodiosa, seu olhar sedutor e suas centenas de pedidos diferentes, chegando a pedir coisas do cardápio que ele não tinha ideia alguma do que seriam, me fazendo rir feito boba enquanto sirvo um cliente aqui e outro ali ou lavo pratos e talheres na pequena pia da cafeteria.
     - Cuidado Kate, desse jeito vai inundar a cozinha toda - Avisou Patty revoltada antes de retornar ao balcão e é quando reparo que a água escorria para fora do gabinete e caía direto no chão, me deixando desesperada a ponto de escorregar na tentativa de secar depressa o piso e fechar a torneira no meio do caminho. Quando retorno para minha casa ao final do dia, tanto no caminho quanto na entrada penso nos momentos curtos passeando pelo parque, curtindo as atrações e brinquedos e tomando refrigerante como se fosse a melhor droga que jogaram na Terra. Quando vou para o chuveiro me livrar da consciência pesada, comer qualquer cereal que tivesse sobrado no armário da cozinha ou assistir um desenho antigo em um canal retrô, fico pensando no que poderia ter acontecido caso ele não tivesse sumido do nada. Talvez você pense por que eu não o chamei pelo nome até agora. A razão é que eu não sei. Ele mentiu seu nome para mim. Isso complica tudo, mas também torna tudo mais interessante, já que o homem com quem eu saí poderia muito bem ser um terrorista se escondendo e em alguns dias eu seria chamada para prestar depoimento sobre um prédio do governo que explodiu. Ele poderia ser um assaltante daqueles cinematográficos que roubam milhões e somem do mapa e voltam com outra identidade e uma vida de príncipe da Disney. Naquela noite durmo satisfeita sem sombra de dúvidas, ou você pensa que não me masturbei pensando naquele gostoso desconhecido? Quer dizer, moço esquisito e desconhecido que podia ter fodido minha vida sem pensar duas vezes. O que mais me estressa é que não vou ter a chance de saber o que aquele sujeito queria fazer comigo e vamos combinar que essa é a maior tortura para alguém do sexo feminino. Nos quatro dias que se seguiram foi a mesma coisa, tanto quando acordava quanto quando voltava para minha solidão caseira. Final de semana passou e nada de interessante além de constantes ligações dos meus pais tentando me motivar em um irritante discurso motivador que me leva a desligar as chamadas depois de três minutos. Estava quase conseguindo tirar meu desconhecido favorito quando, subitamente, passou pela minha cabeça um detalhe. Estou me vestindo para ir trabalhar quando encontro um pedaço de papel dobrado em um buraco na minha bolsa. Desdobro o fino e pequeno pedaço de sulfite azul e encontro um número de telefone. Olhei para o relógio, estava mais adiantada que de costume. Não faria mal ligar, não é mesmo? Ainda mais por que não tinha o que fazer da minha vida ou com meu dinheiro. Por mais que eu não aceitasse conselhos dos outros ou negasse qualquer pedido de ajuda, talvez eu devesse admitir para mim mesma o que eu tanto queria e não estou falando necessariamente de um relacionamento sério. Apanho meu telefone apressada e digito o número, o qual toca diversas vezes sem resposta. Olhei para o relógio e em seguida para a mesa, deveria aproveitar meu tempo de sobra para tomar um café da manhã decente, mas quem liga para essa merda, afinal? Digito o número outra vez e aguardo na linha, que apenas chama sem que ninguém atenda. Digito de novo e mais outra vez, inserindo o número repetidas vezes até que finalmente alguém atende.
     - Alô? - Voz masculina, mas não parece ser a dele, não é nem um pouco cantada.
     - Alô, eu poderia falar com o maluco da lanchonete? - Arrisquei sem ideia do que dizer.
     - Ligou errado, esse telefone é de - Escuto alguns gritos seguidos de uma discussão gratuita, o que deveria ter feito com que eu desligasse a chamada, mas fico firme ali, se ele é casado vou descobrir agora.
     - Se você é casado, fala de uma vez - Pedi com veemência sem aguentar esperar que a discussão terminasse - Tenho mais o que fazer do que correr atrás de cara casado.
     - Parece que você é uma adivinha - Declara uma voz feminina do outro lado da linha - Ele é casado sim, mas eu não sou a mulher dele se você quer saber - Revelou a mulher que aparentava ser jovem pelo tom de voz, o que me deixa indignada. O cara além de casado, traía a mulher, e pensar que eu poderia ser a pessoa do outro lado da linha.
     - Desculpa o incômodo - Retiro o telefone do ouvido e me preparo para desligar a ligação quando a mulher chama bem alto a ponto de eu escutar mesmo com o telefone longe da minha orelha - O que foi?
     - Ele já foi embora. Não sei porque esse desgraçado inventou de atender meu celular. Fala pra mim, quem atende o celular de uma puta?
     - Pu - Não termino a palavra. Naquele momento fiquei mais confusa e perplexa do que nunca estive desde que mudei de cidade. Se eu quisesse entender essa história direito, precisava ir até o fundo da coisa - Você tem um cliente de cabelos escuros, olhos verdes e barba rala? Quer dizer, ele tinha barba rala quando nos vimos, barba e uma aparência deplorável que fez ele parecer ter cinquenta anos quando na verdade deveria ter uns trinta.
     - Sei de quem está falando, ele é um cliente habitual, embora seja mais um cara que vale a pena me deitar do que simplesmente trabalho. O nome dele é Peter Jenkins, um vagabundo psiquiatra da zona oeste de Nova Orleans.
     - Sabe onde posso encontrá-lo? - Perguntei ainda meio acanhada, mas tomada por uma poderosa e repentina ansiedade.
     - Se eu soubesse não te diria, faz um favor pra si mesma e não procura esse cara.
     - Se não é para procurá-lo, porque ele deixou seu telefone comigo?
     - Provavelmente achou que seríamos boas amigas.
     - Eu nem sei seu nome - Lembrei sem ideia do que pensar.
     - Outra hora, tenho mais trabalho pela frente - Pensar que aquela garota tinha trabalho a fazer me deixava levemente enojada com uma dose de excitação, mas assim que desligo a chamada essas sensações passam, já que agora estava oficialmente atrasada para sair. Após mais um longo dia de trabalho, chamei de canto um colega do Harley chamado Jason, que é perito em tecnologia da informação.
     - Pode dar um jeito de rastrear pra mim? Quero saber onde ela mora - Entrego o pedaço de papel com o telefone que ele observa intrigado.
     - Posso, mas nem precisa deixar comigo, Kate. Memória fotográfica - Explicou secando um prato da pia - Em dois dias te trago a resposta.
     - Que bom que posso contar com você - Afirmei dando um beijo em sua bochecha antes de tirar meu avental e ir embora.

