1. Spirit Fanfics >
  2. O jogo dos desejos >
  3. Outro lado

História O jogo dos desejos - Outro lado


Escrita por: AndrewFerris

Notas do Autor


Nosso protagonista se mete em mais enrascadas enquanto Kate continua sua busca por ele!!!

Capítulo 4 - Outro lado


Fanfic / Fanfiction O jogo dos desejos - Outro lado

Acordo no que deveria ser mais uma triste e entediante manhã caso Darsy não estivesse deitada ao meu lado. Era a terceira vez em menos de uma semana que eu dormia com ela em um hotel enquanto seu parceiro passava a noite lamentando indignado dentro de um banheiro. Por algum motivo doido que não tenho conhecimento, nenhum dos três havia denunciado a jovem prostituta, que continua sua saga de experimentações com meu traseiro. Àquela hora não doía tanto, mas na maior parte do dia, principalmente quando precisava usar o banheiro ou me agaichar para pegar alguma coisa que tivesse caído no chão, a dor nos quadris me atingia como um peso prolongado que eu precisava lidar. Por mais que eu nunca tivesse me questionado a respeito de uma segunda opção sexual, ter a companhia de Darsy acabou sendo algo extremamente proveitoso. Na maior parte do tempo éramos duas grandes amigas, talvez irmãs, mas volta e meia eu tinha de bancar a mãe chata, inclusive devido ao fato dela ter apenas quinze anos. Após nossa primeira noite juntas, ela decidiu contar algumas coisas que não botei muita fé a princípio, mas que aos poucos começam a fazer sentido. Ela diz que suas irmãs ficariam felizes em saber que ela conseguiu recrutar mais uma para sua causa, mas o que isso realmente queria dizer eu não sabia. Por mais que fosse bom passar esse tempo com ela, meu objetivo ainda era o mesmo, encontrar aquele sujeito misterioso, e a presença e descrição de Darsy apenas aumentaram meu incentivo próprio. Ela dizia que era adorável, porém misterioso, distante e reservado, mas muito entregue quando se tratava de assuntos específicos de seu interesse. Eu já desconfiava de nossa situação, afinal de contas ela estava demorando demais para me contar uma informação relevante que me ajudasse a encontrá-lo, então eu resolvi confrontá-la.
     - Darsy - Chamei com os braços cruzados, a garota na cozinha sentada em uma cadeira devorando um pote de doce de leite.
     - Sim, doçura? - Respondeu a menina com a maior naturalidade do mundo.
     - Você prometeu me dar informações sobre aquele cara - Lembrei em tom sério, me sentando na cadeira à frente.
     - Ah, ele. Se bem me lembro avisei um milhão de vezes que ele é perigoso e é melhor se afastar - Recordou com o mesmo tom de seriedade.
     - Sim, eu lembro disso, mas acontece que não ligo, fora que é muito engraçado ouvir isso saindo da boca de quem dormiu com ele várias vezes e de graça - Ataquei sem dó, encontrando uma frieza desconhecida para mim.
     - Não foi de graça, ele pegou o dinheiro de volta antes de sair - Defendeu-se Darsy voltando a parecer apenas uma criança.
     - E mesmo assim você voltou a dormir com ele outras vezes - Revoltada, Darsy larga o pote de doce em cima da mesa e se levanta com firmeza.
     - Vou te passar a porra do endereço onde ele me levou uma vez, espero que seja útil. Agora me faz um favor? Vai se foder - Como prometido, a garota deixa o endereço na escada, junta suas coisas e, batendo a porta abruptamente, anuncia sua saída. No primeiro momento me contento em permanecer sentada, olhando para os armários comprados em liquidação que rangem e deixam claro o quão tortos estão na parede, mas logo sou tomada por minha rotineira ansiedade e corro para a sala, pegando o pedaço de papel para procurar o endereço em um guia. Assim que encontro o tal lugar, pego o primeiro ônibus que vejo para chegar nas redondezas do local, atravessando esquinas e avenidas a todo vapor até chegar em uma rua residencial sem nada de muito especial, onde a maioria das casas estavam sendo alugadas, enquanto uma delas, ou melhor, algo que um dia devia ter sido uma casa, pouca atenção chamava para si, pois era um canto escuro e fétido, um lugar onde poucos teriam coragem de entrar. Madeiras tombadas, vidros estilhaçados, porta arrombada, além de uma fina correnteza de esgoto ao ar livre que saía de dentro da casa para encontrar um buraco no chão eram apenas alguns dos detalhes mais inóspitos da casa, e embora um instinto interior pedisse quase chorando que eu deixasse aquele lugar, eu ainda estava interessada em saber a verdade sobre aquele homem, então se aquele lugar tinha algo a ver com ele eu precisava descobrir o que era. Dou um passo à frente, empurrando levemente os pedaços soltos da porta para enfim adentrar o local. Piso extremamente sujo, chão esburacado, objetos velhos e mofados, uma sala cujo fundo tinha uma fresta no teto, sendo a única iluminação próxima. Resumindo, parecia que alguém tentou reformar há muito tempo, mas desistiu na metade do caminho, tornando o lugar mais antipático ainda. Mesmo assim, secando o suor de minhas mãos, avançei pelo terreno baldio que se alastrava muito além do imaginado, sendo que havia paredes esburacadas, sem qualquer tipo de acabamento, que serviam de passagem entre os "cômodos" da casa, até chegar no fundo da coisa, que era bem maior do que o esperado. Quando alcanço o fundo vem a surpresa, uma poltrona inteira, um colchão coberto com o que um dia devia ter sido uma cabana, montanhas de revistas do qual tinham sido feitos diversos recortes e um mural com vários deles, tendo entre si linhas feitas á caneta, marcações em localidades e muitas tachas prendendo pedaços de papel onde cálculos foram feitos. O mais impressionante era que por mais escuro e vazio, aquele canto era acolhedor, possivelmente teria sido uma casa se o morador quisesse, mas pelo visto não queria muita coisa. Sentei na poltrona para refletir sobre aquela descoberta, me espreguiçando e indagando se ele teria transado ali. Tirei de imediato minhas mãos do encostamento, não fosse sentir alguma coisa machucando meu quadril. Levantei sem demora, apalpando os braços do móvel até sentir a elevação outra vez, o que me leva a enfiar a mão na poltrona em busca de um buraco. Ao invés de buraco descobri um mecanismo que permite a abertura do estofamento, assim facilitando para pegar o que estivesse ali. Além de alguns doces e um livro pequeno em um idioma estranho para mim, havia um caderno de arame com a ponta rasgando o estofamento, o qual retiro antes de cobrir novamente o algodão com o pano e sentar tranquila para ver o que estava escrito ali. Em algumas páginas há nomes, alguns riscados e outros grifados, em outras há lugares e fotos desses lugares, assim como colagens de matérias criminais e fotos amadoras extremamente borradas de grupos de mulheres. Sem entender nada, voltei às páginas com nomes e dei uma olhada em um dos últimos: James Cunningham. Convencida da verdade, levantei da poltrona e resolvi sair daquele buraco infernal, atravessando cada uma das paredes esburacadas até a saída, quando encontrei um trio de homens dando risadas contidas, remexendo nos objetos velhos com o auxílio de lanternas. Meu coração quase pulou do peito. Se eu fosse vista estaria muito encrencada, então precisava pensar em um jeito de me esconder, sendo a forma mais prática disponível atrás de um armário repleto de utensílios domésticos antigos e um tapete verde cumprido, me cobrindo com ele, já que se arrastava pelo chão. Mesmo se fossem até ali, não iriam parar para ver um tapete velho e um armário sem valor algum, embora eu ainda tinha racionalidade o bastante para me perguntar o que um bando de delinquentes juvenis fazia em uma casa abandonada naquelas condições. Não havia nada para roubar ou bisbilhotar a não ser a tentativa de construir uma casa nos fundos da construção. Escuto passos de aproximação devido à imensa quantidade de água escorrida do teto devido à infiltração, e nesse instante me vejo perdida, já que meu nariz começa a