Cinco dias antes...

     O decadente regime em que nos obrigam a viver segue com suas façanhas eficazes de nos privar da vida, embora isso não faça tanta diferença pra mim. Me prenderam ontem à noite e tudo que obtiveram foi uma série de números falsos e uma compilação dos mais diversos palavrões da língua inglesa, o que os obriga a usar métodos diferentes.
     - Você não existe - Afirma um capitão do regimento de nome Martin Doller H., um cara robusto de feições tão sérias que chegava ao ponto de acreditar que o nobre policial tinha saído de um filme de terror - Vinte e oito identidades falsas em trinta e uma cidades. Bom em esconder rastros, mas não o bastante para esconder suas intimidades. Scarlet, Fryda, Manoella, Hammit. Todas garotas da noite que você se aproveitou da ingenuidade. Fez o bem-bom mas não pagou nenhuma delas. Por que?
     - Charmes particulares - Afirmei orgulhoso, exibindo um sorriso que fez as rugas do policial ganharem um tom a mais de horror.
     - Você terá de explicar ao juíz como conseguiu roubar tanto dinheiro de Amenica Redara - Ouvir aquele nome faz uma queimação retornar para dentro de mim, mais forte e tenebrosa do que nunca. Seria possível que a filha da puta estivesse no meu encalço?
     - O que você quer?
     - Por que matou as putas?
     - Eu não matei puta nenhuma, elas que me espancaram até a morte caso não esteja percebendo - Mostrei meus dentes e bochechas repletos de hematomas da surra, o que sem dúvidas perturbou o policial.
     - Quem matou as putas, nesse caso?
     - Não sei - Respondi impaciente - Se eu soubesse te diria exatamente onde procurar o vagabundo, mas como não sei só tenho um lugar para te mandar ir.
     - Fica quieto, Cunningham, estou tentando te ajudar - A revelação me deixa tão espantado quanto desconfiado.
     - Por que iria querer me ajudar?
     - Reconheço a verdade quando a vejo.
     - Disse que era inocente.
     - Verdade não é igual a inocência, porque não me dá uma razão para acreditar que está dizendo a verdade plena? Seu nome verdadeiro seria um bom começo.
     - Reed Sparks - Martin olha fixamente em meus olhos, então solta a algema e coloca um copo de água em cima da mesa.
     - Não precisava - Afirmei jogando a água em meu rosto, esfregando forte meus ferimentos enquanto Doller me observa pasmo.
     - Era para beber.
     - Sei disso, mas acontece que não é de água que preciso.
     - O que você quer então?
     - Sexo - O policial ri de mim com um evidente olhar de deboche.
     - O máximo que vai conseguir é servir de boneca pros caras dentro da cela "C" - Comentou tomando um gole de café.
     - Isso bastaria para saciar essa vontade ridiculamente estúpida que me afeta. Se importa? - Doller fixa os olhos em mim tentando acreditar que eu não estava falando sério, então coloca as algemas de volta nas minhas mãos e se deixa à minha frente - Achei que estivesse tentando me ajudar.