coçar, além da falta de ar que me tomou por completo. Burra. Tanto para esquecer e fui esquecer da doença respiratória. Segurei o espirro, meus batimentos mais nítidos e rápidos a cada segundo, o que me deixava mais nervosa ainda. Eles olham o buraco na parede (uma das fúteis tentativas de construir passagens) e, ao constarem que nada havia demais, decidem voltar seu caminho, até ouvirem um espirro abafado por um tapete centenário. Sou arrastada para fora sem clemência, sendo puxada pelos braços até o meio do cômodo. Com as roupas encharcadas e meu espírito amedrontado, sequer conseguia pensar, quanto menos falar.
     - Olha só o que temos aqui - Afirmou um dos sujeitos, que tinha barba e cabelo ruivos, além de olhos claros e, pela primeira vez, pude perceber que não era um jovem mas um velho, diferente de seus parceiros. Um deles, de estatura mediana e olhar frio, se aproximou forçando um sorriso simpático, acariciando meus cabelos antes de abrir a boca.
     - Que bom encontrá-la aqui, minha querida, pois precisamos encontrar um filho da mãe que tapeou nosso empregador, e ele não está nem um pouco satisfeito - Explicou com jeito de educador, o que tornou sua pessoa mais bizarra do que me parecia.
     - Eu nem sei quem ele é - Afirmei tão baixo que nem eu consegui escutar direito, aumentando a diversão do sujeito.
     - É difícil mesmo encontrar alguém que sequer tem nome, mas acontece que ele tem outras coisas além do nome. Tem registros diversos, idade, aparência, endereço - Ele começa a descer sua mão pelo meu pescoço, de modo que eu sequer consigo praguejar devido meu receio de piorar tudo - E você deve saber de tudo isso. Melhor, acho que pode nos ajudar, qual é o seu nome mesmo, querida?
     - Kate - Queria bater no imundo, trucidá-lo sem misericórdia, mas eu era fraca, o que alguém como eu poderia fazer contra alguém como ele?
     - Prazer conhecê-la Kate, espero poder contar com sua ajuda para encontrar o indivíduo que mora neste lugar - Explica com calma, repetindo novamente seu sorriso simpático inteiramente forçado, o que me causa um arrepio na nuca - Com qual nome você o conheceu?
     - Hector.
     - Excelente. É tão mais fácil quando nos ajudamos de maneira cívica e evitamos conflitos desnecessários - Ele encara os parceiros com impaciência - Agora, nós tivemos um longo tempo trabalhando e nenhuma recompensa até então, mas o destino nos reservou uma surpresa interessante, não é mesmo rapazes?
     - Sim - Escuto vindo de um, o qual encaro em meio à escuridão, então ouço de outro e assim sucessivamente, até todos terem concordado.
     - Soltem as fivelas amigos, nossa tarde está aprnas começando - Antes que tenham tempo de reagir, um policial surge e aponta sua arma para os delinquentes, que ficam surpresos por encontrar alguém como ele em um local como aquele.
     - Mãos ao alto, vagabundos - Todos obedecem sem questionamentos, até que um deles saca a própria arma e dispara várias vezes contra o policial, que se esconde atrás de uma parede antes de espancar o mais próximo deles, arrancando sangue de seu rosto antes de partir para o segundo, dando poderosas coronhadas com a pistola. O terceiro é mais bruto e o empurra em uma parede, jogando um armário próximo em cima do homem da lei, que desvia mais por instinto do que por técnica, avançando veloz pelo cômodo até alcançar a boca do monstrengo, quebrando seu maxilar com um golpe de joelho. Restando apenas três sujeitos, a vitória parece garantida, então uma luz me garante a certeza de meu salvamento. Uma viatura com a sirene ligada estaciona em frente ao local, logo dois policiais surgem e prendem dois delinquentes enquanto fogem, forçando os demais a fugir se aproveitando da distração. Ofegante, o policial vem me acudir, cobrindo meu tórax com seu casaco.
     - Pelo visto ele não mentiu - Sem compreender, sou levada à delegacia para registrar boletim de ocorrência e me deparo com uma ocorrência bem inacreditável.