     - E estou, mas você ainda é um suspeito, então vai continuar algemado até o verdadeiro culpado aparecer - Quando a noite cai, minha cabeça dói tanto que sequer me arrisco a mover os olhos, pois qualquer movimento, por menor ou simplificado que fosse faria minha cabeça doer em proporções inimagináveis. Se eu pudesse adivinhar, diria que estavam tentando desvirginar minha cabeça. Na manhã seguinte meu pênis dói tanto que sinto como se tivesse pedras no rim querendo sair, então o pior de tudo, efeito conjunto à minha sede, uma forte desidratação, a impressão de que meus olhos estavam secos prestes a se desmantelar e a sensação das órbitas latejando. Depois de uma dúzia de desmaios e barulhos perturbadores irritando meus ouvidos, encontro o policial Doller me observando no leito de um hospital.
     - O que houve?
     - Você quase morreu - Afirma com seriedade - Como foi que isso aconteceu?
     - Você não acreditaria se eu contasse - Declarei indignado enquanto todos os sintomas pareciam mais ativos e torturantes do que jamais havia sentido.
     - Tente. Os médicos dizem que você está morrendo, então preciso de qualquer informação que possa ajudar você a sobreviver e prender o responsável por aquelas mortes.
     - E eu preciso de sexo, Martin. É uma doença imposta a mim que me obriga a transar e quanto mais tempo fico sem fazer mais essas coisas esquisitas me atacam, fazendo com que eu enlouqueça. Quem fez isso tomou o cuidado de haver um limite para que não tirasse minha vida, apenas me torturasse continuamente até eu conseguir transar.
     - O que quer que eu faça?
     - Traga uma prostituta qualquer e manda ela ficar aqui por vinte minutos, será o suficiente pelas próximas doze horas.
     - Eu não posso trazer uma prostituta para dentro do hospital - Contradiz Martin indignado - O que podem pensar de mim?
     - Mande ela subir, diga o número do quarto, faça o que for mas chame uma vagabunda pra cá. Juro que faço o que você quiser depois disso.
     - Certo, espere aqui - Para minha alegria e sanidade, meia hora depois uma morena de olhos brilhantes e cabelos avermelhados entra no quarto, observando com cautela os arredores antes de se aproximar de mim mordendo os lábios grossos.
     - A essa hora seu amigo já fechou a porta. Temos uma hora.
     - Ele não é meu amigo - Afirmei tirando o lençol de cima de mim.
     - Não? Chamou e encobriu a mulher que vai te servir essa noite, pagou pelo serviço que será feito para você e ainda por cima está lá fora de cobertura. Precisa reaprender o que é amizade, senhor...
     - Pode me chamar de Hopkins. Brad Hopkins - Ela sorri maliciosamente ao colocar a mão debaixo da veste hospitalar.
     - Certo, senhor Hopkins, veremos o que posso fazer por você daqui em diante.
     - Eu pediria para você parar com toda essa merda, mas sei que é impossível, então só me faça sentir o máximo de prazer possível - Pedi com sinceridade antes de agarrá-la e jogá-la sobre a cama sem roupa, tirando cads uma de suas peças de vestimenta sem conseguir mais suportar as fortes dores em meu corpo. Me apoio na cama e encaixo meu corpo no dela, iniciando uma penetração intensa que me agrada apenas por afastar aos poucos as estranhas sensações a mim impostas, como a desidratação, as dores nas partes íntimas e nas juntas. Agora consegui assegurar um pouco de paz antes da minha guerra recomeçar, o que seria outro dia difícil para enfrentar, além do novo problema que aparenta ser pior do que a cadeia, o policial Doller.


Notas Finais


Kate parece se esforçar um tanto demais, não? Bem, nosso agora chamado Reed ou Brad conseguiu ajuda, mas ele pode se arrepender disso...


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