     Estou deitado em uma cama hospitalar, agonizando o que esperava ser minha última noite, viver não valia passar mais um dia sob o ditado de minha maldição. A morte seria preferível para qualquer outro, não acham? Vejo sangue, instrumentos médicos, algodão e muitas gazes. Depois de cinco minutos ouvindo os sussurros desesperados de Martin Doller, acabo desmaiando, despertando somente quando tudo havia acabado. Infelizmente esse tudo nada tinha a ver com minha vida.
     - Bom dia, imbecil - Afirmou o policial com seu habitual jeito grosso que aos poucos começo a me acostumar.
     - Porque eu ainda estou vivo? - Questionei sem rodeios.
     - Porque os doutores foram muito competentes e pressionados o bastante para impedir sua morte.
     - Mentiroso - Afirmei sorrindo com diversão, que logo se converte em dor ao sentir o abdômen ser pressionado.
     - Como sabe?
     - Minha cabeça ainda funciona.
     - O ferimento não foi tão sério quanto você pensa. A intenção era te manter vivo, porém gravemente ferido. Quem te atacou sabia o que estava fazendo.
     - Então é hora de você cair fora dessa história.
     - Não me vem com esse papo de desistência. Você prometeu me ajudar a prender o verdadeiro responsável e é o que você vai fazer.
     - Ela está mais a frente desse jogo do que eu esperava, o que significa que não há muito o que possamos fazer.
     - Mas há o que fazer - Afirmou Martin cruzando os braços.
     - Sim. Se estão tão inclinados a me encontrar, o próximo passo será verificar meu canto.
     - Canto?
     - Isso mesmo que você ouviu.
     - Acho que você quis dizer casa - Sugeriu confuso.
     - Onde eu moro não tem nada a ver com uma casa - Nos entreolhamos, então pego uma caneta e um bloco de notas que achei em cima da mesa - Anota aí o endereço e vá depressa. Aposto como esses escrotos serão rápidos, já que não tem muitos lugares que eu frequento. Se revistaram três deles por dia, a tendência é que visitem meu canto pela tarde. Tente pegá-los de surpresa.
     - Os mesmos homens que nos atacaram na boate?
     - Não exatamente, mas se quiser considerar, ajuda muito.
     - Vou verificar com as unidades se conseguem liberar alguma ajuda. Enquanto isso, há dois policiais lá fora que vão escoltá-lo de volta à delegacia para novo depoimento - Bufei indignado.
     - Manda seus amigos enfiarem esses depoimentos no olho do cú deles.
     - Eles te removerão em meia hora. Em breve nos veremos de novo - Martin deixa a sala, o que me faz ficar de olho no relógio. Diferente do que ele me disse, os seis policiais (e não dois) entram no quarto hospitalar e se distribuem pelo local, com luvas nas mãos e óculos escuros no rosto. O resto vocês devem imaginar. Socos, pontapés, além de muits tortura sexual, me fazendo ver uma porção de vídeos pornográficos que aceleram os sintomas da minha doença. Passadas quase duas horas sou escoltado de volta à delegacia, onde me colocam sentado em uma cadeira enquanto discutem em outra sala com seu capitão. Uma forte tontura me atinge trazendo a inútil esperança de morte quando Doller entra na sala, me olhando cheio de espanto e com os dentes serrilhando.
     - O que fizeram com você?
     - Me escoltaram e me interrogaram, exatamente como você tinha dito - Declarei repleto de ódio, sorrindo devido tamanha ironia. Ele seca o sangue escorrendo de minha boca antes de tirar as algemas ainda incrédulo.
     - Vou buscar um copo com água pra você - Assim que deixa minha companhia, mais dois policiais entram no recinto, acompanhados de uma pessoa que eu pensei que jamais veria em minha vida e, por incrível que parecesse para mim, tinha me trazido uma alegria exultante. Ela olha meu estado semi-morto e se aproxima desesperada, o que me permite notar os detalhes de seu rosto, profundas olheiras e um odor fétido de esgoto e bolor.
     - James, o que aconteceu? -Indagou Kate passando as mãos frias e delicadas pelo meu rosto enquanto tento sorrir sem gerar pena dela ou dos acompanhantes policiais, que pareciam não ter a menor ideia do que estava acontecendo ali.


Notas Finais


Kate mudou de postura com Darsy, mas será que valeu a pena? Depois de mais problemas, nosso "James" continua sofrendo sem precedentes, mas parece que encontrou uma luz em sua vida, não?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...